sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Vai gostar de tirar foto assim lá no %$#*





Esta nova câmera da Seitz tem 160 megapixels e tira fotos panorâmicas na proporção de até 6 x 17. Ela tem ISO de 500 até 10.000, e vem com um Mac Mini para guardar as fotos em formato JPG, RAW ou BMP sem compressão.

Esta grande câmera da Seitz tem um módulo destacável com tela semelhante a um PDA que funciona como controle remoto sem fio. Inclusive para tirar fotos.

A versão “mobile” custa US$ 32.266 e a versão “estúdio” custa US$ 33.715.

Certamente o feluc vai dizer que já conhece mas que a câmera não é lá essas coisas.

Já o nosso antigo colaborador nerusosam vai tentar nos convencer que existe uma filial da empresa suíça em Santa Catarina e que ele conhece o dono.

Poster do Botafogo

O time vice-campeão da Taça Guanabara 2008:
clique para ampliar a imagem

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

The Raconteurs de volta




Eles lançaram um dos grandes discos de 2006, o aclamado "Broken Boy Soldiers". Agora, segundo informações colhidas no site ultra-retrô da banda, (veja AQUI ) os Raconteurs preparam-se para uma segunda investida.

O disco está sendo concluído em Nashville e a banda pretende lançá-lo o quanto antes.

A reestréia ao vivo do projeto paralelo do "White Stripe" Jack White está marcada para o dia 25 de abril, no "Coachella", em pleno deserto da Califórnia, mais precisamente na cidade de "Indio", a 200km de Los Angeles, onde o Festival ocorre desde 1999, abrindo oficialmente a temporada de Festivais do Hemisfério Norte.

É esperar para ver.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Concordo que o assunto já deu o que tinha que dar...

De todo modo, Prezado Filipe, não pense você que fecho os olhos para a crueldade com que o poder trata os excluídos.
O problema é que, em toda sociedade humana, encontramos o fenômeno político: alguns membros influenciam as decisões políticas mais do que outros. E, onde há poder, há a exclusão daqueles que não conseguem influenciar o processo.
Logo, toda sociedade tem excluídos e, de algum modo, quando o caldo entorna, sobra pra eles.
Veja o esquerdismo de nossos sindicatos de servidores públicos. Eles defendem uma previdência diferenciada para funcionário público, defendem uma média salarial absurdamente superior à da iniciativa privada e legitimam sua posição afirmando que a luta histórica deles quer levar tudo isso para o trabalhador explorado da fábrica. Pelo amor de Deus! Eu não gosto de Rousseau, mas ele estava certo quando defendia que na sociedade regida pelo contrato social não poderia haver corporações. Cada homem ou mulher deveria defender os seus interesses individualmente. Ele entendia que a formação de corporações, como sindicatos, acabariam por distorcer gravemente o sistema político.
De certa forma, eu sou um pessimista. Acho que a Humanidade sempre vai assistir o Homem sendo o lobo do Homem.

Note que não estou falando de socialismo ou capitalismo.
Creio que isto é uma regra geral.
O que me impele ao capitalismo, dentre outros motivos, é que consigo enxergar uma linha evolutiva em que há melhoria das condições de vida de certos povos.
Evidentemente, o sucesso de alguns povos é decorrente de condições muito especiais.
A Suécia bóia em um poço de petróleo. Outros foram potências coloniais, e por aí afora...
Ressalto que não acredito no mito do eterno progresso tão caro aos capitalistas de outrora.
Aliás, Celso Furtado já havia explicado esta impossibilidade em "O Mito do Desenvolvimento Econômico".


Abraços,

Mais Cuba

Repito, cuba não tem importância alguma.
Cuba é um nada econômico. Em tudo mais está estagnada na década de 50.
Arreganha para o mundo a população miserável mais bem educada do mundo. Parabéns!

Como já disse em outras oportunidades, as vilezas dos sistemas liberais-capitalistas não legitimam ditadura nenhuma.
De ditadura, seja de esquerda, seja de direita, eu quero distância.

Cuba representa o sonho do qual acordamos.
É muito fácil dizer que o império é mal. O poder dá medo.
Aí vem o pessoal da internacional socialista dizendo: olha, tem outro jeito de fazer as coisas. Um sistema que privilegie a solidariedade, aonde o Homem não explorará o Homem e o estado vai cuidar de de todo mundo.
Só faltou combinar com o tal Homem.

Porque, para implementar este sistema, precisamos de um novo homem. Um que não seja egoísta, que não esteja interessado primeiro em maximizar o próprio bem-estar.
Pois é, a produtividade é radicalmente baixa em economias solidárias, onde o homem não é explorado pelo homem.
E, adivinhe? Adivinhe qual fenômeno econômico enriqueceu as os países hoje conhecidos como de "primeiro mundo"?
Foi o aumento de produtividade decorrente da revolução industrial nos países de desenvolvimento mais antigo e a educação somada à "economia semi-planificada de mercado" dos países de desenvolvimento recente.
Sempre o tal bem-estar pessoal na equação...

Repito, não estou dizendo que não implantaram políticas públicas de sucesso.
Só que o sistema não considera que o homem não é um animal que se desenvolva muito bem em cativeiro.
E, desse modo, fracassam no desafio de qualquer sociedade de elaborar um sistema político que dê sustentação a um sistema econômico que produza os bens escassos necesssários à sobrevivência e os distribua de forma justa.
Nunca serão ricos.
Mas serão dignos, dirá o Filipe.
Não vejo dignidade em escravos.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Sim, os Cubanos!

Comentando o comentário do Feluc

Como se falou nos últimos dias dessa ilhota sem importância! Páginas e páginas de jornais, capas de revistas, horas de programas de TV, tema em debates eleitorais americanos ,por causa de um país caribenho com PIB de 45 bilhões.

Tanta discussão apenas sobre a desimportância cubana, até semana passada comandada por um fóssil vivo da guerra fria. Que contundente irrelevância!

O companheiro Feluc a chamou de "experiência histórica que não representa modelo reproduzível". Ser tão única já não lhe daria alguma importância, mesmo que como curiosidade sócio-antropológica-econômica de laboratório?

Mas é claro que há mais que isso.

Cuba foi a última grande presença espanhola na América, tendo assim ficado até o apagar das luzes do século XIX. Sua pseudo-independência em 1898, por obra e graça dos EUA, a colocou, constitucionalmente, como protetorado americano. Situação que perdurou, com alguma melhora, até a tomada do poder por Fidel.

Então, chamar de "sorte" o fato de Fidel passar a ter apoio soviético é um pouco cruel. Qual era a alternativa? Ser Porto Rico com mais bordéis, como era até então?

O embargo, portanto, vai um pouco além do lobby dos cubanos de Miami, é óbvio, e o Feluc sabe disso. Fez parte de um jogo de geopolítica da guerra fria, com enormes respingos no Brasil em 1964 e ainda maiores no Chile em 1973.

Afinal, os EUA já haviam perdido seu resort de luxo, não poderiam "perder" outro país latino-americano para a URSS.

O companheiro Feluc disse ainda que as políticas públicas bem-sucedidas não legitimavam uma ditadura. Correto. Melhor seria se tais políticas viessem acompanhadas de garantias individuais e e liberdade.

Mas, igualmente, ter um regime democrático legitima governos corruptos e incompetentes? É real a democracia sem distribuição de renda, sem acesso à educação e cultura, que não forma cidadãos? Querer liberdade de expressão para expressar o que, assim? A tirania tem mais de uma face.

O novo-velho governo que se inicia hoje com Raúl Castro tem, sim, o desafio de produzir riqueza de forma sustentada e independente. E também enfrentará a tarefa de fugir do governo personalista de antes, sendo preciso um novo modelo - chinês, quem sabe? - se pretende que o Partido ainda comande o país na próxima década.

Caso contrário, a Flórida está ali perto.

De novo não deu pro Kevin O´Connell...

Apesar da nossa torcida, de novo bateu na trave o Oscar do maior indicado da história da Academia:

Best Achievement in Sound

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Brutal

A bola virou um mero detalhe na impressionante foto tirada do momento em que o brasileiro naturalizado croata Eduardo da Silva teve a perna fraturada. O lance aconteceu aos dois minutos do jogo Birmingham City X Arsenal, realizado ontem. O nome do gentil zagueiro é Martin Taylor.

Arsene Wenger, técnico do Arsenal, pediu que Taylor fosse banido do futebol. Como de praxe, a defesa de Taylor foi dizer que não quis machucar o jogador (ah, bom!) e que está abalado com a contusão sofrida por Eduardo (ah, bom! 2).

No vídeo abaixo dá para notar como o lance foi mesmo casual e sem maldade.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Você já fez um Sleeveface ??




Não. Não se trata de um novo tratamento para eliminação de rugas e outros sinais de velhice. "Sleeveface" é um movimento criado por John Rostron, um apresentador de rádio de Cardiff, País de Gales. Consiste em tirar uma foto sua, substituindo o seu rosto ou outra parte do corpo por uma capa de lp, criando uma ilusão.

Os sleevefacers enviam as fotos para o site, que as publica.

O negócio virou mania entre colecionadores de lp's que já enviaram milhares de fotos para o site de John.

Como se não bastasse, alguns alucinados estão também gravando vídeos de sleeveface e mandando para o You Tube, como você pode conferir abaixo:








Em entrevista para a bbc John Rostron disse que algumas lojas especializadas em vinil entraram em contato dizendo que os clientes estavam tirando fotos com as capas dos discos dentro das lojas.

Além disso, ele conta que uma grande loja em Londres está interessada em fazer uma exposição somente com Sleevefaces.

O movimento teve tanto sucesso que uma editora americana está preparando um livro somente com as fotos do movimento.

"Estamos pensando em fazer festas temáticas onde os Sleevefaces podem se encontrar. Já fizemos vários novos amigos", conta Rostron.

E os cubanos?

ELIANE CANTANHÊDE
Folha de São Paulo, hoje.

