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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Força Argentina !!!

A Argentina pode chegar ao seu segundo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro ? É o que nos conta o ensaio abaixo.

Da Agência Carta Maior:
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Mesmo sem brasileiros no páreo, já há por quem torcer no Oscar deste ano. Concorre na categoria "Melhor filme estrangeiro” o argentino "O segredo dos seus olhos”, dirigido por Juan José Campanella com interpretações magistrais de Ricardo Darín e Soledad Villamil. Um primor.

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Campanella se supera. Depois de dirigir "O Filho da Noiva", um sucesso em 2001 e o razoável "Clube da Lua" em 2004, ele vai além do que já fez nessas produções quando conseguiu tornar universais alguns aspectos marcantes do cotidiano argentino recente.

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“O segredo dos seus olhos” parte desse patamar e avança para a ousadia. Tem o mérito de mostrar a rotina de um tribunal de justiça portenho, adicionando a ela as emoções da tragédia, do humor, do amor, do suspense e da luta política dos últimos trinta e cinco anos naquele país.

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Podia não dar certo, tantas as possibilidades abertas pela trama. Mas deu, graças principalmente à direção segura de Campanella, capaz de extrair o máximo possível de um bom roteiro e de excelentes atores.

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Adaptado do livro de Eduardo Sacheri, co-roteirista do filme junto com o diretor, “O segredo dos seus olhos” trata da investigação de um estupro seguido de assassinato ocorridos em 1974, pouco antes do golpe de Estado, sem conotações politicas.

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E mostra até que ponto as garantias individuais e o poder da justiça já vinham sendo minados na fase pré-ditadura. Para depois, durante os anos de chumbo, contar como criminosos comuns se transformam em agentes do regime, ao mesmo tempo em que investigadores honestos são exilados em longínquas províncias.

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Tudo isso é narrado de forma sofisticada, sem chavões ou clichês. O fio condutor do filme é, na verdade, um amor difícil de se concretizar, acompanhado de uma busca incessante pela punição do crime brutal. Para o autor do livro trata-se de “uma reflexão sobre o castigo”.

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Temática delicada que nos aproxima dos vizinhos argentinos quando propomos a mesma questão para os crimes cometidos pela repressão política praticada por agentes do Estado, em ambos os países, durante as ditaduras. Ela nos remete à necessidade que sentimos de que hajam punições e que elas sejam verdadeiros castigos.
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Trata-se, como se vê, de um cinema que além de entreter nos faz refletir. No entanto, um filme como esse só pode ser visto em poucas salas e quase nunca na TV brasileira. Nesta só há lugar praticamente para produções B estadounidenses.

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O pouco de cinema da TV aberta resume-se aos chamados “filmes de ação” e no cabo (ou nos canais pagos por satélite), onde a oferta cinematográfica é maior, são poucos os filmes de qualidade. Campeia a massificação ideológica perpetrada pela indústria cultural, como lembrou com precisão o professor Marco Aurélio Garcia em recente pronunciamento.
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Filmes de reflexão passam longe da TV. E filmes de reflexão argentinos passam mais longe ainda. Por aqui a televisão continua sua tarefa de nos afastar da América Latina. A TV paga vista no Brasil, por exemplo, exibe quase cem por cento de filmes produzidos nos Estados Unidos e a aberta insufla o ódio aos argentinos com piadas de gosto duvidoso e, principalmente, com ataques perversos em jogos de futebol.

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Ambas investem pesado contra qualquer processo de integração e de emancipação do continente. Basta ver como tratam em seus noticiários e programas de entrevistas os governos democraticamente eleitos da Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela, por exemplo.

