terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O concerto mais longo da história

A má notícia: Eu, você, o pessoal aqui do blog, boa parte da população mundial, além do tio que vende churros na saída da faculdade (conhecido invariavelmente como “O Tio do Churros”), perdemos o início do concerto mais longo da história humana, iniciado em 04 de setembro de 2001, na Igreja de St. Burchardi (São Burchardo), em Halberstadt, na antiga Alemanha Oriental.

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A boa Notícia é que a gente pode se programar para dar uma passadinha lá qualquer hora, pois o concerto continua acontecendo, e ainda vai demorar um longo tempo para ser encerrado.

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Explicando: Em 1985 o compositor avant-garde John Cage (1912-1992) compôs uma peça para piano, com 20 minutos de duração, e, em 1987 verteu-a para o órgão, culminando em uma partitura de oito páginas, denominada Organ2 ASLSP, sendo que a sigla, segundo o compositor, significava As slow as possible, ou seja, o mais lento possível.

Mas como interpretar a orientação para que a peça fosse tocada da forma mais lenta possível ? Aliás a pergunta é outra: quão lento é o mais lento possível ? Pense bem.

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O organista Gerd Zacher, que sugeriu a Cage a transposição para o órgão tocava a música em 29 minutos. Com o surgimento dos cd´s e um bom conhecimento da aplicação da regra de três, foi possível também ampliar a duração do concerto para 71 minutos, bastando aumentar proporcionalmente os intervalos entre as trocas de notas e acordes.

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Mas 71 minutos é o mais lento possível ? Para a organista Diane Luchesi não. Em fevereiro de 2009, na Towson University em Maryland, ela tocou a peça durante 14 horas e 56 minutos, sendo a maior performance da obra empreendida por um ser humano até o momento.

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Mas vamos lá: 14, 15... 100 horas ?!? Afinal, que intervalo de tempo pode ser considerado como o mais lento possível ?

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Para resolver essa questão, em 1997, um seminário em Trossingen, envolvendo músicos, filósofos e “cagemaníacos” analisou as múltiplas teorias sobre o que seria o mais lento possível. Que tal ficarmos nos 29 minutos da conhecida performance de Gerd Zacher? Disseram alguns. Que tal o tempo de um cd? Por que não o tempo de uma vida humana, ou seja, mais ou menos 66 anos ? Por que não o tempo de vida do instrumento?

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Mas um órgão de tubos, devidamente cuidado, não tem prazo de duração. Falaram até em eternidade. O concerto poderia durar infinitamente. E aí ?

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No fim das contas, decidiu-se que o concerto deveria durar 639 anos. A explicação é muito simples. Em 1361, Nicolas Faber construiu um órgão para a Igreja de São Burchardo que é considerado por alguns historiadores o primeiro órgão “moderno” da história, cuja distribuição de doze notas por oitava é utilizada até hoje. Daí, subtraiu-se o ano 2000 do ano 1361, para se chegar aos 639 anos. Simples assim.

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Quanto à Igrejinha, não existia mais, o órgão então nem se fala. Mas tudo bem, pois a peça musical começava com uma pausa, que na escala musical de 639 anos, duraria 17 meses. Foi o suficiente para o levantamento de fundos para a reconstrução do templo e de um órgão que ao menos tivesse os tubos das três primeiras notas, a saber, um sol sustenido, um si e um sol sustenido agudo.

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Como a empreitada foi orçada em cerca de 500 mil euros, coube a Michael Bentzle, diretor-gerente da John Cage Orgel Stiftung (ou Fundação Organística John Cage), nas suas palavras, encontrar uma seguradora “tão segura de si que espere durar 639 anos”, e um Banco “que realmente confie no futuro”.

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Além disso, criou-se uma forma de se obter donativos de particulares. Por mil euros, é possível “comprar” o patronato de um ano e uma placa de metal com o seu nome (ou de sua família) será afixada na Igreja. No site oficial do Projeto pode-se verificar que a idéia deu certo. Os anos 2000 a 2075 já foram comprados. Outros compradores preferiram adquirir anos mais adiantados no tempo, sabe-se lá o porquê. Deve ser o humor alemão!! Maren Taubert e Hans Taubert, por exemplo, compraram o ano de 2636. De qualquer forma, para os interessados ainda existem vários anos disponíveis, como a série que vai de 2146 a 2210, dentre outras.

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Dia 04/09/2001 (aniversário de nascimento do compositor) às 9h e 36 minutos (que lido ao contrário gera o número 639), foram ligados os foles de um pequeno dispositivo. Após um ano e meio vieram as três primeiras notas, acima citadas, e, desde então o Orgel soa ininterruptamente. As teclas são mantidas abaixadas por pequenos sacos de areia. Para a alegria dos moradores próximos à Igreja, as emissões sonoras são abafadas por um cubo de acrílico que fica ao redor do instrumento.

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Até fevereiro de 2009, sete mudanças de notas ocorreram. A próxima está prevista para Julho de 2010.

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2011 promete ser um ano frenético com nada mais, nada menos que duas mudanças de acordes, nos dias 05 de fevereiro e cinco de agosto. Entre outubro de 2013 e setembro de 2020, não ocorrerão mudanças de acordes, mas há previsões de alterações importantes, como um cacofônico fortíssimo daqui a uns duzentos anos.

