segunda-feira, 13 de agosto de 2007

O Urso e o Touro





É engraçado como o mercado é retratado pelos investidores.
Quando a tendência (movimento constante) é de subida, costuma-se dizer que se vive um bull market. Simplesmente porque o Touro (bull) tem como característica “dar uma chifrada”, impulsionando o mercado pra cima.
Por outro lado, quando a tendência é de queda, costuma-se dizer que se vive um bear market. Simplesmente porque o Urso (bear) tem como característica “dar uma patada”, empurrando o mercado pra baixo.
O engraçado é que, quando pensamos em um Touro, imaginamos um animal pacato, quietinho na sua pastagem, que reage apenas quando provocado (vide as touradas espanholas). Já sobre o Urso imaginamos um animal selvagem, que sempre ataca quando vê um animal menor que possa aplacar a sua grande fome (a imagem que vem à cabeça é a de um Urso gigantesco naquelas florestas da América do Norte).
Pois é. Resolveram provocar o Touro (duvidando das medidas econômicas a serem adotadas pelo então iminente Governo Lula, no segundo semestre de 2002, o que levou o dólar à casa dos 4 reais e o risco-país às alturas).
O que se seguiu, então ? Com a surpreendente responsabilidade fiscal de início do mandato do Sapo Barbudo (e, de quebra, com a ajuda dos baixos juros no mundo), a chifrada do Touro foi tão forte que impulsionou o mercado (especialmente no Brasil), pra uma tendência de alta bastante duradoura, de quase 5 anos.
Pouco antes dessa chifrada, o Urso tinha feito pequenos lanchinhos (com a turbulência asiática e russa do final de 1998, logo dissipada em 1999; e com a quebra da onda de exagero da internet no ano 2000, reconstruída já em 2002).
Desde então, o Touro fica quietinho na sua pastagem, sem ser incomodado. E o Urso, depois de rápidos e seguidos lanchinhos, resolveu tirar uma soneca.
Mas nesse ano de 2007 parece que o Urso está querendo acordar. Primeiro, em fevereiro/março, ele rolou na cama e mudou de lado, pra continuar dormindo (todos acharam que a demanda da China por commoditties iria diminuir, e, assim, reduzir o crescimento econômico de todo o mundo).
Nos últimos 30 dias, o Urso rolou na cama de novo, mas, desta vez, chegou a abrir os seus olhos. Rapidamente, mas chegou a abrir (um crash de crédito de nível mundial talvez esteja chegando).
Pode ser que o Urso volte a dormir mais um pouco. Pode ser (assim, talvez o IBOV volte a testar a casa dos 58 mil pontos, e o DJIA volte a testar a casa dos 14 mil pontos). Mas a verdade é que dois lanchinhos não podem segurar a sua fome por muito tempo, e está chegando a hora do Urso almoçar, como há muito tempo ele não faz. Quando abrir os olhos de vez, a patada vai ser MUITO forte ...

13 comentários:

Anônimo disse...

E OS MARES SUBIRAM, OS DESERTOS AVANÇARÃO ENÃO HAVERÁ MAIS ESPERANÇA !
ENTÃO, QUANDO TODOS PENSAREM ESTAR NO INFERNO UMA LUZ APARECERÁ !
MAS NÃO SE ENGANEM ! SÃO AS CHISPAS DE FOGO SAINDO DAS VENTAS DO CAPETA !
SIM ! ESTAMOS NO INFERNO ! NADA PODERÁ NOS SALVAR !
OH ! ARAUTO DO APOCALIPSE ! POR QUE NOS FUSTIGAS COM A TUA DESESPERANÇA ?!

Anônimo disse...

"Fear not the future, weep not for the past" Shakespeare - The Winter's Tale

"O Mundo vai acabar daqui a quinze segundos" - Rafah Maiah

Cristian Fetter Mold disse...

Caramba, vai começar toda a confusão de novo ?? Posts pró-Lula e anti-Lula ??? Que porre hein ? Gostaria de pedir ao Sr. Moderador feluc que realmente fizesse uma melhor triagem para que os Mainardis e Jabores de plantão ficassem longe, mas bem longe daqui.

Anônimo disse...

É isso aí....
Falou o verdadeiro DONO do blog......
Mostra quem manda nessa bagunça Fetter.......

Anônimo disse...

É isso aí.
Agora sim falou o dono dessa M!
Vamos falar de Violões Caixas de Lata que é mais legal.
Mandou bem fetter, tem mesmo que mostrar quem manda.

Filipe disse...

Não entendi o comentário do camarada romeno Fetter. Onde está o post anti-Lula ou pró-Lula? Achei a análise do urso e do touro bem equilibrada e interessante. Acrescento apenas que a crise do mercado imobiliário era favas contadas há meses para alguns analistas. Mera questão de "quando" e não de "se". Mas, tal como o estouro da bolha da internet anos atrás, quem dizia que o crescimento ia acabar sempre era visto como pregador do mau-agouro.

feluc disse...

PREZADO FILIPE,

ISTO PORQUE A MERDA NO JAPÃO AINDA NÃO FOI PARA O VENTILADOR...
TODO MUNDO SABE QUE OS BANCOS DE LÁ INVESTIRAM EM NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS QUE NÃO TIVERAM LUCRO. O RESULTADO FOI QUE ELES ESTÃO CHEIOS DE CRÉDITOS PODRES.
QUANDO ISTO APARECER, QUANDO ELES DEIXAREM DE MAQUIAR OS BALANÇOS E FICAR CLARO QUE ELES NÃO CONTAM COM ESTES LUCROS FUTUROS... OS MARES SUBIRÃO!

