quarta-feira, 18 de julho de 2007

Um Dia Sem Música

Cheguei em casa ontem por volta das 19 horas, liguei o computador, pus para tocar uns arquivos do AC/DC e liguei a TV disposto a assistir a qualquer competição do PAN (sem som de preferência... ninguém aguenta um locutor berrando os trinta gols que acontecem em um jogo de Handebol).

Porém, com as primeiras imagens da tragédia ocorrida em Congonhas, logo ficou claro que ouvir qualquer música ou assistir a qualquer competição seria impossível, tamanho o impacto que nos assola quando este tipo de coisa acontece.

Imediatamente entrei na página da Infraero e constatei que uns três vôos poderiam estar pousando naquele momento, um vindo do Rio, um de Porto Alegre e, se não me engano um daqui de Brasília. Obviamente fiquei atônito pois moro em Brasília há dezesseis anos onde tenho inúmeros amigos e colegas de trabalho e, para piorar a angústia, quase toda a família reside em Porto Alegre, cidade que acabou sendo confirmada a seguir como a de origem do avião.

Logo começaram a chegar as desesperadoras imagens do aeroporto Salgado Filho, os números da tragédia, os primeiros nomes das vítimas do prédio que foi atingido, enfim, tudo aquilo que todo o Brasil assistiu pela TV e pela Internet, fazendo com que o nossas noites de sono fossem tremendamente prejudicadas.

Hoje pela manhã, acessei as primeiras versões da lista da TAM e, por sorte, até o momento não há nenhum "Fetter" entre as vítimas, mas há uma série interminável de sobrenomes cujo desaparecimento abrupto, atinge de imediato a vida de outras milhares de pessoas.

Este post, por certo, não tem por objeto uma discussão sócio-político-econômica da tragédia, até por que não se pode descartar que o acidente tenha ocorrido por falha humana no momento do pouso. Mas eu só queria manifestar meu pesar pelas vítimas diretas e indiretas.

Queria dizer ainda que algumas notícias que leremos nos próximos dias, tais como "Pista poderá ser fechada", "Aeroporto poderá ser interditado", "liminar fecha a pista", "liminar abre a pista" e assim por diante, podem soar até bem, mas não adiantam muito para os que sofreram as perdas. Para estes, pode-se montar 10 "Gabinetes de Crise", disponibilizar 20 telefones "0800", fechar o aeroporto para reformas mais umas 30 vezes e a sensação será a mesma. Uma sensação ruim e o que é pior, irreparável.

Independentemente das causas do acidente, que serão apuradas durante os próximos meses, e malgrado as inúmeras mentiras e distorções que seremos obrigados a filtrar em busca de uma ou mais verdades que talvez a grande imprensa não queira mostrar, temos de lembrar e jamais esquecer que essa coisa de "a partir de agora novas providências serão tomadas", chaga que nos assola há décadas, em vários setores, deve ser substituída por atitudes preventivas, pois a história recente mostra que este "agora" pode ser apenas um momento no tempo, mas pode ser também um acidente trágico ou uma situação desagradável demais para ser ignorada.

Isso vale para aeroportos, estradas e obras de metrô (ou qualquer outra obra), mas vale também para a nossa casa, o condomínio, para a hora do voto, para a forma como dirigimos nossos carros, para o uso dos recursos naturais renováveis ou não, e como a lista é infinita, e eu acho que eu já disse o que queria dizer, encerro este parágrafo com um "e assim por diante", tal como faria o finado Kurt Vonnegut.

Vonnegut também dizia que toda música é sagrada, todavia, infelizmente, hoje não tem música. Ouvir música hoje é uma falta de respeito. Fetter

Um comentário:

Anônimo disse...

Dois amigos estavam no vôo de Brasilia.
De fato este sería o próximo a aterrissar logo após o de POA.
Só que quando já estava baixando, com o trem de pouso aberto o avião arremeteu.
O comandante explicou que tinha acontecido um "incidente" em Congonhas e que tivera que abortar a aterrissagem. em razão disso aterrissaram em Guarulhos.
Só em terra souberam que eram os próximos na linha de aterrissagem antes do 3054.