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Intervalo ? Sim, há um half time previsto para o ano 2319, avise seus heptanetos.

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Entrementes a cidade tem virado ponto de peregrinação, para os amantes da música clássica moderna, em geral. Os Burgomestres têm ficado felizes com o aporte de cerca de dez mil pessoas por ano que vêm conhecer a Igreja, o órgão (que segundo consta terminou de ser construído neste ano), ouvir um pedacinho da monumental peça e dar uma movimentada na economia local.

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O concerto está previsto para terminar em 04 de setembro de 2640... coisa de doido ? Ouçamos as palavras de John Cage: “Se meu trabalho está sendo aceito, eu tenho de movê-lo para um ponto onde ele não seja”.

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Em tempo, segundo entrevista para a Deutsche Welle Brasil, Bentzle explica que o Projeto ASLSP também é um protesto contra o andamento vertiginoso da vida moderna. “É preciso ultrapassar o aqui e agora”, afirma. E acrescenta: “Tudo o que é de acordo com a razão está há muito tempo destruído”.


Fontes de Consulta:


http://www.john-cage.halberstadt.de/new/index.php?seite=dasprojekt&l=e


http://www.timesonline.co.uk/tol/sport/football/european_football/article785553.ece


http://www.lazermusica.com/blog/2009/02/17/organ-2-o-concerto-mais-longo-da-historia/


http://www.dw-world.de/dw/article/0,,829354,00.html



domingo, 13 de dezembro de 2009

Por Quê Obama Ganhou o Nobel da Paz?

*Cliquem sobre a imagem com o botão direito do mouse para abrir em outra página e ampliar


Cartoon subtraído do blog do Greg Mankiw

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

o hamburguer perfeito !

Butter burger
- 1kg de carne com gordura (costumo usar fraldinha)
- uma boa faca
- 3 a 6 colheres de sopa de manteiga com sal
- óleo, sal e pimenta

Corte a carne em tiras e depois em cubos. Proceda deixando os cubos cada vez menores, até a carne obter a aparência de carne moída, mas ainda com pedacinhos. Divida a carne em seis partes iguais e faça bolotas. Achate cada uma e, com o dedo, forme uma cavidade no centro. Coloque um pouco de manteiga no centro de cada um e feche com carne por cima. Leve os hambúrgueres para refirgerar por cerca de 30 minutos antes de grelhar ou fritar. Para fritar ou grelhar, aqueça bem a superfície onde o hambúrguer irá cozinhar e unte com óleo. Cozinhe o hambúrguer conforme seu ponto preferido de cocção (supermal-passado para mim, por favor) e só no final tempere com bastante sal e alguma pimenta moída na hora. Derreta sobre o hambúrguer o queijo de sua preferência (gorgonzola na foto) e sirva, no prato ou no pão.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Os melhores da década

É isso aí amigos ! A primeira década do século XXI está acabando e, antes que o mundo acabe, o New Musical Express resolveu publicar sua (polêmica como todas são) lista dos melhores discos destes últimos dez anos, segue abaixo:

1. The Strokes - "Is this it"
2. The Libertines - "Up the bracket"
3. Primal Scream - "Xtrmntr"
4. Arctic Monkeys - "Whatever people say I am, that's what I'm not"
5. Yeah Yeah Yeahs - "Fever To Tell"
6. PJ Harvey - "Stories from the city, stories from the sea"
7. Arcade Fire - "Funeral"
8. Interpol - "Turn on the bright lights"
9. The Streets - "Original pirate material"
10. Radiohead - "In rainbows"
11. At The Drive In - "Relationship of command"
12. LCD Soundsystem - "The sound of silver"
13. The Shins - "Wincing the night away"
14. Radiohead - "Kid A"
15. Queens Of The Stone Age - "Songs for the deaf"
16. The Streets - "A grand don't come for free"
17. Sufjan Stevens - "Illinoise"
18. The White Stripes - "Elephant"
19. The White Stripes - "White blood cells"
20. Blur - "Think Tank"
21. The Coral - "The Coral"
22. Jay-Z - "The blueprint"
23. Klaxons - "Myths of the near future"
24. The Libertines - "The Libertines"
25. The Rapture - "Echoes"
26. Dizzee Rascal - "Boy in da corner"
27. Amy Winehouse - "Back to black"
28. Johnny Cash - "Man comes around"
29. Super Furry Animals - "Rings Around The World"
30. Elbow - "Asleep In The Back"
31. Bright Eyes - "I'm Wide awake, It's morning"
32. Yeah Yeah Yeahs - "Show your bones"
33. Arcade Fire - "Neon bible"
34. Grandaddy - "The sophtware slump"
35. Babyshambles - "Down in Albion"
36. Spirtualized - "Let it come down"
37. The Knife - "Silent shout"
38. Bloc Party - "Silent Alarm"
39. Crystal Castles - "Crystal castles"
40. Ryan Adams - "Gold"
41. Wild Beasts - "Two dancers"
42. Vampire Weekend - "Vampire Weekend"
43. Wilco - "Yankee Hotel Foxtrot"
44. Outkast - "Loveboxxx/The Love Below"
45. Avalanches - "Since I left you"
46. The Delgados - "The Great Eastern"
47. Brendan Benson - "Lapalco"
48. The Walkmen - "Bows and Arrows"
49. Muse - "Absolution"
50. MIA - "Arular"

Detalhe: como o nosso companheiro Filipe deve ter ouvido uns 46,5 desses álbuns, vamos esperar suas considerações a respeito.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

EU HOJE VOU DORMIR HEXACAMPEÃO

Seis!

