sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Seria Um Caso de Aplicação da Lei Maria da Penha?

A entrevista é em inglês, nada mais direi a não ser assistam e tirem suas próprias conclusões.


http://www.youtube.com/watch?v=8RsysfGN0Iw

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

A Era do Álbum

"1001 discos para ouvir antes de morrer" foi lançado em 2005 nos EUA e agora ganha edição nacional


Comprei tem uns dias o livro acima, um calhamaço de mais de 900 páginas, abrangendo as últimas 5 décadas da música ocidental em disco. O período escolhido não é por acaso, já que foi em meados da década de 50 que o álbum long-play, o popular LP de vinil, se torna o formato principal do mercado fonográfico - como comentado aqui no blog, inclusive.

A ordem escolhida é estritamente cronológica e o livro é dividido por décadas, cada uma antecedida de uma página com bela imagem de um aparelho de som típico do período - da vitrola ao iPod. Mesmo sem o livro definir quais seriam os melhores dentre os 1001 incluídos. vários discos têm mais destaque, com resenhas de uma página, com a capa, pequena ficha técnica e nome das músicas.

O livro tem viés assumidamente roqueiro, mas conta com o essencial de jazz, soul, world music e até MPB. Não só as coisas de sempre, como Mutantes e Bossa Nova, mas também Baden Powell, Clube da Esquina e Jorge Ben.

Não há brasileiros entre os 90 críticos que participam do trabalho, grande parte deles de língua inglesa - da Austrália ao Canadá, passando pela África do Sul. Algo meio despropositado, pois há um razoável número de discos brasileiros. A Islândia, por exemplo, tem dois artistas no livro (Sigur Ros e Bjork) e um crítico local resenhando.

Defeito mais grave foi a opção de incluir discos muito recentes (há dois discos de 2007 nessa edição brasileira). Sou da linha que acredita ser necessário um distanciamento histórico antes de chamar alguma obra de "essencial". Não só para o disco, no caso, se mostrar realmente valoroso com o correr dos anos. Muitas vezes um artista ou um álbum só se torna importante quando reavaliado tempos depois. Por exemplo, se lançado na década de 70 o livro dificilmente incluiria Nick Drake, como incluiu. Drake foi um cantor de pouco ou nenhum sucesso enquanto vivo e só reconhecido nos anos 90, bem depois de sua morte. Foi o sucesso post mortem que o garantiu no "1001 discos".

Nada disso, porém, atrapalha a diversão que é folhear e ler as resenhas, relembrar álbuns, conhecer alguns outros. É daqueles livros para ler na ordem, de Frank Sinatra em 1955 a Arcade Fire em 2007, ou então para abrir alatoriamente em qualquer página, de qualquer década.

Se você - como eu - concorda com a ordem de preferência dos estilos musicais, dificilmente vai reclamar de algum disco ausente do livro. Mas sem dúvida é fácil duvidar da sanidade de algumas inclusões. No fundo o livro nada mais é que uma grande lista de melhores e, como toda lista, tem que gerar alguma polêmica para ter graça.

Eu comprei o meu pela internet, por um bom preço para uma obra desse tamanho - cerca de 50 reais. Vale a pena.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Kevin Dubrow (1955-2007)

Em 1985, próximo ao meu aniversário, eu descobri que podia pedir presentes, ao invés de esperar "surpresas" nem sempre agradáveis. Mais que isso, descobri que seu eu pedisse aos meus amigos que dissessem para as suas respectivas mães que eu queria ganhar este ou aquele disco de vinil (anotar em um papelzinho ajudava bastante...), elas realmente iriam às Lojas Mesbla e comprariam exatamente o álbum pedido.

Não deu outra, no dia da festa, regada a cachorro-quente e refri, repousavam em cima da minha cama...






"Bark at the Moon" do Ozzy Osbourne,










"The Eagle Has Landed" do Saxon,
















"Defenders of The Faith" do Judas Priest,












...e "Metal Health" do Quiet Riot.







Pronto ! minha coleção de discos tinha triplicado da noite para o dia.



Sim, eu era um metaleiro de carteirinha. E qualquer metaleiro de outrora (conheço vários...) e que continue a se interessar minimamente por música (conheço poucos...) vai ficar triste ao saber da passagem de Kevin Dubrow, vocalista do Quiet Riot, aos 52 anos, conforme informa o site do eterno baterista Frankie Banali.


A banda estava no vermelho há muito tempo, trocas de integrantes, problemas com drogas e justiça, o que refletia na música, obviamente. A imprensa até falou bem do disco "Rehab", mas eu realmente ainda não o ouvi.

Mas, na época, a formação que contava com os dois músicos acima, mais o grande guitarrista Carlos Cavazo (o 1º à esquerda) e o baixista (o 3º, baixo de fato) Rudy Sarzo, cometeu dois incríveis discos, o acima citado e "Condition Critical", cada um puxado por uma cover do grupo Slade, "Cum On Feel The Noize" no primeiro e "Mama Weer All Crazy Now", no segundo. Sucessos instantâneos na época. Passavam direto no "Clip Clip" da Tv Globo, no "FM Tv" da Manchete e no programa cult "BB Vídeo Clip", cuja emissora me foge da memória.

A banda fazia especial sucesso no Japão e também no Brasil, para onde embarcaram em 1985 para uma apresentação no Ginásio do Corinthians. Por aqui ainda se vivia a "ressaca positiva" do Rock In Rio I, o que levou uma horda de gente para o show.

O disco “Metal Health”, lançado originalmente em 1983, tem tudo que um bom disco de metal da época deveria ter. Refrões pegajosos, guitarras pesadas, músicas rápidas (mas nem tanto), solos excelentes, um tema instrumental à la Eddie Van Halen ("Battle Axe"), e uma bela balada de encerramento chamada “Thunderbird”, pois como dizia o pessoal do Língua de Trapo, "os metaleiros também amam meu amor, os metaleiros também amam sim senhor".

Fica a homenagem. Meu aniversário de 1985 não teria sido o mesmo sem essa trilha sonora. Pobres dos vizinhos nas semanas seguintes...



Justiça holandesa bloqueia acesso à Wikipédia



O Ministério da Justiça da Holanda afirmou que bloqueará temporariamente o uso da enciclopédia aberta Wikipédia após a publicação de um artigo em uma revista local que afirmava que mais de 800 entradas na enciclopédia haviam sido editadas a partir de computadores do ministério.


Por ser uma enciclopédia aberta, a Wikipédia aceita colaboração de qualquer usuário e, embora incentive o cadastro de novos membros editores, permite que alterações sejam feitas anonimamente, gravando apenas o número IP utilizado pelo editor.


A revista Intermediar afirmou que a maior parte das 821 alterações vindas do ministério não era preocupante, porém algumas envolviam visões políticas ou ainda visavam à mudança de perfis de pessoas envolvidas em casos criminais.Em uma das edições, por exemplo, um funcionário alterou uma referência ao caso da não punição de uma mulher da nobreza holandesa que dirigia em alta velocidade, acrescentando as palavras "como acontece normalmente em tais casos" ao trecho "sua licença não foi revogada".


Ivo Hommes, porta-voz do ministério, afirmou que a medida é temporária enquanto se investiga quanto uso, ou mau uso, os funcionários fazem da Wikipédia e o que pode ser feito a respeito disto."Você pode pensar que está tudo bem para alguém atualizar uma entrada sobre seu jogador favorito de futebol durante o almoço, mas obviamente não queremos pessoas fazendo coisas que são desagradáveis ou piores durante o horário de trabalho", explicou.


Para o site WebProNews, a decisão foi racional, já que o número de edições foi alto e pode até mesmo inspirar decisões semelhantes em outros países.