BRASÍLIA - É impressionante como Fidel Castro consegue manter durante meio século o mito, o regime autoritário, o mesmo discurso, até o mesmo uniforme, o mesmo boné, a mesma barba. E dividir opiniões tão apaixonadamente!
Velhos choram sua renúncia como o fim do mundo. Jovens abominam o regime e ridicularizam seu líder. Talvez seja arrogância e falte olhar os personagens e suas circunstâncias, distinguir a simbologia libertária da prática autoritária; ver o processo, não o momento -nem só ontem, nem só hoje.
Fidel entra para a história, Cuba fica. Não tem peso econômico, com seu PIB de US$ 40 bi, nem pode exportar modelos e revoluções, mas existe, tem força simbólica e precisa vislumbrar um futuro.
"Cuba não tem a menor importância", ouve-se de embaixadores, de colunistas, de recém-formados que não passaram pela Guerra Fria nem tiveram passaportes com o carimbo esdrúxulo de "Não é válido para Cuba". Se não tem importância, por que raios a maior potência do planeta decretou, manteve e até hoje insiste num embargo cruel contra a ilha?
Se é impressionante como Fidel pôde se manter o mesmo Fidel e na mesma Cuba por meio século, é igualmente impressionante como os EUA puderam se manter irredutíveis durante todo esse tempo.
É exatamente nesse espaço que se esgueira o Brasil, habilitando-se como mediador. Não só porque queira (não é a cara do Lula?), mas porque é chamado pelos dois lados e por parceiros como Espanha e México. Juntos num "grupo de amigos de Cuba", como houve para a Venezuela, esses países vão tentar dar suporte a Raúl Castro para sair do isolamento e se integrar à comunidade internacional.
Mas ele tem de fazer a sua parte.
E, como em ditaduras não há pesquisas, não se sabe o que o povo da ilha quer. Antes de falar, é preciso ouvir. Com a palavra, os cubanos!

COMENTO

DE FATO, CUBA NÃO TEM IMPORTÂNCIA ALGUMA.
EXCEÇÃO FEITA À ESQUERDA DA AMÉRCIA LATINA E EUROPÉIA.
JUSTAMENTE POR NÃO FAZER QUALQUER DIFERENÇA, OS ESTADOS UNIDOS SE DEIXAM INFLUENCIAR POR UM BANDO DE REFUGIADOS RAIVOSOS QUE FORMARAM UM LOBBY BEM ARTICULADO EM WASHINGTON.
SABE POR QUE CUBA NÃO TEM IMPORTÂNCIA?
PORQUE SE TRATA DE UMA EXPERIÊNCIA HISTÓRICA QUE NÃO REPRESENTA UM MODELO REPRODUZÍVEL.
ELES DEPUSERAM UM DITADORZINHO, CAPATAZ DOS EUA E NÃO SABIAM O QUE FAZER.
SORTE DELES QUE ESTAVAM ÀS VÉSPERAS DO ÁPICE DA GUERRA FRIA. A PARTIR DAÍ, VIVERAM DO OURO DE MOSCOU.
QUANDO ACABOU, VOLTARAM PRA MERDA.
AGORA TEM O PETRÓLEO DO CHAVEZ.

VEJAM BEM, NÃO ESTOU DIZENDO QUE NÃO IMPLANTARAM POLÍTICAS PÚBLICAS DE SUCESSO.

PENSO QUE ESTE FATO NÃO LEGITIMA UMA DITADURA.
E, EM SEGUNDO LUGAR, ELES CONSEGUIRAM MARGEAR O DESAFIO DE QUALQUER SOCIEDADE DE ELABORAR UM SISTEMA POLÍTICO QUE DÊ SUSTENTAÇÃO A UM SISTEMA ECONÔMICO QUE PRODUZA OS BENS ESCASSOS NECESSSÁRIOS À SOBREVIVÊNCIA E OS DISTRIBUA DE FORMA JUSTA.
PELO JEITO, DISTRIUÍRAM BEM, MAS DEVEMOS RESSALTAR QUE NUNCA TIVERAM O DESAFIO DE PRODUZIR ESTA RIQUEZA.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Lady in Satin

20 de fevereiro de 1958 foi o terceiro de três dias de sessões de gravação daquele que seria o último álbum oficial de Billie Holiday: Lady in Satin.

O disco se tornou também um dos mais famosos e polêmicos da longa carreira de Holiday, por várias razões. Lady in Satin é sempre lembrado como uma obra melancólica, não só pelo repertório escolhido mas pela entrega total de Billie em cada faixa. Costuma ser comparado a In The Wee Small Hours, de Frank Sinatra, igualmente triste de doer (os dois álbuns, inclusive, têm 3 faixas em comum).

Ao mesmo tempo, é criticado pelos arranjos de cordas de Ray Ellis, excessivamente melosos e lentos, mas que a vocalista dizia adorar. Esses três dias de gravação foram, segundo se conta, os favoritos de sua carreira.

Inevitavelmente o disco é lembrado por ter chegado às lojas apenas um ano antes da morte de Holiday e mostrá-la com uma voz absurdamente desgastada e rouca. O site Allmusic diz que Billie parecia ter 73 anos e não apenas 43 e ainda assim o disco ganha 4,5 estrelas em 5. No Amazon, de 78 resenhas feitas por consumidores para o disco, 66 lhe dão 5 estrelas.

A trinca último-disco-voz deteriorada-à beira da morte envolveu o álbum numa mitologia própria, com algo de mórbida. Só que não inteiramente verdadeira.

Billie Holiday voltaria aos estúdios pouco mais de um ano depois da gravação de Lady in Satin, para outros três dias de sessões, em março de 1959. As músicas gravadas seriam lançadas apenas depois de sua morte, em julho, em coletâneas, e só mais tarde compiladas num álbum apropriadamente chamado Last Recordings.

Curiosamente a voz dela nas gravações de 1959 está bem melhor do que em Lady in Satin e os arranjos - também de Ray Ellis - menos pomposos e mais contidos.

Mas toda fama - boa e ruim - ficou para Lady in Satin, o "derradeiro" disco de Billie. Fica aqui esta pequena homenagem aos 50 anos das sessões de gravação do disco.

Pequenas coisas sobre Cuba...

...interessantes de serem lembradas esta semana.

"200 milhões de crianças no mundo dormirão nas ruas esta noite. Nenhuma delas é cubana"


Em 1958 o país tinha uma taxa de analfabetismo de cerca de 24%. Pelos dados da CIA (em seu The World Factbook), em 2007 esse índice era de 0,02% da população acima de 15 anos.

Segundo o New York Times, Cuba teve o melhor resultado em testes aplicados a crianças de ensino básico em toda América Latina, em 2001.

A Taxa de Mortalidade na ilha é a segunda menor de todo continente americano. Segundo a OMS, 7 em cada 1000 crianças cubanas morrem antes dos cinco anos. Nos EUA são 8, no Brasil 33 e no Canadá são 6. Os dados são de 2005.

A expectativa de vida em Cuba é superior a 77 anos, similar a dos Estados Unidos e melhor que qualquer outro país latino-americano.

Apesar do embargo econômico dos EUA e da crise nos anos 90, pelo fim da ajuda soviética, o IDH de Cuba é superior ao do Brasil (0,838 a 0,800)e coloca o país entre os 50 melhores do mundo.

Até com o Vietnã os EUA mantém acordo de comércio, mas Cuba continua indefinidamente sob embargo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Fidel




Eu sei que o atraso que nos deforma o espírito não é culpa do Fidel, embora ele seja um dos grandes representantes de um pensamento que atribui nossas mazelas aos outros, que vitimiza o povo, que santifica a ignorância (ao acreditar que algo, por vir do povo, é, por si só, bom) e que submete os indivíduos a uma utopia em nome de uma igualdade irrealizável.

Mas que a foto é engraçada, ah, isso é !!!

"Boleia Mortal"!

Antes de mais nada: este post é uma brincadeira. Os títulos de filme aqui citados são de Portugal, mas não é privilégio de ninguém escolher nomes ruins para traduzir os originais.

Pelo contrário, há uma enormidade de nomes no Brasil com total ausência de bom-gosto, de sutileza ou mesmo de senso de ridículo. Na Itália os tradutores também “capricham” na hora de escolher os nomes de filmes na língua local.

Esses exemplos abaixo merecem ser destacados pela incongruência entre o original e a tradução. Em alguns simplesmente se conta parte da trama e em outros parece que quem escolheu o título em português não assistiu o filme.

Ah! Justiça seja feita: não é verdade que em Portugal “Ben-Hur” se chamou “O Charreteiro Infernal”.

Vamos lá:

- The Hitcher: Bem, hitcher é simplesmente “caroneiro”. E o filme é sobre um casal que dá carona a um estranho que, na verdade, é um psicopata. Mostrando a citada falta de sutileza, no Brasil o filme se chamou “A Morte Pede Carona” tanto em 1986 quanto na refilmagem de 2007.

Em Portugal a ausência de sutileza foi igual: “Boleia Mortal”, cabendo dizer que “carona” em terras lusas é “boleia”. Não é a cabine do caminhão que é fatal, portanto.

- Eternal Sunshine of the Spotless Mind: Caso raro de tradução quase literal, no Brasil o filme se chamou "Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças”. Não consigo entender por qual motivo um filme sobre alguém que tem memórias apagadas se chamaria “O Despertar da Mente”, mas esse foi o título em Portugal.

- 50 First Dates: Comédia sobre um sujeito que se apaixona por uma mulher que sofreu um acidente e não guarda lembranças por mais de 24 horas. A cada dia é como se ela o visse pela primeira vez. No Brasil se chamou “Como se Fosse a Primeira Vez”, tão óbvio quanto o original.

Em Portugal a escolha por “A Minha Namorada Tem Amnésia” não só antecipa (e estraga) a cena onde o personagem descobre o problema da menina como ainda define a doença de forma errada. Aliás, mesmo erro cometido no Brasil com o filme “Memento”, onde o personagem tinha perda de memória recente e o título nacional era “Amnésia”.

- Vertigo: O clássico de Hitchcock se chamou “Um Corpo Que Cai” no Brasil. Nada contra, apesar da desnecessária invenção de outro nome. Se “Psycho” se chamou “Psicose”, poderíamos muito bem ficar com “Vertigem”.

Mas em Portugal (e na Itália!) o título escolhido é uma pérola: “A Mulher Que Viveu Duas Vezes”. Acabou-se, antes de entrar na sala de cinema, com qualquer chance de aproveitar o suspense da trama. Em italiano o nome era “La Donna che visse due volte”.

- Die Hard: a série que lançou Bruce Willis ao estrelato no Brasil ficou como “Duro de Matar” mesmo. Em Portugal a escolha foi “Assalto ao Arranha-Céu”.

Até aí tudo bem, afinal o filme se passa em um enorme prédio. Veio a continuação, que se passava em um aeroporto. A escolha em Portugal foi tranqüila: “Assalto ao Aeroporto”.

