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terça-feira, 6 de abril de 2010

FETTER FILM FESTIVAL - Edição de Páscoa

Páscoa, tempo de descansar, comer uns chocolates, fazer uns churrascos em protesto à eventuais proibições de se comer carne impostas por esta ou aquela religião... mas, sobretudo, tempo de separar aquele monte de dvd's que você comprou ultimamente e que não estava com tempo para assistir.
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Assim, em alguns horários mortos do feriadão, ocorreu mais uma edição da mostra de cinema mais íntima e pessoal que se possa conceber, o FETTER FILM FESTIVAL, criado e administrado pelo FETTER e que tem por objeto satisfazer o gosto pessoal de apenas um espectador, ora pois, o próprio FETTER...
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Assim, na sexta-feira, homenageamos (aê plural majestático desnecessário!!!), o finado Phillp K Dick, passando pelo clássico "Blade Runner", versão do Diretor, ao mais fraquinho "O Vidente" ("Next", no original), com Nicolas Cage, Julianne Moore e a bela Jessica Biel.
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No sábado a mostra teve "Ginger e Fred" de Fellini, e o maior e melhor filme de Tribunal já feito no cinema mundial... "Julgamento em Nuremberg", com Spencer Tracy, Maximilian Schell, Burt Lancaster, Montgomery Clift, Judy Garland, Marlene Dietrich, William Shatner e ainda Joseph Bernard, o qual eu confundi o filme todo com o José Lewgoy (sério...).
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Finalmente no domingo, o leve primeiro Bergman ("Crise") e o dolorido último Tarkovsky ("O Sacrifício").
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Fim da mostra, sucesso total.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Força Argentina !!!

A Argentina pode chegar ao seu segundo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro ? É o que nos conta o ensaio abaixo.

Da Agência Carta Maior:
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Mesmo sem brasileiros no páreo, já há por quem torcer no Oscar deste ano. Concorre na categoria "Melhor filme estrangeiro” o argentino "O segredo dos seus olhos”, dirigido por Juan José Campanella com interpretações magistrais de Ricardo Darín e Soledad Villamil. Um primor.

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Campanella se supera. Depois de dirigir "O Filho da Noiva", um sucesso em 2001 e o razoável "Clube da Lua" em 2004, ele vai além do que já fez nessas produções quando conseguiu tornar universais alguns aspectos marcantes do cotidiano argentino recente.

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“O segredo dos seus olhos” parte desse patamar e avança para a ousadia. Tem o mérito de mostrar a rotina de um tribunal de justiça portenho, adicionando a ela as emoções da tragédia, do humor, do amor, do suspense e da luta política dos últimos trinta e cinco anos naquele país.

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Podia não dar certo, tantas as possibilidades abertas pela trama. Mas deu, graças principalmente à direção segura de Campanella, capaz de extrair o máximo possível de um bom roteiro e de excelentes atores.

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Adaptado do livro de Eduardo Sacheri, co-roteirista do filme junto com o diretor, “O segredo dos seus olhos” trata da investigação de um estupro seguido de assassinato ocorridos em 1974, pouco antes do golpe de Estado, sem conotações politicas.

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E mostra até que ponto as garantias individuais e o poder da justiça já vinham sendo minados na fase pré-ditadura. Para depois, durante os anos de chumbo, contar como criminosos comuns se transformam em agentes do regime, ao mesmo tempo em que investigadores honestos são exilados em longínquas províncias.

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Tudo isso é narrado de forma sofisticada, sem chavões ou clichês. O fio condutor do filme é, na verdade, um amor difícil de se concretizar, acompanhado de uma busca incessante pela punição do crime brutal. Para o autor do livro trata-se de “uma reflexão sobre o castigo”.

