quarta-feira, 5 de março de 2008

Um silêncio nada inocente

Eu não quero entrar em polêmica viu, Filipe.
Na verdade, eu estou com nojo, enjoado.
A repulsa que eu sinto da diplomacia brasileira...
Por isso, vou deixar o Clóvis Rossi falar por mim.
Abraços a todos.

Feluc



Um silêncio nada inocente
Clóvis Rossi, FSP, hoje.

MADRI - Dizem que o presidente equatoriano, Rafael Correa, exige desculpas muito claras da Colômbia para voltar atrás em sua decisão de romper relações com o vizinho. É justo. Mas também é justo que Correa peça desculpas aos colombianos -mais que ao governo da Colômbia- por ter permitido o "passeio" de reféns das Farc pelo Equador, conforme depoimento de um dos seqüestrados recentemente libertado. Ou, posto de outra forma: o Exército colombiano invadir território do Equador é condenável, mas as Farc adotarem o mesmo comportamento é aceitável? Nesse conflito sul-americano que tem facetas bem macondianas, até pelos personagens envolvidos, um fato precisa ficar bem nítido e claro: luta armada contra um governo legítimo é intolerável. Apoiá-la é apoiar igualmente todas as violações aos direitos humanos praticados pelos delinqüentes das Farc, violações que ganharam a atenção da mídia a partir da libertação recente de alguns reféns, mas que são cometidas -eventualmente até piores- há muitíssimos anos contra muitíssimos reféns. O que chama especialmente a atenção nesses episódios é o silêncio, denso, das mulheres que se dizem de esquerda. Tiveram papel relevante, no Brasil, na luta pelo respeito aos direitos humanos. Como é que silenciam agora, quando há tantas barbaridades praticadas por um grupo que se diz de esquerda, mas é apenas criminoso? Tratamento desumano a prisioneiros, quando praticado por ditaduras de direita, é inaceitável, óbvio. Mas vale quando praticados por "companheiros de rota"? Ou essas mulheres, como o presidente Hugo Chávez, respeitam o "projeto político" das Farc, o que inclui respeitar torturas, seqüestros e assassinatos? Abu Ghraib não pode, mas "cárcere do povo" na selva, com idênticas torturas, pode?

2 comentários:

Filipe disse...

Tá, não vamos polemizar. Mas, sinceramente, não acredito que você ache que esse texto possa falar por você sobre tal assunto.

Melhor dizendo, que o texto do Rossi possa ter abrangido ou ao menos mencionado aspectos realmente relevantes sobre a questão - e eles são muitos.

Comento só a frase comparando a "legitimidade" das ações do exército colombiano. Se assumirmos serem as Farc um grupo terrorista e reconhecendo a administração Uribe como um governo legítimo, o que os diferencia?

Rossi eu não sei, mas você eu tenho certeza que sabe que uma das diferenças é que o governo colombiano não pode se escusar em agir pelas leis internacionais e invadir o território de um país vizinho. Não se combate o criminoso agindo ilegalmente.

feluc disse...

a Colômbia enfrenta uma guerra onde o inimigo, que luta pra destruir um estado legítimo, sempre que está em inferioridade pula a fronteira e fica à salvo.
Equador e Venezuela simplesmente ajudam uma força insurgente em um país vizinho.

Se isso não é ato de guerra eu quero saber o que é.

O ataque não foi contra instalações equatorianas.
Foi contra um isolado acampamento terrorista na borda da fronteira, em plena selva.

Além disso, o direito internacional admite o hot pursuing: no calor da perseguição é admitido a violação da fronteira.