Quem melhor que o camisa seis do melhor Flamengo de todos os tempos para ser o treinador na conquista do hexa? Andrade! Como com Carlinhos em 1987, de novo chamamos um ídolo para treinar a equipe e levá-la ao título. Mais um Brasileirão conquistado com a participação de um dos jogadores da equipe do título mundial.

Pet. Dejan Petkovic, sérvio, 37 anos. Vovô garoto 2.0. Mestre dos gols olímpicos. Maestro do time. De ex-jogador a um dos craques do campeonato. O ídolo do tricampeonato de 2001, que voltou por causa de um acordo judicial (!) e provou o quanto ainda é bom de bola

O Imperador Adriano. Ídolo, artilheiro do time e do Brasileiro. Fez gol de cabeça, de falta, de pênalti, de direita e de esquerda. Deu assistências, ajudou na defesa e jogou muito. E no começo do ano ele dizia que ia parar de jogar...abandonou a Inter de Milão e milhões de euros, para voltar ao Brasil. E acabou voltando para o Flamengo.

Foi um título moldado em histórias de recomeço e raça. Como também são as histórias de Maldonado e Álvaro, que chegaram sem badalação e prestígio mas se mostraram fundamentais. De Zé Roberto, que só não saiu do time porque o Flamengo não conseguiu outro clube interessado em contratá-lo. E com Andrade passou a jogar muito.

E de Léo Moura e Bruno, que de intocáveis em anos anteriores foram tão questionados em boa parte de 2009. Willians e Aírton, que foram destrambelhados e fazedores de faltas para marcadores de primeira linha. Kleberson e Everton, seriamente contundidos mas que se recuperaram para voltar ao time.

E, é claro, do nosso novo Rondinelli! Ronaldo Angelim, desde sempre torcedor do Mengão e que mereceu muito ter feito o gol do título.

O Primeiro Penta é o Novo Hexa.

Como é bom ser campeão brasileiro!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Folha, hoje

CONTARDO CALLIGARIS

"In vino veritas"


A educação dos gostos pode parir inquietante uniformidade; é o que acontece com o vinho
DUAS SEMANAS atrás, enquanto saboreávamos uma garrafa de Pomerol, um amigo me contou que, durante uma viagem recente, seus anfitriões chineses tinham insistido para que ele experimentasse um vinho da parte da Mongólia que é região autônoma da China. Meu amigo se preparou para o pior, mas, surpresa, o vinho da Mongólia era um cabernet muito parecido com um bom Bordeaux.


Melhor para meu amigo. Mas duvido que a terra da Mongólia seja igual à das colinas bordelesas. Tampouco o cultivo da vinha cabernet é uma tradição mongol. Em compensação, numa pesquisa na internet, encontrei ao menos um viticultor da Mongólia que declara envelhecer seu vinho, durante dois anos, em barris de carvalho importados da França. Esse processo confere ao vinho gosto e buquê específicos, que, nos últimos 20 anos, tornaram-se uma espécie de padrão do vinho da região de Bordeaux. Resultado: o vinho da Mongólia está pronto para satisfazer a maioria dos consumidores americanos, europeus etc., mas nunca saberemos o que teria sido um vinho da Mongólia, se ele tivesse existido. Os viticultores da Mongólia perderam a chance de inventar uma cultura do vinho que lhes seja própria, e nós, a de apreciar um gosto novo, diferente. O mundo perdeu um pouco de sua diversidade possível. "In vino veritas" significa que o vinho solta a língua: quem bebe revela verdades. Lendo "Gosto e Poder", de Jonathan Nossiter (Companhia das Letras; Nossiter é o diretor do filme "Mondovino", de 2004), a expressão ganha outro sentido: a evolução do vinho, nas últimas três décadas, mundo afora, diz verdades incômodas sobre os perigos da globalização, ou seja, sobre um processo que transforma não só os produtos dos quais fruímos mas também o nosso gosto.

Em 1899, Thorstein Veblen previa que, "no futuro", o consumo ostensivo de artigos de luxo não seria suficiente para confirmar o privilégio de classe. O consumidor, ele pensava, deverá se tornar um entendedor, capaz de ostentar seu saber sobre os objetos que ele consome (Veblen listava: roupa, arquitetura, drogas e, é claro, bebida). A necessidade de cultivar a faculdade estética e de conversar sobre o gosto levará os mais ricos a abandonar a vida ociosa para se instruir um pouco -o suficiente para justificar as escolhas e as preferências. Essa transformação prevista por Veblen tem um lado simpático: afinal, mesmo quem não dispuser dos meios para adquirir e usufruir terá acesso ao saber sobre o que seria bom consumir, e esse saber "enobrecerá" o consumidor, promovendo-o socialmente pela educação dos gostos. Problema: a "educação dos gostos" é capaz de parir uma inquietante uniformidade do gosto. A história recente do vinho, mostra Nossiter, é um exemplo disso.