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Temática delicada que nos aproxima dos vizinhos argentinos quando propomos a mesma questão para os crimes cometidos pela repressão política praticada por agentes do Estado, em ambos os países, durante as ditaduras. Ela nos remete à necessidade que sentimos de que hajam punições e que elas sejam verdadeiros castigos.
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Trata-se, como se vê, de um cinema que além de entreter nos faz refletir. No entanto, um filme como esse só pode ser visto em poucas salas e quase nunca na TV brasileira. Nesta só há lugar praticamente para produções B estadounidenses.

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O pouco de cinema da TV aberta resume-se aos chamados “filmes de ação” e no cabo (ou nos canais pagos por satélite), onde a oferta cinematográfica é maior, são poucos os filmes de qualidade. Campeia a massificação ideológica perpetrada pela indústria cultural, como lembrou com precisão o professor Marco Aurélio Garcia em recente pronunciamento.
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Filmes de reflexão passam longe da TV. E filmes de reflexão argentinos passam mais longe ainda. Por aqui a televisão continua sua tarefa de nos afastar da América Latina. A TV paga vista no Brasil, por exemplo, exibe quase cem por cento de filmes produzidos nos Estados Unidos e a aberta insufla o ódio aos argentinos com piadas de gosto duvidoso e, principalmente, com ataques perversos em jogos de futebol.

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Ambas investem pesado contra qualquer processo de integração e de emancipação do continente. Basta ver como tratam em seus noticiários e programas de entrevistas os governos democraticamente eleitos da Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela, por exemplo.

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Mas não custa sonhar. Talvez um dia ainda consigamos criar uma TV pública bi-nacional com a Argentina, como fizeram franceses e alemães ao construírem a TV Arte, superando diferenças seculares infinitamente maiores das que temos com os nossos vizinhos. Por ora só nos resta torcer para que “O segredo dos seus olhos” ganhe o Oscar. Fato que considero difícil uma vez que o filme é muito inteligente.
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Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Lá fora eles tentam proteger os cinemas

Fonte: BBC Brasil


Cerca de 600 pessoas realizaram no sábado uma vigília à luz de velas para protestar contra planos da Igreja Universal do Reino de Deus de transformar um cinema histórico do leste de Londres em um templo.

O prédio do EMD Cinema, inaugurado em 1887 como um salão de baile no bairro de Walthamstow, foi fechado em 2003, quando foi comprado pela igreja do bispo Edir Macedo.

Na época os planos para a conversão foram rejeitados pela administração regional de Waltham Forest. Mas agora, segundo a McGuffin Film Society, que lidera o movimento pela preservação do cinema, a Igreja Universal estaria novamente negociando a abertura do templo.

"A Igreja Universal contratou a empresa de marketing Remarkable Group para conseguir emplacar seus planos", diz a McGuffin em seu site. "Esta empresa é conhecida por ter clientes de peso, como a British Airways, a BMW e a GlaxoSmithKline."

Hitchcock e Beatles

Terry Wheeler, membro do gabinete de empreendimento e investimento de Waltham Forest, disse à BBC que o pedido da Igreja Universal junto à administração regional será analisado como "de costume", inclusive com uma consulta pública.

A ONG quer que a administração regional ofereça à Igreja Universal outro prédio desocupado, ao lado do cinema, e que este seja adquirido por empresários que queiram reabrir suas salas de projeção.

O EMD Cinema é conhecido em Londres por ter sido frequentado pelo cineasta Alfred Hitchcock quando criança, além de ter sido palco de shows dos Beatles, dos Rolling Stones e do The Who.

Durante a vigília, da qual participaram moradores de Walthamstow e atores britânicos, os manifestantes usaram máscaras com o rosto de Hitchcock e projetaram sua imagem na fachada do cinema.

A BBC não conseguiu entrar em contato com representantes da Igreja Universal para comentar sobre o assunto.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Klaatu está de volta

Dia 12 de dezembro estréia nos US o remake do clássico de 1951, The Day The Earth Stood Still, lançado aqui no Brasil com o digno título de "O dia em que a Terra parou".

