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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Aqui e ali um pouco de lucidez - Capítulo CXXI

Câncer, medalha e conservadorismo

A doença de Lula e a homenagem a Ronaldinho na Academia Brasileira de Letras despertaram a miséria intelectual da sociedade

Por Felipe Amin Filomeno - extraído de http://www.outraspalavras.net/2011/11/03/o-cancer-a-medalha-e-o-conservadorismo/

Nos últimos dias, duas ondas de manifestações na internet revelaram preconceitos arraigados que ainda envilecem a sociedade brasileira. A primeira decorreu da notícia de que o ex-presidente Lula sofre de câncer na laringe e está sendo tratado no Hospital Sírio-Libanês. A segunda foi causada pela homenagem feita a Ronaldinho Gaúcho pela Academia Brasileira de Letras (ABL).

Ambos acontecimentos foram duramente criticados em comentários que questionavam a moralidade de Lula e o mérito de Ronaldinho. Na essência de tais manifestações está um preconceito de classe, expressado até mesmo por pessoas de classe média ou baixa, incapazes de perceberem o quanto são vítimas da ideologia conservadora que reproduzem em suas opiniões cotidianas.

No Facebook, uma “campanha” foi iniciada defendendo que Lula seja tratado no Sistema Único de Saúde (SUS). A campanha assume que Lula seria culpado pela debilidade do sistema de saúde pública brasileiro e, portanto, não seria moralmente correto seu tratamento na rede privada. Tal mobilização é, no mínimo, de mau gosto e demonstra falta de civismo em relação a um ex-chefe de Estado. Um, aliás, que deixou o governo com índices altíssimos de popularidade e um país que, de acordo com vários indicadores econômicos e sociais, era melhor do que aquele que herdou de seu antecessor.

Por falar em indicadores, a tal “campanha” não mostrava nenhuma estatística sobre saúde pública que pudesse justificar jogar em Lula, pessoalmente, a culpa pelos problemas da saúde pública brasileira. O que deveria ser avaliado não é se o SUS é, hoje, perfeito ou não, mas sim se, durante o governo Lula, o SUS melhorou ou não. Segundo dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), o gasto do governo federal com saúde como proporção dos gastos federais totais caiu, durante o governo FHC, de 5.2% em 1995 para 3.1% em 2003 (apesar da CPMF). No governo Lula, o gasto em saúde subiu de 3.1% em 2003 para 4% em 2008. Pode estar longe do ideal, mas é um avanço que torna injustificável a tal campanha.

Obviamente, os participantes da mobilização não se preocuparam em verificar dados quando repassaram mensagens através de blogs, Facebook ou Twitter. Isso porque, na raíz da campanha não está uma análise racional de fatos e dados, há apenas preconceito e ideologia. Aliás, chega a ser engraçado que vários abriram a boca para falar mal do Lula por ser tratado no Sírio-Libanês, mas quase ninguém elogiou Hugo Chávez por ir se tratar num hospital público em Cuba. Mas é essa a “lógica” do preconceito, “um peso, duas medidas”.

Em relação ao Ronaldinho, o preconceito foi ainda mais evidente. Em primeiro lugar, a homenagem ao jogador foi indiretamente uma homenagem ao escritor José Lins do Rego, que agora completaria 110 anos se estivesse vivo. Lins do Rego era torcedor fanático do Flamengo. Em segundo lugar, as centenas de manifestações criticando a ABL pela homenagem revelam uma concepção bastante estreita do que seja cultura. Como era de se esperar, os imortais da ABL sabem que cultura vai além da literatura, ao contrário dos críticos de Ronaldinho, que provavelmente mal sabem quem foi José Lins do Rego. Como diz o brasileiro, “futebol é arte”. A paixão pelo futebol e a excelência em sua prática são elementos dos mais característicos da cultura, sim CULTURA, brasileira.