RPM disse...

Pois é, Filipe. A inadimplência é um problema sério, que inclusive já está causando alertas, há algum tempo, no Brasil, em virtude da nossa "farra do crédito fácil" (consignados para aposentados e servidores públicos). Os balanços dos bancos brasileiros já tem começado a aumentar as provisões para devedores duvidosos; ainda de forma discreta, mas tem aumentado.

Cristian Fetter Mold disse...

Carissimi amici: Se eu fosse muito, mas muito fã de Andy Kaufman, juro que eu sustentava essa brincadeira por mais algumas semanas, mas como eu não sou assim tão fã do cara, vou entregar: O comentário postado e que mereceu algumas críticas furibundas (e uma análise cautelosa do Camarada Filipe) era somente uma brincadeira, mas que serviu para trazer a lume algumas constatações e, por conseguinte, algumas decisões. Ei-las:

1ª. Constatação – Considero mesmo a expressão “sapo barbudo” ofensiva e pouco inteligente;

2a. Constatação – Alguns colegas blogueiros e ex-blogueiros estão usando do anonimato para descer o sarrafo toda vez que eu me manifestar contra algum post, por mais inverossímeis que sejam as minhas considerações;

3ª. Constatação – Os colegas anônimos não gostam do som e das imagens dos violões de lata, coisas da vida.

1ª. Decisão - Agradecer ao Filipe por ter achado no mínimo estranhas as minhas afirmações;

2ª. Decisão – Não responder a comentários anônimos furibundos;

3ª. Decisão – Dar as boas vindas ao grande amigo rpm, pedir desculpas por ter usado seu primeiro post para fazer um teste/brincadeira kaufmaniano com os demais colegas e, comentar o que se segue:

Pelas notícias que tenho lido a respeito, há uma certa apreensão no ar, por conta da queda do mercado de crédito americano e seus possíveis efeitos. Todavia, pelo que se fala os fundamentos da economia americana estão sólidos e o que pode acontecer é uma queda de crescimento no PIB, cuja alta ficaria em mais ou menos 2% este ano, segundo o Instituto Peterson para a Economia Mundial, que fica em Washington.

Segundo Robert Bruner, professor de Administração da Universidade da Virgínia, O pior cenário para a economia americana seria o aumento da inadimplência nas hipotecas, o que poderia causar o fechamento de instituições financeiras, e aí grandes empresas sofreriam com a falta de crédito, investidores venderiam suas ações, ocasionando uma queda na bolsa de valores.
Um cenário mais otimista seria o fim da inadimplência. Fundos de investimento e outras instituições financeiras anunciariam prejuízos mas nada que levasse a um colapso.

Em entrevista ao site da BBC Brasil, Bruner acrescenta que:
"Estamos impressionados com a falta de correlação entre os acontecimentos negativos na área de crédito nos Estados Unidos e os acontecimentos no mercado de crédito nos mercados emergentes, incluindo o Brasil, por exemplo.
Os fundamentos econômicos do Brasil melhoraram tanto nos últimos anos que o país não é mais tão dependente do financiamento externo, então quando há um choque no mercado de crédito em que os investidores ficam nervosos isso não é tão importante para o Brasil como costumava ser."

Por isso, caros amigos, não sei se vale a pena ter tanto receio assim, de que as coisas vão piorar e assim por diante. O cenário não é bom, sem dúvida, o mercado de ações está um tanto apreensivo, mas me parece que este seria um bom momento para creditarmos essa situação a certos fantasmas que assombram este lucrativo mercado e que faz com que os mais moderados vendam suas ações rapidamente ao menor sinal de crise, ao invés de esperarem um momento melhor.

Ralph Nelson Elliot em seu “The Wave Principle”, utilizando as séries de Fibonacci para prever e explicar o movimento das cotações de ativos financeiros, sustentou que os preços dos ativos se deslocam em “ondas” causadas pelos movimentos das ações dos aplicadores que, por sua vez, seriam influenciados pelo comportamento psicológico dos mesmos. É o que ficou conhecido no Brasil como "Teoria das Vagas". Acho que no presente momento há um fator psicológico que não pode ser desconsiderado.

Filipe disse...

"Sapo barbudo" foi uma expressão criada pelo Brizola na época do 2º turno de 1989. Foi dita com ironia, justamente para falar que a "elite branca" teria que engolir o sapo de um presidente metalúrgico. A frase exata de seu conterrâneo foi essa: "Cá para nós. Um político de antigamente, o senador Pinheiro Machado, dizia que a política é a arte de engolir sapo. Não seria fascinante fazer agora a elite brasileira engolir o Lula, sapo barbudo?".

Cristian Fetter Mold disse...

É verdade, caro Filipe. Bem lembrado o tempo em que os políticos brasileiros ainda sabiam ser irônicos (e engraçados)

Anônimo disse...

"sapo barbudo" é expressão ofensiva e pouco inteligente, concordo. Ocorre que o objeto descrito pela expressão também é ofensivo e pouco inteligente, então a expressão é adequada.

Cristian Fetter Mold disse...

Neruso, você de volta ?????