Recentemente, os Estados Unidos e o Japão também se mostraram preocupados com a edição de artigos na Wikipédia por parte de funcionários do setor público.
Nota: extraído do site www.geek.com.br

domingo, 25 de novembro de 2007

Despreparo

Se vocês quiserem dar uma olhada no tipo de gente que sido escolhida para cargos importantes na burocracia federal, no caso conselheiro do CADE, não deixem de dar uma ohada no texto de Enéas de Sousa, com link em anexo. http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/download/indicadores/35_02/2-parte.pdf

O sujeito não conseguiria passar em redação num exame vestibular sério.
O texto não tem coerência, clareza ou conteúdo. Trata-se de uma amontoado de idéias desconexas. Ele não sabe usar advérbio de modo.

O que me dá mais medo, em relação ao futuro do Estado, não é a corrupção. O que me causa receio é a administração da maquina pública nas mãos de gente que escreve daquele jeito.
Como já disse há muito Othon Garcia, um texto confuso é sinal de um pensamento confuso.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Preguiça em Lima, sufoco no Morumbi

Kaká? Robinho? Que nada, Luis Fabiano é quem foi "o cara"

Nesta rodadada dupla das Eliminatórias o Brasil não jogou bem nem fora nem em casa: empate medíocre contra o Peru, vitória sofrida contra o Uruguai. Aliás, nos últimos anos os uruguaios não jogam bem contra ninguém, só contra nós. Exatamente o inverso da Argentina. Tanto que hoje quebramos um pequeno tabu de 6 jogos sem vencer a Celeste - a última vez tinha sido em 1999.

O destaque negativo da rodada foi o Ronaldinho, que voltou a jogar como na Copa de 2006, ou seja, nada. É triste ver um craque como ele, com apenas 27 anos, entrar em campo como se estivesse voltando de uma churrascaria rodízio - enfastiado, entediado, desinteressado. Não é à toa que está quase indo pro banco no Barcelona.

Já o destaque positivo fica para Luis Fabiano. Ironicamente ele só foi convocado por causa da contusão do Afonso. Bem capaz de ter se tornado titular depois do jogo de hoje. Não é craque, não é o herdeiro perdido da dinastia Careca-Romário-Ronaldo, mas fez o que esperávamos que Vagner Love tivesse feito meses atrás: gols. Acho que foi a primeira vez que o centroavante do Brasil resolveu a partida na era Dunga-treinador.

Vamos para nossa "exclusiva" classificação comparativa, após 4 jogos:

Eliminatórias 2002
Brasil 8 pontos, saldo 2 gols
2º lugar

Eliminatórias 2006
Brasil 8 pontos, saldo 2 gols
3º lugar

Eliminatórias 2010
Brasil 8 pontos, saldo 6 gols
3º lugar

As eliminatórias param até junho de 2008, quando acontecerá outra rodada dupla, contra Paraguai fora e Argentina em casa.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

EMPATE NO MONTEIRÃO


Apesar de sair na frente no marcador, com um gol do atacante Gilvan, o Pires do Rio cedeu o empate e a virada para o forte time do Santa Helena, conseguindo arrancar um empate somente aos 36 do segundo tempo, quando já jogavam dez contra dez, em um pênalti batido pelo ala esquerda Zinho, ex-CFZ de Brasília, para alegria dos quase três mil torcedores presentes.

Chamou a atenção o momento “Zidane” protagonizado pelo jogador do Santa Helena, Jean Carlo, no lance que resultou na expulsão de um jogador de cada lado.

Em uma disputa de bola normal, o jogador no. 08 do Pirão, Wesnalton acabou acertando um tapa na cara de Jean, que em um lance muito parecido com o do jogador francês na copa de 2006, revidou com uma cabeçada, o que provocou sua expulsão direta, bem como a do jogador piresino, que já havia sido advertido com um cartão amarelo.

Não satisfeito, Jean Carlo partiu para cima de outro jogador da locomotiva, o atacante Gilvan, tendo que ser contido por seus colegas. Uma postura vergonhosa que deveria ser analisada pelo Tribunal de Justiça Desportiva local.

No outro jogo desta fase, em Aparecida, vitória simples do Morrinhos, conseguindo importante resultado fora de casa.

Dia 25 acontecem os jogos de volta nas cidades de Santa Helena e Morrinhos. Invicto desde o começo do campeonato, em algum momento o Santa Helena terá de fraquejar. Por que não nesta rodada ?

Anúncio do "The Guardian" na Internet

US PRESIDENTS HAVE ALWAYS COME TO US FOR AN OVERVIEW OF WORLD AFFAIRS.
EXCEPT ONE…
GET YOUR FREE 4-WEEK TRIAL TODAY
(GO ON GEORGE, IT IS FREE !)

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Cuba Em Festa. A Farra do Boi Foi Decretada em Havana!



















Jornal do Brasil 15.11.2007
Cubanos voltam a receber carne bovina após crise de 1990
REUTERS

CIENFUEGOS - Acabou a épocas das vacas magras em Cuba, disseram os habitantes de Cienfuegos, após receberem cada um 227 gramas de carne bovina do governo pela primeira vez desde a crise da década de 1990.
Ainda que racionada, a carne distribuída em outubro por sete centavos de dólar o quilo se transformou num acontecimento na cidade portuária de Cienfuegos, localizada a 256 quilômetros a sudeste de Havana.
- Há pessoas que me disseram não saber como vão comer a carne, porque faz tanto tempo que não a vêem - disse Senaida Cosal, dona-de-casa, à Reuters.
A carne bovina deixou se ser comercializada livremente havia alguns anos depois da revolução ocorrida em 1959.
Até a crise da década de 1990, quando a implosão da União Soviética arrasou a economia e castigou os cubanos com anos de escassez, a população recebia meia libra (227 gramas) de carne bovina por meio da caderneta de racionamento.
No mercado negro, a carne bovina custa 4,60 dólares o quilo. Nos supermercados de moeda estrangeira, os cortes importados chegam a 12 dólares o quilo, valor equivalente a três semanas de salário.
Em restaurantes estatais, qualquer um pode pagar por volta de 6 dólares por um bife.
De acordo com números oficiais, Cuba possuía 3,7 milhões de cabeças de gado bovino em 2006. No mesmo ano, foram abatidos 360.700 animais, aproximadamente 26 por cento a menos do que em 2001.
O código penal pune com entre quatro e 10 anos de prisão os 'açougueiros' que sacrificarem gado sem a permissão do Estado.
Quem compra carne bovina no mercado negro corre o risco de passar de três meses a cinco anos atrás das grades.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Flamengo, 112 anos de história e glória.

De pé: Leandro, Zé Carlos, Andrade, Edinho, Leonardo e Jorginho;
Agachados: Bebeto, Aílton, Renato Gaúcho, Zico e Zinho.

Com a tragicômica novela sobre quem é o primeiro pentacampeão brasileiro ainda se arrastando, inevitável não lembrar do time que conquistou o quarto campeonato para o Mengão, vinte anos atrás. Ainda mais hoje, dia do aniversário do rubro-negro.

Acima de qualquer outra coisa, o título de 1987 é nosso pois o Flamengo venceu os melhores times do país, num campeonato onde todo jogo era clássico - afinal eram 16 equipes de ponta disputando - com uma equipe cheia de craques. Alguém aí lembra qual era a escalação do Sport Recife na final do Módulo Amarelo de 1987, no jogo que terminou empatado em 11 x 11 contra o Guarani?

Já a do Flamengo...Zico é Zico, dispensa apresentações e comentários.

Bebeto, Zinho, Leonardo e Jorginho seriam campeões do mundo pelo Brasil em 1994. Aldair, outro titular na campanha do Tetra, e então com 21 anos, jogou boa parte do campeonato, apesar de ter sido reserva nas finais.

Aliás, dos onze titulares do jogo final, nada menos que dez tiveram passagens de destaque pela seleção brasileira; oito disputaram pelo menos uma Copa do Mundo*; quatro ganhariam medalha olímpica de prata em Seul/88**.