Mas a série continuou, anos depois, e no terceiro filme a lógica anterior foi por água abaixo. O nome escolhido foi “Die Hard: A Vingança”. Já o último filme virou “Die Hard 4 – Viver ou Morrer”. Como assim? “Assalto”, “Assalto 2”, “Die Hard” e “Die Hard 4”?

Isso me lembrou a confusão no Brasil com a série “Evil Dead”, onde cada um dos três filmes teve um nome e foram lançados fora de ordem.

- Planet of the Apes: o melhor ficou para o final. No mundo todo o filme ganhou títulos literais (O Planeta dos Macacos, El Planeta de los símios etc). Menos em Portugal, onde o filme (apenas o original, de 1968) foi chamado de “O Homem Que Veio do Futuro”.

Ainda que se deixe de lado a curiosidade sobre o tortuoso caminho que levou o filme a ter outro título, quando o original era tão óbvio, fica o sensacional fato de que o personagem principal não veio do futuro, ele veio do passado!

Não consegui imagem melhor, mas vale como registro do genial título luso


Fidel Renuncia

Amigos, o momento é grave. O líder máximo dos latinos renunciou ao cargo que ocupou durante tanto tempo, com tanto proveito para os oprimidos povos da periferia do capitalismo. O momento é de reflexão.














A imprensa imperalista, como sempre, não perdeu tempo, e alguns órgãos da imprensa burguesa chegaram mesmo a dizer que nosso líder teria abandonado os cubanos, unindo-se a um grupo do showbiz gringo, trocando a gloriosa revolução por uns míseros dólares ianques.
















Mas nada temam, meus amigos, mesmo que em um futuro próximo nos vejamos privados da luz que nos guiou até aqui, um novo campeão da justiça surgirá, como digno herdeiro de nosso mestre











Viva la Revolución!

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Mudando de assunto - Conheçam Connie Talbot

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Não adianta! anos de free-jazz, rock progressivo, rock pesado em geral e eu tenho de confessar que fiquei emocionado. Conheçam Connie Talbot, seis anos e um grande potencial. Essa menininha participou do reality show "Britains Got Talent", um programa da franquia "American Idol", com participação do implacável Simon Cowell, que costuma humilhar e detonar os participantes do televisivo similar norte-americano.

Connie chegou até as finais e, mesmo perdendo para os impecáveis "Nessunsdormas" do garçon Paul Potts, foi contratada e já gravou seu primeiro álbum, contendo músicas apropriadas para a sua (ainda) pequena voz, tais como "Ben", "Imagine" e "What a Wonderful World".


Sim, na passada do primeiro para o segundo verso ela perde um pouco o tom e sua respiração obviamente não está correta, mas o que se pode esperar de uma menina desta idade ? O alcance das notas mais altas é perfeito e os pequenos vibratos são de uma maturidade impensável para alguém tão jovem.

Os periódicos anunciam que ela vem ameaçando o reinado de outros artistas britânicos tais como Take That e Spice Girls.

Eu digo: algumas "musas do pop brasileiro", "rainhas do axé", "princesinhas do funk" e outras farsantes já devidamente cognominadas, e que nos são empurradas goela abaixo todo dia, deveriam, a partir de agora, ter vergonha de sair de casa.

"The Economist", edição de 07 de fevereiro

FAMÍLIAS FELIZES
Um programa de combate à pobreza inventado na América Latina ganha repercussão internacional

FALE em globalização e as pessoas pensam em produtos cruzando o mundo do leste ao oeste enquanto dólares fazem o caminho inverso. Ainda assim, a globalização funciona com idéias também. Observe-se o programa de combate à pobreza BOLSA FAMÍLIA do Brasil, o maior em todo mundo nesta categoria. Conhecido no jargão de desenvolvimento como programa de “transferência de renda por condicionalidade”, ele foi moldado (em parte) sobre um programa similar do México. Após ser testado em larga escala em diversos países da América Latina, uma versão melhorada foi recentemente implementada em Nova York na tentativa de ampliar as oportunidades para crianças oriundas de famílias pobres. Membros do Governo Federal brasileiro estiveram no Cairo esta semana para ajudar o Governo Egípcio montar um programa similar. “Governos de todo o mundo estão observando este programa”, diz Kathy Lindert do escritório do World´s Bank em Brasília, que deve iniciar programas parecidos na Europa do Leste.

O Bolsa Família atua da seguinte maneira: nas famílias que recebem menos de 120 reais ($68) por pessoa ao mês, as mães recebem um benefício de até 95 reais com a contrapartida de que seus filhos freqüentem a escola e participem dos programas de vacinação do governo. Aos municípios cabe a compilação das informações de compatibilidade e atendimento às condicionalidades, mas os pagamentos são mantidos pelo Governo Federal Cada beneficiário recebe um cartão de débito para os pagamentos mensais, contanto que as condicionalidades sejam cumpridas; do contrário (após avisos) o pagamento é suspenso. Estima-se que 11 milhões de famílias recebam o benefício, o que equivale a um quarto da população brasileira.

No Estado nordestino de Alagoas, um dos mais pobres do Brasil, mais da metade das famílias integram o Bolsa Família. Das demais, a maioria recebe pensão do Estado. “É como a Suécia ensolarada”, diz Ícero Péricles de Carvalhos, um economista da Universidade Federal de Alagoas. Até certo ponto. Por volta de 70% da população de Alagoas é analfabeta ou sequer concluiu o ensino primário. A expectativa de vida é de 66 anos, seis abaixo da média brasileira. “Em termos de desenvolvimento”, diz Sérgio Moreira, o secretário de planejamento alagoano, “Alagoas está mais próximo de Moçambique do que partes do Brasil”. A compra de votos é ampla: vendeu-se votos na última eleição para Governador por 50 reais (em média). “Pessoas chegam até nós reclamando que venderam seus votos para um político e que ele não as pagou ainda”, diz Antônio Sapucaia, o presidente do Tribunal Eleitoral de Alagoas.

Enquanto garante ajuda imediata aos pobres, o Bolsa Família almeja um objetivo de longo prazo para encerrar esta cultura de dependência em garantir que as crianças recebam uma educação melhor que os seus pais. E já há alguns sinais encorajadores. A freqüência escolar aumentou em Alagoas, bem como em todo país, graças ao Bolsa Família e a um programa anterior chamado Bolsa Escola.

O programa também ajudou a pobre região nordeste a superar a média nacional de crescimento econômico. Isso auxiliou na redução da desigualdade de renda no Brasil. Ainda que apenas 30% da força de trabalho de Alagoas de 1,3 milhão de pessoas possua um emprego formal, mais de 1,5 milhão tinham celular no ano passado. “Os pobres estão vivenciado o crescimento chinês”, diz Aloizio Mercadante, senador por São Paulo, repetindo o orgulhoso discurso do Partido dos Trabalhadores que governa o país.

Procure com atenção e é possível também encontrar negócios disseminados por esta ampliação do consumo entre os pobres. Pedro dos Santos e sua esposa Dayse montaram uma fábrica de sabonete com 20 reais na sua casa em uma favela de Maceió, capital de Alagoas. Com a ajuda de micro-crédito eles aumentaram a produção diária para 2 mil barras de sabão em pedaços cor de mostarda. Ali perto, outro beneficiário de micro-crédito abriu uma loja de bebidas, lanches e doces. Na parede da loja uma lembrança que a política do Estado custará a mudar: um pôster de campanha eleitoral com o slogan “Collor: o Senador do povo”. Fernando Collor foi obrigado a renunciar como presidente do Brasil em 1992 após seu chefe de campanha comandar um esquema ilícito de tráfico de influência. Em seu Estado, porém, a carreira política do sr. Collor é próspera.

Apesar do sucesso imediato do Bolsa Família, três preocupações continuam. A primeira diz respeito à fraude. Como o dinheiro é pago diretamente ao cartão do beneficiário, há pouco controle esta saída de dinheiro. A questão é se os governos locais estão ou não apurando informações corretas e fiscalizando o cumprimento das condicionalidades. Em torno de 15% dos conselhos municipais afirmam de maneira improvável que 100% das crianças estão na escola 100% do tempo. Apesar disso, a maior parte do dinheiro vai para as pessoas certas: 70% vai para os 20% mais pobres, afirma o World Bank.

Segundo, algumas pessoas receiam que o Bolsa Família manter-se-á como um aspecto da sociedade brasileira, e não um implemento temporário para ampliar oportunidades. Se isso acontecerá ou não dependerá em grande parte de as escolas públicas brasileiras se desenvolverão de forma rápida para garantir ensino de qualidade. Desde o começo do programa em larga escala (2003) é ainda cedo para afirmar.

Terceiro, o Bolsa Família é associado com a compra de votos. Isso é injusto. O nome de Luiz Inácio Lula da Silva é fortemente associado ao programa – mesmo entre algumas pessoas de Alagoas que sequer sabem que ele é o presidente. Mas a gratidão deles não se estende ao PT. Há sinais que prefeitos que gerenciam bem o programa são agraciados nas eleições, o que não vale para aqueles que não administram bem o Bolsa Família. Por um relativamente modesto esforço (0,8% do PIB), o Brasil recebe um bom retorno. Se ao menos o mesmo pudesse ser dito de tudo mais com que o governo gasta.

(o texto original pode ser lido aqui. A tradução é do jornalista Paulo Henrique Amorim)

...enquanto isso em Moçambique

Oposição Construtiva:
É o que Moçambique Precisa Hoje



Como jovem da geração pós-independência, tenho acompanhado atentamente os artigos publicados nos jornais electrónicos sobre figuras consideradas reacionárias no momento da revolução moçambicana. Concretamente sobre Urias Simango, Adelino Gwambe, Joana Simeão entre outros. Muita dissonância, contradições e acusações, poucas reações e ainda muita falta de verdades. Infelizmente!
Entendo que é uma verdadeira busca sobre factos que foram omitidos numa fase da história moçambicana e isso interessa-nos bastante por não termos vivido esse momento.
Contudo, nesta dissertação pretendo fazer uma análise inspirada no pequeno texto do mestre João Craveirinha na sua reacção ao documento escrito pelo senhor João Manuel Cabrita sobre o Pensamento Político de Joana Simeão. Sobre a parte em que o mestre contesta Cabrita em relação à Joana, nada tenho a dizer, mas interessou-me bastante a seguinte frase: “...mas o que acontece é que infelizmente neste momento nem nos próximos não existe alternativa à Frelimo...existe um vazio que não está a ser preenchido a todos os níveis...” “...como se tem visto um pouco por esse Mundo em que a Frelimo está sempre presente...e os outros oponentes nem sempre aparecem...”
Quero eu entender, nas palavras do mestre, que esse vazio devia ser preenchido por uma oposição forte, coerente e construtiva. Uma oposição que ao em vez de dançar a música tocada pelos outros, consegue realmente impor a sua presença e fazer com que sua música seja ouvida e também dançada.
Na acepção deste texto, oposição significa grupo de pessoas ou partidos que se opõem à opinião da maioria ou à opinião dominante. Normalmente não participam do governo e se levantam em determinadas questões contra apolítica daqueles que estão no poder.