O original foi dirigido por Robert Wise (1914-2005), com trilha do grande Bernard Herrmann e os Theremins de Samuel Hoffman. Custou pouco mais de um milhão de reais, rendeu quase o dobro e, apesar de ter sido pouquíssimo premiado na época, é considerado um clássico dos filmes sci-fi.

Em plena guerra fria, um disco voador desce em Washington contendo dois alienígenas, Klaatu um humanóide e seu robô gigante, Gort, cujo objetivo é manter a paz na galáxia, inclusive eliminando os povos que estejam em guerra, caso isto seja necessário.

A milionária versão de 2008 tem Keanu Reeves encabeçando o elenco, efeitos muito mais espetaculares e obviamente levantará aquelas velhas polêmicas sobre estes remakes, ou seja, se os velhos clássicos devem ser deixados em paz, etc..

Seja qual for a sua opinião, é bom lembrar que os dois filmes tem várias coisas em comum, como dois canastrões no papel principal, música de qualidade e um pusta de um robô cujos objetivos são absolutamente pacifistas, apesar de seus métodos de impor a paz reduzam Bush e Cia. a um bando de Backyardigans.

Como comentário adicional, dizem que a versão atual seria mais fiel ao conto que deu origem ao filme de 51. Mas eu ainda não posso confirmar esta informação.

No fim, ficam os trailers de ambos os filmes para as inconciliáveis opiniões dos artesãos e leitores deste blog e lembrem-se, ao ouvir o grito "Klaatu Barada Nikto", é melhor começar a correr:






terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

"Boleia Mortal"!

Antes de mais nada: este post é uma brincadeira. Os títulos de filme aqui citados são de Portugal, mas não é privilégio de ninguém escolher nomes ruins para traduzir os originais.

Pelo contrário, há uma enormidade de nomes no Brasil com total ausência de bom-gosto, de sutileza ou mesmo de senso de ridículo. Na Itália os tradutores também “capricham” na hora de escolher os nomes de filmes na língua local.

Esses exemplos abaixo merecem ser destacados pela incongruência entre o original e a tradução. Em alguns simplesmente se conta parte da trama e em outros parece que quem escolheu o título em português não assistiu o filme.

Ah! Justiça seja feita: não é verdade que em Portugal “Ben-Hur” se chamou “O Charreteiro Infernal”.

Vamos lá:

- The Hitcher: Bem, hitcher é simplesmente “caroneiro”. E o filme é sobre um casal que dá carona a um estranho que, na verdade, é um psicopata. Mostrando a citada falta de sutileza, no Brasil o filme se chamou “A Morte Pede Carona” tanto em 1986 quanto na refilmagem de 2007.

Em Portugal a ausência de sutileza foi igual: “Boleia Mortal”, cabendo dizer que “carona” em terras lusas é “boleia”. Não é a cabine do caminhão que é fatal, portanto.

- Eternal Sunshine of the Spotless Mind: Caso raro de tradução quase literal, no Brasil o filme se chamou "Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças”. Não consigo entender por qual motivo um filme sobre alguém que tem memórias apagadas se chamaria “O Despertar da Mente”, mas esse foi o título em Portugal.

- 50 First Dates: Comédia sobre um sujeito que se apaixona por uma mulher que sofreu um acidente e não guarda lembranças por mais de 24 horas. A cada dia é como se ela o visse pela primeira vez. No Brasil se chamou “Como se Fosse a Primeira Vez”, tão óbvio quanto o original.

Em Portugal a escolha por “A Minha Namorada Tem Amnésia” não só antecipa (e estraga) a cena onde o personagem descobre o problema da menina como ainda define a doença de forma errada. Aliás, mesmo erro cometido no Brasil com o filme “Memento”, onde o personagem tinha perda de memória recente e o título nacional era “Amnésia”.

- Vertigo: O clássico de Hitchcock se chamou “Um Corpo Que Cai” no Brasil. Nada contra, apesar da desnecessária invenção de outro nome. Se “Psycho” se chamou “Psicose”, poderíamos muito bem ficar com “Vertigem”.

