terça-feira, 31 de julho de 2007

Quem é?














Esta postagem é especialmente dedicada ao companheiro Fetter, fã assumido do Bergman. Mas vale também para qualquer cinéfilo de plantão. É absolutamente impossível ser fã do cineasta sueco sem saber quem é a cara-de-boneca, tendo evidentemente o Ingmar tido um caso com a mesma (buenas, quem não)?

Controle (1.5)

Notícia de hoje diz que a loja de música online da Apple, a iTunes, alcançou a marca de 3 bilhões de canções vendidas. Como o preço unitário na loja iTunes é de pelo menos 99 centavos de dólar, fica fácil ver qual foi o faturamento da Apple.

3 bilhões de canções provam ser comercialmente viável vender música por download? Sim. Mas o modelo da Apple - e de todas as grandes lojas online - ainda é muito ruim. Nem vou falar do DRM (digital righs management, ou, em bom português, restrições ao uso de um produto que você comprou). O que considero como entrave para que deixe de existir downloads ditos ilegais é o preço. Mesmo para os padrões americandos é caro cobrar 99 cents por música, quando é possível adquirir o disco todo por US$ 9,99 na Amazon.

No Brasil, as duas maiores lojas online pertencem aos dois maiores portais: Uol e Terra. O Sonora do Terra é uma simpatia só: para comprar músicas, pelo módico preço de R$ 2,49 (podendo chegar a R$ 2,99) é preciso assinar o serviço, que sai por R$ 9,99 ao mês (subindo para R$ 14,99 no 13º mês). Brincando, brincando dá para pagar R$ 30,00 ou 35,00 num álbum baixado do Sonora, sem encarte, letras, sem o disquinho prateado, sem caixa.

No Uol a coisa é menos feia. Tem lançamento a R$ 0,99 a faixa, como o novo do Pato Fu. Preço justo, eu diria. O problema é que não dá para comprar só uma musiquinha, com aquele troco do pão, e pronto. Meio que como um celular pré-pago, o Uol obriga o consumidor a adquirir "créditos", que são gastos em cada compra, e o valor mínimo é de R$ 15,00. Verdadeira "taxa de consumação"!

Música vendida online devia ser mais barata e simples de adquirir, apenas porque é possível vender por um preço baixo. A venda por download elimina custos e lucros do lojista, da transportadora, da distribuidora, de produção do encarte, da caixa, do disco em si. Música velha, então, devia sair a R$ 0,50, já que os custos de gravação do álbum já foram cobertos na época do lançamento.

Não se pode exigir que alguém mude sua mentalidade e pare de baixar música de graça sem que as empresas fonográficas também se reavaliem e parem de vender seu produto por um preço injusto.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Ingmar Bergman - 1918/2007









Hoje muito vai se falar sobre o falecimento do cineasta sueco Ingmar Bergman. Tenho certeza que o próprio execraria por completo a maioria dos necrológios que estarão à disposição do público, por isso vou falar pouco, apenas para deixar o registro em homenagem a este grande artista.


Em sua biografia - Lanterna Mágica, lançada no Brasil nos aos 80 pela Editora Guanabara - Bergman relata sua dificuldade em sobreviver aos primeiros diasapós seu nascimento, conforme diz na primeira página: "Quando nasci, em julho de 1918, minha mãe estava com gripe, meu estado como recém nascido não era dos melhores, e por isso fui batizado de emergência no próprio hospital... Tive ainda uma série de doenças inexplicáveis, parecendo mesmo que não podia decidir se queria viver ou não".
Para nossa sorte e de todos aqueles que se sentirem curiosos, mesmo que a partir de hoje, a buscarem seus filmes disponíveis no mercado de dvd's, Bergman sobreviveu e após sua passagem pelo teatro sueco, escreveu e dirigiu, aos 30 anos seu primeiro filme, "Crise".
O filme foi um fracasso tão retumbante que ele foi demitido da Svenk Filmindustri. Porém, a partir de seu quarto filme, "Música no Escuro", Bergman começou a ter relativo sucesso em seu País, chegando ao reconhecimento internacional em 1957 com o belo "O Sétimo Selo".
A partir de então, foram uma série de filmes memoráveis, que colocaram Bergman no panteão dos grandes cineastas deste século. Para citar alguns, "Morangos Silvestres" (1957), "No limiar da vida" (58), "Persona" (66), "Gritos e Sussurros"(72), "Sonata de Outono"(78) e, é claro, o incomparável "Fanny e Alexander"(82), indicado para seis Oscar, dos quais levou quatro, ganhador dos prêmios César, David di Donatello, Golden Globe, dentre outros tantos ao redor do mundo.
Curiosamente, salvo alguns outros trabalhos para a tv, um documentário sobre o rosto de sua mãe (Karin's Face, de 1984) e um ensaio de despedida - "Saraband" - , após "Fanny e Alexander", pode-se dizer que Bergman não filmou mais.
Em sua biografia disse: "Minha decisão de deixar de filmar não foi dramática e surgiu à medida que prosseguia a rodagem de Fanny e Alexandre. Não posso dizer se foi meu corpo que decidiu pelo meu espírito ou se foi o espírito que influenciou o corpo. A verdade é que o esforço físico exigido a quem faz cinema se tornou, para mim, cada vez mais incompatível com as minhas forças. No verão de 1985 tive - pelo menos quanto a mim - uma idéia encantadora para um filme(...) Comecei imediatamente a trabalhar no roteiro (...) Após ter trabalhado bem durante três semanas, adoeci gravemente. Tinha cãibras e perdia o equilíbrio. Sentia-me como se estivesse envenenado, um resultado, por sua vez, da angústia e desprezo que sentia pelo meu estado deplorável. Compreendi que não voltaria a fazer cinema. (...) Estou decidido a me retirar antes que os meus atores e colaboradores vislumbrem o tal monstro e sintam nojo ou pena de mim. Já vi muitos colegas tombarem na arena como se fossem saltimbancos exaustos, entediados pelo próprio tédio, pateados ou mortos por um silêncio imposto cortesmente, retirados da luz por amáveis ou desdenhosos assistentes de circo. Pegarei meu chapéu e sairei enquanto ainda posso estender o braço para o cabide onde o deixei, saindo por meus próprios pés. O poder criativo da velhice não é de modo algum uma coisa garantida. É algo periódico, condicionado a muitos fatores, mais ou menos como a sexualidade que nos abandona pouco a pouco". (op. cit. pág. 67).
É isso amigos. Não costumo ficar tão triste com a morte de um artista. Me lembro de ter ficado assim quando o velho Ray Charles partiu. Sempre fico triste quando penso em Eva Cassidy, cujos dez anos de morte serão lembrados em um próximo post. Mas hoje faleceu uma espécie de avô . Adeus Bergman. Obrigado por tudo. fetter.

Controle (1)

Gramofone e rádio, duas invenções do fim do século XIX, foram decisivos no surgimento de parte da indústria do entretenimento como a conhecemos no século XX. Me refiro, claro, à indústria fonográfica, fruto da possibilidade, então inédita, de se escutar música sem a presença física dos intérpretes. Daí, durante muito tempo, até os anos 70, não havia muita escolha: ou se ouvia o que as rádios queriam tocar ou se comprava os discos, do jeito que as gravadoras escolhiam como seriam vendidos.

A coisa melhora para a indústria quando os discos passam a suportar cerca de 45 minutos de música, em ambos os lados. Nascem os long playings, os LP's, se tornando populares nos anos 50. Principalmente no Brasil agora era preciso pagar por dez, doze faixas, mesmo quando só se queria escutar uma ou duas.

A primeira alternativa prática e acessível para fugir disso nasce com a popularização de uma invenção da Phillips: a fita cassete. Criada em 1963, é nos anos 70 que a "pequena caixa" com fita magnética ganha espaço, graças a melhor qualidade dos aparelhos de som e dos próprios "K7". Se torna então possível gravar as músicas que tocavam no rádio, para escutá-las de novo quando se quisesse. E, ainda melhor, se podia gravar álbuns, tirando aquelas faixas que eram ruins ou até fazer coletâneas de vários discos e artistas.

