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domingo, 24 de agosto de 2008

Por uma delegação do Brasil menor e mais eficiente em 2012!

Parabéns ao companheiro Fetter pelo seu ótimo post sobre as Olimpíadas. Discordo apenas em um pequeno detalhe e já digo qual.

O Brasil levou para Pequim exatos 277 atletas, a maior delegação que já tivemos. Terminamos os Jogos na 23ª posição, com 3 medalhas de ouro, 4 de prata e 8 de bronze (pelo critério mais comum de classificar os países levando em conta primeiro o número de medalhas de ouro. Pelo sistema de número total de medalhas, ficamos em 17º.

Sob nenhum aspecto esse desempenho é louvável. Conquistamos mais ouros em Atenas/2004 (5 medalhas), mais pratas em Sidney/2000 (6 medalhas) e mais bronzes em Atlanta/1996 (9 medalhas). O Brasil conseguiu em Pequim/2008 as mesmas 15 medalhas, no total, que havía obtido em Atlanta, só que com apenas 225 atletas.

A Geórgia, li outro dia, levou para Pequim uma delegação de apenas 35 membros e com ela conquistou 6 medalhas no total, metade douradas. É o mesmo número de medalhas de ouro que o Brasil. Quênia e Etiópia, exemplos do Fetter de países sem recursos mas com bom desempenho, terminaram os Jogos com 5 e 4 medalhas de ouro, respectivamente, todos conquistados em atletismo.

São exemplos de países que reconhecem suas fragilidades e qualidades, investindo onde podem obter retorno. Vejam: a Geórgia conseguiu uma média de 1 medalha para cada 6 atletas, praticamente. O Brasil teve uma média e 1 medalha para cada 18 atletas.

Nossa delegação de quase 300 atletas é, sim, expressiva. E até excessiva, quando vemos que não sabemos gastar o pouco dinheiro que investimos em esportes olímpicos. Esse índice de aproveitamento de 0,05 medalha por atleta é a prova disso.

O esporte de alto rendimento é hoje um negócio e deve ser assim encarado. O dinheiro deve ser aplicado em modalidades e atletas com taxas de retorno de menor risco. Não confundamos esporte de nivel olímpico com esporte-integração, esporte-cultura, esporte-desenvolvimento social.

Assim, penso diferente do Fetter por acreditar que daqui a quatro anos seria melhor termos uma delegação reduzida mas eficiente e bem preparada -inclusive psicologicamente, vejam o bem que levar uma psicóloga desportiva fez ao vôlei feminino.

Somos uma potência média-baixa em Olimpíadas (afinal há uns 180 países com desempenho pior que o nosso) e foram nossos delírios de grandeza, aliados a um COB inepto, que nos fizeram patinar em resultados nos últimos 12 anos.

Cuba e Grã-Bretanha

Dois desempenhos que chamaram a atenção em Pequim, por razões opostas: Cuba, apesar de ter totalizado expressivas 24 medalhas, obteve apenas 2 de ouro, somando ainda 11 de prata e 11 de bronze. Há quatro anos, em Atenas, tinham sido 27 medalhas, sendo 9 de ouro, 7 de prata e 11 de bronze. O resultado cubano em Pequim representa o menor número de ouros desde o México/1968.

Já a Grã-Bretanha teve seu melhor desempenho desde 1908, conseguindo 19 de ouro e 47 no total, perdendo o terceiro lugar para a Rússia nos últimos dias. Os britânicos vinham de dois décimos lugares nos Jogos de 2000 e 2004, vale lembrar. Sinal que o país já está se preparando para receber as Olimpíadas de 2012, em Londres.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Desculpas ao esporte e aos atletas brasileiros

Por RONALDO PACHECO DE 0LIVEIRA FILHO* -

professor da Secretaria de Educação do DF (cedido à UnB) e da Universidade Católica de Brasília.