Esse levantar não significa necessariamente negar e contestar, mas fiscalizar e apresentar melhores propostas de uma planificação e uma execução inclusiva dos planos do governo, ou seja, com poucos gastos, muitos ganhos e satisfazendo a maioria.

O actual governo do presidente Guebuza foi muito criticado depois da sua constituição, pois, de acordo com alguns analistas, está fortemente partidarizado e quase não qualificado em termos de técnicos e profissionais capazes de colocar a máquina a funcionar.

Joseph Hanlon, jornalista britânico, afirma no seu texto de 15 de Julho de 2005, intitulado O Novo Governo. Ventos de mudança sem clara direcção que: “A maior parte dos ministros e governadores (do Governo de Guebuza) não têm experiência para um nível tão alto e inevitavelmente alguns vão falhar”. Tinha razão na profecia e mais do que falhar, muitos até agora ainda não conseguiram fazer o mínimo do que deviam fazer, por dois motivos:

O primeiro está relacionado com a falta de planos e metas concretos a serem atingidas. Muitas vezes o que se acompanha é que se estão a tomar medidas para responder a uma determinada situação, que está sendo realizado um estudo, que estão sendo juntados recursos para tal e, no entanto poucos são os resultados concretos. Parece que certas acções são tomadas de imediato, ou por improviso, sem prévio plano.

O segundo está relacionado com uma falta de visão futurista e capacidade técnica para implementar o que está programado. Não basta ter programas, ter metas e objectivos, é preciso ter capacidade para levar a cabo acções que à curto, médio e longo prazo possam materializar o que se pretende.

Este governo, para além de muito falhar, pouco vai fazer até ao fim do seu mandato. Neste ponto a responsabilidade é repartida em dois, uma parte para si mesmo e a outra parte cabe à oposição. Entenda-se aqui por oposição, tanto os partidos políticos bem como os acadé-micos que dominando o conhecimento têm a obrigação de contribuir pelo país.

Uma oposição ao governo deve ao mesmo tempo constituir uma alternativa governativa. Deve ser que nem um pneu sobressalente. Aquele que o motorista precisa para substituir o principal quando rebenta. A oposição precisa sempre estar preparada, organizada e consciente de que a qualquer momento pode tomar o poder. A oposição ao governo deve nutrir a confiança de uma boa parte da população e em troca oferecer a segurança exigida a todos que almejem tomar o poder e governar.

A oposição moçambicana é o contrário. Fora das vésperas eleitorais, os mais de 30 partidos da oposição à Frelimo, são quase todos inexistentes e nas poucas vezes em que aparecem é para na sua maioria cometerem grandes gafes.

Desconhece-se um programa alternativo de governação. Não existe trabalho com a mídia no sentido de se divulgar ideias originais e programas eficientes na resolução dos maiores problemas que assolam o país, tais como a corrupção e a pobreza absoluta. Na maioria das vezes a oposição só aparece para criticar e falar mal da Frelimo.

Não se conhece um programa permanente com estudantes, tanto secundários como universitários no sentido de inclui-los na vida política da sociedade. Não se conhece um programa dos políticos na oposição para a saúde, não há um trabalho com doentes nem com enfermeiros. Não há trabalho nas prisões nem com os transportes públicos. Nenhum já apresentou uma proposta de água potável para todos nem um programa de energia eléctrica mais barata para o cidadão. Quase nenhum partido tem um programa a ser levado a cabo a favor do idoso, das viúvas ou das crianças de rua.

Quem não pode o menos não pode o mais. Antes de tomar o poder os partidos políticos na oposição po-diam sim levar a cabo pequenas acções na comunidade em que estão inseridos, mostrando que são capazes de muito mais quando tomarem o poder. Pequenos exemplos constantes e progressivos de planeamento e gestão pública seriam muito vitais nas campanhas eleitorais.

Os partidos políticos na oposição com assentos na Assembleia da República deviam muito bem apresentar propostas de leis mais abrangentes, mais inclusivas e mais construtivas duma sociedade de justiça e igualdade social. Não há maior privilegio no exercício do poder, que a capacidade de influenciar a formulação das leis. Era uma oportunidade para a oposição apresentar propostas de leis anticorrupção, de políticas públicas contra o desemprego, analfabetismo, mendicidade, marginalização, fuga de técnicos para o exterior, defesa do consumidor, direitos humanos e outros.

A nossa oposição não participa da reforma legislativa, não fiscaliza o governo, não dialoga com o cidadão nem se preocupa com a gestão da coisa pública. E uma oposição não séria, contraditória e preocupada coma sua própria sobrevivência. É uma oposição que quer pensar o poder e aprender a governar e gerir conflitos quando ganhar as eleições.

Na medida em que a Frelimo vai falhando e cometendo erros de governação, ela vai ao mesmo tempo aperfeiçoando-se e preparando-se para o outro mandato, pelo contrário, a oposição vai se divertindo e se despreparando para ganhar as eleições. Neste momento, embora a proposta da Frelimo não seja ideal para o tipo de governação que Moçambique necessita, fora dela não existe uma outra que valha a pena apostar, isso porque a oposição não sabe desempenhar o seu papel. Mas também não concordo que num futuro muito breve não possamos ter uma oposição séria.
Custódio Duma – Jurista

Publicado originalmente em "O AUTARCA" – 07.06.2006 => Extraído de http://macua.blogs.com/ (Moçambique para todos)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Resposta ao texto "A política pequena da oposição BBB"

Quanto à falta de boa vontade da oposição, o PT não pode reclamar.

Trata-se de um partido que construiu, dia-a-dia, uma fortíssima oposição ao governo tucano. Beirou o golpismo com a campanha FORA FHC!.

A ação que corre no STF coloca nas mãos do Judiciário a decisão sobre um tema que interessa a todos. Não há arbítrio.
O que move a CPI dos Cartões é a curiosidade pública sobre como um governo pode ser, no mínimo, desorganizado. Não creio que Lula, fora alguns luxos questionáveis, tenha tirado proveito desta gastança. O que incomoda é a leniência com a corrupção.

Quanto à Gramsci, vale ressaltar que o fato de ter sido preso pelo fascismo não o transforma em herói do pensamento social. Sua teoria defende a superação da necessidade da revolução, sendo a melhor forma de destruir a sociedade burguesa a infiltração de elementos de esquerda em suas fissuras. Era preciso corroer o sistema liberal-capitalista por dentro, explorar as suas contradições, construir a hegemonia de um partido de forma paulatina. Ninguém conseguiu, incluindo os teóricos fascistas que ele combatia, ser tão profundo na defesa de uma teoria totalitária como Gramsci.

Talvez um ou outro queira tirar o “foco do aspecto central do momento político”, mas isso, deve-se ressaltar, não tira a legitimidade das investigações. Os motivos espúrios de alguns não podem servir de desculpa para se afastar a necessidade de se dar nome aos bois !
O que os “Heráclito Fortes, Agripino Maia e Álvaro Dias” da vida tem por prática política não me serve de critério para definir o que posso ou não exigir do governo.
Outra coisa: quer dizer que eles não são regidos por princípios, não praticam a Política Cidadã, mas Professor Luisinho, Luís Paulo Cunha e outros são exemplos de prática política?
Quanto à acusação de obstrução de votações no Congresso, só pode ser para rir... Trata-se de prática normal da oposição em qualquer parlamento do mundo...

A conclusão só pode ser uma: quando a mídia denunciava, exatamente da mesma forma, o governo FHC, estava tudo bem. Agora, que o PT prova do mesmo veneno, é golpe contra a democracia.
Governo, seja qual for, tucano, petista ou pefelê, tem que prestar contas, tem que ser criticado, tem que agüentar o ônus de ser governo.
Até porque o bônus vale a pena.

Site "Carta Maior", ontem

A política pequena da oposição BBB
Gilson Caroni Filho

Incapaz de implementar um projeto de país, a oposição ao governo Lula não se faz de rogada. Descarta qualquer possibilidade institucional de diálogo partidário e abraça, com apoio da grande imprensa, a política miúda. Despe-se de qualquer veleidade republicana, troca o debate público pelos cochichos nos corredores do Congresso e faz da chantagem e dos conchavos golpistas os elementos centrais de ação política.

Para as principais lideranças do PFL (DEM) e do PSDB, o que deve ser preservado é a exclusividade de suas demandas. Ao contrário do que argumenta Arthur Virgílio, em mandado de segurança ajuizado no STF,o que interessa no acesso aos dados sigilosos dos cartões corporativos da Presidência da República não é "a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e entidades da administração direta e indireta" Esse é o pretexto usado pelo senador amazonense, lugar-tenente de FHC. O que se tenta atingir tem profundidade maior.

O que move a CPI dos Cartões é a necessidade de impor uma agenda que tire o foco do aspecto central do momento político: a possibilidade, cada vez mais concreta, de o país, quebrando estruturas antiquadas, entrar completamente na modernidade, aprofundando as transformações sociais que se impõem. O que preocupa, e muito, é uma estratégia governamental que desenvolve cidadania ativa, produz alocação eqüitativa de recursos e promove o controle social do Estado.