Nos anos 80, o sucesso cresce com o surgimento de um aparelho toca-fitas, cuja grande sacada era eliminar os alto-falantes, para que o som fosse ouvido apenas em fones de ouvido, o tornando prático e verdadeiramente portátil. Era o "Walkman", da Sony.

primeiro modelo de Walkman, de 1979

O ouvinte deixava de ser um consumidor passivo, afinal agora era possível escutar a música que se quisesse e também onde se quisesse. O controle, ainda que de forma tímida e limitada, mudava das mãos da indústria fonográfica para a do público. A consequência disso foi a campanha publicitária alegando que gravar cassetes era não só crime como prejudicial aos artistas.


A "pirataria" via K7 era por demais pequena para incomodar a indústria de mídia, na verdade. Mesmo a real pirataria - a que envolvia venda de fitas - tinha seu alcance limitado pela baixíssima qualidade de som dos produtos falsificados. A crítica à gravação caseira, portanto, era pela perda do controle do que se escutava, e como, e onde.

Mas para sorte da indústria de música, os anos 80 também veriam nascer o Compact Disc, aposentando os discos de vinil primeiro e a fita cassete em seguida. Apesar de ter tornado os álbuns mais caros e da crítica dos puristas sobre o som, o CD vence pela praticidade e comodidade de seu formato.

No volume total a venda de álbuns cresce sem parar na década de 90, com a popularização do novo disquinho, inclusive com muitos readquirindo no modelo digital álbuns que antes tinham em vinil. Não demorou para o Walkman se tornar Discman e ser possível ouvir os discos digitais no formato portátil. Mas nada mais de gravar suas próprias coletâneas.

O controle parecia ter voltado a seus antigos donos.

domingo, 29 de julho de 2007

JUSTIÇA EM DOBRO

As postagens dos nefelibatas amantes de instrumentos que só podem ser encontrados à margem do Rio Mississípi, e que se saiba só são possuídos pelo Johnny Winter e talvez pelo Joe Bonamassa, levaram-me a fazer o presente comentário ilustrado




Fender American Standard Stratocaster. Três captadores single coil, braço em maple com escala em jacarandá. Precisa dizer mais?






Quem conhece o assunto sabe que não se pode comparar os braços das guitarras modernas aos das antigas, quando os instrumentos eram feitos para serem tocados e não para aumentar os lucros da CBS, como foi o caso da Fender . A Gibson tomou vergonha e resolveu fazer edições da clássica Les Paul numa configuração clássica, ou seja, com o braço estilo anos 50.

sábado, 28 de julho de 2007

Meu criador

Hoje trato de uma quase unanimidade. E fico feliz que seja "quase" já que ele próprio dizia que "toda unanimidade é burra". Falo de meu criador, Nelson Rodrigues (que nada tem a ver com o Feluc, como alguns andaram aventando por aqui). A primeira vez que vi alguém falar sobre Nelson com paixão foi na faculdade. Mas, apesar de ver o fascínio nos olhos de quem falava e de gostar muito da pessoa, não me interessei por conhecer o assunto de que tratava. Alguns anos mais tarde - eu já tinha mudado de curso - peguei uma matéria com um professor de convicções fortes e paixão por Nelson. Coincidiu de ser a mesma época em que a Cia das Letras reeditava as obras do autor, e eu acabei comprando um livro de crônicas ("O óbvio ululante" - atualmente reeditado pela Agir). Foi paixão ao primeiro texto. Ali se revelava para mim não apenas um ótimo escritor, mas principalmente uma figura inesquecível. Alguns são muito bons, outros são grandes, Nelson destaca-se por ser humano, absolutamente humano. E é disso que mais gosto nele. Sua humanidade transpassa cada uma de suas crônicas, seu moralismo, cada uma de suas peças, e sua passionalidade, cada um de seus romances.
Quando falo em humanidade, não confundo com bondade (como a maior parte de nós, ele era por vezes absolutamente bom e, outras tantas, um grande canalha). Falo das contradições, das fraquezas e das tragédias que acompanham cada um. Ah, e como Nelson viveu tragédias. Primeiro foi a morte de Robert0 (seu irmão), depois a de seu pai, a quebra do jornal de sua família e os anos da fome. Quando tudo parecia começar a ir bem, a morte de Jofre (outro irmão), a tuberculose. Mais tarde, foi Paulinho (seu outro irmão) que morreu com toda a família e por, fim, Daniela, a menina sem estrela, sua filha, que nasceu. Nelson passou por tudo sofrendo a dor que qualquer um sofreria, mas sem fazer drama. Ao contrário, depois de tudo, escreveu uma de suas mais belas crônicas: "O ex-covarde". Nela explica porque não tinha medo de nada (afinal já havia perdido tanto), porque se aventurava a ir contra a unanimidade e ser o doce reacionário que todos conhecemos.
É, Nelson aventurou-se a criticar a esquerda, quando, acreditava-se, só os crápulas eram de direita. Mas não se enganem. Nelson não se considerava um homem de direita e nem perdia uma noitada no Antonio's, reduto da esquerda festiva. Pior, tinha como um de seus melhores amigos o vermelhinho Hélio Pelegrino. Os dois, como alguns de vocês, apesar das diferenças políticas, almoçavam pelo menos uma vez por semana juntos e um sempre soube que podia contar com o outro (quando Hélio foi preso, as conversas semanais continuaram, e ele foi solto pela intervenção de seu amigo, bem relacionado com os militares).
No campo dos costumes, Nelson não se furtou a tomar posições polêmicas. Dizem que ficou conhecido como tarado por conta de suas peças, mas a verdade é que essa pecha o acompanhou de muito antes. Ele mesmo conta (e Ruy Castro confirma) que, quando tinha sete anos, uma vizinha entrou na sua casa e disse para sua mãe: "Qualquer filho seu pode entrar lá em casa, menos Nelson." Nelson, o cabeçudinho pernambucano, tinha olhado a filha da vizinha, uma criança de também seus sete anos, nua, e, a vizinha percebeu ali, a taradice do moloque. Na mesma época, houve um concurso de redação na escola. A professora viu o texto rodrigueano, leu, mostrou para a diretora e, só depois, decidiu premiá-lo em primeiro lugar junto com outro, que tratava de um marajá que andava em um elefante nas Índias. Nelson nunca se conformou em ter tido que compartilhar seu prêmio com o colega, dizia que no elefante inventando faltava uma pedra entre os olhos que era fundamental. Em seu texto não, não faltava nada. Tratava de uma senhora casada pega com o amante pelo marido, que a mata.
Puro Nelson. Como uma de suas mais famosas frases: "Toda mulher gosta de apanhar." E quando perguntado se eram todas mesmo, dizia: "Só as normais. As histéricas, não". Como grande parte das coisas de Nelson a intenção era polemizar, já que ele sabia que poucos o compreenderiam. Mas, em uma ocasião, Nelson decidiu explicar do que falava. Contou o caso de uma vizinha, lá, na Aldeia Campista, que tinha um marido muito bom, fazia tudo por ela e nunca a contrariava. A moça achava o marido muito bonzinho, mas não tinha por ele nenhuma admiração e, todos sabemos, para haver amor é preciso, ao menos, um pouco de admiração. Um dia, a mulher tanto fez e tanto importunou o marido, que ele perdeu a paciência e bateu nela. Surgiu aí o amor. Porque a mulher passou a respeitar aquele sujeito e ter orgulho de estar ao seu lado, pois sabia que ele não era um paspalho. O importante não é o tapa, mas a certeza de se estar com um "homem".
Acabei não falando da humanidade de Nelson (ia exemplificá-la contando sua relação com quem o criticava). O texto já está muito longo. Deixo então para outra oportunidade.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

indicações de leitura...



basicamente o mesmo. Eu prefiro este. A consulta é mais fácil.
Preço na Amazon sem frete: US$12.44

indicações de leitura...


Guia ilustrado de óleos de oliva, país por país, região por região, incluindo os maiores produtores, mapas, informações técnicas e notas de degustação.
Preço na Amazon sem frete: US$15.00

aqui está o meu favorito...



Custa em torno de 10 euros...

Cuidado! Azeite português deixa o cabelo ruim !





eheheh !!!! cuidado, amigos.
apesar de fazer parte da nossa criação comer azeite português, sobretudo com o bacalhau, devemos reconhecer que os óleos de oliva portugueses não são reconhecidos pela crítica. Fundamenta este juízo o fato da terra onde se cultivam os olivais portugueses ser muito ácida, produzindo, assim, uma fruta de baixa qualidade. O azeite português é comparado aos azeites do norte da Àfrica (tunisianos e argelinos, sobretudo).
A elite do mundo dos azeites está na Itália. Ao lado dos melhores italianos alguns produtos franceses, gregos e uns poucos espanhóis.
O cuidado que se deve ter ao comprar um "olio di oliva" é verificar se foi elaborado com frutos cultivados na Itália, já que este país produz mais óleo do que olivas, pois produz muito óleo com frutos importados....do norte da África. Fora isso, aqueles detalhes: nível de ácidez e juventude.