Leandro e Andrade foram também campeões do mundo, mas de clubes, na histórica lavada no Liverpool, em 1981. Outro que também foi campeão interclubes, mas pelo Grêmio, foi Renato Gaúcho, em 1983.

Zinho e Andrade são os jogadores com maior número de títulos brasileiros, cinco cada.

Aílton, o jogador menos famoso desse time e único sem convocações para a seleção, é um jogador com vários títulos (como a Copa Brasil de 1990 pelo Mengão) e histórias no futebol. Foi dele, por exemplo, o gol do título do Grêmio no Brasileirão de 1996.

Apesar disso tudo, o time era uma mescla de garotos e veteranos muito irregular e a campanha no primeiro turno mostra bem isso: sexto lugar entre oito equipes, no grupo A.

A fórmula de disputa do campeonato daquele ano previa dois grupos de oito, jogando em dois turnos. No primeiro, os times de um grupo enfrentariam os do outro; no segundo, jogos entre times do mesmo grupo. Os vencedores de cada grupo, em cada turno, jogariam a semifinal.

No turno final, contra as equipes do próprio grupo, o Mengão se recuperaria na tabela, mas ainda assim fica em segundo lugar. Só se classificou para a semifinal por ter o Atlético-MG vencido ambos os turnos. A outra semifinal foi disputada por Internacional e Cruzeiro, vencedores do primeiro e segundo turno pelo grupo B, com o Inter vencendo.

O Flamengo enfrenta o Atlético, time de melhor campanha, dirigido por Telê Santana, mas vence duas vezes - 1 x 0 no Maraca e 3 x 2 em pleno Mineirão, com um gol de Renato Gaúcho aos 34 do segundo tempo, quando o Galo era melhor em campo, depois de ter empatado uma partida que perdia por 2 x 0.

Depois de atropelar o favorito nas semi, a final com o colorado gaúcho foi quase protocolar: o título já era nosso. E, com gols de Bebeto tanto no empate em 1 x 1 no Beira-Rio quanto na vitória de 1 x 0 no Maraca, o Flamengo leva mais uma taça para sua coleção.

As cinco taças de campeão brasileiro


*exceções: Zé Carlos, Aílton e Andrade
** Zé Carlos, Jorginho, Andrade e Bebeto

terça-feira, 13 de novembro de 2007

A Doença Holandesa e a Doença Brasileira

Tenho duas notícias para comentar com vocês, uma boa e uma má. Primeiro, vamos começar com a má: o governo brasileiro acaba de anunciar a descoberta de um campo gigantesco de petróleo em Tupi, RJ, aumentando as reservas de petróleo e transformando potencialmente o Brasil em um grande exportador de petróleo. A boa é que ainda vai demorar um bom tempo para conseguir tirar esse petróleo do chão.

Acredita-se que a produção de petróleo tem caído nos últimos anos: uns dizem que o fenômeno se deve a uma conjunção de fatores, incluindo desde a Guerra do Iraque, até a intromissão política no gerenciamento da PDVSA venezuelana por Hugo Chávez. Outros dizem que o que estamos vendo já é o esgotamento das reservas mundiais de petróleo.

Com a produção caindo e a demanda aumentando, não surpreende a ninguém que o preço esteja subindo. Há dois anos o barril de petróleo custava USS 60,00 . Agora ele já está encostando na marca dos cem dólares..

A primeira impressão que se tem, então, é que é uma grande benção a descoberta de petróleo em quantidades tão grandes, ainda mais no presente momento, com os preços tão elevados.

Só que a teoria e a realidade econômica recentes contam uma história diferente.


Primeiro vamos rever um conceito básico de comércio exterior. Como todos sabem, quando um brasileiro exporta um bem qualquer, digamos, para os Estados Unidos, ele não entrega a mercadoria e recebe o dinheiro vivo. Ele tem de celebrar (ou tinha até pouco tempo atrás) um “contrato de câmbio” com o Banco Central. O Banco Central fica com os dólares e o exportador recebe a importância correspondente aos dólares na moeda nacional.

A Doença Holandesa


A Holanda parece ser pequena demais para ser produtora de um minério. Mas na década de 80 foram descobertas importantes jazidas de gás no país. E os holandeses começaram a exportar gás natural em grande quantidade, passando a auferir grandes receitas de exportação.

O que aconteceu em seguida é o que nos interessa no momento. Com uma grande quantidade de moeda estrangeira entrando no país, a moeda holandesa foi se valorizando, ou seja, ficando “mais forte” em relação às moedas estrangeiras. Quando a moeda nacional se valoriza, isso incentiva as importações e desincentiva as exportações, com a mesma quantidade de reais posso comprar mais mercadorias estrangeiras, ao mesmo tempo que recebo menos reais pelas mercadorias brasileiras que eu exportar.

A moeda valorizada na Holanda teve um efeito daninho sobre as exportações industriais, pois, à medida que a moeda foi se valorizando, os produtos exportados pela Holanda foram perdendo competitividade. As receitas com exportações foram caindo, até que o governo holandês instituiu um imposto de exportação, encarecendo as exportações de gás e freando o aumento das exportações, aliviando a pressão de valorização da moeda nacional.


O fenômeno foi batizado como “Doença Holandesa” e foi desenvolvido teoricamente. Toda vez que, em um país que exporta tanto produtos primários quanto produtos elaborados há um grande aumento de receitas de exportação do produto primário, isso gera um grande ingresso de moeda no páis, valoriza o câmbio e tende a penalizar as exportações e prejudicar o setor manufatureiro. O raciocínio vale para qualquer insumo básico, mas os casos suspeitos de “doença holandesa” são geralmente ligados ao petróleo.

Vocês podem encontrar um bom artigo sobre a doença holandesa aqui:

http://en.wikipedia.org/wiki/Dutch_disease



A Doença Brasileira

O que aconteceria se o Brasil se transformasse, no horizonte previsível dos acontecimentos, em um grande exportador de petróleo? Tudo indica que o mesmo fenômeno se repetiria: haveria uma valorização do real em relação às outras moedas. A questão é: existe espaço para valorização da moeda no Brasil?

A moeda brasileira está sensivelmente valorizada desde o Plano Real. Aparentemente, isso foi originalmente projetado na época de elaboração do plano para que o câmbio servisse como “âncora”, e eventuais desequilíbrios internos de preços pudessem ser compensados através de importações.

De lá para cá, a situação é outra: a moeda brasileira tem se valorizado, mas devido a um outro fenômeno: a dívida pública brasileira subiu assustadoramente no período do Governo de Fernando Henrique, o que forçou o governo a aumentar a taxa de juros. A taxa de juros alta atraiu recursos em grande volume do exterior, forçando a valorização do câmbio. Hoje a moeda brasileira está ainda mais valorizada em relação às moedas estrangeiras do que no período FHC, e é realmente um milagre que as exportações não tenham caído mais do que caíram. Muitos empresários do setor calçadista já transferiram suas fábricas para a China, devido ao câmbio sobrevalorizado.

Resumindo, não há espaço para valorização do câmbio no Brasil. Se o Brasil se transformasse nos próximos anos em um grande exportador de petróleo, isso poderia signficar a morte da indústria de exportações, que vai no máximo se aguentando com o câmbio no nível que está.


Do ponto de vista econômico, não seria tão difícil contornar o problema assim. Bastaria criar um imposto de exportação sobre petróleo e derivados, o que transformaria o lucro da Petrobrás em receita da União. Esta seria a medida que provavelmente o governo tomaria hoje, caso o problema estivesse no horizonte próximo de acontecimentos. Como os gastos do governo não param de crescer, seria uma tentativa de resolver dois problemas de uma só vez.