Nunca é demais lembrar o que escreveu Marco Aurélio Nogueira, em seu livro "Defesa da Política", publicado em 2001 pela Editora Senac:"a política dos politiqueiros dedica-se a viabilizar aquilo que Gramsci chamava de 'pequenas ambições'. Trata-se de um tema decisivo. A política não se separa da ambição: quem não aspira ao poder, à possibilidade de influenciar ou à pretensão de assistir ao triunfo de uma causa, não se coloca no terreno da política(...) Como Gramsci observou numa luminosa nota dos Cadernos do Cárcere, a ambição assumiu um significado negativo e desprezível por duas razões principais: porque se confundiu inteiramente a grande ambição com as pequenas ambições e porque a ambição muitas vezes 'conduziu ao oportunismo mais baixo, à traição dos velhos princípios e das velhas formações sociais que haviam dado ao ambicioso as condições para passar a um serviço mais lucrativo e de rendimento mais imediato'. Subindo ao primeiro plano, as pequenas ambições arrastam consigo as ambições nobres e generosas"

O parágrafo acima enquadra com precisão o comportamento recorrente da direita nativa. Heráclito Fortes, Agripino Maia e Álvaro Dias, entre outros, encenam a opereta do atraso sem qualquer interpretação original. Não são motivados por princípios éticos ou desejo sincero de investigar irregularidades no uso dos cartões. Querem apenas encurralar o governo com uma agenda derrotada. Não praticam a Política Cidadã que visa à ampliação da esfera pública, pelo contrário, se empenham em mantê-la no regaço estreito de uma "democracia de classe média".

Ignoram preceitos regimentais para a a formação do comando de uma CPI e ameaçam obstruir votações no Congresso caso seus pleitos não sejam atendidos. Pretendem, se possível com apoio do STF, impor a ditadura da minoria e, sem qualquer pejo, apresentam-se como " paladinos" do Estado Democrático de Direito.

Quem melhor explicita os objetivos de pequena estatura política é o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia( demo do PFL carioca). Em seu boletim eletrônico de 11 de fevereiro, não tergiversa. Mostra qual é a visão de mundo dos que se opõem ao governo: "Os cartões dão um sabor especial em questões de intimidade e privacidade, que sempre tem audiência à vontade. Uma espécie de BBB de pequenas despesas. Mesas de sinuca, churrascarias, bonecos de pelúcia, free-shops, vaidades femininas... já fazem a festa do noticiário. Mas agora ao vivo e a cores. E com mais detalhes, inebriantes."

Textualmente, esse é objetivo da CPI: antecipar o início do reality show global. Conhecem o "anjo" e sabem que serão imunizados. E fazem qualquer coisa para reconquistar a "liderança". O prêmio? Um país sem problemas no balanço de pagamentos e produção industrial crescente. Algo a ser destruído o mais rápido possível.

Esses americanos se amarram em música caipira



O disco de volta dos Eagles, o cd duplo "Long Road Out Of Eden", recebeu sete discos de platina da RIAA (a ABPD dos States)no mês de janeiro, o que significa que o álbum já vendeu mais de sete milhões de cópias vendidas.

O quarentão Garth Brooks também se deu bem. Sua mais nova coletânea de maiores sucessos - The Ultimate Hits - com trinta e poucas músicas e mais um DVD, já vendeu cinco milhões de cópias. E olha que ela foi lançada em Agosto de 2007.

Cora Rónai. O Globo, ontem.

Não há ideologia que justifique

Eu ainda acredito, como diz o Millôr, que imprensa é oposição, o resto, armazém de secos e molhados (para quem chegou ontem: pequena loja de bairro, precursora dos supermercados). Acho o jornalismo uma das mais nobres profissões, sobretudo em sua filosofia básica; o mesmo eu poderia dizer da filosofia da profissão médica, por exemplo, embora, numa e noutra profissão, muitos nem percebam a glória do que fazem, tornando-se indignos da "missão" que exercem.

Pode ser efeito colateral do joelho quebrado, pode ser ataque de saudosismo, mas o fato é que já vivi um tempo em que o, digamos, “ecossistema”, me dava mais alegrias. É claro que havia, como sempre houve, jornalistas a favor – há quem diga a soldo -- do governo. Bajular os poderosos dá lucro, quando não prestígio, que tantos perseguem.

Mas as águas de então estavam bem divididas: eles eram “eles”, nós éramos “nós”. Havia um inimigo comum. Além do que, e não é pouco!, tínhamos menos de 30 anos, às vezes pouco mais de 20. “Eles” tinham colunas e empregos públicos, candidatavam-se, enveredavam pela política sem constrangimento. “Nós” acreditávamos, sem duvidar, que o papel da imprensa era combater a ditadura, e que, derrotada esta, estariam derrotadas também a corrupção e a impunidade. Ganhávamos pouco, às vezes ridiculamente pouco. Não chegávamos, como a Amélia, a achar bonito não ter o que comer -- mas não faltava muito para isso.

Até que, um dia, apareceu um agrupamento político chamado PT, e o meio de campo começou a embolar. Isso não ficou claro à primeira vista, pelo menos não para aqueles de nós que ou éramos mais ingênuos, ou já não andávamos diretamente envolvidos em política. Eu me enquadrava nas duas categorias, e ia em frente. Mas minha ficha caiu quando, um dia, voltando de uma feira de tecnologia, com a jaqueta enfeitada com lindos pins e buttons de sistemas operacionais e de chips, levei um dedo no nariz de uma estagiária do JB que, até então, me parecera boa pessoa:

— Por que não está usando o button do PT?!

Levei um susto. Aquele gesto e aquela voz autoritária podiam ter saído de qualquer zona histórica "alienígena", sinistra.

— Exatamente por causa disso, respondi, mas acho que ela não entendeu. Eu, porém, entendi. Não havia mais "nós" e "eles". Havia patrulha e rancor, também entre "nós". Não havia mais o bom combate ou o livre pensar; havia apenas uma ideologia, como todas muito cômoda, construída com bloquinhos de lugares comuns que não exigiam grande raciocínio de ninguém. Ai de quem não compactuasse.
* * *
Quando Lula ganhou as eleições, achei que o mundo das redações voltaria à normalidade. Poder é poder. Imaginar que existe poder "de esquerda" é de uma ingenuidade que não combina com o cinismo e a desconfiança que, em tese, andam de mãos dadas com o jornalismo. Mas, obviamente, maior ingenuidade ainda é supor que quem se ajeita a uma bitola ideológica, por interesse ou por idealismo, guarda alguma capacidade de pensar por conta própria. Sobretudo quando a tal bitola começa a se mostrar lucrativa.
* * *
Já me prometi mil vezes não falar mais nisso e esquecer que hay gobierno soy contra, até porque o governo não está nem aí para o que nós, imbecis também conhecidos como contribuintes, achamos ou deixamos de achar. Quando o sangue me ferve nas veias (vale dizer todos os dias, quando pego o jornal), brinco de faz-de-conta: tento acompanhar o noticiário como se morasse em outra galáxia. O diabo é que há coisas que não há Star Trek que resolva. Agora mesmo, não sei o que me deixa mais perplexa e indignada na farra dos cartões corporativos, se o roubo descarado do nosso dinheiro, ou o contorcionismo mental de colegas, que já considerei gente de boa reflexão, tentando defender essa nojeira.

Os argumentos são espantosos. Aquela ex-ministra racista, que acha tão normal negros odiarem brancos, está, obviamente, sendo vítima de pessoas que não a conhecem; ora, se até o Zé Dirceu já garantiu que ela não agiu por má-fé! Roubou sem querer, a coitada, e a Grande Imprensa, branca e machista, lá, nos seus calcanhares. O outro comprou uma tapioca de míseros oito reais, e a Grande Imprensa, uivam os jornalistas amestrados, dá o fato em manchete. Como se o que estivesse em discussão não fosse o como, mas o quanto. Para não falar na eterna ladainha do governo, repetida como um press-release que, a essa altura, sequer tem o benefício da novidade: “na época do FhC era a mesma coisa”. Mas, perdão: não foi para isso que a atual corja foi eleita?! Para mudar tudo o que estava errado?! Para implantar um sentido ético no trato da coisa pública?!
* * *
O pior é que tanto faz quanto tanto fez. Enquanto o nosso dinheiro paga qualquer leviandade protegido pelo manto putrefato da “Segurança Nacional”, enquanto jornalistas arrastam a profissão na lama defendendo a corrupção, os poderosos, às nossas costas, se entendem. As famiglias ficarão a salvo.

“Eles” venceram.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

"Oh, crianças, isso é só o fim"

Ambos nasceram em setembro de 1976. Ambos foram geniais esportistas, cada um a seu modo. Ambos sucumbiram a contusões e limites do próprio corpo.

Gustavo Kuerten, disparado o melhor tenista que o Brasil já teve - até por ter o país tido tão poucos com relevância. Guga jogou bem por vários anos e foi excepcional num curto período, quando se tornou o melhor do mundo, em 2000. Apenas nove tenistas na história ficaram mais tempo que Kuerten em primeiro lugar no ranking da ATP, de forma consecutiva. A partir de 2001, problemas crônicos no quadril começaram a impedi-lo de jogar no mesmo nível de antes.

Ronaldo "Fenômeno" Nazário, com currículo e história tão conhecidos que é bobagem repetir aqui.

Ontem, Guga se despediu de torneios profissionais no Brasil, ao disputar e perder o primeiro jogo do Aberto da Costa do Sauípe. O adversário foi o não mais que mediano argentino Carlos Berlocq (melhor colocação da carreira na ATP: 66º, em 2007). Foi parte da "turnê de despedida" que o tenista planejou fazer antes de abandonar as quadras definitivamente. Pretende seguir até Roland Garros, onde foi tricampeão.

Depois do jogo, falando (em meio a lágrimas) com o público, Guga disse que queria muito seguir jogando. Mas simplesmente não consegue mais.

Ronaldo também não consegue mais jogar há tempos. Com boa vontade dá para dizer que desde a Copa de 2006 - mas só com boa vontade mesmo. Com a camisa do Milan Ronaldo não havia jogado sequer o equivalente a quatro jogos completos na temporada atual. Foram 269 minutos em campo.

Há mais de um ano Ronaldo não consegue uma sequência de jogos sem se contundir. Sempre pequenas lesões. Fruto de uma estafa muscular, causada pelo problema no joelho direito, e toda carga de musculação e fisioterapia para se recuperar? Excesso de peso e excessos em noitadas? Não sou médico para saber. Mas lembro do Zico dizendo que não parou de jogar no Flamengo por causa do joelho, recuperado após as cirurgias, mas por causa da panturrilha.

Hoje, Ronaldo arrebentou o joelho esquerdo, três minutos depois de entrar no jogo, no início do segundo tempo. As previsões médicas falam em pelo menos nove meses para poder voltar a jogar. Domingo passado ele havia sido substituído no intervalo por estar com dores no mesmo joelho, em razão de uma tendinite.