Mas em Portugal (e na Itália!) o título escolhido é uma pérola: “A Mulher Que Viveu Duas Vezes”. Acabou-se, antes de entrar na sala de cinema, com qualquer chance de aproveitar o suspense da trama. Em italiano o nome era “La Donna che visse due volte”.

- Die Hard: a série que lançou Bruce Willis ao estrelato no Brasil ficou como “Duro de Matar” mesmo. Em Portugal a escolha foi “Assalto ao Arranha-Céu”.

Até aí tudo bem, afinal o filme se passa em um enorme prédio. Veio a continuação, que se passava em um aeroporto. A escolha em Portugal foi tranqüila: “Assalto ao Aeroporto”.

Mas a série continuou, anos depois, e no terceiro filme a lógica anterior foi por água abaixo. O nome escolhido foi “Die Hard: A Vingança”. Já o último filme virou “Die Hard 4 – Viver ou Morrer”. Como assim? “Assalto”, “Assalto 2”, “Die Hard” e “Die Hard 4”?

Isso me lembrou a confusão no Brasil com a série “Evil Dead”, onde cada um dos três filmes teve um nome e foram lançados fora de ordem.

- Planet of the Apes: o melhor ficou para o final. No mundo todo o filme ganhou títulos literais (O Planeta dos Macacos, El Planeta de los símios etc). Menos em Portugal, onde o filme (apenas o original, de 1968) foi chamado de “O Homem Que Veio do Futuro”.

Ainda que se deixe de lado a curiosidade sobre o tortuoso caminho que levou o filme a ter outro título, quando o original era tão óbvio, fica o sensacional fato de que o personagem principal não veio do futuro, ele veio do passado!

Não consegui imagem melhor, mas vale como registro do genial título luso


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O INIGUALÁVEL KEVIN O´CONNEL



O Brasil ficou mais uma vez fora da disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro. Se esta informação, largamente noticiada pela imprensa brasileira, deixou alguns tristes e/ou até revoltados, isto é porque vocês não conhecem a história de Kevin O´Connel.

Kevin é um especialista em efeitos sonoros e sonorização de filmes em geral. Sua estréia em Hollywood deu-se em 1980, quando participou da equipe que, simplesmente, fez “Star Wars V”, aqui conhecido como “O Império Contra-Ataca”, cá entre nós, disparado o melhor filme da série.

De lá para cá, Kevin já trabalhou na sonorização de cerca de 160 filmes, dentre os quais uma série de “blockbusters”, como Poltergeist, Gremlins, Rambo, Top Gun, Black Rain, Godzilla, Armageddon, Pearl Harbor, Homem Aranha (1, 2 e 3), Homens de Preto, O Código Da Vinci, A Paixão de Cristo... a lista é interminável.

Já computada sua indicação este ano por Transformers, Kevin soma incríveis 20 nominações para Oscar de Melhor Som, atualmente chamado de “Best Achievement in Sound”, sendo que por duas vezes, nos anos de 1996 e 1998, foi indicado por dois filmes.

A lista completa de indicações recebidas é a seguinte: Terms of Endearment (ou “Laços de Ternura” de 1983), Dune (1984), Silverado (1985), Top Gun (1986), Black Rain (1989), Days of Thunder (1990), A Few Good Men (“Homens de Honra”, 1992), Crimson Tide (“Maré Vermelha”,1995), Twister (1996), The Rock (1996), Con Air (1997), The Mask of Zorro (1998), Armageddon (1998), The Patriot (2000), Pearl Harbor (2001), Spider-Man (2002), Spider-Man 2 (2004), Memoirs of a Geisha (2005), Apocalypto (2006) e Transformers (2007).

Todavia, acontece que o nosso amigo Kevin JAMAIS recebeu um Oscarzinho sequer, sendo popularmente conhecido como o "Biggest Loser" da Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood. Desde que o prêmio foi criado, há oitenta anos, ninguém foi indicado tantas vezes sem vencer.