Então o petróleo melhoraria a balança comercial, mas bem menos do que estão sugerindo. As exportações de petróleo gerariam receita, mas bem menos do que estão imaginando. Muito dinheiro entrando, o câmbio se valorizaria ao ponto de ameaçar o setor industrial (e talvez o agrícola) brasileiro.

Mas acredito que os problemas ligados ao petróleo não se resumem aos aspectos econômicos.

Examinem com cuidado os países exportadores de petróleo. Principalmente os grandes exportadores. Eles correspondem à imagem do que você gostaria que o Brasil se tornasse no futuro? Em todos eles, ou um ditador subiu ao poder e não mais saiu, ou uma elite corrupta controla o petróleo e com isso controla os destinos do país. Todas as atenções se voltam então para o ouro negro e para pouca coisa fora isso.

Nenhum desses países é um exemplo do que a gente chama de “progresso”, principalmente científico e tecnológico. No Oriente Médio, o país mais avançado é Israel, mesmo sem ter petróleo (ou por causa disso). Os países árabes não são capazes de produzir praticamente nada, sendo que o Irã nem mesmo refina (pelo menos não todo) o seu petróleo e importa gasolina refinada. Por outro lado, a única democracia no Oriente Médio é Israel, os outros são uma mistura de teocracias com monarquias mais ou menos despóticas, sem mencionar os casos mais extremos tipo Kadaffi (outro país exportador).

Condoleezza, Asari e Um Certo Príncipe Bandar.

Condoleezza Rice é um típico exemplo de “self-made woman”. Filha de um pastor e tendo sido vítima da discriminação racial no seu estado de origem (Alabama), subiu na carreira acadêmica e posteriormente no governo através do seu preparo e esforço. A única nota destoante de seu currículo foi o período em que foi diretora da Chevron, chefiando o “Committee on Public Policy” (O que está acontecendo na Chevron? Eles não podiam inventar um nome melhor para esse cabide de emprego?).

Mujahid Dobuko-Asari, ou mais simplesmente Asari, era um líder guerrilheiro nigeriano. Diga-se de passagem que ele “era” líder da guerrilha não porque tenha morrido. Depois de realizar centenas de ataques a dutos e instalações petrolíferas, fez um acordo com o governo e foi “indenizado” com uma quantia substancial por cada rifle de seus seguidores que entregasse ao governo. Quantia essa que era evidentemente muito maior que o valor dos rifles.

Hoje Asari não circula mais pela floresta, bolando estratagemas para explodir instalações das petrolíferas que operam na Nigéria. Um jornalista que visitou a sua casa, com amplo hall de entrada e vários carros na garagem observou que “a residência dele não corresponde ao que a gente chamaria de casa de um guerrilheiro”. Já outros nigerianos tiveram a idéia de aliviar um pouco a pressão dos oleodutos, desenvolvendo técnicas para extrair o óleo dos mesmos. Essa parece ser a nova mania nacional na Nigéria.

Quem é o proprietário do imóvel mais caro nos Estados Unidos? Bill Gates? Algum Rockefeller? A fama de ser o proprietário do imóvel mais caro é do Príncipe Bandar, o homem de ligação saudita nos Estados Unidos, ou como seria mais exatamente chamado no linguajar político brasileiro, o “homem da mala preta”. Com ampla circulação nos meios políticos americanos, o Príncipe Bandar zela pela “coordenação” dos interesses dos sauditas em território americano, onde eles têm entre outras coisas parcela considerável das ações em Wall Street. Caso os sauditas retirassem subitamente o seu dinheiro, a casa sofreria um considerável balanço.

Para quem quiser, aqui tem uma página sobre o nosso amigo, com direito a retratinho ao lado do Bush (quando ele era embaixador) e tudo

http://en.wikipedia.org/wiki/Bandar_bin_Sultan

O que esses três têm em comum, e nos poderíamos juntar milhares de historinhas semelhantes é simplesmente o poder corruptor do dinheiro gerado pelo petróleo. Bandar, Condoleezza, Asari, tanto faz a etnia, crença ou filiação política: o dinheiro do petróleo corrompe a todos: da conservadora religiosa americana, ao líder revolucionário africano.

O petróleo como que “vicia” os países que o importam, e, ainda mais os que o exportam. Cuba viveu durante décadas do petróleo que era vendido (mas nunca cobrado) pelos soviéticos, a parte que não consumia era exportada e com isso gerava uma fonte extra substancial de receitas para os cubanos. Com o fim da União Soviética, acabou a fonte de petróleo e os cubanos tiveram de parar de usar tratores na agricultura e voltar a usar tração bovina (eles chamam o fato de “Revolução Agrícola”, sic).

Em décadas vivendo do petróleo russo, não foram capazes de fazer mais nada além de plantar cana. Neste exato momento, os cubanos estão fazendo prospecção ao longo da costa da Flórida juntamente com os chineses, região rica em óleo mas inexplorada pelos americanos devido às pressões ambientalistas. Quem sabe eles não têm sorte acham petróleo em quantidade e conseguem uma sobrevida ao falido sistema cubano por mais umas décadas? Fidel, paciente, cofia sua barba.

Bem, eu poderia acrescer mais dados e hipóteses, mas acho que já abusei da paciência de vocês por uma semana inteira, o essencial, ao menos, foi dito. Juntando essas informações o que podemos concluir? É uma ilusão achar que o petróleo vá mudar substancialmente, e para melhor, o panorama econômico e social do Brasil. Se o petróleo que foi anunciado for usado sabiamente, será alguma ajuda, proporcionará algum auxílio, na mão de alguém com ilusões de poder pode ser uma tragédia nacional.

O petróleo não é nenhum Midas, que transforma em ouro aquilo que toca, a melhor imagem seria a de uma árvore, que só cresce impedindo que tudo que esteja ao seu redor floresça e se desenvolva. É tarefa nossa, pessoas mais esclarecidas, tentar influenciar o ambiente cultural que normalmente frequentamos, e combater no nascedouro a ilusão de que “cadáveres geológicos” (a expressão é do Bob Fields) sejam capazes de promover o desenvolvimento e a justiça social no nosso país.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Dever de casa feito.


Tudo certo na terceira divisão do Goianão 2007. A locomotiva alvirrubra fez o dever de casa, derrotando o Morrinhos por um tento a zero. Com isso, carimbou seu passaporte para as semifinais.

Os jogos deste último final de semana terminaram assim:
.
.
.
Aparecida 0 x Santa Helena 1

Inhumas EC 6 x 0 Jaraguá

Pires do Rio 1 x 0 Morrinhos

Caldas Novas 3 x 0 União de Inhumas
.
.
.
E a classificação final da primeira fase ficou assim:
.
.
.

Grupo 01 (classificados em negrito)
1º Santa Helena => 6 Jogos 16 Pontos 18 Saldo de Gols
2º Aparecida => 6 Jogos 10 Pontos 0 SG
3º Inhumas => 6 Jogos 5 Pontos -2 SG
4º Jaraguá => 6 Jogos 3 Pontos -14 SG
.
.
.
Grupo 02 (classificados em negrito)
1º Morrinhos => 6 Jogos 12 Pontos 3 Saldo de Gols
2º Pires do Rio => 6 Jogos 11 Pontos 4 Saldo de Gols
3º Caldas => 6 Jogos 10 Pontos 4 Saldo de Gols
4º União => 6 Jogos 1 Pontos -11 Saldo de Gols
.
.
.
Dia 17 acontece a primeira rodada da fase semifinal. Em Aparecida o time da casa enfrenta o Morrinhos. Em Pires do Rio, a locomotiva enfrenta o forte Santa Helena. A comunidade piresina promete lotar os 4.500 lugares do Estádio Edson Monteiro de Godoy e dar toda a força para os seus atletas

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Vetustas Leis Inglesas Fazem o Congresso Brasileiro Parecer Uma Plêiade de Pensadores

Se vc planeja ir à Inglaterra lembre-se: não vá se distrair e morrer dentro do Parlamento ou será punido por isso:

http://news.yahoo.com/s/afp/20071106/od_afp/britainlawsoffbeat

terça-feira, 6 de novembro de 2007

René Goscinny (1926-1977)


Ontem, cinco de novembro, completaram-se trinta anos da morte do autor de estórias em quadrinhos parisiense René Goscinny.