Após anos de insistência, treinos, cirurgias e decepção, Guga resolveu largar o tênis profissional. Enfim pode dizer que queria jogar mas não consegue.

Quando vamos ouvir Ronaldo dizer o mesmo? Apesar da contusão de hoje, acho difícil que seja agora. Não só por ele não ter ainda admitido a si mesmo o que Kuerten admitiu, que o fim da carreira já chegou. Mas também, talvez, pela falta de liberdade de pôr término à vida profissional como atleta, preso que está a contratos publicitários a granel.

O verdadeiro problema de Hillary com Martin Luther King

Prezados amigos,

antes do texto, publicado originalmente na Carta Maior, gostaria de enfatizar que, para mim, sua importância reside, sobretudo, na descrição de como uma atitude burocrática, embora recheada de boas intenções, pode empobrecer o sistema democrático.
A autora, Barbara Ehrenreich, goza de grande reputação como pesquisadora das classes sociais nos EUA. Esta atividade de pesquisa tem ocupado toda sua vida desde que se infiltrou, usando um disfarce de si mesma, na classe operária que recebe salários de miséria, em seu já clássico Nickel and Dimed [Por quatro centavos], um relatório exaustivo das enormes dificuldades pelas que passam muitos norte-americanos que precisam trabalhar duramente para sair adiante.


O verdadeiro problema de Hillary com Martin Luther King

Os direitos civis dos negros não foram conquistados por homens (ou mulheres) trancados em escritórios. Foram ganhos por um movimento de massas de milhões de pessoas que marcharam, ficaram sentadas, suportaram prisão, tiros e surras pelo direito ao voto e a transitar livremente.

Barbara Ehrenreich

No começo pensei que era outra trapaça branca com a cultura negra e a criatividade: os Rolling Stones apropriando-se do Bo Diddley beat, Bo Derek praticando esporte com o cabelo cheio de trancinhas e agora Hillary, dando crédito a Lyndon Baines Johnson para votar a lei de direitos de 1965. Se essa honra já foi concedida a um branco, LBJ era uma curiosa opção desde que passou toda a convenção democrata de 1964 manobrando para evitar que o Partido Democrata pela Liberdade do Mississippi conseguisse ocupar sequer uma cadeira dos dixiecrats. Segundo os critérios de Clinton, em 1972 deveríamos ter confiado em que Richard Nixon ia legalizar o aborto.

Mas o comentário de Clinton sobre LBJ revela algo ainda mais preocupante do que a surdez racial: uma teoria da mudança social que é tão elitista como incorreta. Os direitos civis dos negros não foram conquistados por homens (ou mulheres) trancados em escritórios. Foram ganhos por um movimento de massas de milhões de pessoas que marcharam, ficaram sentadas, suportaram prisão, tiros e surras pelo direito ao voto e a transitar livremente. Alguns eram estudantes e pastores, muitos eram agricultores pobres e trabalhadores urbanos. Ninguém tentou ainda fazer uma lista com seus nomes. Também é problemático, evidentemente, que se reduza o movimento pelos direitos civis a dois nomes: Martin Luther King Jr. e Rosa Parks. O que aconteceu com Fannie Lou Hammer, que chefiou a delegação do Partido Democrata pela Liberdade do Mississippi na convenção de 1964? E com Ella Baker, Fred Hampton, Stokely Carmichael e centenas de outros líderes?

A teoria da história das grandes personalidades pode simplificar a escrita de livros didáticos, mas não lança luz sobre como a mudança realmente ocorre. Os direitos das mulheres, por exemplo, não foram obtidos por Betty Friedan e Gloria Steinem enquanto elas tomavam chá. Tal como Steinem seria a primeira em reconhecer, o movimento feminista dos anos setenta fincou suas raízes em volta de mesas de cozinha e de cafés, impulsionado por centenas de milhares de mulheres anônimas e fartas de serem chamadas de meu bem no trabalho e de serem excluídas dos trabalhos “de homens”. As estrelas da mídia, como Friedan e Steinem fizeram um brilhante trabalho de proselitismo, mas precisaram de um exército de heroínas anônimas para encenar os protestos, organizar conferências, repartir pasquins e difundir a mensagem para a vizinhança e os colegas de trabalho.

Mudança, este ano, é um grito de guerra democrata, mas se eles não sabem como ocorre a mudança, não estão preparados para promovê-la por si mesmos. Um caso ilustrativo é o plano de “reforma sanitária” de Clinton, de 1993. Ela não fez nenhuma viagem pelo país para ouvir o que as pessoas tinham a dizer a esse respeito, nem teve reuniões televisionadas apresentando comoventes testemunhos locais. Em vez disso, juntou durante meses uma tropa de especialistas e palacianos em reuniões a portas fechadas, algumas rodeadas de tanto segredo que até os próprios participantes foram proibidos de usarem lápis ou caneta. Segundo David Corn, de The Nation, quando Clinton foi informada de que 70% dos americanos pesquisados eram favoráveis a um sistema de pagamento individual, respondeu com sarcasmo: “agora me diga alguma coisa interessante”.

Poderia ter feito as coisas de maneira diferente, de um modo que não deixasse os 47 milhões de americanos sem cobertura sanitária que existem atualmente. Poderia ter começado percebendo que não ocorrerá nenhuma mudança real sem a mobilização das pessoas comuns que querem a mudança. Em vez de seqüestrar a si mesma com economistas e consultores de negócios, poderia ter se reunido com organizações de enfermagem, grupos de médicos, sindicatos de trabalhadores sanitários e advogados de pacientes. E, depois, poderia ter ido até a população e dizer: estou trabalhando por uma mudança séria na forma de fazer as coisas e será necessário vencer duras resistências, ou seja que vou precisar de todas as formas possíveis de apoio.

Mas ela fez do seu jeito e acabou com um plano de 1300 páginas do qual, de um lado e de outro, ninguém gosta e que ninguém sequer compreende, o que demonstra que a mudança histórica não é feita pela garota mais elegante, mesmo que ela divida a cama com o presidente. Da mesma maneira, ignorou o movimento contra a guerra desta década e perdeu, com isso, um incalculável número de votantes democratas, feministas incluídas.

Eu gostaria de pensar que Obama, com sua experiência na organização da sua comunidade e com sua insistência em estimular as pessoas, entende tudo isto um pouco melhor. Mas, seja qual for o presidente eleito este ano, não haverá nenhuma mudança real de cunho progressista sem um movimento social de massas para trazê-la, seja pedindo contas ao presidente ou à presidenta, seja impondo a ele, ou ela, uma verdadeira prova de fogo. E um movimento social não começa na cúpula. Começa exatamente agora, com vocês.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

...e por falar em Obama




Esta cena torna-se cada dia mais possível ??

Curiosas premiações do Grammy


...agora eu vou cantar uma do Al Green


Que Amy isso e Justin aquilo ?!? Eis aqui as mais curiosas premiações da quinquagésima edição do Grammy, teve até Grammy para o Obama:

Best Mexican/Mexican-American Album
(Vocal or Instrumental.)
- "100% Mexicano" - Pepe Aguilar

Best Tejano Album (Vocal or Instrumental.) - "Before The Next Teardrop Falls" - Little Joe & La Familia

Best Norteño Album (Vocal or Instrumental.) - "Detalles Y Emociones" - Los Tigres Del Norte

Best Native American Music Album (Vocal or Instrumental.) "Totemic Flute Chants" - Johnny Whitehorse

Best Hawaiian Music Album (Vocal or Instrumental.) "Treasures Of Hawaiian Slack Key Guitar" - Various Artists

Best Zydeco Or Cajun Music Album (Vocal or Instrumental.) - "Live! Worldwide" -
Terrance Simien & The Zydeco Experience

Best Polka Album (Vocal or Instrumental.) - "Come Share The Wine" - Jimmy Sturr And His Orchestra

Best Musical Album For Children
(For albums consisting of predominantly music or song vs. spoken word.)
- "A Green And Red Christmas" - The Muppets

Best Spoken Word Album (Includes Poetry, Audio Books & Story Telling) - "The Audacity Of Hope: Thoughts On Reclaiming The American Dream" - Barack Obama

NELSON ASCHER, hoje, na Folha.

Perguntar não ofende
Talvez não estejamos tão longe de uma sociedade de certezas indiscutíveis na qual o único crime seja simplesmente perguntar

