terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

"Boleia Mortal"!

Antes de mais nada: este post é uma brincadeira. Os títulos de filme aqui citados são de Portugal, mas não é privilégio de ninguém escolher nomes ruins para traduzir os originais.

Pelo contrário, há uma enormidade de nomes no Brasil com total ausência de bom-gosto, de sutileza ou mesmo de senso de ridículo. Na Itália os tradutores também “capricham” na hora de escolher os nomes de filmes na língua local.

Esses exemplos abaixo merecem ser destacados pela incongruência entre o original e a tradução. Em alguns simplesmente se conta parte da trama e em outros parece que quem escolheu o título em português não assistiu o filme.

Ah! Justiça seja feita: não é verdade que em Portugal “Ben-Hur” se chamou “O Charreteiro Infernal”.

Vamos lá:

- The Hitcher: Bem, hitcher é simplesmente “caroneiro”. E o filme é sobre um casal que dá carona a um estranho que, na verdade, é um psicopata. Mostrando a citada falta de sutileza, no Brasil o filme se chamou “A Morte Pede Carona” tanto em 1986 quanto na refilmagem de 2007.

Em Portugal a ausência de sutileza foi igual: “Boleia Mortal”, cabendo dizer que “carona” em terras lusas é “boleia”. Não é a cabine do caminhão que é fatal, portanto.

- Eternal Sunshine of the Spotless Mind: Caso raro de tradução quase literal, no Brasil o filme se chamou "Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças”. Não consigo entender por qual motivo um filme sobre alguém que tem memórias apagadas se chamaria “O Despertar da Mente”, mas esse foi o título em Portugal.

- 50 First Dates: Comédia sobre um sujeito que se apaixona por uma mulher que sofreu um acidente e não guarda lembranças por mais de 24 horas. A cada dia é como se ela o visse pela primeira vez. No Brasil se chamou “Como se Fosse a Primeira Vez”, tão óbvio quanto o original.

Em Portugal a escolha por “A Minha Namorada Tem Amnésia” não só antecipa (e estraga) a cena onde o personagem descobre o problema da menina como ainda define a doença de forma errada. Aliás, mesmo erro cometido no Brasil com o filme “Memento”, onde o personagem tinha perda de memória recente e o título nacional era “Amnésia”.

- Vertigo: O clássico de Hitchcock se chamou “Um Corpo Que Cai” no Brasil. Nada contra, apesar da desnecessária invenção de outro nome. Se “Psycho” se chamou “Psicose”, poderíamos muito bem ficar com “Vertigem”.

Mas em Portugal (e na Itália!) o título escolhido é uma pérola: “A Mulher Que Viveu Duas Vezes”. Acabou-se, antes de entrar na sala de cinema, com qualquer chance de aproveitar o suspense da trama. Em italiano o nome era “La Donna che visse due volte”.

- Die Hard: a série que lançou Bruce Willis ao estrelato no Brasil ficou como “Duro de Matar” mesmo. Em Portugal a escolha foi “Assalto ao Arranha-Céu”.

Até aí tudo bem, afinal o filme se passa em um enorme prédio. Veio a continuação, que se passava em um aeroporto. A escolha em Portugal foi tranqüila: “Assalto ao Aeroporto”.

Mas a série continuou, anos depois, e no terceiro filme a lógica anterior foi por água abaixo. O nome escolhido foi “Die Hard: A Vingança”. Já o último filme virou “Die Hard 4 – Viver ou Morrer”. Como assim? “Assalto”, “Assalto 2”, “Die Hard” e “Die Hard 4”?

Isso me lembrou a confusão no Brasil com a série “Evil Dead”, onde cada um dos três filmes teve um nome e foram lançados fora de ordem.

- Planet of the Apes: o melhor ficou para o final. No mundo todo o filme ganhou títulos literais (O Planeta dos Macacos, El Planeta de los símios etc). Menos em Portugal, onde o filme (apenas o original, de 1968) foi chamado de “O Homem Que Veio do Futuro”.

Ainda que se deixe de lado a curiosidade sobre o tortuoso caminho que levou o filme a ter outro título, quando o original era tão óbvio, fica o sensacional fato de que o personagem principal não veio do futuro, ele veio do passado!

Não consegui imagem melhor, mas vale como registro do genial título luso


2 comentários:

feluc disse...

MUITO BOM !

Cristian Fetter Mold disse...

Lembrando ainda que o filme "My Big Fat Greek Wedding", comédia lançada no Brasil com o respeitoso título de "Casamento Grego", foi lançado em Portugal com o duvidoso título de "Tornam-se Gregos Para Casar-se", o que é curioso, uma vez que a protagonista é efetivamente grega, é feita por uma atriz grega que, aliás é a roteirista.