Embora seja mais conhecido por ser o criador dos célebres Astérix e Obelix, Goscinny criou uma série de personagens de altíssima qualidade, adorados por adultos e crianças, alguns até hoje editados em vários idiomas, sendo os principais:


O cavaleiro solitário Lucky Luke, desenhado por Morris e que gerou 38 álbuns, até o precoce falecimento de Goscinny, em 1977.



O impagável grão-vizir Iznogud, que queria sempre tomar o lugar do Califa, feito em parceria com o desenhista Tabary, também até o ano de sua morte.




Além do pele-vermelha Oumpah-Pah, desenhado por Uderzo. Esta série se passava no século dezoito, durante a colonização francesa na América. Apesar de ter gerado poucas estórias, é um item muito procurado.


Mas se há um trabalho pelo qual a dupla Goscinny e Uderzo será sempre lembrada, este é Astérix. Juntos criaram 24 estórias de incrível qualidade e que são editadas até hoje em mais de cem idiomas, passando por gerações e gerações de leitores. Após a morte de Goscinny, Albert Uderzo continua até hoje editando novas estórias de tempos em tempos, mas, na minha opinião, com exceção de “A Rosa e o Gládio”, de 1991, infelizmente, o nível caiu um pouco.

Eu, particularmente destaco dois pontos na série de 24 álbuns que a dupla produziu – ou seja, desde “Asterix, o Gaulês”, até “Asterix entre os Belgas” – pontos estes que talvez expliquem o sucesso dos volumes.

Primeiro a possibilidade de as estórias serem lidas por crianças, jovens, adultos e velhos, sem qualquer problema. Aos quinze anos, você se diverte com as pancadarias entre gauleses e romanos; aos 25 começa a prestar atenção nas lições de História e Geografia discretamente colocadas no bojo do texto; aos 35 se diverte com as expressões latinas, com os nomes dos acampamentos romanos que cercam a aldeia gaulesa e com a série de críticas políticas e econômicas que ocorrem por trás da estória principal; aos 45, imagino, tudo se amolda perfeitamente e a partir daí, com o avanço da idade, penso que a gente volte a se divertir com os romanos voando por cima da copa das árvores.

Outro ponto que é crucial é a dimensão dada ao divertidíssimo “elenco de apoio”. A série de personagens, teoricamente secundários, mas que muitas vezes assumem papéis importantes no contexto, é interminável e confere aos criadores de Astérix a possibilidade de contar uma série de estórias ao mesmo tempo.

A lista não cabe neste blog, mas como esquecer o bardo Chatotorix, o chefe Abracurcix, o ferreiro Automatix, o peixeiro Ordenalfabetix, o cãozinho ecológico avant la lettre Idéiafix (que chora toda vez que se derruba uma árvore), o Druida Paronamix, dentre tantos outros?

Goscinny foi-se muito cedo, tinha só 51 anos. Na verdade, quando ganhei o primeiro álbum de presente do meu pai, “Astérix e a Cizânia”, no começo dos anos 80, ele já havia falecido.

Mas suas séries, juntamente com tantas outras como “Mortadelo e Salaminho”, de Ibañez, e “Tintin" (de Hergé), viraram companhias para toda a vida.

Enquanto isso, na manhã do dia cinco de novembro de 2007, alguns pais colocam seus filhos para assistir a Xuxa, julgando que isto é bom para eles. Fazer o quê ????

Primeira Fase - Reta Final



E segue a terceira divisão do Goianão 2007. Jogando com dez jogadores desde o final do primeiro tempo, após a duvidosa expulsão do jovem volante Paulo Vinícius (21 anos), que nem cartão amarelo possuía, a locomotiva piresina, heroicamente, buscou um empate no segundo tempo, jogando fora de casa contra o lanterna do grupo.

Os jogos deste último final de semana terminaram assim:

UNIÃO E. I. 1 x 1 PIRES DO RIO F.C.
MORRINHOS F.C 2 x 0 CALDAS NOVAS A.C
JARAGUÁ E.C 0 x 3 APARECIDA E.C
SANTA HELENA E.C. 7 x 0 INHUMAS E.C
.
.
.
E a classificação ficou assim:

Grupo 01
1º Santa Helena => 5 Jogos 13 Pontos 17 Saldo de Gols
2º Aparecida => 5 Jogos 10 Pontos 1 SG
3º Jaraguá => 5 Jogos 3 Pontos -8 SG
4º Inhumas => 5 Jogos 2 Pontos -10 SG
.
.
.
Grupo 02
1º Morrinhos => 5 Jogos 12 Pontos 4 Saldo de Gols
2º Pires do Rio => 5 Jogos 8 Pontos 3 Saldo de Gols
3º Caldas => 5 Jogos 7 Pontos 1 Saldo de Gols
4º União => 5 Jogos 1 Pontos -8 Saldo de Gols
.
.
.
No grupo 1, como se vê, tudo resolvido. Santa Helena e Aparecida vão para a segunda fase.
.
.
.
No grupo 2, Pires e Caldas decidem a segunda vaga. Dia 11 de Novembro, o Pires joga em casa com o já classificado Morrinhos, basta uma vitória simples para garantir a classificação para a próxima fase, sem depender do resultado do Caldas Novas. Se a Locomotiva não conseguir os três pontos, dependerá de um tropeço da outra equipe.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A Crise do Neoliberalismo, Parte 451 - Gisele Bündchen Não Aceita Mais Pagamentos em Dólares


A modelo e atriz brasileira de agora em diante não vai mais aceitar moedas fracas:


http://www.foxnews.com/story/0,2933,308144,00.html

Contado Calligaris

Publicada originalmente na extinta revista Primeira Leitura, a entrevista feita por Reinaldo Azevedo com Contardo Calligaris, em abril de 2006, está disponível em seu blog:

http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/

O texto merece ser lido por todos que se interessam pelo papel da moral, seja na atividade política, seja como norte de cada um de nossos atos.
A íntegra em PDF está neste endereço:

http://br.msnusers.com/primeiraleituraed51contardo/files/VISAO%20DE%20MUNDO%E2%80%A251%E2%80%A2layout.pdf

Na seqüência, a abertura da entrevista.

"O psicanalista Contardo Calligaris, italiano de nascimento, andarilho por escolha, é de uma inteligência “alastrante”. Seguem a esta abertura 14 páginas de uma entrevista encantadora por conta do rigor intelectual do entrevistado e, vá lá, da disposição deste interlocutor de se deixar contaminar pelo “Bem”, por aquele que falava e se expressava com toda a singularidade que faz cada um de nós ser o que é. “O Mal”, ele nos diz, “está no coletivo, na renúncia ao foro íntimo.” O indivíduo ainda é a mais eficaz defesa contra a barbárie, o totalitarismo, o vulgaridade. Certa feita, um jovem que se queria marxista, de 14 ou 15 anos, apostrofou o pai, que houvera sido militante antifascista sem ser, no entanto, comunista: “Como podia?”. E o pai, então, lhe deu uma resposta iluminada: “Eu era antifascista porque, no fundo, achava os fascistas tão vulgares!”.

