quarta-feira, 25 de julho de 2007
Empulhações...
A Folha de São Paulo, hoje, publica entrevista com o velho punk Malcolm McLaren. Ele é um tremendo cara de pau, como a maioria das fraudes que andam por aí e conseguem alguma notoriedade às custas da ignorância alheia.
O pobre diabo afirma que o punk foi um dos movimentos culturais mais importantes do século 20, porque “desconstruiu a cultura e a democratizou, deu oportunidade a todos de fazerem por si mesmos”. Disse que o punk foi o “último grande ataque anticorporativo, que mudou a maneira como olhávamos as coisas, não apenas na música, mas na moda, nas artes contemporâneas”. Citou outra fraude, Damien Hirst, como referência (sua obra mais conhecida inicia este post). Termina a entrevista com um auto-elogio patético: “eu era um ex-estudante de arte, tinha visto a vaidade dos anos 60, a auto-indulgência e o egoísmo, e não queria nada além de destruir, da maneira mais provocativa possível, toda aquela cultura”.
Infelizmente, nem o jornalista, nem a professora da escola, nem os críticos de arte dizem o que aconteceu com esta turma. Eles fazem parte da trajetória que desembocou no tal do pós-moderno, outra falsificação. Acabaram com todos os meios tradicionais de expressão artística (pintura, escultura, etc.) em nome da tal da desconstrução. Desconstroem tudo, só não sabem que para descontruir há que se desfazer o que já foi feito pelas gerações anteriores para reconstruir para além da tradição. Isso é inovação, não fraude. Giotto, arauto do Renascimento, introduziu a perspectiva, que seus professores não conheciam, mas não abriu mão do legado que lhe foi confiado. Sabem o porquê? Porque ele conhecia a tradição e a respeitava.
Agora eu lhes pergunto, será que Malcolm McLaren, Jean-Michel Basquiat e Damien Hirst tem idéia da tradição que o Ocidente produziu nos últimos 2000 anos?
Outra coisa. Estes tipinhos só tiveram esta boa-vida porque nasceram no pós-guerra. A maioria dos europeus nem sonharia em entrar numa Universidade até o início dos anos 50. A tal geração de 68 só entrou na Universidade porque os tais governos burgueses que eles tanto criticavam implantaram políticas de massificação do ensino superior e construíram universidades, distribuíram bolsas e ajudas econômicas. Na Universidade, de papo pro ar, os pobre-diabos foram cooptados por aparelhos marxistas (e afins) e decidiram criticar o “sistema burguês”, que os alimentava. Nasce aí esta empulhação chamada arte pós-moderna. É claro que depois tivemos a absorção destas idéias pelo sistema. Afinal, nada como um bom comerciante para fazer dinheiro com estas mistificações. Imaginem vocês que um artista em Nova Iorque fez um vernissage e passou a boca-livre inteira servindo cafezinhos. No final, todos descobriram que a arte não estava nos quadros expostos, mas na “performance” do artista em servir café. Dias depois, o esperto leiloou as xícaras e encheu os bolsos com o dinheiro de algum novo-rico deslumbrado. Esta história está no livro “Cultura ou Lixo: Uma visão provocativa, do James Gardner, crítico de arte do New York Times. Performances e instalações são termos que denotam total desprezo pela transmissão de sentido, o núcleo essencial da experiência artística. Malcolm MacLaren, aquele que criticava a auto-indulgência dos burgueses, não sabe disso.
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3 comentários:
"Ele é um tremendo cara de pau, como a maioria das fraudes que andam por aí e conseguem alguma notoriedade às custas da ignorância alheia"
Cara, tive certeza que vc estava falando do Lula.......
O McLaren continua um espertalhão, mas o discurso dele mudou. Até a época em que ele lançou um "documentário" sobre como ele "criou" os Pistols ele se orgulhava de ter enganado meio mundo, fazendo uma banda de laboratório se passar como uma expressão grassroots.
http://www.amazon.com/Sex-Pistols-Great-Rock-Swindle/dp/B0008G2748/ref=sr_1_1/105-1330735-2568435?ie=UTF8&s=dvd&qid=1185400590&sr=1-1
Eu só não digo que ele é um Brian Epstein on Drugs porque afinal de contas o que matou o velho Epstein foram as drogas mesmo.
Mas é intessante como o estilo dos vigaristas vai mudando. Antigamente os coronéis Parkers e Brian Epsteins eram mais comedidos. Eles pelo menos não se orgulhavam de serem canalhas em público como o McLaren
nerusosam não tira o Lula da cabeça, é incrível.
Por favor, chamem a Gisela para explicar essa fixação pelo metalúrgico barbudo, é um campo vasto para estudos de psicanálise toda essa paixão reprimida.
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