Notícia de hoje diz que a loja de música online da Apple, a iTunes, alcançou a marca de 3 bilhões de canções vendidas. Como o preço unitário na loja iTunes é de pelo menos 99 centavos de dólar, fica fácil ver qual foi o faturamento da Apple.
3 bilhões de canções provam ser comercialmente viável vender música por download? Sim. Mas o modelo da Apple - e de todas as grandes lojas online - ainda é muito ruim. Nem vou falar do DRM (digital righs management, ou, em bom português, restrições ao uso de um produto que você comprou). O que considero como entrave para que deixe de existir downloads ditos ilegais é o preço. Mesmo para os padrões americandos é caro cobrar 99 cents por música, quando é possível adquirir o disco todo por US$ 9,99 na Amazon.
No Brasil, as duas maiores lojas online pertencem aos dois maiores portais: Uol e Terra. O Sonora do Terra é uma simpatia só: para comprar músicas, pelo módico preço de R$ 2,49 (podendo chegar a R$ 2,99) é preciso assinar o serviço, que sai por R$ 9,99 ao mês (subindo para R$ 14,99 no 13º mês). Brincando, brincando dá para pagar R$ 30,00 ou 35,00 num álbum baixado do Sonora, sem encarte, letras, sem o disquinho prateado, sem caixa.
No Uol a coisa é menos feia. Tem lançamento a R$ 0,99 a faixa, como o novo do Pato Fu. Preço justo, eu diria. O problema é que não dá para comprar só uma musiquinha, com aquele troco do pão, e pronto. Meio que como um celular pré-pago, o Uol obriga o consumidor a adquirir "créditos", que são gastos em cada compra, e o valor mínimo é de R$ 15,00. Verdadeira "taxa de consumação"!
Música vendida online devia ser mais barata e simples de adquirir, apenas porque é possível vender por um preço baixo. A venda por download elimina custos e lucros do lojista, da transportadora, da distribuidora, de produção do encarte, da caixa, do disco em si. Música velha, então, devia sair a R$ 0,50, já que os custos de gravação do álbum já foram cobertos na época do lançamento.
Não se pode exigir que alguém mude sua mentalidade e pare de baixar música de graça sem que as empresas fonográficas também se reavaliem e parem de vender seu produto por um preço injusto.
2 comentários:
Caro filipe, tenho certeza de que é somente uma questão de tempo, até que essas grandes empresas mudem sua forma de atuação. Caso contrário, os pequenos selos voltarão à cena, dominando boa parte do mercado como nos anos 40, 50 e parte dos 60, algo que na prática vem ocorrendo de forma preocupante (pelo menos para as majors).
Concordo com o Fetter. A distribuição de músicas através da Internéti ainda é um negócio que não está plenamente desenvolvido.
Por outro lado, se eu me lembro bem, muita gente achava que o esquema do itunes não ia dar certo. E 3 bilhões de músicas baixadas não vão abalar a Coca-Cola, mas de forma alguma pode ser considerado um fracasso comercial.
Discordo do Fetter só em um aspecto: o mercado de música é muito grande, e nós devemos ver o surgimentos de nichos especializados com vários distribuidores para diferentes segmentos de atuação aí nos próximos anos, não por cause do preço cobrado atualmente mas simplesmente porque o mercado comporta muita coisa diferente. Pense só na Alligator Records americana, por exemplo que só gravava blues e tinha (ou tem) um público pequeno, mas fiel. Essa pulverização pode ser até boa trazendo quem sabe o benéfico efeito colateral de forçar os grandes a baixar o preço.
Agora, acabar com o P2P vai ser mais difícil.
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