O menino também é pai do homem, como nos ensinou Machado de Assis, ou seu Brás Cubas. Aquelas palavras foram repercutir mais tarde, quando Contardo conheceu Roland Barthes, de quem foi aluno, e percebeu que a estética também pode ser uma ética: “Uma ética do não-dogmatismo, da curiosidade, da capacidade de amar a própria coisa, desde uma história em quadrinhos até Chateaubriand”. E então desandamos a falar da necessidade da arte, de sua função, que não pode ser outra senão “a harmonia interna que produz”. Mas ainda faltava ser mais explícito: “A produção de um objeto cuja finalidade é externa, por exemplo, que é ideológica e declarativa, não é mais uma produção artística. Isso vale tanto para a arte conceitual como para o realismo socialista”.

E, assim, passamos a tarde, numa conversa que propus, e ele topou, fosse dividida em três partes, como em Os Sertões, de Euclides da Cunha: O Homem, A Terra, A Luta. Queria chegar a outros sertões, a outras lutas, menos sangrentas talvez, mas não menos duras. Na primeira parte, falamos desse homem todo-mundo-e-ninguém, gênero neutro, que designa a espécie, e de um outro, ele próprio, o escrutinado da tarde. Na segunda, o ambiente de nossas pelejas, o mundo, este Brasil onde a fraqueza da cultura republicana faz com que um escândalo de grandes proporções ainda seja percebido como coisa quase corriqueira.

Passeamos por autores da urbe e da orbe, tentando contar e recontar histórias, em busca de tempos e oportunidades perdidos. Para poder ver mais adiante. Ou, ao menos, ter instrumentos para tanto.

É nessa parte que estão as lutas mundanas, o conflito de culturas, a marcha da civilização, os instrumentos com que entender e reinventar o mundo, as utopias que matam, os amores que são de salvação. Pensador da cultura, ele jamais se nega ou refuga. Lembro-me de São Paulo na Primeira Epistola aos Coríntios: posso tudo, mas nem tudo me convém. Eis um dos fundamentos, a liberdade, plasmado na civilização ocidental e que é, sim, seu mais precioso valor, pelo qual vale a pena lutar. Falei de Paulo? Contardo considera que as bases do bom individualismo moderno estão dadas pelo cristianismo. A conversão nasce da escolha. Ali se fundava uma idéia de humanidade, que antes não existia.

A terceira parte, A Luta, ficou reservada ao homem no espelho – vamos falar um pouco do narcisismo –, aquele que chega ao divã do analista, “doente por falta de significado e de significação”, como qualquer um de nós, e procura, então, uma narrativa para sua vida, uma história. Que, contada e recontada, vai concorrendo para redefini-lo e levá-lo, então, até a margem do rio. Ao fim da entrevista, talvez estivéssemos ambos felizes – eu estava: um pouco tonto e feliz.

Explico o meu estado. Havia marcado a entrevista para o dia 18 de abril. Fui acometido de uma crise de labirintite. No dia 21, ainda não estava bem, e era o meu prazo-limite. Mas não tinha como sair. O andarilho Calligaris, aceitando, desta feita, um percurso mais curto, dispôs-se a ir até a minha casa, uma doação ao paciente daquela tarde. Mas ele mesmo diz que uma das coisas boas da psicanálise é não “dar presentes”. Fizemos algumas trocas simbólicas – eu saí ganhando, é claro – e tentamos pôr alguma ordem entre o “cosmos sangrento e a alma pura” (ave, Mário Faustino!). Tentamos entender os “hábitos do corpo e da mente” de que fala Tocqueville, que ambos apreciamos tanto.

E eu indaguei, com Hannah Arendt, outro afeto intelectual e moral compartilhado, como é que podemos, então, resistir ao “mal” e manter o “foro íntimo”, a inviolabilidade do indivíduo, morada suprema da liberdade. A resposta se lê páginas adiante. Mesmo longa, muita coisa deixa de ser publicada nesta entrevista. O dia caiu menos “doente de falta de significado e de significação”. Eu o acompanhei, trôpego, até a garagem, voltei, fechei a porta e comentei com a minha mulher: “Ele é de uma inteligência alastrante”.

(...)
É possível falar do caráter de um povo?
Eu fiz isso, todo mundo faz. É uma herança do século 19. É muito forte na cultura brasileira. Desde o fim do século 19, a grande sociologia brasileira não pára de tentar descrever o que é o brasileiro. Eu acho que há povos que se colocam mais essa pergunta do que outros. Essa espécie de autoconsciência coletiva existe se a gente acredita nela. Há povos que crêem nisso de uma maneira automática, espontânea. É o caso dos franceses. Provavelmente porque consideram que têm um patrimônio histórico comum tão longo, que acham que a nação é uma verdadeira comunidade e um destino. E há os que se interrogam. É natural que essa interrogação caiba especialmente nos povos americanos.

Por que os povos das Américas se interrogam mais, com menos certezas?
Em primeiro lugar, estão aqui por causa de um sonho, ainda que herdado do avô, do bisavô. Mas é o sonho de uma vida em outro lugar. A vida em um lugar onde é possível, sei lá, comer ou praticar a religião sem ser perseguido. É um sonho de futuro. O europeu não tem essa questão. O sujeito é francês porque nasceu na França. Nunca houve nesse processo uma escolha ou um desejo. Uma das grandes diferenças subjetivas do ponto de vista clínico é que certamente, nas Américas, o individuo é muito mais interrogado pelo seu futuro do que pelo seu passado.

Isso muda o discurso da psicanálise?
Não vai aqui um juízo de valor. Os europeus, por exemplo, são especialistas em maltratar a psicanálise norte-americana, esquecendo-se de que a gente analisa sujeitos diferentes, culturalmente diferentes. E uma das grandes diferenças é que o maior peso para um norte-americano é o do futuro, da realização de suas potencialidades eventuais.

Não ser, por exemplo, um loser.
Justamente. Ele está ali por causa de um sonho, dele ou herdado, tanto faz. O europeu vive muito em função de uma dívida que ele tem com o passado. O europeu está mais preocupado com o que o passado exige dele do que em inventar um futuro.

É a diferença que há entre administrar uma herança e acumular para deixar uma herança.
Exatamente. Outro ponto importante é que a travessia do Atlântico implicou uma decisão de renovação: é a queima dos barcos. Isso nos remete a um dos problemas contemporâneos se pensarmos em países que ainda recebem levas de imigrantes, como os EUA. Quando se pode manter um contato telefônico ou via Skype com a terra natal; quando, depois de seis meses de trabalho, pode-se comprar uma passagem e voltar para casa durante uma semana – e isso nada tem a ver com a imigração do passado, deixa de haver uma transformação: a transformação subjetiva que era exigida àquele que imigrava até havia 30, 40 anos. O problema da integração do imigrante nos EUA é relativamente novo. O imigrante nunca foi um problema para a sociedade americana, que se fez mesmo da diversidade de culturas. Eu não gosto muito do conceito de nação. As minhas figuras de referência são aqueles intelectuais do começo da Contra-Reforma, que eram católicos, mas que, na verdade, tinham simpatia pela Reforma. Erasmo é a minha figura intelectual.

Então Rabelais também?
Ah, mas absolutamente sim. Giordano Bruno, nem tanto: acho que faltava nele um pino. Ou dois [risos]. Bem, sou fiel a essas figuras. É preciso lembrar que viveram numa época em que o conceito de nação não fazia sentido. Eventualmente havia a nação das letras, que eram as pessoas que se falavam pela Europa afora. Assim, eu tenho uma antipatia muito grande por qualquer expressão nacionalista. Em geral, tenho uma certa repulsa por qualquer expressão de fidelidade ao grupo.

Você endossaria a frase do Samuel Johnson de que o patriotismo é o último refúgio do canalha?
Sem nenhuma dúvida. Qualquer tipo de fidelidade que passa na frente do foro íntimo é, para mim, a definição do mal.