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Mas não custa sonhar. Talvez um dia ainda consigamos criar uma TV pública bi-nacional com a Argentina, como fizeram franceses e alemães ao construírem a TV Arte, superando diferenças seculares infinitamente maiores das que temos com os nossos vizinhos. Por ora só nos resta torcer para que “O segredo dos seus olhos” ganhe o Oscar. Fato que considero difícil uma vez que o filme é muito inteligente.
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Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Kevin, meu garoto, saiba que continuamos acreditando em vc

E dando continuidade à cobertura do inigualável Kevin O'Connell, o maior não-vencedor da história do Oscar, informamos que neste ano o especialista em efeitos sonoros e sonorização não foi sequer indicado, ou seja, não obteve aquela que seria sua 21a. indicação.
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Embora tenha trabalhado em três filmes neste ano de 2008, o terror "The Ruins", o desenho "Space Chimps", e a comédia "Hotel for Dogs", seu nome não foi lembrado pelos senhores da Academia.
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Aliás, o filme "The Ruins" recebeu uma indicação para o prêmio "Golden Trailer", de melhor pôster de horror, mas sinceramente achamos que o nosso amigo Kevin não teve nada a ver com isso.
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Em 2009 seu nome já aparece nos créditos de "Public Enemies", do diretor Michael Mann (Ali, Colateral, Miami Vice, O Aviador, entre outros) com Johnny Depp, Christian Bale e grande elenco, que conta a história do famoso gângster dos anos 30, John Dillinger.
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Nossa torcida permanece. Vai lá Kevin !!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O INIGUALÁVEL KEVIN O´CONNEL



O Brasil ficou mais uma vez fora da disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro. Se esta informação, largamente noticiada pela imprensa brasileira, deixou alguns tristes e/ou até revoltados, isto é porque vocês não conhecem a história de Kevin O´Connel.

Kevin é um especialista em efeitos sonoros e sonorização de filmes em geral. Sua estréia em Hollywood deu-se em 1980, quando participou da equipe que, simplesmente, fez “Star Wars V”, aqui conhecido como “O Império Contra-Ataca”, cá entre nós, disparado o melhor filme da série.

De lá para cá, Kevin já trabalhou na sonorização de cerca de 160 filmes, dentre os quais uma série de “blockbusters”, como Poltergeist, Gremlins, Rambo, Top Gun, Black Rain, Godzilla, Armageddon, Pearl Harbor, Homem Aranha (1, 2 e 3), Homens de Preto, O Código Da Vinci, A Paixão de Cristo... a lista é interminável.

Já computada sua indicação este ano por Transformers, Kevin soma incríveis 20 nominações para Oscar de Melhor Som, atualmente chamado de “Best Achievement in Sound”, sendo que por duas vezes, nos anos de 1996 e 1998, foi indicado por dois filmes.

A lista completa de indicações recebidas é a seguinte: Terms of Endearment (ou “Laços de Ternura” de 1983), Dune (1984), Silverado (1985), Top Gun (1986), Black Rain (1989), Days of Thunder (1990), A Few Good Men (“Homens de Honra”, 1992), Crimson Tide (“Maré Vermelha”,1995), Twister (1996), The Rock (1996), Con Air (1997), The Mask of Zorro (1998), Armageddon (1998), The Patriot (2000), Pearl Harbor (2001), Spider-Man (2002), Spider-Man 2 (2004), Memoirs of a Geisha (2005), Apocalypto (2006) e Transformers (2007).

Todavia, acontece que o nosso amigo Kevin JAMAIS recebeu um Oscarzinho sequer, sendo popularmente conhecido como o "Biggest Loser" da Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood. Desde que o prêmio foi criado, há oitenta anos, ninguém foi indicado tantas vezes sem vencer.

Para piorar, em 2007, logo após a sua 19ª derrota, Kevin não teve nem tempo de participar dos concorridos festejos que ocorrem após a Cerimônia do Oscar, pois teve de correr para o Hospital a fim de acompanhar sua mãe, que estava internada, e que faleceu exatamente naquela noite.

Resignado, este respeitadíssimo profissional da sétima arte se diz muito satisfeito, pois, dos 300 ou 400 filmes feitos nos Estados Unidos todos os anos, apenas cinco, na sua categoria, recebem o comunicado de que foram indicados para o Oscar. Em uma entrevista em 2006, após a 18ª indicação, ele se considerou um “afortunado”.

Não temos para quem “torcer” este ano? Não tem problema! Sugiro darmos uma força para o inigualável Kevin O´Connel.