
Ontem, cinco de novembro, completaram-se trinta anos da morte do autor de estórias em quadrinhos parisiense René Goscinny.


O impagável grão-vizir Iznogud, que queria sempre tomar o lugar do Califa, feito em parceria com o desenhista Tabary, também até o ano de sua morte.


Mas se há um trabalho pelo qual a dupla Goscinny e Uderzo será sempre lembrada, este é Astérix. Juntos criaram 24 estórias de incrível qualidade e que são editadas até hoje em mais de cem idiomas, passando por gerações e gerações de leitores. Após a morte de Goscinny, Albert Uderzo continua até hoje editando novas estórias de tempos em tempos, mas, na minha opinião, com exceção de “A Rosa e o Gládio”, de 1991, infelizmente, o nível caiu um pouco.
Eu, particularmente destaco dois pontos na série de 24 álbuns que a dupla produziu – ou seja, desde “Asterix, o Gaulês”, até “Asterix entre os Belgas” – pontos estes que talvez expliquem o sucesso dos volumes.
Primeiro a possibilidade de as estórias serem lidas por crianças, jovens, adultos e velhos, sem qualquer problema. Aos quinze anos, você se diverte com as pancadarias entre gauleses e romanos; aos 25 começa a prestar atenção nas lições de História e Geografia discretamente colocadas no bojo do texto; aos 35 se diverte com as expressões latinas, com os nomes dos acampamentos romanos que cercam a aldeia gaulesa e com a série de críticas políticas e econômicas que ocorrem por trás da estória principal; aos 45, imagino, tudo se amolda perfeitamente e a partir daí, com o avanço da idade, penso que a gente volte a se divertir com os romanos voando por cima da copa das árvores.
Outro ponto que é crucial é a dimensão dada ao divertidíssimo “elenco de apoio”. A série de personagens, teoricamente secundários, mas que muitas vezes assumem papéis importantes no contexto, é interminável e confere aos criadores de Astérix a possibilidade de contar uma série de estórias ao mesmo tempo.
A lista não cabe neste blog, mas como esquecer o bardo Chatotorix, o chefe Abracurcix, o ferreiro Automatix, o peixeiro Ordenalfabetix, o cãozinho ecológico avant la lettre Idéiafix (que chora toda vez que se derruba uma árvore), o Druida Paronamix, dentre tantos outros?
Goscinny foi-se muito cedo, tinha só 51 anos. Na verdade, quando ganhei o primeiro álbum de presente do meu pai, “Astérix e a Cizânia”, no começo dos anos 80, ele já havia falecido.
Mas suas séries, juntamente com tantas outras como “Mortadelo e Salaminho”, de Ibañez, e “Tintin" (de Hergé), viraram companhias para toda a vida.
Enquanto isso, na manhã do dia cinco de novembro de 2007, alguns pais colocam seus filhos para assistir a Xuxa, julgando que isto é bom para eles. Fazer o quê ????