É a destruição do indivíduo.
Exatamente. Porque, quando isso acontece, aí tudo é permitido. No fundo, a única coisa que coloca limites ao horror, para mim, é o foro íntimo. Eu digo que é o mal porque é a definição do mal do século 20, que deu no fascismo, no nazismo, no stalinismo, em Pol Pot.

Há uma demonização do indivíduo hoje em dia.
Ah, completamente! E por conta de um equívoco. Para mim, individualismo é uma palavra nobre. Louis Dumont é um dos meus mentores intelectuais. Acho que ele é um colosso da antropologia do século 20. O individualismo não tem nada a ver com o egoísmo, mas com uma sociedade em que o indivíduo é um valor superior à comunidade. Eu sei que você gosta disso porque, outro dia, fez alusão a esse pensamento naquele encontro, e eu disse para mim mesmo: “Ah, pensamos do mesmo jeito”. Pois bem: nós dois compartilhamos da idéia de que a tendência antiindividualista é muito presente na parte menos interessante do Iluminismo francês, especificamente em Rousseau. O conceito da vontade geral é verdadeiramente uma das raízes ideológicas do que aconteceu de pior no século 20.

Outro dia escrevi um texto dizendo que Rousseau é o pai de todos os autoritarismos. O que eu recebi de porrada foi uma coisa fabulosa!
Mas ele é! O conceito de vontade geral é um perigo ideológico. O lado do Iluminismo francês que me interessa é Montesquieu. Mas, depois disso, o que me interessa é Locke, Smith... Não deixa de ser curioso que o Iluminismo anglo-saxão não tenha feito muito escola. É considerado inferior ao francês. E a realidade é que o francês produziu o Terror, Napoleão e volta dos Bourbon, depois Napoleão 3º. E, de fato, antes que a França se tornasse republicana, passou-se um século, enquanto o pensamento inglês do século 17 e 18 produziu uma monarquia com uma Magna Carta, produziu os EUA. Não estou inventando nada. Hannah Arendt foi a primeira a dizer que a verdadeira revolução do século 18 foi a americana, não a francesa.

Eu estava pensando nela enquanto você falava sobre o caráter de um povo. O livro Eichmann em Jerusalém deu a dimensão humana, banal, de um facínora, e, ao contrário da crítica sionista feita à época, alargou a dimensão do mal.
Ah, é um texto crucial, inclusive por causa do conceito de banalidade do mal. A razão pela qual certamente esse livro produziu os efeitos que produziu nem tanto está no fato de ela mostrar que Eichmann era um qualquer, porque era, mas porque mostrava que, no fundo, qualquer um é capaz de entrar num funcionamento em que se transformaria num Eichmann. Essa é a coisa que verdadeiramente bate e dói. Minha tese de doutorado, que está trancada há mais de dez anos, porque eu quero fazer uma revisão – ela está traduzida em inglês por um americano, já até recebi um dinheiro que um dia eles vão me pedir de volta [risos], – é sobre isso. Chama-se A Paixão da Instrumentalidade. Está dividida em duas partes. A primeira é uma leitura sobre o funcionamento dos Einsatzgruppen, que eram grupos de extermínio nazistas formados por pessoas quaisquer. Não eram os SS. Era uma espécie de polícia civil que funcionava como grupo de extermínio, especialmente na Polônia. Faço uma leitura disso a partir de uma série de aportes da psicologia social americana, sobretudo estudos sobre a obediência. E a segunda parte mostra como isso funciona na vida cotidiana das pessoas. Mas o fundo da tese é o seguinte: é relativamente fácil se deixar levar, abdicar do exercício da subjetividade, que é um exercício eminentemente cansativo. Ser um indivíduo é um negócio complicado, pesado. E há uma tendência perigosa de se renunciar à individualidade e de se tornar um instrumento de um funcionamento coletivo.

Existe uma culpa coletiva?
Acho que sim. É possível que sim. Acho que existem culpas coletivas e, provavelmente, nos grupos nacionais, também existam. Porque existem culpas que estão, de alguma forma, inscritas na cultura. É sempre um pouco perigoso dizer isso. Eu não sou culpado pelo fascismo italiano. Até a história da minha família me livra desse peso. Mas, por outro lado, não me sinto assim tão italiano... Não é uma resposta simples. Mas como chegamos aqui?

Falávamos dos dois iluminismos.
Sim, fizemos essa excursão e, depois, eu disse que não tenho nenhuma simpatia pelo conceito de nação em geral, pelo nacionalismo, porque me parece o contrário do discurso moderno. Aliás, o individualismo moderno tem origem no cristianismo. Louis Dumont demonstra isso muito bem.

Porque você faz a escolha, não é escolhido.
Claro, é uma relação de Deus com cada um individualmente, independentemente do grupo ao qual o sujeito pertença, inclusive o grupo familiar. É uma relação de foro íntimo. E porque é uma relação na qual o fato de pertencer a uma raça, nação ou o que seja é indiferente.

Existe um caráter brasileiro?
Eu tenho uma implicância, não com o conjunto da obra, mas com algumas coisas do Roberto DaMatta. Acho que ele tem leituras certas do Carnaval etc. Mas não gosto da complacência indentificatória que consiste em dizer: “Sou brasileiro porque gosto de samba e futebol”. Isso eu acho horrível. Um dos perigos desse tipo de definição é que cria um grande momento de prazer coletivo. “Ah, nós somos brasileiros, malandros, todos à venda, gostamos de jeitinho...”

E, se não podemos convencer pelo argumento, vai pela nossa sedução...
Exatamente. Ou então se diz: “Não gostamos de conflito”. Isso é o que tem de pior na tentativa de obliterar nossa história subjetiva e coletiva por meio de uma visão muito fácil de nós mesmos. Veja a frase “O Brasil não é para principiantes”. Isso supõe que a nossa malandragem nos torna especiais e só interpretáveis por especialistas. Pelo contrário: o Brasil é para amadores e principiantes. Porque pagar e corromper é muito fácil. O difícil é construir uma coletividade em que haja leis, institucionalidade. O difícil é ser moral. Ser imoral é que é para principiantes. A malandragem é uma conduta moral de uma criança de 9 anos. O difícil é crescer. Governar pagando o cara para votar comigo é que é amador. O profissional é construir um discurso que convença, é falar com o outro. É claro que o brasileiro não é só isso. A contraparte do jeitinho é o recurso ao foro íntimo acima da convenção, o que é altamente moral.

Vê algum traço particular de nossa formação histórica refletido no nosso caráter?
Isso sempre é tão difícil! Há uma coisa que pode ganhar uma leitura até ufanista, mas que pode ser um problema. O Brasil, por não ter conquistado a independência na ponta da faca, manteve uma espécie de – vou usar uma expressão que meus colegas vão achar completamente ridícula – "complexo de inferioridade" permanente em relação às metrópoles culturais, o que eu acho injustificado e nocivo.

Não há quem ignore a essência do mensalão, para usar uma palavra que reúne toda a bandalheira. Não obstante, as pesquisas indicam, hoje ao menos, que Lula se reelege. Em que medida, como povo, estaríamos aceitando isso tudo e dizendo: “Essas coisas são permitidas”?
A permanência da confiança na pessoa do Lula certamente tem muitas outras explicações possíveis, inclusive a sedução exercida pela idéia de que uma pessoa de origem humilde pudesse chegar no poder. Coisa que, nos EUA, é banal...

... no Brasil, é banal. Basta ver a origem de Deodoro da Fonseca ou de Floriano Peixoto...
Ah, sim, foi na República Velha, que é, diga-se de passagem, acho eu, o grande momento brasileiro. O grupo que chegou [o PT] ao poder achou, – coisa que, na história dos partidos de esquerda, é bastante comum, – que ia governar no interesse do partido, não no interesse da coletividade nacional. Ou seja, confundiu o partido com o “Bem”. Como eu disse antes que acho que a coletividade é a raiz do mal, você sabe o que acho disso. Por que nos indignamos pouco? Porque a história brasileira fornece pouquíssimos exemplos de um governo que tivesse verdadeiramente um interesse pela coisa pública, exceção feita a figuras da República Velha, algumas um pouco exaltadas, como Floriano, que cortava algumas cabeças aqui e ali [risos].