Para piorar, em 2007, logo após a sua 19ª derrota, Kevin não teve nem tempo de participar dos concorridos festejos que ocorrem após a Cerimônia do Oscar, pois teve de correr para o Hospital a fim de acompanhar sua mãe, que estava internada, e que faleceu exatamente naquela noite.

Resignado, este respeitadíssimo profissional da sétima arte se diz muito satisfeito, pois, dos 300 ou 400 filmes feitos nos Estados Unidos todos os anos, apenas cinco, na sua categoria, recebem o comunicado de que foram indicados para o Oscar. Em uma entrevista em 2006, após a 18ª indicação, ele se considerou um “afortunado”.

Não temos para quem “torcer” este ano? Não tem problema! Sugiro darmos uma força para o inigualável Kevin O´Connel.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A dupla polêmica de "Tropa de Elite"


Li no último sábado, no Estadão, uma matéria sobre o lançamento do filme Tropa de Elite no festival de cinema do Rio. O filme, que também é capa da revista Época desta semana, tem atraído tanta atenção que o livro no qual se baseia tem sido um dos mais vendidos na Bienal carioca, que terminou ontem (o livro, aliás, se chama Elite da Tropa).

Segundo a matéria do Estado conta, a intenção do diretor era criticar o excesso de violência policial, principalmente do BOPE, retratado no filme. Mas, pela reação do público presente no lançamento, o tiro - sem trocadilho - saiu pela culatra, pois as cenas de repressão a criminosos (ou seja, bandido tomando porrada ou pipoco) eram aplaudidas pelos espectadores. Além disso, o personagem principal atraiu a simpatia e a torcida do público. Talvez o fato desse personagem ser encenado pelo mesmo ator que é o vilão da novela "das oito" do Globo ajude. Talvez seja culpa do próprio filme, que justifique as ações do BOPE (não sei, porque não o vi, é só chute).

E, talvez, o erro do diretor passe por acreditar que um assunto tão dúbio como repressão policial pudesse atrair muitos que compartilhariam de sua visão, quando a sociedade, há tempos, está soterrada em doses cavalares de insensibilidade, após incontáveis barbáries estampadas em jornais. A percepção do que seria certo e errado mudou.

Mas não é só pelo tema que Tropa de Elite ficou famoso antes mesmo de sua estréia. O filme foi a primeira "vítima" nacional da dita pirataria, em larga escala, anterior ao seu lançamento oficial. Uma cópia escapuliu dos produtores e se espalhou como Ebola pelo país, podendo ser encontrado facilmente no seu fornecedor alternativo preferido, seja em barraquinhas de feira ou indo até você em uma mesa de bar na calçada.

Porém, deplorável a postura da senhora Ilda Santiago, diretora-executiva de programação do Festival de Cinema, que disse - segundo o Estadão - que assistir filme pirata é ser conivente com o crime. Essa idéia de querer juntar "usuário" e "traficante" dentro do mesmo barril vazio de rum já foi tentada em campanhas contra drogas, de sucesso no mínimo questionável.

Falta visão e/ou vontade de entender e minimizar o problema da pirataria. Mesmo quando se está discutindo comprar cópias irregulares de um produto - ou seja, um CD ou DVD de bucaneiro - é preciso analisar o que leva um cidadão correto a praticar um ato sabidamente ilegal, um sujeito que talvez nem multa de trânsito tenha mas não pense duas vezes antes de pagar pela cópia irregular.

Nem vou falar de quando o produto é uma cópia digital de um disco ou de um filme, gratuitamente circulando pela internet, senão este post ocuparia a tela toda. Mas, de novo, acho que passa pela percepção de certo e errado.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Ingmar Bergman - 1918/2007









Hoje muito vai se falar sobre o falecimento do cineasta sueco Ingmar Bergman. Tenho certeza que o próprio execraria por completo a maioria dos necrológios que estarão à disposição do público, por isso vou falar pouco, apenas para deixar o registro em homenagem a este grande artista.