Portanto, a onda de críticas a Lula e Ronaldinho é, em essência, fruto de preconceito de classe, do rico contra o pobre. Afinal, que pessoas podem ser mais representativas do povo brasileiro do que Lula e Ronaldinho Gaúcho? Do ponto de vista conservador, instituições de elite como o Hospital Sírio-Libanês (em termos de excelência em serviços de saúde) e a Academia Brasileira de Letras (em relação à excelência literária) não são espaço para um operário presidente ou um jogador de futebol. Eis a miséria intelectual do conservadorismo cotidiano.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Artigo de Fernando Henrique Cardoso no Estadão do dia 1º de novembro de 2009


A enxurrada de decisões governamentais esdrúxulas, frases presidenciais aparentemente sem sentido e muita propaganda talvez levem as pessoas de bom senso a se perguntarem: afinal, para onde vamos? Coloco o advérbio “talvez” porque alguns estão de tal modo inebriados com “o maior espetáculo da Terra”, de riqueza fácil que beneficia poucos, que tenho dúvidas. Parece mais confortável fazer de conta que tudo vai bem e esquecer as transgressões cotidianas, o discricionarismo das decisões, o atropelo, se não da lei, dos bons costumes. Tornou-se habitual dizer que o governo Lula deu continuidade ao que de bom foi feito pelo governo anterior e ainda por cima melhorou muita coisa. Então, por que e para que questionar os pequenos desvios de conduta ou pequenos arranhões na lei?

Só que cada pequena transgressão, cada desvio vai se acumulando até desfigurar o original. Como dizia o famoso príncipe tresloucado, nesta loucura há método. Método que provavelmente não advém do nosso príncipe, apenas vítima, quem sabe, de apoteose verbal. Mas tudo o que o cerca possui um DNA que, mesmo sem conspiração alguma, pode levar o País, devagarzinho, quase sem que se perceba, a moldar-se a um estilo de política e a uma forma de relacionamento entre Estado, economia e sociedade que pouco têm que ver com nossos ideais democráticos.

É possível escolher ao acaso os exemplos de “pequenos assassinatos”. Por que fazer o Congresso engolir, sem tempo para respirar, uma mudança na legislação do petróleo mal explicada, mal-ajambrada? Mudança que nem sequer pode ser apresentada como uma bandeira “nacionalista”, pois, se o sistema atual, de concessões, fosse “entreguista”, deveria ter sido banido, e não foi. Apenas se juntou a ele o sistema de partilha, sujeito a três ou quatro instâncias político-burocráticas para dificultar a vida dos empresários e cevar os facilitadores de negócios na máquina pública. Por que anunciar quem venceu a concorrência para a compra de aviões militares, se o processo de seleção não terminou? Por que tanto ruído e tanta ingerência governamental numa companhia (a Vale) que, se não é totalmente privada, possui capital misto regido pelo estatuto das empresas privadas? Por que antecipar a campanha eleitoral e, sem nenhum pudor, passear pelo Brasil à custa do Tesouro (tirando dinheiro do seu, do meu, do nosso bolso…) exibindo uma candidata claudicante? Por que, na política externa, esquecer-se de que no Irã há forças democráticas, muçulmanas inclusive, que lutam contra Ahmadinejad e fazer mesuras a quem não se preocupa com a paz ou os direitos humanos?

Pouco a pouco, por trás do que podem parecer gestos isolados e nem tão graves assim, o DNA do “autoritarismo popular” vai minando o espírito da democracia constitucional. Esta supõe regras, informação, participação, representação e deliberação consciente. Na contramão disso tudo, vamos regressando a formas políticas do tempo do autoritarismo militar, quando os “projetos de impacto” (alguns dos quais viraram “esqueletos”, quer dizer, obras que deixaram penduradas no Tesouro dívidas impagáveis) animavam as empreiteiras e inflavam os corações dos ilusos: “Brasil, ame-o ou deixe-o.” Em pauta temos a Transnordestina, o trem-bala, a Norte-Sul, a transposição do São Francisco e as centenas de pequenas obras do PAC, que, boas algumas, outras nem tanto, jorram aos borbotões no Orçamento e mínguam pela falta de competência operacional ou por desvios barrados pelo Tribunal de Contas da União. Não importa, no alarido da publicidade, é como se o povo já fruísse os benefícios: “Minha Casa, Minha Vida”; biodiesel de mamona, redenção da agricultura familiar; etanol para o mundo e, na voragem de novos slogans, pré-sal para todos.