Atenção! óleo de oliva bom é novo (consumo ideal em até seis meses). Também deve ser protegido da luz. Um dos óleos top no mundo da oliva é o da foto. Custa 25 euros o meio litro.

Antes de me chamarem de besta: meu azeite favorito é espanhol, é barato (comparado com o Laudemio) e se chama Dauro de l'Empordà.

O melhor de 2007 até aqui - no pop/rock

Em ordem meramente alfabética, as quinze músicas mais bacanas do ano até agora. Seleção variada, para agradar quem gosta de um pouco de barulho mas também as "mulherzinhas" do grupo.

1. America - "Golden"
2. Arcade Fire - "Intervention"
3. Artic Monkeys - "If You Were There, Beware"
4. Black Rebel Motorcycle Club - "All You Do Is Talk"
5. Dinosaur Jr. - "We're Not Alone"
6. Feist - "So Sorry"
7. Interpol - "Pioneer to Falls"
8. Kaiser Chiefs - "Ruby"
9. Mary Onettes - "Pleasure Song"
10. Maximo Park - "Our Velocity"
11. National - "Fake Empire"
12. Paul McCartney - "House of Wax"
13. Shins - "Australia"
14. White Stripes - "Icky Thump"
15. Wilco - "Impossible Germany"

Da série - Azeites a conferir - Capítulo DCXVI



O eventual leitor já sabe que convicções políticas e ideologias não são as colas que unem os integrantes deste coletivo. Porém uma coisa que todos temos em comum é a paixão por futebol, por música, pelas nossas mulheres e por azeites (não exatamente nesta ordem)... bom..., cada um depois apresenta aê a sua ordem... não vou me meter nesse assunto...

Apenas queria dar uma indicação de um bom azeite que provei esta semana. Fruto de uma parceria entre a empresa portuguesa Penazeites com o (pasmem!) ex-cantor e agora empresário do ramo Roberto Leal (!!!), a marca "Marquês de Marialva" foi desenvolvida especialmente para o mercado brasileiro.

Mas isso de "mercado brasileiro" não significa uma queda de qualidade, apenas uma diminuição no tamanho da garrafa, que vem com 500 ml (é sabido que as embalagens de azeite em Portugal chegam fácil a 2 litros e algumas a até 5 litros).

A acidez máxima é de 0,5%, o índice de peróxidos está de acordo com as tabelas oficiais (vide o site do Inmetro), aliás é o primeiro azeite que eu vejo trazer na garrafa este tipo de especificação - peróxidos, ceras e outras medidas -, o preço no Carrefour Bairro estava bom e, o principal, o azeite é realmente delicioso.

Sei que o feluc (nosso especialista em Acetos Balsâmicos de Modena... mas só se for de Modena mesmo !!) vai dizer que eu não entendo nada do assunto e outros vitupérios, a maioria inverídicos.

Mas eu gostei e indico. Abraços. fetter.

O herdeiro do tucano-mor

Um fato Jornalístico que a mídia esconde há 15 anos

Pela primeira vez, um jornal da imprensa grande menciona – indiretamente – o filho “fora do casamento” de FHC com uma jornalista, Miriam Dutra, nascido em 1991. Na terça-feira, 17 de julho, a Folha de S. Paulo publicou na página A4, sob o título “Renan busca limitar perícia; oposição reage e cobra pressa”, declarações do governador paranaense Roberto Requião (PMDB). A repórter Fernanda Krakovics, da sucursal de Brasília, informa na reportagem que Requião “acusou a mídia de tratar de modo diferente o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso”. Disse Requião: “Pergunto a vocês se já compararam a situação do Renan Calheiros com a do Fernando Henrique Cardoso, que teve um filho com uma colega nossa. Nunca foi entrevistada, o filho nunca apareceu no jornal. E essa colega nossa foi para Portugal às expensas de uma empresa de comunicação, conhecida no Brasil inteiro como TV Globo.”

Link para a matéria completa na revista "Caros Amigos".

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Da série: Adquiri, ainda não ouvi, mas acho que vou gostar - Cap. LXXVII



1 - Sangam - Charles Lloyd

2 - Security - Antibalas

3 - Greatest Hits - Devo

4 - Steping Into Tomorrow - Donald Byrd

5 - Leviathan - Mastodon

6 - Our Earthly Pleasures - Maximo Park

7 - Fear of a Blank Planet - Porcupine Tree

8 - Orquestra Armorial - Orquestra Armorial

9 - Snakes and Arrows - Rush

10 - The Jazz Soul of Stevie Wonder - Stevie Wonder

11 - Cartola 76 - Cartola

12 - No tempo de Noel Rosa - Vários intérpretes

13 - Ram - Paul McCartney

14 - Mëkanik Destruktïw Kommandöh - Magma

15 - Little Games - Yardbirds

16 - Seres verdes ao redor (Música para samambaias, seres rastejantes e anfíbios marcianos) - Supercordas.

Afinal de contas, como dizia um velho professor na faculdade: O que a gente faz da meia-noite às seis ??? fetter

A pedidos





Bom, atendendo a milhares de pedidos, inclusive um do Neruso Sam, solicitando que eu postasse as músicas que integraram meu último top ten, devo dizer que não existe a menor possibilidade de eu fazer isso, pelo menos por enquanto. Desta forma, decidi buscá-las no You Tube e, para minha surpresa, encontrei... quase... TUDO.

Portanto, estou postando os links para cada uma delas ou então informações que facilitem a busca. Vale ressaltar que este top ten é muito antigo e eu já estou ouvindo otras cositas. Mas isso é assunto para o próximo post.

1 - "Keep the Costumer Satisfied" - Simon and Garfunkel

http://br.youtube.com/watch?v=-AWCLFK-CBw


2 - "Lay Down Your Weary Tune" - Bob Dylan

http://br.youtube.com/watch?v=kod3j8WtgqQ


3 - "Teeth" - Soft Machine

http://br.youtube.com/watch?v=nhSyiPUJu0I – Não é bem a música, mas a banda ensaiando a música, e já tá bom demais.


4 - "Hello" - Me First and the Gimme Gimmes (grande descoberta do Filipe) – Não achei, mas é uma versão punk impagável do velho clássico do cantor Lionel Richie, ex-integrante da banda Commodores. Vale a pena procurar.


5 - "Grace Kelly" – Mika

http://br.youtube.com/watch?v=tPUpxIBkcjM


6 - "Play the Hits" – Hal

http://br.youtube.com/watch?v=VoGmERCtBek


7 - "Brinquedos" – Wonkavision

http://br.youtube.com/watch?v=J2Tf0-RLV6g - ao vivo , uma tosqueira só, mas uma grande música. A Manu cantando "deux femmes et un garçon" é tri.


8 - "Espelhos Quebrados" - Rádio de Outono – Muito difícil. Não achei também, mas é uma versão excelente de uma música do Ronnie Von, fase psicodélica. Vale cada segundo da extenuante procura.


9 - "The W.S. Walcott Medicine Show" -The Band – Também não achei, mas é uma das melhores música do disco/show/despedida/filme "The Last Waltz". Recomendo.


10 - "Ballade Pour Une Orgie" – Ange. Banda belga de rock progressivo. Música do grande disco Au-delà du delire de 1974. Um cláááásssico.

abraços. fetter.


Novas regras para os confrontos entre Brasil e Argentina (clique na imagem para aumentar)


Será que assim eles conseguem ganhar da gente ?
Obs. Imagem extraída do site www.kibeloco.com.br. Abraços. fetter.


Não é de hoje que eles são assim

Enquanto isso, no caderno de economia...

Vendas em supermercados cresceram 7% no semestre
As vendas reais dos supermercados tiveram aumento de 8,23% no mês de junho na comparação com o mesmo período de 2006

IPC-Fipe fica em 0,36% na terceira prévia do mês
O índice desacelerou em relação à segunda prévia do mês

Taxa de desemprego no País recua
O número de pessoas ocupadas ficou em 20,790 milhões nas seis regiões metropolitanas pesquisadas, alta de 1,3% sobre maio e de 3,2% frente a igual período de 2006.

