Hoje muito vai se falar sobre o falecimento do cineasta sueco Ingmar Bergman. Tenho certeza que o próprio execraria por completo a maioria dos necrológios que estarão à disposição do público, por isso vou falar pouco, apenas para deixar o registro em homenagem a este grande artista.
Em sua biografia - Lanterna Mágica, lançada no Brasil nos aos 80 pela Editora Guanabara - Bergman relata sua dificuldade em sobreviver aos primeiros diasapós seu nascimento, conforme diz na primeira página: "Quando nasci, em julho de 1918, minha mãe estava com gripe, meu estado como recém nascido não era dos melhores, e por isso fui batizado de emergência no próprio hospital... Tive ainda uma série de doenças inexplicáveis, parecendo mesmo que não podia decidir se queria viver ou não".
Para nossa sorte e de todos aqueles que se sentirem curiosos, mesmo que a partir de hoje, a buscarem seus filmes disponíveis no mercado de dvd's, Bergman sobreviveu e após sua passagem pelo teatro sueco, escreveu e dirigiu, aos 30 anos seu primeiro filme, "Crise".
O filme foi um fracasso tão retumbante que ele foi demitido da Svenk Filmindustri. Porém, a partir de seu quarto filme, "Música no Escuro", Bergman começou a ter relativo sucesso em seu País, chegando ao reconhecimento internacional em 1957 com o belo "O Sétimo Selo".
A partir de então, foram uma série de filmes memoráveis, que colocaram Bergman no panteão dos grandes cineastas deste século. Para citar alguns, "Morangos Silvestres" (1957), "No limiar da vida" (58), "Persona" (66), "Gritos e Sussurros"(72), "Sonata de Outono"(78) e, é claro, o incomparável "Fanny e Alexander"(82), indicado para seis Oscar, dos quais levou quatro, ganhador dos prêmios César, David di Donatello, Golden Globe, dentre outros tantos ao redor do mundo.
Curiosamente, salvo alguns outros trabalhos para a tv, um documentário sobre o rosto de sua mãe (Karin's Face, de 1984) e um ensaio de despedida - "Saraband" - , após "Fanny e Alexander", pode-se dizer que Bergman não filmou mais.
Em sua biografia disse: "Minha decisão de deixar de filmar não foi dramática e surgiu à medida que prosseguia a rodagem de Fanny e Alexandre. Não posso dizer se foi meu corpo que decidiu pelo meu espírito ou se foi o espírito que influenciou o corpo. A verdade é que o esforço físico exigido a quem faz cinema se tornou, para mim, cada vez mais incompatível com as minhas forças. No verão de 1985 tive - pelo menos quanto a mim - uma idéia encantadora para um filme(...) Comecei imediatamente a trabalhar no roteiro (...) Após ter trabalhado bem durante três semanas, adoeci gravemente. Tinha cãibras e perdia o equilíbrio. Sentia-me como se estivesse envenenado, um resultado, por sua vez, da angústia e desprezo que sentia pelo meu estado deplorável. Compreendi que não voltaria a fazer cinema. (...) Estou decidido a me retirar antes que os meus atores e colaboradores vislumbrem o tal monstro e sintam nojo ou pena de mim. Já vi muitos colegas tombarem na arena como se fossem saltimbancos exaustos, entediados pelo próprio tédio, pateados ou mortos por um silêncio imposto cortesmente, retirados da luz por amáveis ou desdenhosos assistentes de circo. Pegarei meu chapéu e sairei enquanto ainda posso estender o braço para o cabide onde o deixei, saindo por meus próprios pés. O poder criativo da velhice não é de modo algum uma coisa garantida. É algo periódico, condicionado a muitos fatores, mais ou menos como a sexualidade que nos abandona pouco a pouco". (op. cit. pág. 67).
É isso amigos. Não costumo ficar tão triste com a morte de um artista. Me lembro de ter ficado assim quando o velho Ray Charles partiu. Sempre fico triste quando penso em Eva Cassidy, cujos dez anos de morte serão lembrados em um próximo post. Mas hoje faleceu uma espécie de avô . Adeus Bergman. Obrigado por tudo. fetter.
4 comentários:
E pro Bergman não ir sozinho, lá se vai com ele Michelangelo Antonioni...
O que você acha disso, Fetter?
Amaury Jr. emplaca disco retrô em ranking brasileiro
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da Folha Online
"Keep it comin' love/ Keep it comin' love/ Don't stop it now/ don't stop it, no no...". O sucesso de 30 anos atrás do lendário KC and The Sunshine Band já virou sinônimo de Amaury Jr. no Brasil.
Divulgação
Disco "As Músicas do Programa Amaury Jr." está entre os mais vendidos do Brasil
Para quem fica com essa música na memória, foi lançado recentemente "As Músicas do Programa Amaury Jr.". O disco está na terceira posição de discos mais vendidos no país.
Recheado de clássicos (alguns antigos e outros nem tão antigos assim), o álbum traz a trilha sonora que acompanha o apresentador em suas décadas de carreira.
Entre as faixas estão, além de "Keep It Comin' Love", "Nice and Slow" (Jesse Green), "Makin' It" (David Naughton), "I Can Hear Music" (Beach Boys com Kathy Troccoli), "I'm So Happy" (Trio Galetta), "Rock You Baby" (versão disco, George McCrae), "Shotgun Shuffle" (remix, KC and The Sunshine Band), " Never Knew Love Like This Before" (Juliana Aquino), "Driving Home to Christmas" (Chris Rea), "What's Going On" (Johnny Boy), "Makin It" (remix, David Naughton) "Heaven Knows" (Rod Hanna), "You Are Everything" (Double You) e "Freeway Flyer" (The Love Unlimited Orchestra).
O mais incrível é ele ter feito sucesso colocando a foto dele mesmo na capa do cd, o que mostra que as pessoas estão comprando música levando cada vez mais em conta o conteúdo.
Não consigo pensar no Antonioni sem lembrar da cena de Blow Up com os Yardbirds tocando. Eram outros tempos, realmente. Hoje em dia, a gente tem de se contentar com os "Diários de Motocicleta" da vida, logo, logo o cara deve lançar "Mussolini na praia", he he
Caro feluc, em 1º lugar, isso merecia um post e não um mero comentário no necrológio do Bergman.
Mas tudo bem, acho que o "sucesso" da coletânea de velharias do Amaury Jr. prova uma série de coisas:
1 - O mercado brasileiro é meio esquizofrênico mesmo e vc pode ter certeza de que a cara do Amaury na capa do cd rende um bom número de vendagens.
2 - Algumas músicas do disco são boas e é realmente difícil achar os originais, ou mesmo coletâneas de artistas como KC, Chris Rea e Beach Boys, apenas para ficar nos mais conhecidos.
3 - Como o disco está com preço bom, cerca de 23 reais, o que é bom no atual mercado brasileiro, o pessoal acaba comprando mesmo.
4 - O fato de estar em terceiro lugar hoje no Brasil não significa muita coisa, uma vez que as vendagens vêm caindo ano a ano.
5 - Além disso a lista de campeões de vendagem leva-nos a entender quem ainda compra cd no Brasil:
Ora, segundo a ABPD, Associação Brasileira de Produtores de Disco, os campeões de 2006 foram, nesta ordem, Padre Marcelo Rossi, Caio Mesquita (o saxofonista teenager do programa do Raul Gil) e a banda Rebeldes (os Menudos dos anos 90.
Fala a verdade, não faz todo o sentido imaginar o Amaury nesta lista ?
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