Três tempos:
1) O consumidor "futuro" de Veblen pode aprender tudo sobre "domaines" e safras, mas esse esforço não o dispensa de justificar suas escolhas pelo próprio prazer que seu vinho preferido lhe proporciona. Aqui, ele encontra duas dificuldades. Como descrever e transmitir esse prazer? E como se certificar de que sua preferência não seja singular e arbitrária?
2) Imaginemos que, nesta hora, surja alguém (Robert Parker?) que invente uma linguagem para descrever as qualidades gustativas e olfativas do vinho. Se for uma linguagem barroca e um tanto tola, melhor ainda: seu uso meio hermético confortará o consumidor com a impressão de pertencer a uma "confraria". E imaginemos que o mesmo Parker proponha seu próprio gosto como critério universal de classificação de todos os vinhos. Eis que o consumidor "futuro" dispõe das palavras que ele procurava e de um sistema classificatório que, se ele o aceitar, tornará seu gosto menos questionável e "arbitrário". Claro, são as palavras e o gosto de um outro, mas nada é perfeito, não é?
3) Imaginemos agora que um enólogo amigo de Parker (Michel Rolland?) descubra e comercialize a receita para transformar os vinhos de quase qualquer território (por que não da Mongólia?) de modo que correspondam ao gosto de Parker, que se tornou o gosto de quase todos.

Em suma, a dita educação dos gostos produziu o triunfo de um gosto só (e, é claro, um excelente negócio). A todos, boa leitura e boa meditação sobre o futuro de nosso gosto globalizado. Só uma coisa: nem tudo é ruim na globalização. Por exemplo, sou a favor da aparição de queijos "tipo" taleggio, camembert etc. no meio da cultura autóctone do queijo de minas e do queijo prato. E talvez, sem os barris franceses, o vinho da Mongólia seja intragável. Mas essa é outra história. ccalligari@uol.com.br

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Rica Perrone, hoje.

Como chegaram

Faltando 3 rodadas, os favoritos são aclamados por todos: SPFC, pragmatico e experiente, e o Flamengo, irregular e empolgante. A história recente dá total razão ao futebol pragmatico, não ao que empolga. Mas, a história no futebol só serve pra ser desmentida. Logo, não há favoritos.
O Flamengo chegou a esta condição com uma arrancada incrível no final. O SPFC com sua regularidade de sempre. Entre grandes vitórias e grandes derrotas, cada um trilhou seu caminho a sua maneira. E são maneiras bem diferentes….


Tirando o próprio, restam 10 clubes grandes no Brasileirão. Logo, cada um deles fará 20 jogos contra times grandes. 10 em casa, 10 fora, ou clássicos. O restante dos jogos é contra times menores, que não são favoritos contra Fla e SPFC nem em casa, teoricamente.
Destes, o SPFC venceu 7 partidas. O Flamengo venceu 10.


O SPFC tem mais um jogo contra grande pra fazer, que será contra o Botafogo. Poderá vencer 8 dos 20 confrontos. O Flamengo venceu 10 e faz mais 2, podendo chegar a 12 vitórias.
E aí se diferencia o Brasileirão, e também cabe alguma reflexão: Será que é mais interessante que o campeonato seja decidido entre dois clubes que ganharam de todos os pequenos, ou será que seria mais bacana se fosse decidido entre os que ganharam os grandes jogos? Mata-mata? Ou um Brasileiro com 16 clubes? Talvez…


O Flamengo perdeu pontos para times menores em 10 oportunidades. Algumas delas, inacreditaveis, diga-se.
O SPFC, muito mais regular, perdeu pontos para menores em apenas 7 oportunidades.
Por exemplo: O Flamengo não venceu o Barueri e o Avai no campeonato.
Mas, o SPFC não venceu o Flamengo, o Palmeiras e nem o Atlético MG.
Fica a questão: Quem seria, então, o time de melhor rendimento?? Aquele que vence o que tem que vencer, ou aquele que vence o que é mais difícil de vencer?
Discussão pra 5 horas de boteco.


Mas, caso o SPFC seja campeão, eis um baita exemplo do que questiono na “justiça” dos pontos corridos. O campeão pode ser aquele que não venceu sequer 50¨% dos seus grandes jogos, e que não venceu nenhum dos outros 3 favoritos.
Vamos alem: Em disputa contra os 5 outros rivais que disputam o titulo Brasileiro, o SP fez 13 pontos. O Flamengo fez 17.


Porem, em disputa contra times PEQUENOS, e ai excluo Goias, Coritiba, Atletico PR, por exemplo, o Flamengo fez 12 pontos. O SPFC, por sua vez, fez 18.
Fica bastante claro que um joga com o regulamento e o planejamento de vencer os jogos que TEM que vencer, enquanto o outro, irregular, vence os jogos mais dificeis pra chegar onde chegou.