Copom espera queda de 3,6% na tarifa de energia e reajuste zero para gasolina e gás de botijão em 2007
O Comitê ampliou ainda mais sua previsão de reajuste negativo das tarifas residenciais de eletricidade.


quarta-feira, 25 de julho de 2007

Alter-Ego ?????

Curioso, estranho e talvez bizarro um fato que notei hoje. Não sei se o eventual leitor sabe, mas todos os participantes homens deste blog, ou seja, fetter, feluc, filipe e nerusosam, são amigos de longa data, mas eu particularmente não faço a mínima idéia de quem sejam "a mulher que amou demais" e a "valentina".

O interessante é que podemos notar que toda vez que a "mulher que amou demais" posta alguma coisa, o feluc também. Ela sumiu por uns dias...ele também. Sei lá ! já tem gente especulando que são a mesma pessoa. A "mulher que amou demais" seria um alter-ego do feluc. Será ?

Quanto à valentina, não sei ainda mas tenho minhas dúvidas. Temos um grande amigo (mas mais amigo do filipe) que tem uma filha com esse nome (seria uma homenagem ??? ). O filipe também adora uma pizzaria na 214 Norte com esse nome (seria uma dupla homenagem ???).

Tudo bem pessoal, não tem problema, continuarei amigo de vocês, mas dá para tirar a mão da minha perna ??? rs rs rs. fetter.

Empulhações...




A Folha de São Paulo, hoje, publica entrevista com o velho punk Malcolm McLaren. Ele é um tremendo cara de pau, como a maioria das fraudes que andam por aí e conseguem alguma notoriedade às custas da ignorância alheia.

O pobre diabo afirma que o punk foi um dos movimentos culturais mais importantes do século 20, porque “desconstruiu a cultura e a democratizou, deu oportunidade a todos de fazerem por si mesmos”. Disse que o punk foi o “último grande ataque anticorporativo, que mudou a maneira como olhávamos as coisas, não apenas na música, mas na moda, nas artes contemporâneas”. Citou outra fraude, Damien Hirst, como referência (sua obra mais conhecida inicia este post). Termina a entrevista com um auto-elogio patético: “eu era um ex-estudante de arte, tinha visto a vaidade dos anos 60, a auto-indulgência e o egoísmo, e não queria nada além de destruir, da maneira mais provocativa possível, toda aquela cultura”.

Infelizmente, nem o jornalista, nem a professora da escola, nem os críticos de arte dizem o que aconteceu com esta turma. Eles fazem parte da trajetória que desembocou no tal do pós-moderno, outra falsificação. Acabaram com todos os meios tradicionais de expressão artística (pintura, escultura, etc.) em nome da tal da desconstrução. Desconstroem tudo, só não sabem que para descontruir há que se desfazer o que já foi feito pelas gerações anteriores para reconstruir para além da tradição. Isso é inovação, não fraude. Giotto, arauto do Renascimento, introduziu a perspectiva, que seus professores não conheciam, mas não abriu mão do legado que lhe foi confiado. Sabem o porquê? Porque ele conhecia a tradição e a respeitava.

Agora eu lhes pergunto, será que Malcolm McLaren, Jean-Michel Basquiat e Damien Hirst tem idéia da tradição que o Ocidente produziu nos últimos 2000 anos?

Outra coisa. Estes tipinhos só tiveram esta boa-vida porque nasceram no pós-guerra. A maioria dos europeus nem sonharia em entrar numa Universidade até o início dos anos 50. A tal geração de 68 só entrou na Universidade porque os tais governos burgueses que eles tanto criticavam implantaram políticas de massificação do ensino superior e construíram universidades, distribuíram bolsas e ajudas econômicas. Na Universidade, de papo pro ar, os pobre-diabos foram cooptados por aparelhos marxistas (e afins) e decidiram criticar o “sistema burguês”, que os alimentava. Nasce aí esta empulhação chamada arte pós-moderna. É claro que depois tivemos a absorção destas idéias pelo sistema. Afinal, nada como um bom comerciante para fazer dinheiro com estas mistificações. Imaginem vocês que um artista em Nova Iorque fez um vernissage e passou a boca-livre inteira servindo cafezinhos. No final, todos descobriram que a arte não estava nos quadros expostos, mas na “performance” do artista em servir café. Dias depois, o esperto leiloou as xícaras e encheu os bolsos com o dinheiro de algum novo-rico deslumbrado. Esta história está no livro “Cultura ou Lixo: Uma visão provocativa, do James Gardner, crítico de arte do New York Times. Performances e instalações são termos que denotam total desprezo pela transmissão de sentido, o núcleo essencial da experiência artística. Malcolm MacLaren, aquele que criticava a auto-indulgência dos burgueses, não sabe disso.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Sobre comentários

Os lingüistas costumam dizer que um texto é reinventado toda vez que é lido. Cada leitor recria-o a partir de suas experiências, crenças e valores. Isso não quer dizer que o texto seja “matéria” dotada de qualquer possibilidade ou que qualquer interpretação seja correta. O conjunto de proposições básicas está dado, e não é possível dizer que o autor escreveu “c” quando na verdade escreveu “b”, as possibilidades restringem-se às múltiplas interpretações de “b”.
Recentemente, escrevemos um texto neste blog, que continha três proposições básicas:
O feminismo lutou pelo aumento do conjunto de oportunidades (modos como podem conduzir suas vidas) das mulheres;
A autora de um livro recentemente publicado considera que só há um modo certo de todas as mulheres levarem suas vidas;
Logo, a autora não é feminista.
Em seguida, opinávamos em prol da possibilidade de que cada um viva a vida que deseje viver.
A leitura do texto permite considerar qualquer proposição como falsa, discordar de nossa opinião ou estabelecer novas construções a partir do que escrevemos. No entanto, dos dois comentários que recebemos, um não se referia a nenhuma das proposições, tampouco avaliava ou se referia à nossa opinião. O outro chegava a conclusões totalmente diferente da que chegariámos, razão pela qual também vale ser lembrado.
O primeiro comentarista iniciou seu texto com algo do tipo “tenho horror a textos que falam “Nós, mulheres”. Pode-se ter horror de várias coisas. Eu, quando tenho horror de algo, procuro afastar-me dele ou não gozar de sua experiência. O autor do comentário, diferentemente, não parece ter evitado a experiência desagradável (a psicanálise compreende bem os casos em que o sujeito prefere sujeitar-se a experiências que lhe causam mal-estar), mas, tampouco, foi capaz de gozá-la, ou seja, de livrar-se de seus preconceitos e permitir-se a abertura necessária para a leitura de qualquer texto. Se assim tivesse feito, compreenderia que não se pretendeu estabelecer nenhuma diferença entre os sexos, muito menos hierarquias. Comentava-se um livro.
Ademais, ainda que tivéssemos pretendido ressaltar as diferenças entre os sexos, que mal haveria? É sabido que homens e mulheres têm diferentes habilidades. Os primeiros têm mais força física, maior facilidade com raiocínio espacial. As mulheres, diferentemente, costumam se destacar em habilidades ligadas à linguagem. Isso não torna uns melhores nem piores do que os outros, apenas diferentes (aos que lêem tudo resabiadamente, lembro que nossa proposição neste parágrafo é semelhante à dita por um reitor de uma famosa universidade norte-americana. O reitor também foi mal compreendido e obrigado a deixar o cargo). Assim, mesmo que tivéssemos pretendido marcar diferenças entre os sexos, isso não parece ser motivo suficiente para tornar o texto, a priori, um capítulo da luta dos sexos.
Passo ao segundo comentário.
Neste era afirmado que os homens haviam vencido. Essa é uma conclusão possível a partir do texto. O comentarista baseou-se no nosso relato de que a autora do livro afirmou que o único caminho correto para as mulheres é o tradicionalmente seguido pelos homens. No entanto, ainda que possível, discordamos da proposição. Explicamos por quê. Acreditamos que as relações entre os sexos não são um jogo de soma zero (quando um ganha, o outro perde), mas complementares, de modo que, quando um ganha, o outro também tende a ganhar. Quando o conjunto de oportunidades das mulheres aumenta (serei dona de casa, alta executiva ou um meio termo?), o dos homens também tende a aumentar (Temos colegas, por exemplo, que tiveram a oportunidade de dedicarem-se integralmente a um curso de pós-graduação porque contavam com parceiras que toparam sustentar a casa sozinha enquanto eles faziam o que queriam). Evidentemente, surgem novas dificuldades e inseguranças. Tendo a mulher autonomia financeira, pode desvincular-se de relacionamentos mais facilmente, etc. Acreditamos, contudo, que o mal-estar (ou desafio) surgido com essas mudanças não supera os ganhos.