APESAR de minha índole conciliadora e pacífica, às vezes, para minha surpresa, vejo-me enredado em polêmicas. Há, por exemplo, autores, sobretudo poetas, incapazes de tolerar uma resenha que não seja 100% elogiosa. Uma restriçãozinha aqui ou mesmo uma aprovação insuficientemente enfática ali e, pronto, eles se transformam, embaraçosamente, em exegetas entusiasmados de si mesmos.
É provável que, ao apontar a banalidade de tal ou qual verso, desta ou daquela imagem, o crítico esteja, sem querer, tocando em feridas profundas da alma do poeta ou invadindo os derradeiros redutos de sua auto-estima. Algo semelhante ocorreu quando me envolvi na mais barulhenta de minhas discussões, se bem que, naquela ocasião, os sentimentos que devo ter magoado tenham sido os do público.
Há filmes que, de tão descaradamente manipuladores e demagógicos, tão mecânicos e transparentes na sua má-fé, levam o espectador atento a se sentir a um tempo vítima e cúmplice de uma trapaça. Foi esse o caso de "Sociedade dos Poetas Mortos", a que assisti em 1990. Para agravar meu mal-estar, tão logo os créditos começaram a aparecer na tela, boa parte da platéia aplaudiu de pé aquela abominação. Soube logo que essa reação se tornara demasiado freqüente e, quando meu comentário foi publicado, passei a receber cartas que por pouco não me ameaçavam de morte. Como ninguém, ao que parece, desejava que seu suspeito vínculo emocional com o filme fosse questionado, descrever-lhe o mecanismo soava para muitos como ofensa pessoal.
Ofensa pessoal é a expressão-chave. Há temas em vias de se converterem em tabu, temas intocáveis, porque, quando entram em pauta, qualquer dúvida ou opinião discordante são entendidas como ataque às convicções sinceras e puras dos demais. Fazer ressalvas ao partido que está no poder, por exemplo, equivale a agredir fisicamente seus adeptos ou, no mínimo, a colocar sob suspeita sua razão individual de ser. O mesmo vale seja para o debate sobre as causas da criminalidade e suas possíveis soluções, seja para certas questões seletas de política internacional, seletas, aliás, porque aqueles que se manifestam tão passionalmente a respeito delas seriam incapazes de discorrer, com um mínimo de coerência ou informação, sobre inúmeras outras.
Resumindo, quando se trata de abordar determinados tópicos, há duas e apenas duas espécies de opinião: as corretas e as emitidas por malfeitores. Vale dizer: uma opinião que não se harmonize com a da maioria nunca pode estar somente errada; não há lugar para equívocos. E a criminalidade da opinião em si é o que menos importa, pois, afinal, uma pessoa inocente poderia, por engano, sustentá-la, não? Ocorre que, no âmbito da passionalidade vigente, somente criminosos do pior tipo é que fazem certas perguntas, pensam determinadas coisas, têm determinadas opiniões.
Mas por que tanta raiva em face dessa discordância ou da mera dúvida? A maioria esmagadora não basta? É preciso ter a unanimidade? O mantra dos enfurecidos assegura que tanto os dissidentes como suas opiniões são desconhecidos, irrelevantes, ridículos. Sua alergia, portanto, não pode decorrer do temor. Não seria, a rigor, até conveniente para eles ter alguns inimigos contra os quais pudessem, de quando em quando, exercitar suas armas, reafirmar suas certezas? E não é, ademais, paradoxal que essa gente, tão compreensiva, tão disposta a perdoar crimes de sangue, revele-se tão intolerante diante dos crimes de pensamento?
Sucede que a virulência das reações ou a intensidade da ira dirigida contra os poucos dissidentes tampouco mantêm qualquer relação de proporção nem com influência destes, nem com o alcance do que dizem, ou melhor, questionam. Claro que parte da cólera sagrada não passa de manifestação de ressentimento daqueles que, escravos das posições majoritárias em seus respectivos grupos, sentem-se humilhados por pessoas que, de tão arrogantes, julgam-se livres o bastante para dizer o que quiserem. Deduz-se daí que o que neles incomoda é sua própria existência, uma vez que essa representa a hipótese segundo a qual uma outra opinião é possível.
De acordo com a ordem normal das coisas, as perguntas vêm primeiro, as respostas depois. Quando essa ordem se inverte, a função das respostas passa a ser a de impedir perguntas de emergirem. Talvez não estejamos tão longe assim de uma sociedade de certezas indiscutíveis na qual o pior, ou único, crime seja simplesmente perguntar.

Pilotos do Aerolula receberam R$ 1,5 milhão em 2007

Alguém por aí sabe o telefone de uma boa escola de aviação?



http://contasabertas.uol.com.br/noticias/detalhes_noticias.asp?auto=2125









domingo, 10 de fevereiro de 2008

Toda força para o Professor Lucas Rocha Furtado

Caros amigos, é com preocupação que li notícia publicada sexta-feira no site Migalhas, informando que o Procurador-Geral do Ministério Público junto ao TCU e professor da UnB, Lucas Rocha Furtado foi vítima de um AVC e que estaria internado na UTI do Hospital Brasília.

O Professor Lucas, após dois semestres ministrando brilhantes aulas de Direito Comercial, foi escolhido Paraninfo da Turma de Formandos do 2o. Semestre de 1994 da Universidade de Brasília, Turma Victor Nunes Leal, da qual tive a honra de fazer parte.

Conclamo os colegas para que enviemos, ainda que sob a forma de bons pensamentos, toda a força para o nosso querido mestre.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Atlantic Records

Um amigo me mandou. não sei a autoria.


A Atlantic nasceu da mente, vontade e competência de um turco chamado Ahmet Ertegun. Sua familia veio à América por conta do trabalho de seu pai, Munir Ertegun, que se tornara o novo embaixador da Turquia nos Estados Unidos. Com Munir chega sua esposa Hayrunisa, e três crianças, dois meninos, Nesuhi e Ahmet, e uma menina, Selma.

Os dois rapazes eram Nesuhi então com 16 anos, e Ahmet, aos 11. Uma mulher extremamente atraída por musica, Hayrunisa, a mãe dos meninos, cantava, dançava e tocava vários instrumentos de ouvido. Ela também gostava de colecionar discos, o que naturalmente contribuiu muito para a educação musical dos dois irmãos. Eles rapidamente se apaixonaram pela música americana, atraídos mais para a música negra do que o country mais caipira. Sendo a família Ertegun pessoas financeiramente abastadas, até chegarem à faculdade, os dois irmãos juntos já teriam acumulado uma coleção com cerca de 15 mil discos de jazz e blues.

Enquanto estudava filosofia no St. Johns College, Ahmet e Nesuhi passaram a promover shows com artistas como Lester Young, Duke Ellington, Sidney Bechet, Lena Horne e Jelly Roll Morton. Tornam-se os reponsáveis pelos primeiros shows integrando artistas brancos e negros na cidade de Washington DC. Na época, o único lugar que conseguiram alugar que aceitasse romper tal tabu sem fazer objeções, foi o Centro Comunitário Judaíco. Com o sucesso da empreitada, conquistaram a confiança de pessoas influentes e passaram a alugar o auditório do National Press Club, clube do sindicato da imprensa.

Foi durante este periodo que os irmãos conheceram um estudante de odontologia chamado Herb Abramson, que produzia artistas como Joe Turner e Pete Johnson para ajudar a pagar os estudos. Durante boa parte da década de quarenta, esses três rapazes iriam cada um seguir um caminho diferente, mais tarde se reencontrando e criando o legado da gravadora Atlantic Records.

Abramson acabaria trabalhando como caça talentos da National Records em Nova York durante boa parte da década de quarenta. Em 1943, Nesuho casa com a dona de uma loja de discos em California chamado The Jazzman Record Shop. Na costa oeste, Nesuho passaria boa parte da década de quarenta ouvindo e conhecendo pessoalmente as bandas e artistas de jazz da região. Em tempo, Nesuho seria reconhecido e respeitado como um dos maiores especialistas no estilo. Em 1944, com a morte de seu pai, o embaixador, Ahmet aluga um apartamento e opta por terminar seus estudos na América enquanto sua mãe e irmã retornam a Turquia.


Max Silverman e a frente da Quality Music Radio Shop
Para ganhar a vida, Ahmet passa a trabalhar em uma loja que concertava radios velhos e vendia aparelhos novos e usados. A loja se chamava Quality Radio Repair Shop, cujo dono, Maz Silverman, também vendia discos usados por dez centavos cada. Em tempo, a venda de discos acabaria dominando o movimento da loja até que Silverman o transforme simplesmente em loja de discos, passando a chamar o local de Waxie Maxie. A intenção de Ahmet desde o inicio, era de usar a experiência na loja para aprender o máximo possivel sobre como discos eram feitos e vendidos. De fato, foi na loja onde Ahmet aprendeu muito sobre o que vende e porque certas coisas tinham mais procura do que outras. Silverman depois passou a cuidar também de um programa de rádio. Este trabalho trouxe contatos com donos de pequenos selos independentes que ofereciam seus produtos para serem tocados na radio.

Foi somente em 1947 que Ahmet se considerou pronto para investir em seu próprio selo e procurou o seu velho conhecido Herb Abramson em Nova York. A esta altura de sua carreira, Abramson, além de saber negociar contratos com artistas, também já havia produzido algumas sessões de gravações para a National Records. Seu esforço já produzira dois grandes hits para o selo com "Prisoner of Love" e "Cottage for Sale” de Billy Eckstine. Desta maneira, Herb Abramson entra com os contatos e experiência enquanto Ahmet Ertegun contribui trazendo Max Silverman para ser o executivo financeiro, ou seja, o principal investidor da organização. Nasce então o Jubilee Records que se prenderia a produzir apenas discos de música gospell. Os planos continham ainda a intenção de fundarem um segundo selo chamado Quality Records, que cuidaria exclusivamente de um catalogo de jazz e rhythm & blues.

O público alvo era o consumidor negro, não havia nenhuma expectativa de brancos comprando este tipo de musica. Todavia, as fraquíssimas vendas dos primeiros lançamentos fez Max Silverman pedir para sair do negócio, voltando suas atenções para a loja de discos e programa de rádio. Quem comprou sua parte no selo foi um rapaz chamado Jerry Blaine que rapidamente começou a trazer sucesso comercial para a Jubilee com uma série de discos de piadas. A nova direção artística que o selo tomou não interessou aos outros dois sócios que venderam o selo para Blaine por $2.500. Embora Julilee continuaria a produzir uma grande quantidade de discos de comédia, com o interesse por rock’n’roll e r&b, o selo voltaria a investir neste gênero. Talvez um de seus maiores sucessos seja a versão original de “Do You Wanna Dance” de Bobby Freeman lançado em 1958.

Este capital foi usado para ser o o primeiro investimento para uma nova gravadora. Procuraram vários nomes para batizá-lo, sem chegar a nenhuma conclusão. Ao descobrirem existir um selo chamado Pacific Jazz Records na costa oeste, Abramson e Ahmet concordam em chamar o novo selo de Atlantic Records.

Inaugurado em setembro de 1947, Herb Abramson se torna o primeiro presidente do selo enquanto Ahmet Ertegun e Miriam Beinstock Abramson, esposa de Herb seus dois vice-presidentes. O primeiro escritório da companhia foi a sala de um apartamento alugado no antigo Hotel Jefferson na rua 56. Miriam cuidava da contabilidade, pagava contas e tratava dos afazeres diários referentes ao escritório. Ahmet morava no quarto do referido apartamento e ainda alugava uma das camas para um poeta para ajudar nas despesas.

A habilidade de Ahmet de conversar, encantar e atrair investidores trouxe para o projeto um novo sócio, Dr. Vahdi Sabit, dentista da familia Ertegun. Dr. Sabit investiu um considerável capital de $10.000 dólares na companhia, sem pressiona-los por resultados, o que foi um trunfo considerável olhando pela perspecitiva artística. Não precisando se preocupar em apresentar resultados imediatos, a dupla pode confiar mais nos instintos para buscar artistas e músicos de melhor calibre. Mas a grande diferença da Atlantic Records em seus primórdios era o tratamento da firma para com os artistas.