São filosofias, e convenhamos que a do SPFC é muito mais inteligente, apesar de muito mais sem graça a quem assiste.
Dos últimos 15 jogos o Flamengo perdeu 2. Empatou 3. Venceu 10.
Dos mesmos últimos 15, o SPFC perdeu 3, empatou 5 e venceu 7.
Fica claro que o campeão dos pontos corridos não precisa começar o Brasileiro bem, mas sim terminar voando.
Agora é na bola. Faltam 3 rodadas, que em tese se decidem em 2.
Sim, pois na última os dois devem ganhar seus jogos.
Portanto, enquanto o SPFC decide em 2 partidas fora, o Flamengo encara uma em casa e outra fora.
Não há favoritos.
abs,RicaPerrone

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Artigo de Fernando Henrique Cardoso no Estadão do dia 1º de novembro de 2009


A enxurrada de decisões governamentais esdrúxulas, frases presidenciais aparentemente sem sentido e muita propaganda talvez levem as pessoas de bom senso a se perguntarem: afinal, para onde vamos? Coloco o advérbio “talvez” porque alguns estão de tal modo inebriados com “o maior espetáculo da Terra”, de riqueza fácil que beneficia poucos, que tenho dúvidas. Parece mais confortável fazer de conta que tudo vai bem e esquecer as transgressões cotidianas, o discricionarismo das decisões, o atropelo, se não da lei, dos bons costumes. Tornou-se habitual dizer que o governo Lula deu continuidade ao que de bom foi feito pelo governo anterior e ainda por cima melhorou muita coisa. Então, por que e para que questionar os pequenos desvios de conduta ou pequenos arranhões na lei?

Só que cada pequena transgressão, cada desvio vai se acumulando até desfigurar o original. Como dizia o famoso príncipe tresloucado, nesta loucura há método. Método que provavelmente não advém do nosso príncipe, apenas vítima, quem sabe, de apoteose verbal. Mas tudo o que o cerca possui um DNA que, mesmo sem conspiração alguma, pode levar o País, devagarzinho, quase sem que se perceba, a moldar-se a um estilo de política e a uma forma de relacionamento entre Estado, economia e sociedade que pouco têm que ver com nossos ideais democráticos.

É possível escolher ao acaso os exemplos de “pequenos assassinatos”. Por que fazer o Congresso engolir, sem tempo para respirar, uma mudança na legislação do petróleo mal explicada, mal-ajambrada? Mudança que nem sequer pode ser apresentada como uma bandeira “nacionalista”, pois, se o sistema atual, de concessões, fosse “entreguista”, deveria ter sido banido, e não foi. Apenas se juntou a ele o sistema de partilha, sujeito a três ou quatro instâncias político-burocráticas para dificultar a vida dos empresários e cevar os facilitadores de negócios na máquina pública. Por que anunciar quem venceu a concorrência para a compra de aviões militares, se o processo de seleção não terminou? Por que tanto ruído e tanta ingerência governamental numa companhia (a Vale) que, se não é totalmente privada, possui capital misto regido pelo estatuto das empresas privadas? Por que antecipar a campanha eleitoral e, sem nenhum pudor, passear pelo Brasil à custa do Tesouro (tirando dinheiro do seu, do meu, do nosso bolso…) exibindo uma candidata claudicante? Por que, na política externa, esquecer-se de que no Irã há forças democráticas, muçulmanas inclusive, que lutam contra Ahmadinejad e fazer mesuras a quem não se preocupa com a paz ou os direitos humanos?

Pouco a pouco, por trás do que podem parecer gestos isolados e nem tão graves assim, o DNA do “autoritarismo popular” vai minando o espírito da democracia constitucional. Esta supõe regras, informação, participação, representação e deliberação consciente. Na contramão disso tudo, vamos regressando a formas políticas do tempo do autoritarismo militar, quando os “projetos de impacto” (alguns dos quais viraram “esqueletos”, quer dizer, obras que deixaram penduradas no Tesouro dívidas impagáveis) animavam as empreiteiras e inflavam os corações dos ilusos: “Brasil, ame-o ou deixe-o.” Em pauta temos a Transnordestina, o trem-bala, a Norte-Sul, a transposição do São Francisco e as centenas de pequenas obras do PAC, que, boas algumas, outras nem tanto, jorram aos borbotões no Orçamento e mínguam pela falta de competência operacional ou por desvios barrados pelo Tribunal de Contas da União. Não importa, no alarido da publicidade, é como se o povo já fruísse os benefícios: “Minha Casa, Minha Vida”; biodiesel de mamona, redenção da agricultura familiar; etanol para o mundo e, na voragem de novos slogans, pré-sal para todos.

Diferentemente do que ocorria com o autoritarismo militar, o atual não põe ninguém na cadeia. Mas da própria boca presidencial saem impropérios para matar moralmente empresários, políticos, jornalistas ou quem quer que seja que ouse discordar do estilo “Brasil potência”. Até mesmo a apologia da bomba atômica como instrumento para que cheguemos ao Conselho de Segurança da ONU - contra a letra expressa da Constituição - vez por outra é defendida por altos funcionários, sem que se pergunte à cidadania qual o melhor rumo para o Brasil. Até porque o presidente já declarou que em matéria de objetivos estratégicos (como a compra dos caças) ele resolve sozinho. Pena que se tenha esquecido de acrescentar: “L”État c”est moi.” Mas não se esqueceu de dar as razões que o levaram a tal decisão estratégica: viu que havia piratas na Somália e, portanto, precisamos de aviões de caça para defender o “nosso pré-sal”. Está bem, tudo muito lógico.