As melhores versões


Na semana passada o jornal New York Post fez uma listas dos 100 melhores covers de todos os tempos da música pop. Como sempre acontece em qualquer lista, há inúmeras coisas óbvias e também diversas inclusões discutíveis, pois lista sem polêmica não é lista.

O primeiro lugar, por exemplo, é uma escolha e tanto, sob qualquer ponto de vista: Dolly Parton, a matrona da country music, cantando "Stairway to Heaven", do Led Zeppelin. Eu escutei e fiquei com medo.

A lista traz algumas versões consideradas clássicas, por razões diversas, mas sem dúvida todas indispensáveis. Coisas como "Take to the River" com Talking Heads, os Sex Pistols destruindo a música-tema de Sinatra, "My Way" e o grupo Devo remoldando e tornando "Satisfaction" dos Stones algo meio kraftwerkiano.

Dentre as 100 escolhidas há opções para todos os estilos e gostos, num ótimo passeio por todas as décadas, dos anos 50 para cá. E serve para lembrar (ou ensinar) que muita música famosa de alguns artistas na verdade são covers. Como "Twist and Shout", que não é dos Beatles, "Nothing Compares 2U", que não é da "Skinhead" O'Connor e "I Fought the Law," que não é do Clash (essa última eu não sabia).

Entre coisas bizarras e meras repetições nota a nota, sem dúvida as melhores versões são aquelas que nos fazem pensar "prá que eu preciso da original?". Nesse quesito, e lendo as escolhidas do Post, são destaques "Respect", da Aretha Franklin (original do Otis Redding), "Hallelujah," Jeff Buckley (original do Leonard Cohen) e "Hurt," com Johnny Cash (Nine Inch Nails).

A lista inteira pode ser conferida aqui.

O ousado




“Leio as lápides: mãe extremada, marido exemplar, cidadão honrado, esposa devotada, e por aí afora. Mas onde será que enterram os vilões?” - Ettore Petrolini, ator italiano.

Top Ten - 24/07/07 - 14:20 hs


Parem todas as discussões inócuas ! Parem tudo o que estiverem fazendo ! Dêem um jeito de ouvir as seguintes músicas e depois me agradeçam respeitosamente.

PS - Se você conseguir juntar todas as dez, ouça exatamente nessa ordem. Para mim fez o maior sentido.

1 - "Keep the Costumer Satisfied" - Simon and Garfunkel

2 - "Lay Down Your Weary Tune" - Bob Dylan

3 - "Teeth" - Soft Machine

4 - "Hello" - Me First and the Gimme Gimmes (grande descoberta do Filipe)

5 - "Grace Kelly" - Mika

6 - "Play the Hits" - Hal

7 - "Brinquedos" - Wonkavision

8 - "Espelhos Quebrados" - Rádio de Outono

9 - "The W.S. Walcott Medicine Show" -The Band

10 - "Ballade Pour Une Orgie" - Ange

Abraços. fetter.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Pista boa

Conhece o IPT? Não, nada a ver com seu partido preferido, nerusosam. É o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, órgão do governo de São Paulo, administrado por tucanos, portanto. Semana passada, três dias depois da "unânime" conclusão de que a pista teria causado o acidente em congonhas, divulgou-se um laudo do IPT sobre a reforma dessa mesma pista.

Segundo o laudo, o asfalto tem condições de atrito acima do padrão internacional de qualidade. Como resumiu a Folha de S. Paulo em sua manchete, "IPT conclui que pista tem condições de atrito mesmo sem grooving". A medição foi feita quatro dias antes do acidente com o airbus da TAM.

Ainda não é possível qualquer conclusão sobre o acidente (tirando os "experts" que já sabem que foi o Lula quem acelerou o avião após o pouso), mas a combinação de reverso-apêndice desligado e avião superlotado* se mostram mais razoáveis do que simplesmente culpar a pista. Os problemas de Congonhas são outros e se interferiram em alguma coisa foi pela localização do aeroporto e falta de área de escape.

*O site da Airbus informa que o A320 tem capacidade para 164 assentos, em uma única classe. O site da TAM diz que os seus A320 voam com até 174 assentos. No vôo JJ3054 havia 187 pessoas a bordo: 160 passageiros + 2 crianças de colo + 6 tripulantes. Os outros 19 eram funcionários da TAM, de carona. Mas a conta não bate, faltam 5 poltronas. Esse pessoal viajava como, de pé?

Pecados 3

Dentro do senso-comum acho que o meu CD mais brega deve ser o do Belchior. Mas é um disco legal, só com violões - e isso antes da MTV "inventar" o formato acústico. E também gosto por ele ser esquerdófilo. Sem contar que ele já tinha medo de andar de avião antes da TAM dizer que reverso é apêndice...está lá mas não serve para nada.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Pecados


Dos meus pecados eu sei e, pelo jeito, todos sabem.
Sim, eu tenho "Human Nature", o disco medíocre de Miles Davis. Afinal, se o grande Miles teve o seu disco medíocre porque eu, Feluc, não posso ouví-lo?
Mas não faço disso um hábito.
O Raffah Mahiah cultua o "lixo pop". Ele adora ouvir aquelas bandas deprimentes dos anos 80, com aquelas capas de LP's coloridas, com músicos vestindo calças "bags" e roupas cheias de listras.
Quantos aos seus pecados...deles ninguém sabe.

DA SÉRIE: ÁLBUNS SUBESTIMADOS - CAPÍTULO CLXXVII – POWERAGE (AC/DC)


Temos um grande amigo indiano, chamado Raffah Mahiah, que aliás deveria estar participando deste blog, mas até agora não deu as caras. Cara bom, inteligente, especialista em esportes (qualquer esporte, pelo que sei), fã de música pop anos 80 (o que não é demérito algum) e, como todos os demais aqui presentes, um grande frasista. Uma de suas pérolas, aqui totalmente descontextualizada, mas que ainda assim guarda um grande potencial é: “Adoro quando me subestimam”.

Sempre lembro desta frase do velho Raffah quando penso em lançamentos de grandes artistas que sejam absolutamente rechaçados por público e/ou crítica. Aqueles discos que simplesmente todo mundo diz para você não ouvir, não comprar e ainda sacanear quem comprou.

Sendo assim, ao longo das últimas décadas fomos condicionados a subestimar alguns discos de grandes grupos. Todo mundo que gosta de música sabe das “bolas fora” que seu artista preferido cometeu. A lista é interminável, mas vale citar alguns (apenas para que eu imagine um leitor dizendo: “ah, é mesmo, tem esse também”): The Seventh Star (Black Sabbath), Unmasked (Kiss), Undercover (Rolling Stones), aquele do Miles Davis em que ele toca “Human Nature”, do Michael Jackson (né Feluc???), os discos do Iron Maiden com o Blaze Bailey, Calling All Stations (Genesis), Metal Machine Music (Lou Reed), Squeeze (Velvet Underground), os discos dos Doors sem o Jim Morrisson, e por aí vai.

Necessário confirmar que alguns dos discos citados e dentre os outros 150 que qualquer um vai lembrar, existem discos ruins mesmo. Você ouve uma vez, ouve a segunda, a terceira, morre de pena, mas não tem jeito, ele vai para a prateleira mais alta e mais escondida da sua casa e, quem sabe daqui a uns dez anos, a gente ouve de novo e vê se não tem pelo menos uma boa virada de bateria ou um bom arranjo de trombone em alguma das faixas que valha uma nova audição.

Todavia existem grandes trabalhos que, por algum motivo, às vezes inexplicável, foram relegados a um segundo plano. É sempre um grande prazer descobri-los. Claro que em tempos idos, quando a grana era muito curta e você mal e mal conseguia comprar um vinilzão por mês, porque a mesada não comportava mais que isso, a gente simplesmente ignorava estes trabalhos. Porém, em tempos de banda larga, fica mais fácil acessar um álbum desses e julgar se vale a pena tê-lo a mão ou não.