Lima Barreto que o diga... [risos]
Mas, independentemente disso, havia figuras que perseguiam o que eles imaginavam que fosse o interesse republicano. Infelizmente, uma República um pouquinho deificada. Isso comprova o que a gente dizia: a influência do Iluminismo francês – e, claro, do Positivismo. Não era uma República como essa entidade mal definida que resulta do funcionamento entre indivíduos, que é o ponto de vista escocês e inglês. Mas, ao menos, houve momentos em que a noção de interesse público era clara. O Brasil teve pouquíssimos exemplos, desde essa época, de um governo pelo bem republicano. A idéia de uma coisa pública é, de fato, bastante ausente na vida cotidiana da gente aqui. Veja uma coisa espantosa. O cara é dono de um café, um bar, que tem determinadas cores. Então ele se dá o direito de pintar um pedaço da calçada com as cores do seu empreendimento. As ruas viram uma porcaria. A idéia da coisa pública não é forte e espontânea entre nós. Acho que isso faz com que um grupo que governou apenas no interesse do partido, fundamentado na própria reeleição, constitua um escândalo mitigado.

Você falava da República Velha, eu estava aqui pensando que é esse o período mais satanizado pelo marxismo brasileiro, que, curiosamente, vê com bons olhos um presidente parafascista como Getúlio – ao menos entre 1937 e 1945. E se glamuriza a República Nova, a partir de 1930, que é marcada pelo putschismo. Que estranha sabedoria é essa que valoriza o intervencionismo de grupos que tomam o poder de assalto, que impõem a sua agenda, que sufocam a oposição?
O rito histórico da modernização do Brasil fez com que o marxismo brasileiro, naquela época, apostasse numa aceleração, ainda que passando por um processo parafascista. Essa é uma armadilha na qual muita gente caiu, inclusive na Alemanha e na Itália. Mussolini se dizia um socialista antes de inventar o fascismo. Ele se considerava, sem dúvida, a expressão das classes populares.

Há um fenômeno hoje no mundo que é o terrorismo. Ele é a forma virulenta de uma frustração?
Em particular, o terrorismo suicida é sempre a expressão de uma contradição interna – além, claro, de uma contradição externa. Mas isso é até banal. Porque o suicida, além de matar inocentes, se anula, se suprime. Essa decisão de se suprimir é uma maneira de eliminar uma contradição insuportável. Ao se abolir, um terrorista suicida busca abolir uma contradição entre os valores pelos quais eventualmente ele luta e a presença nele próprio dos valores contra os quais luta. Os terroristas de hoje são seres profundamente divididos entre a sedução da cultura ocidental e aquela pela qual morrem. A sedução ocidental não é apenas a do McDonald’s, do I-pod, mas também a de uma cultura que está disposta a reconhecer como sujeito qualquer um. O lado suicida do terrorismo atual é a chave para entender o que está acontecendo. E o que está acontecendo é a progressiva conquista do mundo islâmico pela cultura ocidental.

Seria uma resistência a uma ocidentalização do Islã?
Acho que sim. Os suicidas provam o sucesso dessa ocidentalização. Desse ponto de vista, eu sou bastante otimista. Otimista e com uma certa tendência ao laissez-faire, ou seja, à idéia de que nenhuma intervenção militar terá, como a do Iraque, a longo prazo, o mesmo poder de fogo da expansão natural de uma cultura universalista, ou seja, da cultura ocidental. E esse seu poder é inédito na história: a gente esquece, mas, por exemplo, na cultura romana ou grega, o conceito de “humanidade” não existe. Há os gregos, os bárbaros, os romanos, os não-romanos, mas “humanidade” é uma invenção cristã.

A cultura ocidental não abre mão de seus valores muito facilmente?
Ah, bom, há uma coisa que me apavora um pouco. Ela vive como culpada: culpada de estar desrespeitando a especificidade do outro, de estar invadindo, transformando a realidade cultural do outro. Claro, pensa-se nos momentos em que ela foi colonizadora, violentamente expansionista etc. Por ser universalista, ela tem a tendência de esquecer que é uma cultura, não o “grau zero” da cultura. E por que isso é um problema? Porque, quando há uma luta, a gente pode e deve, sem dúvida, considerar quais são as razões que fazem com que outro tente nos matar e tal. Mas há momentos em que é preciso saber de que lado a gente está. É preciso saber quais são os valores que importam para você. E nós, pela própria característica da cultura ocidental, temos uma grande dificuldade de fazer isso."

***

Mais Uma Vítima do Aquecimento Global?

Robin Hood, hoje, não conseguiria mais se esconder em Sherwood

http://news.yahoo.com/s/ap/20071104/ap_on_re_eu/shrinking_sherwood

sábado, 3 de novembro de 2007

Tragédia: Jimmy Page Quebra o Dedo e Adia Show de Reunião do Led Zeppelin!

O New York Times publicou, com destaque (http://www.nytimes.com/2007/11/03/arts/music/03zepp.html?_r=1&oref=slogin),
a notícia sobre o adiamento do show do Led Zeppelin, tendo como suposta causa o fato de Page ter quebrado o dedo. Mas como dizia o companheiro Eddie Van Halen, Page ao vivo sempre pareceu mesmo uma criança de cinco anos com a mão quebrada, então que diferença faz?
O mais incrível é que os ingressos foram sorteados (!) mundialmente pela quantia módica de 260 dólares cada, quantia essa que o companheiro Fetter, por exemplo, jamais pagaria para assistir a um clássico do tipo Caldas Novas A.C. x Pires do Rio F.C., quanto mais para assistir a um bando de múmias usando "playback" (lip-synching) em cima de um palco.

Onde Está o Blogmaster?

O companheiro Fetter notou, com a argúcia de sempre, a ausência prolongada do criador e mantenedor-mor deste blógui, o companheiro Feluc. Por onde andaria o nosso criador, cuja ausência é sentida de modo tão visceral pelos demais membros desta comunidade? Proponho aos demais membros que sejam paralisadas todas as demais atividades, até que tenhamos encontrado Feluc e o tenhamos colocado de novo na direção-geral das atividades deste blógui.















Esta é a última foto disponível de Feluc antes de seu desaparecimento, tirada pelo Felix em pessoa.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Viagem do Presidente Repercute Internacionalmente

Há algumas semanas o nosso líder esteve a viajar pelos países nórdicos, causando grande impressão por todos os lugares que fizeram parte do seu périplo. A coisa chegou ao ponto de ser honrado com notícia postada no prestigioso sítio de notícias em latim Nuntii Latini, da Finlândia (www.yleradio1.fi/nuntii). A notícia vai transcrita abaixo. Morram de inveja, seus neoliberais de araque!




BAFO BARBATUS FINNIAM VISITAVIT


Praesidens Brasiliae Lula da Silva hac septimana ineunte visitationem statalem in Finniam suscepit et praesidentem Finniae Tarja Halonen et ministrum principem Matti Vanhanen convenit. Die Martis iter suum in Suetiam, Daniam, Norvegiam continuavit. Lula, quippe qui ardens terrarum septentrionalium admirator esset, plus de statu sociali harum civitatum cognoscere voluit. (Reijo Pitkäranta)

Voltei !


















Como todos notaram, Felix esteve ausente por uns tempos. A minha ausência (deserção?) provocou uma reação imediata dos demais membros do blog, mas mesmo assim decidi voltar. Só prometo a todos que não postarei nenhum comentário a respeito de livros de direito, poupando portanto os demais membros de referências ao seu já tedioso e estressante cotidiano.