Pode ser grave, mas, dirão os realistas, o tempo passa e o que fica são os resultados. Entre estes, contudo, há alguns preocupantes. Se há lógica nos despautérios, ela é uma só: a do poder sem limites. Poder presidencial com aplausos do povo, como em toda boa situação autoritária, e poder burocrático-corporativo, sem graça alguma para o povo. Este último tem método. Estado e sindicatos, Estado e movimentos sociais estão cada vez mais fundidos nos altos-fornos do Tesouro. Os partidos estão desmoralizados. Foi no “dedaço” que Lula escolheu a candidata do PT à sucessão, como faziam os presidentes mexicanos nos tempos do predomínio do PRI. Devastados os partidos, se Dilma ganhar as eleições sobrará um subperonismo (o lulismo) contagiando os dóceis fragmentos partidários, uma burocracia sindical aninhada no Estado e, como base do bloco de poder, a força dos fundos de pensão. Estes são “estrelas novas”. Surgiram no firmamento, mudaram de trajetória e nossos vorazes, mas ingênuos capitalistas recebem deles o abraço da morte. Com uma ajudinha do BNDES, então, tudo fica perfeito: temos a aliança entre o Estado, os sindicatos, os fundos de pensão e os felizardos de grandes empresas que a eles se associam.

Ora, dirão (já que falei de estrelas), os fundos de pensão constituem a mola da economia moderna. É certo. Só que os nossos pertencem a funcionários de empresas públicas. Ora, nessas, o PT, que já dominava a representação dos empregados, domina agora a dos empregadores (governo). Com isso os fundos se tornaram instrumentos de poder político, não propriamente de um partido, mas do segmento sindical-corporativo que o domina. No Brasil os fundos de pensão não são apenas acionistas - com a liberdade de vender e comprar em bolsas -, mas gestores: participam dos blocos de controle ou dos conselhos de empresas privadas ou “privatizadas”. Partidos fracos, sindicatos fortes, fundos de pensão convergindo com os interesses de um partido no governo e para eles atraindo sócios privados privilegiados, eis o bloco sobre o qual o subperonismo lulista se sustentará no futuro, se ganhar as eleições. Comecei com para onde vamos? Termino dizendo que é mais do que tempo de dar um basta ao continuísmo, antes que seja tarde.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A clientela do ensino superior pago - EXCELENTE

A CLIENTELA DO ENSINO SUPERIOR PAGO

MARIA HELENA MICHEL

O século XX foi testemunha de grandes transformações. No mundo dos negócios, o acirramento da globalização dos mercados, a evolução da telecomunicação e informática, o desenvolvimento tecnológico, mudaram a vida das empresas, trazendo o fantasma da concorrência. Neste cenário, ressurge a figura do “cliente”, como entidade soberana, capaz de definir quem fica e quem sai do mercado. Estudos e técnicas são avidamente desenvolvidos e consumidos para aperfeiçoar formas de satisfazer o cliente, ouvi-lo, fidelizá-lo, perceber suas necessidades, antecipá-las, agregar valor aos produtos, surpreendê-lo, conquistá-lo.

Não estão erradas as organizações e o futuro não aponta para realidade diferente. O cliente aprendeu a reconhecer e exigir qualidade nos produtos. Ele não quer apenas qualidade intrínseca; ele quer valor agregado, rapidez, atendimento personalizado, pagamento facilitado, promoções, troca, manutenção etc. Idêntica análise, porém, não pode ser feita quando se trata de instituições de ensino pago, particularmente, as de ensino superior. Grande parte da educação superior em todo o mundo é financiada por mensalidades escolares. No Brasil, cerca de dois terços da população universitária estão nas escolas privadas. Inúmeras vezes, professores da rede privada têm se queixado de ser “lembrados” pelos alunos que “eles” são seus clientes, porque sua mensalidade paga os salários dos professores.

O ambiente universitário, porém, merece melhor análise. O aluno, ao assinar um contrato com a instituição, assume uma relação de compromisso e de obrigações.

Isso pode gerar situações de tensão e pressões. Ocorre que, em geral, as “pressões” que os alunos exercem não visam à melhoria da qualidade do ensino, mas, ao atendimento das suas necessidades imediatas, mediocrizando, significativamente, a sua própria formação. Vejamos alguns exemplos: provas (adiar, fazer em grupos, com consulta, substituir por trabalhos), freqüência (faltar à aula, chegar tarde e/ou sair cedo e “ganhar” presença integral), atividades (atrasar entrega de trabalhos, flexibilizar exigências, prazos), entre muitos outros. Porém, urge perguntar: é o aluno o cliente de uma instituição de ensino pago? Cremos que uma resposta afirmativa a essa pergunta, embora tenha grande consenso na comunidade universitária, é fruto de uma análise superficial, equivocada e prejudicial para todos: aluno, professores, instituição.

Inicialmente, as instituições de ensino pago têm objetivos e produtos diferentes das organizações empresariais, chamadas utilitárias (comércio e indústria). Enquanto estas são centradas nos objetivos econômicos, calculistas, as universidades (organizações normativas) se baseiam no envolvimento moral, motivacional de seus membros, objetiva à formação das pessoas e tendem a construir seus próprios objetivos e valores.