Uma dessas gratas surpresas é o disco “Powerage”, gravado em 1978, pelo AC/DC e que nesses dias insiste em não sair do meu player.

O leitor aí tem mais de trinta anos (também)? lia aquelas antigas revistas da Som Três escritas pelo Paulo Ricardo (mais tarde baixista do RPM)? Então você sabe do que eu estou falando. Qualquer matéria que a gente tenha lido sobre esta primeira fase do grupo australiano, ainda com o vocalista Bon Scott, afirma que os grandes petardos do período são exatamente os discos que fazem fronteira com o acima citado. “Let There be Rock”, de 77 e “Highway to Hell”, de 79, aliás o último disco deste ótimo e inesquecível “rock singer”.

Outrossim, qualquer matéria sobre o disco “Powerage” começaria, invariavelmente assim: “apesar de menos inspirado que seu antecessor...” ou algo parecido. Claro que qualquer fã obsessivo do AC/DC vai dizer, “mas esse néscio não sabia que esse disco é ótimo?” Pois é amigos, realmente eu não sabia. Mas agora, indico-o sem medo de ser feliz.

O disco já abre com a pedrada “Rock’n’Roll Damnation” e qualquer nematelminto já sabe do que se trata. É AC/DC puro: a levada, as guitarras, o vocal, a estrutura da música... não precisa nem fazer exame de DNA. O disco segue com “Down Payment Blues”, seu ótimo trabalho de guitarras e seu final roots, para que ninguém se esqueça da fonte onde beberam os irmãos Young; mais um blues sacana vem na terceira faixa do lado A (a velha divisão de lados e a distribuição das músicas que faziam parte da mítica do velho vinil, fazem todo sentido neste disco), “Gimme a Bullet”. A seguir, fechando o lado, a surpreendente “Riff Raff”, uma das grandes levadas de guitarra, baixo e bateria de toda a história da banda. Cliff Williams diz a que veio nas quatro cordas, Phil Rudd tem uma de suas melhores performances nas baquetas e os irmãos Young estão possuídos.

O lado B abre com outra música sempre lembrada em shows e coletâneas: “Sin City”, que segue a mesma dinâmica de “Jailbreak”, de 1974, isto é, aquela queda meio dramática no meio da música e o retorno triunfal ao refrão. Depois tem a mais fraquinha de todas, “What’s Next to The Moon”, típica música para ser a segunda do lado B (tenho de falar mais sobre isso algum dia, né Filipe?). A terceira é “Gone Shooting”, mais lenta, muito boa e com mais uma grande mostra do vocal “alcohol and cigarretes” do saudoso Bon Scott. A seguir, a paulada de “Up to my neck in you” com seus solos cristalinos e sua letra sobre toda a sorte de excessos. Algumas edições trazem uma faixa-bônus, a rápida e “zepeliniana” “Kicked in the Teeth”, outras edições ainda possuem o “b-side” “Cold Hearted Man”, raridade a ser descoberta por sua qualidade. Aliás, se o seu Powerage não tiver essa faixa, vale uma rápida procura na web.

Com pouco mais de meia hora de duração (no original), “Powerage” dos australianos do AC/DC é um disco comumente subestimado. De fato ele não tem o número de “hits” contidos em outros trabalhos do mesmo período. Mas, na verdade, é uma beleza de trabalho ! Não o deixe jamais de lado !

E antes que eu me esqueça Salam Aleikum ! velho Raffah, apareça quando puder. Fetter.

Menos Nelsinho, menos ...
Há muito o nosso governo é marcado pela INCOMPETÊNCIA.
O quadro é o seguinte:
- funcionários acomodados com estabilidade;
- um regime jurídico frouxo que não pune ninguém;
- chefes indicados por partidos políticos que só pensam na sua manutenção no cargo;
- incapacidade regulatória do Estado;
- o Parlamento não faz a sua parte, fiscalizar a Administração, inclusive por meio do TCU;
- e o Judiciário sempre tem uma liminar amiga nos momentos de aperto do Governo.
Resultado: Não tem como dar certo...


Que nada Cristian...
O ACM já esteve lado a lado com as forças progressistas da Bahia. Olha aí em cima.

Sério ?


Acabei de ouvir o necrológio de ACM no Jornal da Globo do meio-dia. Disseram que o senador teve a "ousadia de romper com os militares em 1984". Filipe, fala alguma coisa aí para os leitores com menos de 20 anos de idade.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Um Dia Sem Música

Cheguei em casa ontem por volta das 19 horas, liguei o computador, pus para tocar uns arquivos do AC/DC e liguei a TV disposto a assistir a qualquer competição do PAN (sem som de preferência... ninguém aguenta um locutor berrando os trinta gols que acontecem em um jogo de Handebol).

Porém, com as primeiras imagens da tragédia ocorrida em Congonhas, logo ficou claro que ouvir qualquer música ou assistir a qualquer competição seria impossível, tamanho o impacto que nos assola quando este tipo de coisa acontece.

Imediatamente entrei na página da Infraero e constatei que uns três vôos poderiam estar pousando naquele momento, um vindo do Rio, um de Porto Alegre e, se não me engano um daqui de Brasília. Obviamente fiquei atônito pois moro em Brasília há dezesseis anos onde tenho inúmeros amigos e colegas de trabalho e, para piorar a angústia, quase toda a família reside em Porto Alegre, cidade que acabou sendo confirmada a seguir como a de origem do avião.

Logo começaram a chegar as desesperadoras imagens do aeroporto Salgado Filho, os números da tragédia, os primeiros nomes das vítimas do prédio que foi atingido, enfim, tudo aquilo que todo o Brasil assistiu pela TV e pela Internet, fazendo com que o nossas noites de sono fossem tremendamente prejudicadas.

Hoje pela manhã, acessei as primeiras versões da lista da TAM e, por sorte, até o momento não há nenhum "Fetter" entre as vítimas, mas há uma série interminável de sobrenomes cujo desaparecimento abrupto, atinge de imediato a vida de outras milhares de pessoas.

Este post, por certo, não tem por objeto uma discussão sócio-político-econômica da tragédia, até por que não se pode descartar que o acidente tenha ocorrido por falha humana no momento do pouso. Mas eu só queria manifestar meu pesar pelas vítimas diretas e indiretas.

Queria dizer ainda que algumas notícias que leremos nos próximos dias, tais como "Pista poderá ser fechada", "Aeroporto poderá ser interditado", "liminar fecha a pista", "liminar abre a pista" e assim por diante, podem soar até bem, mas não adiantam muito para os que sofreram as perdas. Para estes, pode-se montar 10 "Gabinetes de Crise", disponibilizar 20 telefones "0800", fechar o aeroporto para reformas mais umas 30 vezes e a sensação será a mesma. Uma sensação ruim e o que é pior, irreparável.

Independentemente das causas do acidente, que serão apuradas durante os próximos meses, e malgrado as inúmeras mentiras e distorções que seremos obrigados a filtrar em busca de uma ou mais verdades que talvez a grande imprensa não queira mostrar, temos de lembrar e jamais esquecer que essa coisa de "a partir de agora novas providências serão tomadas", chaga que nos assola há décadas, em vários setores, deve ser substituída por atitudes preventivas, pois a história recente mostra que este "agora" pode ser apenas um momento no tempo, mas pode ser também um acidente trágico ou uma situação desagradável demais para ser ignorada.

Isso vale para aeroportos, estradas e obras de metrô (ou qualquer outra obra), mas vale também para a nossa casa, o condomínio, para a hora do voto, para a forma como dirigimos nossos carros, para o uso dos recursos naturais renováveis ou não, e como a lista é infinita, e eu acho que eu já disse o que queria dizer, encerro este parágrafo com um "e assim por diante", tal como faria o finado Kurt Vonnegut.

Vonnegut também dizia que toda música é sagrada, todavia, infelizmente, hoje não tem música. Ouvir música hoje é uma falta de respeito. Fetter

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Sobre as regras...

Pô Nelsinho, você, um liberal de quatro costados, pedindo regulamentação?
Vamos experimentar a liberdade e autoregulamentação de cada um. O que vocês acham?