Atlantic foi logo ganhando uma reputação de tratar os músicos com muito respeito, não só pagando corretamente, como também pagando royalties, sistema pouco usual em se tratando de músicos negros. A política praticado pelas outras gravadoras independentes pagavam geralmente abaixo de 1% de royalties para artistas brancos e nada para os negros que recebiam apenas um valor fixo pela sessão de que tivessem participado. Atlantic Records pagava royalties para todos os seus artistas, independente de cor, remunerando sempre em torno de 3% à 5%.


The Harlemaires
Esta politica trouxe para o selo os melhores músicos disponíveis. Muitos artistas aceitavam assinar contratos por longos períodos, confiando que seus direitos seriam respeitados. Com uma greve proclamado pelo sindicato das gravadoras marcada para começar dia primeiro de janeiro de 1948, Atlantic gravou sessenta e cinco canções entre novembro e o ano novo. Seu primeiro lançamento sendo "The Rose of the Rio Grande" pelos Harlemaires.

Entre a primeira leva de músicos gravando, temos uma eclética variação que conta com grupos vocais como the Harlemaires, the Delta Rhythm Boys, the Clovers, e the Cardinals; cantores de jazz como a dupla Jackie & Roy ou Sarah Vaughan; artístas de jazz progressivo como Howard McGhee, James Moody e Dizzy Gillespie; cantores de rhythm & blues como Ruth Brown, Stick McGhee e Joe Turner; cantores de blues como Leadbelly ou Sonny Terry; e crooners brancos como Mabel Mercer, Sylvia Syms e Bobby Short.


Big Joe Turner
O primeiro artista a vender a ponto de dar lucro real à gravadora foi Joe Turner com os sucessivos sucessos "Chains of Love," "Honey Hush," e "TV Mama", seguido de perto pela cantora Ruth Brown e suas gravações para "So Long," "Teardrops From My Eyes," e "I'll Wait for You."

Outro detalhe que as vezes escapa a atenção é o fato de que a Atlantic Records foi uma das primeiras gravadoras a experimentar com a rotação 33 1/3. Lançando já em março de 1949, uma série de discos com leituras poéticas, a novidade veio inicialmente no formato de dez polegadas, antes de chegar nos tradicionais doze polegadas. Também em 1949, Ahmet e o arranjador Jesse Stone, vão para o sul do país para analisar aquele mercado em uma tentativa de melhorar suas vendas pela região. A pesquisa acabou rendendo a primeira gravação com Professor Longhair, lendário pianista de New Orleans. Gradativamente a música produzida em Atlantic iria mudar, gravitando para o que mais tarde seria reconhecido como rock’n’roll.

Em 1953, Herb Abramson é convocado para o exército para lutar na Segunda Guerra Mundial. Embora mantivesse o título e o salário na companhia durante sua ausência, ao voltar em 1955, Abramson totalmente sem noção das ultimas tendências, encontrou a gravadora atingindo níveis de sucesso excelentes. Para suprir sua ausência foi trazido Jerry Wexler, um jornalista que trabalhou um longo período para a Billboard. Foi Wexler quem cunhou o termo ‘rhythm & blues’ para identificar a música sendo feita pelos artistas negros, antes chamados apenas de ‘race records’, ou seja, discos da raça (negra).

Foi dado a Wexler a obrigação de cuidar da produção dos discos de rhythm & blues da gravadora. Ele trouxe para o selo uma nova mentalidade para promoção de seus artistas, como tambem escolhendo a dedo produtores e até estudios de acordo com o tipo de artista e o tipo de musica a ser gravado.


Sam and Dave
Foi Wexler que descobriu os estudios da Fame e Muscle Shoals forjando a aliança entre a Atlantic e a Stax Records. Essa união foi primordial para a difusão de artistas ainda desconhecidos como Aretha Franklin, Wilson Pickett, Joe Tex, Sam & Dave, Eddie Floyd e Otis Redding, entre outros. Com a década de sessenta, Jerry Wexler se tornou essencialmente um produtor gravando de Lavern Baker à Bob Dylan.

Com Ahmet descobrindo e contratando os talentos e Wexler produzindo os discos, Atlantic Records se tornou rapidamente um dos mais bem sucedidos selos independentes da América. Sucessos tem como memoráveis as gravações originais de ‘Shake, Rattle and Roll’ escrito por Jesse Stone sob o pseudonimo de Charles Calhoun e gravado por Big Joe Turner e ‘I Got A Woman’ de Ray Charles, gravação considerado pro alguns como sendo o nascimento da soul music.


Charles Mingus
Outro contratado foi Nesuhi Ertegun, irmão de Ahmet, a quem foi dada a responsabilidade de criar o setor de jazz da gravadora. Nesuhi trouxe para a Atlantic artistas como Shorty Rogers, Jimmy Giuffre, Herbie Mann e Les McCann, todos da costa oeste. Depois se involveu com produção, ativamente envolvido com projetos de artistas como John Coltrane, Charles Mingus, Ornette Coleman, e the Modern Jazz Quartet. Mais tarde ele iria também trabalhar com alguns artístas de rhythm & blues consguindo produzir hits para Ray Charles, the Drifters, Bobby Darin e Roberta Flack.

Nesuhi se preocupou em colocar Atlantic para investir na qualidade do disco que é colocado no mercado, atentando aos detalhes envolvendo desde a qualidade do vinil à qualidade da capa. Atlantic passa a usar não só papelão de melhor qualidade como tambem laminação para proteger a capa, uma novidade para o mercado. Ao entrar em uma loja de discos na década de cinquenta, o consumidor não podia deixar de reparar como o acabamento vistoso dos álbuns da Atlantic, mesmo sendo um selo independente, eram muito melhores do que os de grandes selos como RCA, Columbia, Capitol e Decca. Tudo isto são influências do trabalho de Nesuhi Ertegun no selo, como também a de pádronizar o formato de doze polegadas com 33 1/3 rpms, prática logo adotado pela indústria ao redor do mundo.

Wexler e Ahmet fundam dois selos menores, Cat e Atlas, quando Abramson deixa o exército e retorna à Atlantic. Ao se separar de Miriam, suas ações são divididas pela metade. Sem ter mais espaço dentro da Atlantic, a ele é dado o selo Atlas, agora sob o nome de Atco, para gerenciar. Em novembro de 1955, Atlantic toma outra decisão certa ao comprar o selo Spark Records de Los Angeles. O selo tinha três donos que vieram trabalhar para a Atlantic. São eles Lester Sill, Jerry Leiber e Mike Stoller. Leiber e Stoller se tornariam durante os anos que se seguem, uma das mais famosas duplas de compositores da história do rock’n’roll. Outro fruto da compra da Spark seria Phil Spector, que já trabalhara com Lieber e Stroller, e que em 1960, troca Los Angeles por Nova York para trabalhar na Atlantic, primeiro como guitarrista de estúdio e depois produtor.


The Drifters
Em meados dos anos cinquenta, a moda passa a ser artistas brancos regravarem músicas de negros, com letra menos atrevida para um público jovem branco. Assim, viram numeros originais da Atlantic como ‘Shake, Rattle and Roll’ escrito por Jesse Stone sob o pseudonimo de Charles Calhoun e gravado por Big Joe Turner fazer um sucesso estupendo com Bill Haley & the Comets e sete regravações dos sucessos dos Drifters como "Sh-Boom", "Honey Love" e "Such A Night".

Uma vez que adolescentes brancos passam a ter contato com rhythm & blues, não demorou muito para a curiosidade natural jovem atraí-los a conhecer as versões originais gravadas pelos artístas negros. Este fenômeno desencadeou as expectativas deste e outros selos que produzem música negra, a puderem cogitar vender para um público não somente negro. O público alvo passa a ser jovem, independente da cor da pele e o nome da música agora passa a ser rock and roll.

Atlantic passaria a lentamente investir em gravações em estéreo a partir de 1957, novamente sendo uma das primeiras a experimentar com a novidade tecnológica. No ano seguinte, Abramson vende a sua parte, calculada em $300.000 dólares. Com esse dinheiro, Herb Abramson fundaria o selo Triumph, continuando a produzir uma série de artistas, e pode ser lembrado por ter sido o compositor da canção “High Heelded Sneakers”, sucesso na voz de Tommy Tucker em 1964, que ele também produziu. Com sua saída Ahmet Ertegun se torna o novo presidente de Atlantic Records, dando início a uma mudança geral na organização estrutural da firma. O trio Jerry Wexler, Ahmet e Nesuhi Ertegun, compram as demais partes de Herb Abramson, Miriam B. Abramson, e Dr. Vahdi Sabit, tornando-se os donos.

Foi somente depois da invasão dos Beatles que Ahmet começou a investir em bandas de rock, atualizando assim a imagem do selo na mente do público. O primeiro artista deste novo gênero adotado pelo selo foi a dupla Sonny & Cher contratados em 1965, e que obtiveram um mega sucesso logo com o primeiro disco “I Got You Babe.”


Led Zeppelin
Outros artistas seriam Bee Gees, The Young Rascals, Buffalo Springfield, Cream, King Crimson, Yes, e o mais lucrative de todos, Led Zeppelin. A década de setenta começou com a contratação dos Rolling Stones e de lá para cá vem um número infindável de nomes e atrações.

Bem estruturada, a Atlantic continua até os dias de hoje no mercado extremamente competivo que é a industria fonográfica. Um dos poucos selos independentes a sobreviver, tornou-se uma gravadora grande ao ser encorporada pela Kinney Corporation, que também era dona da Warner e que em 1971 compraria a Elektra, fundando assim a WEA Records; WEA significando Warner-Elektra-Atlantic. A Kinney permite que cada selo tenha sua diretoria própria, o que permitiu a Ahmet continuar a mandar dentro da Atlantic. Ele também passa a fazer parte de uma comitê dentro da WEA que analisa os resultados do setor fonográfico da empresa como um todo.

A Kinney Corporation mudaria de nome e é hoje a Time-Warner Communications, da qual Ahmet Ertegun se torna em 1996, co-presidente. Nesuhi Ertegun foi chefe da divisão internacional da Warner Records até aposentar em 1987. Ele faleceu dois anos depois, aos 71 anos. Com status de lenda viva na indústria fonográfica, Jerry Wexler se aposentou na década de noventa, se mudando e morando agora na Florida.

Jerry Wexler e Ahmet Ertegun foram nomeados para o Hall of Fame de Rock ‘n’ Roll em 1987, instituição que Ahmet Ertegun ajudou a criar. Nesuhi Ertegun foi nomeado para o mesmo Hall of Fame do Rock ‘n’ Roll em 1991.