Diferentemente do que ocorria com o autoritarismo militar, o atual não põe ninguém na cadeia. Mas da própria boca presidencial saem impropérios para matar moralmente empresários, políticos, jornalistas ou quem quer que seja que ouse discordar do estilo “Brasil potência”. Até mesmo a apologia da bomba atômica como instrumento para que cheguemos ao Conselho de Segurança da ONU - contra a letra expressa da Constituição - vez por outra é defendida por altos funcionários, sem que se pergunte à cidadania qual o melhor rumo para o Brasil. Até porque o presidente já declarou que em matéria de objetivos estratégicos (como a compra dos caças) ele resolve sozinho. Pena que se tenha esquecido de acrescentar: “L”État c”est moi.” Mas não se esqueceu de dar as razões que o levaram a tal decisão estratégica: viu que havia piratas na Somália e, portanto, precisamos de aviões de caça para defender o “nosso pré-sal”. Está bem, tudo muito lógico.

Pode ser grave, mas, dirão os realistas, o tempo passa e o que fica são os resultados. Entre estes, contudo, há alguns preocupantes. Se há lógica nos despautérios, ela é uma só: a do poder sem limites. Poder presidencial com aplausos do povo, como em toda boa situação autoritária, e poder burocrático-corporativo, sem graça alguma para o povo. Este último tem método. Estado e sindicatos, Estado e movimentos sociais estão cada vez mais fundidos nos altos-fornos do Tesouro. Os partidos estão desmoralizados. Foi no “dedaço” que Lula escolheu a candidata do PT à sucessão, como faziam os presidentes mexicanos nos tempos do predomínio do PRI. Devastados os partidos, se Dilma ganhar as eleições sobrará um subperonismo (o lulismo) contagiando os dóceis fragmentos partidários, uma burocracia sindical aninhada no Estado e, como base do bloco de poder, a força dos fundos de pensão. Estes são “estrelas novas”. Surgiram no firmamento, mudaram de trajetória e nossos vorazes, mas ingênuos capitalistas recebem deles o abraço da morte. Com uma ajudinha do BNDES, então, tudo fica perfeito: temos a aliança entre o Estado, os sindicatos, os fundos de pensão e os felizardos de grandes empresas que a eles se associam.

Ora, dirão (já que falei de estrelas), os fundos de pensão constituem a mola da economia moderna. É certo. Só que os nossos pertencem a funcionários de empresas públicas. Ora, nessas, o PT, que já dominava a representação dos empregados, domina agora a dos empregadores (governo). Com isso os fundos se tornaram instrumentos de poder político, não propriamente de um partido, mas do segmento sindical-corporativo que o domina. No Brasil os fundos de pensão não são apenas acionistas - com a liberdade de vender e comprar em bolsas -, mas gestores: participam dos blocos de controle ou dos conselhos de empresas privadas ou “privatizadas”. Partidos fracos, sindicatos fortes, fundos de pensão convergindo com os interesses de um partido no governo e para eles atraindo sócios privados privilegiados, eis o bloco sobre o qual o subperonismo lulista se sustentará no futuro, se ganhar as eleições. Comecei com para onde vamos? Termino dizendo que é mais do que tempo de dar um basta ao continuísmo, antes que seja tarde.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Presidente Lula em South Park


Na última quarta-feira (15), foi ao ar nos Estados um episódio da série de animação South Park em que Lula aparece em formato de desenho.

Na história, os personagens pedem ajuda para diversos líderes mundiais para lutarem contra uma invasão de alienígenas e o Presidente aparece sentado com a bandeira do Brasil ao fundo.

Achei uma bela homenagem ao, chamado por Obama, presidente mais popular do planeta Terra.

domingo, 5 de outubro de 2008

LA Times: Lula é o protagonista

"Em uma nação conhecida por sua distribuição de renda desigual, Lula conseguiu superar o desafio de agradar tanto os emergentes quanto os mais pobres. Enquanto os ricos ficam ainda mais ricos e a classe média se expande rapidamente, Lula direcionou os gastos sociais para ajudar os menos favorecidos".

Íntegra aqui.