Música e esporte, tudo a ver


* Tá fácil ganhar da Argentina.
E o motivo é simples: a gente ganha porque eles não respeitam a seleção. A aparente contradição tem lógica. A Argentina nunca vai entrar em campo pensando em ficar na defesa, esperando o adversário. Contra time nenhum. Nem o Brasil. Aí eles atacam, como todo time que se acha grande faz. Atacam o Brasil, logo de cara, coisa que nenhuma seleção faz. Atacam e se abrem, dão espaço. E aí, tomam o primeiro gol e se desperam, amarelam, o Riquelme some em campo, o Messi fica procurando a mãe na arquibancada para pedir colo...

*Jazz + prog rock = conversa mole do Fetter
Todos aqui conhecem a história da página 17 dos livros do Fernando, né?
Pois é, com o Fetter é igual: 30 segundos de cada música na Radio Uol e o cara já faz resenha da banda. Nem ele aguenta ouvir essas coisas que ele vai recomendar aqui, acreditem. :D
O disco da semana na verdade é Talking Heads 77'. Essa banda tem futuro!

*Virando gente grande
Se essa Copa América serviu para alguma coisa foi para mostrar que o Robinho não é o Denílson, como se chegou a temer há algum tempo. Robinho apareceu arrebentando com seu futebol bonito e cheio de dribles (como o Denílson), foi vendido por uma baciada de dinheiro para o futebol espanhol (como o Denílson) mas não se adaptou rápido na Europa e acabou indo para a Copa do Mundo como reserva de luxo (como o Denílson). Mas na Copa América o Robinho olhou pro lado e viu que não tinha ninguém de amarelo que soubesse tratar bem a redonda, daí estufou o peito e tomou conta do time. Até penâlti ele teve que aprender a bater. Quase errou dois, até bater direito contra o Uruguai. Jogou tão bem que na final nem precisou entrar em campo, o que confundiu a marcação argentina e deixou o Júlio Batipta com espaço para marcar um golaço antes da gente tomar a primeira cerveja.

*Cantor e lutador
A primeira medalha de ouro do Brasil no Pan saiu! E como música e esporte tem tudo a ver, o ganhador foi o Seu Jorge, que aprendeu Tae Ken Do com a Ana Carolina.

É para ouvir ou para tomar com muita água ?


E se eu dissesse aos meus companheiros de blog que vamos falar agora de música? E se eu dissesse que estou ouvindo uma banda de jazz com nome de remédio para esquizofrenia? E se eu ainda acrescentasse que se trata de uma banda Chilena? Vocês iriam sair correndo?
Não façam isso antes de dar uma chance ao grupo Akinetón Retard (http://www.akineton.cl/) !! O combo, formado em 1994 e liderado pelo guitarrista Tanderal Anfurness e pelo saxofonista Estratos Akrias, debutou em disco homônimo em 1999 e, desde então vem desafiando as fronteiras do free-jazz, com claras influências de tipos como Soft Machine, Mr. Bungle, Frank Zappa e quetais.
O grupo é um tanto inclassificável e tem se apresentado tanto em festivais de jazz como de rock progressivo, para ficar em dois ritmos praticamente inconciliáveis. Muitas vezes não há uma grande preocupação em, digamos, "agradar" o ouvinte, ou seja, de vez em quando as estruturas são complicadas mesmo, os instrumentos (aparentemente) não se encontram e alguns temas passam com facilidade dos dez minutos de duração.
Mas se alguém aí se identificou com os artistas acima citados, ou gosta de (como este escriba) fuçar atrás de bandas novas (ou nem tão novas assim), que pelo menos façam um som instigante (ainda que calcado em elementos considerados velhos), inteligente e "não-convencional" (embora eu odeie esta expressão), esta banda pode ser uma boa pedida para esta semana.
Particularmente eu recomendo que se comece pelo petardo "Akranania", segundo disco dos caras, "grabado" em 2001 e que chegou a ser lançado no Brasil pelo selo Rock Symphony. O álbum contém dois "clássicos", de execução obrigatória em qualquer show da banda. A excelente faixa de abertura "Morricolemen" (a "Peaches en Regalia" do século XXI???) e a assustadora "Dementia Absorbant", que encerra o Cd, e cujos vocais (sim, há vocais!!!), lembram demais "Aumgn" (é assim que se escreve ?!?) do disco "Tago Mago" do Can.
Akinetón Retard, banda chilena de free-jazz, recomendo com exaltação. Até a próxima. fetter.

sábado, 14 de julho de 2007

Mulheres Ambiciosas Ganham Mais

Está nas livrarias um novo livro de auto-ajuda. Destinado ao público feminino, pretende ensinar as mulheres a ganharem mais, serem mais ambiciosas. Não, senhores, não li a publicação, mas, no cabelereiro, tive a oportunidade de ler sinopses elogiosas na "Nova". A autora afirma que as mulheres devem abandonar as atitudes nobres (como diminuir a carga horária ou trabalhar em local mais próximo de casa para cuidar dos filhos), devem se ater menos à ética profissional e seguir os (maus) exemplos de seus colegas homens.
Poder-se-ia pensar que a publicação (podemos chamar de livro?) é herdeira das batalhas feministas de gerações passadas. Todavia, esquece a moça-autora que a luta fundamental das mulheres inteligentes era pela liberdade de fazer escolhas. Optar por ser mãe em tempo integral ou por entrar para a lista da Forbes, talvez, para as super-mulheres, os dois, mas poder levar a vida que se quer levar.
Ter filhos, uma família, são escolhas que exigem tempo e dedicação (ainda que se tenha um bom companheiro). Optar por isso não é sinal de falta de inteligência ou ambição, é saber que a vida oferece muitos caminhos e cabe a você escolher o que te fará feliz. Enfim, a escolha da mulher inteligente é aquela que atende a seus anseios, independente do que ache o vizinho do lado.
Ao menos, a moça-autora sabe ganhar dinheiro.

É impossível ser feliz e amar ao mesmo tempo...

Hoje em dia somos obrigados a ser felizes. Temos que ser bonitos, jovens, saudáveis, ricos, bem sucedidos, bem relacionados, temos que ter muitos amigos, enfim para ser felizes temos que ser descolados, antenados, enturmados. São tantas exigências que parece impossível para um ser humano de carne e osso ser realmente feliz. Juntar tudo isso num balaio só não é para qualquer um. E tendo que atender tantas exigências para ser considerado uma pessoa faliz pelos outros, fica difícil ter tempo para amar.

Afinal, amar exige tempo e dedicação. Para amar é preciso prestar atenção, é preciso conhecer os outros, é preciso enxergar além do próprio umbigo e ver nas pessoas ao seu redor mais do que a aparência lhe transmite, mais do que a roupa descolada, a bolsa de marca, o óculos de aviados, as ankle boots, o carro com GPS podem lhe mostrar.

Para bem esclarecer, aqui não estamos falando do amor romântico, das estórias de contos de fada, das paixões enlouquecedoras - que também fazem parte dos requisitos para ser uma pessoa feliz - aqui se trata daquele amor que temos pelos nossos pais, pelos nossos irmãos, tanto os irmãos que Deus nos deu, quanto os que escolhemos pela vida afora, pela pessoa que em certo momento escolhemos para partilhar as agruras e venturas da vida.

É este amor que é difícil para caramba de ser vivido. É o amor que se dedica, que se doa, que vê na felicidade genuína do outro a sua própria alegria. É o amor que entende e aceita a humanidade de outro e a sua própria humanidade, que enxerga os defeitos, as imperfeições, que sublima qualquer ordem moral ou social para ver além do que os olhos mostram e sentir o outro.
Como já dissemos, tudo isso dá muito trabalho. E conciliar este trabalho, com as obrigações que nos impõem a dita felicidade, diríamos que é impossível.

Ainda assim, conclamamos os senhores a seguirem os conselhos do sábio Poetinha: "Amai amigos meus. Amai em tempo integral, nunca sacrificando ao exercício de outros deveres, este, sagrado, do amor. Amai, porque nada melhor para a saúde do que um amor correspondido".