Outra questão é a lógica na qual está inserida a satisfação do cliente: atendimento e bem-estar imediato. Ao adquirir um bem, o cliente tem o direito de ser atendido eficientemente, levar o melhor produto, pagar o menor preço, no menor tempo e sem burocracia. Ele não pode perder tempo, nem se desgastar com a compra. Aplicar esta lógica à sala de aula significa que o professor deverá satisfazer o aluno todos os dias: atender às suas reivindicações, seus desejos, resolver seus problemas. E mais: não poderá reprová-lo, se ele tiver pago a mensalidade em dia! Isso significa transferir para o aluno a decisão “do quê” aprender, “como” aprender, “quando”, e, mesmo, “se” ele quer aprender alguma coisa no curso. Talvez, ele fique mais satisfeito, porque as atividades curriculares não são sempre prazerosas. Nas mais das vezes, são pesadas, cansativas, requerem esforço, raciocínio, dedicação, tempo; e, não necessariamente, são do interesse imediato do aluno.

Mas, não se pode confundir “adquirir” conhecimento com “comprar” conhecimento. Vejamos a analogia com a situação de um doente que procura ajuda médica. A pessoa paga a consulta e recebe uma receita e orientações de procedimento. A receita e as orientações são, apenas, parte da solução. A cura dependerá da postura, das providências, da vontade e responsabilidade do paciente em seguir corretamente as instruções. Da mesma forma, a formação profissional do aluno é o resultado do “casamento” entre os recursos que a escola oferece (professores, atividades, equipamentos, conhecimento) e o esforço dele em se transformar (vontade, dedicação, motivação, trabalho).

Para se tornar um profissional disputado pelo mercado de trabalho, o aluno necessita adquirir um conjunto de competências, conhecimento, habilidades, capacidades, consciência e formação política, ética e cidadã. Ele não vai à escola adquirir um produto; o aluno “é” o produto. É “ele” quem precisa ter qualidade, instrução, formação e instrumentalização. As atividades, os professores, os equipamentos e o conhecimento são instrumentos de construção desse produto.

Formação acadêmica e profissional não são produtos tangíveis; não podem ser “vendidos” como cereais em prateleiras de supermercados. É tarefa nobre; processos longos, internalizados, numa relação professor/aluno, nem sempre leve e fácil. Não traz satisfação imediata, mas, é fundamental para o seu crescimento e formação. O objetivo da universidade é formar o melhor profissional para ocupar a melhor posição no mercado de trabalho. Seu ”cliente” não é, portanto, o aluno, é o “mercado de trabalho”. Este, sim, tem que ficar satisfeito com a sua aquisição. E não se pode perder de vista que o mercado está cada dia mais exigente. Por isso, há que se esclarecer o “aparente” paradoxo: deve a universidade oferecer satisfação imediata ou proporcionar formação integral aos seus alunos? Estes são clientes ou matéria-prima em transformação? Devemos nos aprofundar nessa discussão, envolvendo, inclusive, o aluno, pois, não se pode negar o risco real que há de um cliente insatisfeito se recusar a pagar pelo bem adquirido. Em tempos pouco remotos, as universidades selecionavam os alunos que queriam ter em seus quadros. Atualmente, o ensino universitário brasileiro vive preocupantes sinais de ociosidade de vagas e inadimplência. O aluno, hoje, escolhe em qual universidade vai estudar; e o mercado a universidade que vai formar seus profissionais. À medida que o mercado rejeitar um profissional, rejeitada será a Instituição de ensino que o formou, assim como, rejeitados serão os professores responsáveis pela formação desse profissional.

Fonte: Jornal Estado de Minas, de 13/11/2003.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Da série: Soluções práticas para pequenos probleminhas que assolam o ser humano

Do site: Deutsche Welle Brasil

O número de estupros na África do Sul é tão alto que a sul-africana Sonette Ehlers desenvolveu um mecanismo de defesa para inibir a ação dos agressores: uma camisinha feminina especial chamada Rape-aXe.
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Ehlers trabalha há anos com vítimas de abuso sexual. Certo dia, ouviu de uma dessas mulheres uma frase que não lhe saiu mais da cabeça: "Eu queria ter dentes lá embaixo".
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Uma vagina que morde é uma ideia que sempre aterrorizou os homens. Bastou uma apresentação pública da invenção para reduzir a zero o número de estupros numa cidade.
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"O diretor de polícia me disse: 'Sonette, depois da sua apresentação, passamos três meses sem registrar um estupro sequer. Os homens ficaram com medo de que você tivesse deixado algumas dessas camisinhas por aqui'", conta ela.
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O medo dos homens tem fundamento. A possibilidade de cometer o estupro ainda existe, mas as consequências para o agressor são devastadoras. Na hora em que ele tentar tirar o pênis de dentro da vagina, centenas de farpas perfuram a pele.
Duvidou ? Leia tudo AQUI

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Quem Será?


A foto acima foi tirada há alguns dias atrás, em Beverly Hills. Alguém se arriscaria a dizer quem é o portador de tão fartos e eretos seios? Heim? Britney Spears? Jessica Simpson?

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Acertaram! Trata-se de nada mais nada menos do que David Crosby, o lendário membro da Crosby Stills Nash & Young. Será que o uso de estupefacientes modifica não só o cerébro como também o corpo da pessoa?

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Projetos que não viraram leis (ainda bem...)

Do Site Migalhas:

PLs que não viraram lei - O Brasil agradece

Quando o assunto é PL encontramos proposições que, como diz o dito popular, "não estão no gibi", embora fossem os gibis locais bem adequados a esses projetos, levando-se em consideração a comicidade das propostas.

Não há assunto que se safe da mira dos legisladores : animais, comidas, trânsito, religião, carnaval. A folia está formada.