Desculpem pela falta de espaços esportivos nas escolas;

Pela falta de professores de educação física nas séries iniciais;

Pelas escolinhas mercantilizadas que buscam quantidade de clientes e não qualidade de aprendizagem;

Desculpem pela falta de incentivo na base;

Desculpem pela falta de praças esportivas;

Desculpem pelo discurso de que "o esporte serve para tirar a criança da rua" (é muito pouco se for só isso!);

Desculpem pela violência nas ruas que impede jovens de brincar livremente, tirando deles a oportunidade de vivenciar experiências motoras;

Desculpem se muito cedo lhe tiraram o "esporte-brincadeira" e lhe impuseram o "esporte-profissão";

Desculpem pelo investimento apenas na fase adulta quando já conseguiram provar que valia a pena;

Desculpem pelas centenas de talentos desperdiçados por não terem condições mínimas de pagar um transporte para ir ao treino, de se alimentar adequadamente, ou de pagar um "exame de faixa";

Desculpem por não permitirmos que estudem para poder se dedicar integralmente aos treinos.

Desculpem pelo sacrifício imposto aos seus pais que dedicaram seus poucos recursos para investir em algo que deveria ser oferecido gratuitamente;

Desculpem levá-los a acreditar que o esporte é uma das poucas maneiras de ascensão social para a classe menos favorecida no nosso país;

Desculpem pela incompetência dos nossos dirigentes esportivos;

Desculpem pelos dirigentes que se eternizam no poder sem apresentar novas propostas;

Desculpem pelos dirigentes que desviam verbas em benefício próprio;

Desculpem pela falta de uma política nacional voltada para o esporte;

Desculpem por só nos preocuparmos com leis voltadas para o futebol (Lei Zico, Lei Pelé, etc.);

Desculpem se a única lei que conhecem ligada ao esporte é a "Lei do Gérson" (coitado do Gérson);

Desculpem pelos secretários de esporte de "ocasião", cujas escolhas visam atender apenas, promessas de ocupação de espaços político-partidários (e com pouca verba no orçamento);

Desculpem pelos políticos que os recebem antes ou após grandes feitos (apenas os vencedores) para usá-los como instrumento de marketing político;

Desculpem por pensar em organizar "Olimpíadas" se ainda não conseguimos organizar nossos ministérios; nossas secretarias, nossas federações, nossa legislação esportiva;

Desculpem por forçá-los, contra a vontade, a se "exilarem" no exterior caso pretendem se aprimorar no esporte;

Desculpem pela cobrança indevida de parte da imprensa que pouco conhece e opina pelo senso comum.


Desculpem o povo brasileiro carente de ídolos e líderes por depositar em vocês toda a sua esperança;

Desculpem pela nossa paixão pelo esporte, que como toda paixão, nem sempre é baseada na razão;

Desculpem por levá-los do céu ao inferno em cada competição, pela expectativa criada;

Desculpem pelo rápido esquecimento quando partimos em busca de novos ídolos;

Desculpem pelas lágrimas na derrota, ou na vitória, pois é a forma que temos para extravasar o inexplicável orgulho de ser brasileiro e de, apesar de tudo, acreditar que um dia ainda estaremos entre os grandes.

Extraído do Blog do Juca Kfouri

Dicas para as próximas Olimpíadas (todas)

Atenção, este post deve ser lido ao som de “Machines”, da trilha sonora feita por Giorgio Moroder, nos anos 80, para o filme Metropolis de Fritz Lang.

As Olimpíadas acabaram ? não ? mas quase, não vamos perder tempo e vamos falar a respeito.

A Olimpíada é a consagração de qualquer atleta. Não adianta fazer o melhor tempo, ter a melhor nota ou a melhor marca nas etapas mundiais de Omsk, Aral ou Dudinka e fazer feio no momento da Olimpíada.

Aliás Olimpíada não é lugar de tomar tombo na ginástica. Também não é o melhor momento para fazer uma marca inferior àquelas que o atleta já obteve ao longo dos últimos meses. É o momento de, pelo menos, igualar e, se possível, superar os limites.

Não se deve dopar cavalos. Não basta o animal ter o ridículo nome de “Chup chup” ? Aliás, cadê a Sociedade Protetora dos Animais ? Cadê o escândalo ? Queria ver se fosse um cavalo argentino... iriam fazer um “Globo Repórter” somente sobre o tema.

Um jogo de vôlei de praia pode ser resolvido em dois sets. Agora, caso o segundo set tenha se encerrado e não houver uma dupla vitoriosa, isto significa que acontecerá um terceiro set, porque cada dupla venceu um. Trocando em miúdos, está um a um e o terceiro set será um set de desempate, para o qual a dupla terá de se empenhar.