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Resposta ao meu amigo Filipe

Eu aceito a provocação do meu amigo Filipe, eheheh...
Repito o que já disse em outra correspondência.
Eu não tenho nenhuma pretensão a ser o dono da verdade.
Tenho minhas convicções, embora não seja dado a radicalismos. Eheheheh, apenas ao me exprimir...
Creio que pessoas inteligentes e preocupadas em pensar o mundo podem colaborar comigo para que eu alcance, por outros pontos de vista, idéias já conhecidas.
Portanto, não pense que eu caio na besteira de assinar embaixo do que outros pensam. Não concedo parte de minha soberania intelectual a ninguém. Nem à Olavo, nem à Reinaldo, nem à Emir.
A única coisa que faço questão de deixar claro é que, na hipótese de uma conflagração ideológica, eu sei qual o meu lado. Sou liberal e não marxista, sou cristão e não muçulmano. Sou defensor dos direitos da mulher (inclusive o direito fundamental de mandarem na gente), creio que devemos cuidar do planeta dentro do possível (e aí é que está o problema, eheheh) e penso que é uma ilusão trabalhar com a idéia de estender padrões de consumo ou cultura política para todos neste planeta.
Sou, sobretudo, pela tolerância. A citação à Montaigne não foi à toa.
Este blog é nosso, inclusive para quebrar o pau.

Voltando à tolerância, devemos enfatizar a igualdade, a paridade entre pessoas com entendimentos e vivências divergentes. Devemos falar em alto e bom som que não há qualquer superioridade, antes igualdade, quando se defende que ninguém pode se arvorar com mais autoridade que o seu semelhante em matéria de convicção filosófica. Tolerar não significa concordar. Ao contrário. Não necessitamos tolerar pessoas com quem concordamos. Discordância com tolerância se funda na noção de que podemos defender convicções sem que isto implique em qualquer noção de superioridade. Devemos até mesmo tolerar algum nível de transgressão, sobretudo na luta ideológica renhida, típica de uma democracia jovem como a nossa, sob pena de criminalizarmos até mesmo divergências de botequim.

Só não faz ligação, o resto funciona

A dita modernidade, assunto do post inaugural, não se restringe às cozinhas e salões dos nossos restaurantes, é óbvio. É algo que contamina cada aspecto da vida contemporânea, de formas diferentes mas, quase sempre, mostrando como somos obtusos.

Um exemplo disso: tirando os comatosos, dá para dizer que todos no planeta ouviram falar do celular lançado pela Apple em fevereiro, mas cuja as vendas só se iniciaram na semana passada. O Iphone é ao mesmo tempo telefone, tocador de mp3, tocador de vídeo e câmara fotográfica. Tem (ou tinha, pois já há similares por aí) um design inovador que é seu principal chamariz - como é típico da Apple

Quem entende diz, sem hesitar, que o aparelho é fraco, tecnologicamente, em quase tudo que oferece.Ele é altamente limitado, também, pelos bloqueios impostos por causa do acordo de exclusividade com a operadora de telefonia AT&T. Para os padrões americanos, o iPhone é bem caro.

Ainda assim, meio milhão de aparelhos foi vendida quase que instantaneamente. São centenas de milhares de pessoas que aceitaram ficar por dois anos presos a um contrato de fidelização, por causa de um aparelho ruim para acessar a internet (a conexão é lenta), com uma câmera de apenas 2 megapixel (dá para comprar celulares com 5 mega na câmara nos EUA baratinho) e sem a certeza de conseguir um bom sinal para ligações (a AT&T não cobre todo território americano).

Mas "moderno" mesmo é quem comprou o aparelho, todo bloqueado assim, aqui no Brasil. Um sujeito apareceu na imprensa esta semana todo orgulhoso, como o primeiro brasileiro a ter um iPhone. E se vangloriando de ter ativado o aparelho, graças a um truque divulgado na internet para burlar o bloqueio. Mas com sucesso parcial, já que o aparelho faz tudo, menos fazer e receber ligações telefônicas. É isso mesmo, o iPhone do cara é tudo, menos "phone".

Não tenho dúvida que ele irá deixá-lo em cima da mesa, quando for comer picadinho a duzentos reais em algum bistrô da moda. E irá fazer o maior sucesso.

A difícil arte


Não conheço nada mais difícil do que (bem) exercer a arte da Tolerância. É simples se dizer democrático, defender posições "republicanas". Mas é quando o calo aperta e há um confronto de idéias que se vê como é sempre mais simples pular para o radicalismo e para a saída rápida da ofensa pronta.

Li outro dia, aqui pela internet - não lembro onde - que esse extremismo é um campo farto de clichês em comparações. Quando a idéia é jogar pesado, você já chama logo o outro de Hitler ou Stalin (dependendo do lado que você quer jogar o seu adversário do momento). Se dá para pegar mais leve, vá de Franco ou Fidel. Mas se é para avacalhar, chame de Chávez ou Bush.

Mas manter o equilíbrio e entender e aceitar diferenças é que exige um pouco mais. E não só na política. Afinal estamos vivendo um tempo onde o Papa clama como a Católica como única Igreja e traz de volta a missa em latim.

E, fazendo aqui outra citação (essa com a fonte, inclusive de uma página que podia constar da lista ali de baixo de sites, o Dictionary of Fashionable Nonsense), fanático é "alguém que crê fortemente em algo que eu não acredito". O problema é sempre no outro.

Por isso, ao responder o convite para colaborar com o blog, perguntei se o Olavo de Carvalho ali embaixo seria um caminho a seguir ou ele poderia conviver com opiniões diferentes. A resposta não poderia ser outra que não a porta aberta a tentarmos aqui exercer essa arte radical de ser tolerante.

Como seria diferente, se o criador do blog consegue nos provar que é possível ser um brucutu da fronteira com o Uruguai e também gourmet/filósofo/jurista?

terça-feira, 10 de julho de 2007

Sobre restaurantes moderninhos...


Um amigo meu, freqüentador assíduo de bons restaurantes, almoçou em um dos estabelecimentos mais famosos do Rio de Janeiro. Lugar bem decorado, pratos bonitos, lembrando a apresentação da comida japonesa, enfim, um típico restaurante hype da Zona Sul carioca. Não preciso dizer que a conta acompanhou a sofisticação do ambiente, das pessoas e dos pratos. Pois é, o meu amigo pagou R$ 240,00 para almoçar picadinho com água mineral. Esta historinha tem se repetido país afora.

Algo está errado. E não é apenas na Zona Sul carioca ou no Jardins, em São Paulo. Aqui, em Brasília, também temos os nossos restaurantes moderninhos. O esquema é o mesmo: ambiente bem decorado, cozinha fusion, ingredientes exóticos e preços ridiculamente caros.

Por detrás de tudo isso existe um comportamento esnobe de cozinheiros e restauranteurs (sim, este é o nome do empresário do ramo) querendo nos ensinar como comer, como harmonizar vinhos com determinado prato, quais são os ingredientes do momento (lembram-se do purê de mandioquinha, no início do anos 90?) e por aí vai...

Infelizmente, parece que parte dos consumidores, no afã de participar desta modernidade, não se deu conta de que são vítimas de um engodo.

Em primeiro lugar, se existe alguma experiência que seja compartilhada por todos os seres humanos certamente é a de comer. Todos nós temos alguma competência para avaliar a qualidade de uma comida. Não precisamos de cozinheiros nos ensinando o que e como comer.

Em segundo lugar, a não ser que você freqüente o Fasano, em São Paulo, ou alguns outros poucos restaurantes no Brasil, provavelmente o prato que lhe servem não tem ingredientes de primeiríssima qualidade. Se você parar para pensar quanto custa manter o restaurante, pagar funcionários e tributos, além da margem de lucro, concluirá que não sobra muito para bons ingredientes. Portanto, se a salada que te servem tem por ingrediente aceto balsâmico, pode ter certeza que o insumo utilizado é a versão barata de supermercado, já que um vidrinho do original (Aceto Balsamico Tradizionale di Modena) custa, pelo menos, 50 euros. Trata-se de um produto que, segundo a norma italiana, pode ser envelhecido por 12 anos ou 25 anos, nos termos do art.10 do Reg. CE 208 /92, do Ministero Politiche Agricole e Forestali.

Ou seja, você é enganado. O produto que te servem não é o que eles dizem ser. Eles, os sofisticados, os conhecedores, os iniciados, gastam uma grana preta em decoração, falam um linguajar empolado, cheio de mistificações, falando de cozinha pós-moderna, de como aliam técnicas francesas com ingredientes exóticos, e, no final, apresentam uma comidinha, no máximo, gostosinha.

Este pequeno texto é um desabafo e um alerta. Somente nós, consumidores, podemos educar os empresários que tem a desfaçatez de promover este estelionato. Ou, então, aceitar que fazemos parte deste embuste, que queremos parecer sofisticados, ter o nosso momento de glamour...