Em sua biografia - Lanterna Mágica, lançada no Brasil nos aos 80 pela Editora Guanabara - Bergman relata sua dificuldade em sobreviver aos primeiros diasapós seu nascimento, conforme diz na primeira página: "Quando nasci, em julho de 1918, minha mãe estava com gripe, meu estado como recém nascido não era dos melhores, e por isso fui batizado de emergência no próprio hospital... Tive ainda uma série de doenças inexplicáveis, parecendo mesmo que não podia decidir se queria viver ou não".
Para nossa sorte e de todos aqueles que se sentirem curiosos, mesmo que a partir de hoje, a buscarem seus filmes disponíveis no mercado de dvd's, Bergman sobreviveu e após sua passagem pelo teatro sueco, escreveu e dirigiu, aos 30 anos seu primeiro filme, "Crise".
O filme foi um fracasso tão retumbante que ele foi demitido da Svenk Filmindustri. Porém, a partir de seu quarto filme, "Música no Escuro", Bergman começou a ter relativo sucesso em seu País, chegando ao reconhecimento internacional em 1957 com o belo "O Sétimo Selo".
A partir de então, foram uma série de filmes memoráveis, que colocaram Bergman no panteão dos grandes cineastas deste século. Para citar alguns, "Morangos Silvestres" (1957), "No limiar da vida" (58), "Persona" (66), "Gritos e Sussurros"(72), "Sonata de Outono"(78) e, é claro, o incomparável "Fanny e Alexander"(82), indicado para seis Oscar, dos quais levou quatro, ganhador dos prêmios César, David di Donatello, Golden Globe, dentre outros tantos ao redor do mundo.
Curiosamente, salvo alguns outros trabalhos para a tv, um documentário sobre o rosto de sua mãe (Karin's Face, de 1984) e um ensaio de despedida - "Saraband" - , após "Fanny e Alexander", pode-se dizer que Bergman não filmou mais.
Em sua biografia disse: "Minha decisão de deixar de filmar não foi dramática e surgiu à medida que prosseguia a rodagem de Fanny e Alexandre. Não posso dizer se foi meu corpo que decidiu pelo meu espírito ou se foi o espírito que influenciou o corpo. A verdade é que o esforço físico exigido a quem faz cinema se tornou, para mim, cada vez mais incompatível com as minhas forças. No verão de 1985 tive - pelo menos quanto a mim - uma idéia encantadora para um filme(...) Comecei imediatamente a trabalhar no roteiro (...) Após ter trabalhado bem durante três semanas, adoeci gravemente. Tinha cãibras e perdia o equilíbrio. Sentia-me como se estivesse envenenado, um resultado, por sua vez, da angústia e desprezo que sentia pelo meu estado deplorável. Compreendi que não voltaria a fazer cinema. (...) Estou decidido a me retirar antes que os meus atores e colaboradores vislumbrem o tal monstro e sintam nojo ou pena de mim. Já vi muitos colegas tombarem na arena como se fossem saltimbancos exaustos, entediados pelo próprio tédio, pateados ou mortos por um silêncio imposto cortesmente, retirados da luz por amáveis ou desdenhosos assistentes de circo. Pegarei meu chapéu e sairei enquanto ainda posso estender o braço para o cabide onde o deixei, saindo por meus próprios pés. O poder criativo da velhice não é de modo algum uma coisa garantida. É algo periódico, condicionado a muitos fatores, mais ou menos como a sexualidade que nos abandona pouco a pouco". (op. cit. pág. 67).
É isso amigos. Não costumo ficar tão triste com a morte de um artista. Me lembro de ter ficado assim quando o velho Ray Charles partiu. Sempre fico triste quando penso em Eva Cassidy, cujos dez anos de morte serão lembrados em um próximo post. Mas hoje faleceu uma espécie de avô . Adeus Bergman. Obrigado por tudo. fetter.