Na mesma linha, uma final futebolística pode ser resolvida em noventa minutos. Porém, caso a juíza tenha encerrado o certame e por acaso este fique empatado, ou seja, algo do tipo 1x1 ou 2x2, haverá uma prorrogação de trinta minutos. Nesta prorrogação, todas as pedaladas, embaixadinhas, dribles desconcertantes e piques rapidíssimos feitos no tempo normal de nada valerão. A competição é decidida pelo número de gols, não de piruetas. Piruetas, aliás, decidem outras modalidades, sobretudo se o atleta não se estabacar no chão.

Idade não é desculpa, Nádia Comaneci ganhou três ouros, uma prata e um bronze nas Olimpíadas de 76. Ela contava com 15 anos de idade.

Pobreza não é desculpa. Quênia e Etiópia estão na nossa frente em conquistas de medalhas de ouro.

O Dunga não é desculpa. A seleção brasileira de futebol já fez maravilhas mesmo sem um bom técnico.

Aliás, chega de desculpas furadas ! Chega de oba-oba ! Os problemas existem e são estruturais. Por que ninguém enfrenta as reais causas de nossos pífios resultados ? quem irá mexer nas feridas do basquete ? do futebol ? quando teremos uma delegação digna de uma das maiores nações do planeta, capaz de disputar medalhas em várias modalidades ? Até quando dependeremos de um ou outro iluminado, para que a Olimpíada traga alguma alegria e orgulho para este povo ?

Sim, por que encheu-se a boca para se falar da MAIOR delegação que o Brasil já levou em todos os tempos, pouco mais de 200 pessoas. Apenas não se deu atenção ao fato de não ser um número expressivo. Veja AQUI a lista das maiores delegações e pense. Não é hora de investir pesadamente no esporte e na cultura ? Não está na hora de se fazer um plano de médio e longo prazo no sentido de aumentar não só a delegação brasileira, mas também os bons resultados ?

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A disputa no quadro de medalhas

Desfile de abertura em Atenas, 1896

Muito se tem dito na imprensa sobre a já quase certa vitória da China sobre os EUA no quadro de medalhas dessas Olimpíadas.

Dentro da história dos Jogos Olímpicos modernos é mesmo um fato de destaque. Até Atenas, em 2004, apenas cinco países diferentes lideraram o quadro de medalhas, sendo que EUA e URSS estiveram na frente em 22 das 25 edições.

Com a iminente derrota, cai uma hegemonia americana que durava 12 anos, ou três edições. Mas essa sequência de vitórias não foi a maior dos EUA na história dos Jogos. Ao vencer as Olimpíadas de Berlim, em 1936, a Alemanha quebrou uma "invencibilidade" de cinco edições. Então, a última vez que os EUA não haviam liderado o quadro de medalhas fora em 1908, em Londres.

Em 1952 a URSS se destacava no quadro de medalhas pela primeira vez, conseguindo ficar na segunda posição. Era o início de uma disputa com os EUA que duraria quarenta anos, com os países repetindo no esporte a Guerra Fria. Já nas Olímpiadas seguintes os soviéticos venciam pela primeira vez.

A partir dos anos 70 e até o fim da URSS, o domínio foi inteiramente soviético - com exceção das Olimpíadas de 1984, quando os países da "cortina de ferro" boicotaram os Jogos de Los Angeles.

Em 1976 e 1988 os EUA sequer pegaram o segundo lugar, tendo sido superados pela então Alemanha Oriental em ambas as edições.

Em 1992, competindo como Comunidade de Estados Independentes, os antigos países da URSS venceram os Jogos pela última vez. A Rússia perdeu o segundo posto na edição de 2004 e este ano está, até agora, num modesto sexto lugar (a Rússia se recuperou nos últimos dias e terminou os Jogos em terceiro lugar - atualização de 24.08.08)

Abaixo a lista com os vencedores de cada uma das edições das Olimpíadas:

EUA - 1896, 1904, 1912, 1920, 1924, 1928, 1932, 1948, 1952, 1964, 1968, 1984, 1996, 2000, 2004
FRANÇA - 1900
REINO UNIDO - 1908
ALEMANHA - 1936
URSS - 1956, 1960, 1972, 1976, 1980, 1988, 1992 (como CEI)