Em novembro de 2008, a Comissão de Educação e Cultura da Câmara rejeitou o PL 3.418/08 (clique aqui), do dep. Daniel Almeida, que pretendia fixar o feriado de Carnaval, em todo o país, na última terça-feira do mês de fevereiro. Esquece-se o deputado que a data do Carnaval está associada à da Quaresma, ou seja...

Mas mudando de "pato para ganso", ou melhor, de carnaval para folclore, encontramos na Câmara dois PLs dedicados a uma figurinha folclórica muito conhecida pelos brasileiros : o Saci-pererê. Pelas propostas de Angela Guadagnin (clique aqui) e Aldo Rebelo (clique aqui) seria estabelecida a data de 31 de outubro como o "Dia do Saci". O objetivo era resgatar as lendas do folclore.

Mas não seria esta a intenção do já existente "Dia do Folclore", comemorado em 22 de agosto ?

A vez da bicharada

O subtítulo é bem claro. Estamos falando de bichos e não de gente. É bom esclarecer, porque o deputado Pastor Reinaldo gosta de cada coisa no seu devido lugar. Pelo menos é o que parece com a proposição do PL 4197/2004 (clique aqui). A proposta proíbe o uso de nomes próprios, prenomes ou sobrenomes, comuns à pessoa humana, em animais domésticos, silvestres ou exóticos. O autor do projeto acredita que encontros entre animais e pessoas que compartilham o mesmo nome são desgastantes e trazem constrangimento e prejuízos psicológicos. Ao animal ou ao homem ? Fica a dúvida.

Fora do cenário Federal, o mundo animal também é tema de PL. O dep. estadual Antonio Pedregal propôs na ALERJ a instituição do "Dia Estadual do Cachorro, o melhor amigo do homem" (clique aqui). Já no Estado vizinho, MG, a preocupação é com os latidos dos quadrúpedes. Por lá foi apresentado a lei do silêncio para os cães após às 22h.

Na Assembleia Legislativa do RN o papo é outro, quer dizer, o bicho é outro. Um PL de José Adécio, de olho na nutrição da garotada, obriga as escolas estaduais a servir carne de bode na merenda. O autor e criador de cabras garante que é um tipo de carne nutritiva e propícia para crianças. O segundo passo do dep. era propor a mesma receita para os policiais militares.

"Manja che te fa bene"

A ex-vereadora paulistana Myryam Athie apresentou na Câmara Municipal uma proposta para oficializar a pizza como prato típico paulistano (clique aqui). O número de votos favorável ao projeto foi grande, mesmo assim não foi aprovado.

No interior do Estado, em Itapetininga, também havia um vereador preocupado com os pratos típicos da cidade. Hiram Júnior apresentou um PL instituindo o "bolinho de frango" como patrimônio cultural. O vereador diz que o bolinho foi criado na cidade e hoje é feito em vários outros Estados. Seus colegas classificaram o projeto como "muito oportuno".

Em âmbito Federal, relativo a produtos alimentícios, o dep. Aldo Rebelo apresentou para apreciação da Câmara o PL 4679/2001 (clique aqui), dispondo sobre a obrigatoriedade de adição de farinha de mandioca refinada, de farinha de raspa de mandioca ou de fécula de mandioca à farinha de trigo. Neste caso, continuaria a farinha de trigo, ser de trigo ?

Sai da frente

Um PL do senador Mão Santa já defendeu uma animalesca mudança na lei de trânsito. Ele queria a dispensa da exigência de documentação para os motoqueiros. Ele argumenta que "moto é como cavalo".

Já a dep. Federal Perpétua Almeida apresentou, em 2006, o PL 7.233, (clique aqui) que propôs ao pedestre dar "sinal de braço" quando for atravessar a rua em local sem faixa de pedestre ou semáforo. Mas não confunda, o sinal é de "braço", não de "dedo", pois se levantar o dedo do meio ou fizer qualquer outro gesto obsceno no trânsito você pode ser multado. É o que propõe o PL 87/2006 (clique aqui) do senador Valdir Raupp, que prevê multa para quem praticar gesto obsceno ao volante.

Devoção

Deputados como o Pastor Valdeci Paiva e o Pastor Reinaldo propuseram PLs com a temática da religião. O PL 2.518/2000 (clique aqui), do Pastor Valdeci, determinava a inclusão da expressão "Deus seja louvado" nos documentos : RG, CPF, carteira de motorista, certidão de nascimento e casamento, carteira de trabalho, entre outros. Já o Pastor Reinaldo, no PL 2327/2003 (clique aqui), queria tornar obrigatória a presença de um exemplar da Bíblia Sagrada em todas as salas de aula no Território Nacional.

Acabou ?

As propostas acima não representam nem o início das pérolas legislativas espalhadas nas câmaras municipais, assembleias legislativas e no Congresso Nacional. Só para citar mais alguns PLs, existe proposta para distribuição gratuita de Viagra para os impotentes; para instituir o "Dia do Fã de Séries de TV e Cinema"; para obrigar presidiários, condenados a mais de 30 anos, a doar um dos órgãos duplos - pulmão, córnea ou rim -(clique aqui), entre outros, muitos outros.

Dada a criatividade de nossos legisladores e o teor das propostas apresentadas só nos resta uma opção : ajoelhar e rezar.