terça-feira, 10 de julho de 2007

Sobre restaurantes moderninhos...


Um amigo meu, freqüentador assíduo de bons restaurantes, almoçou em um dos estabelecimentos mais famosos do Rio de Janeiro. Lugar bem decorado, pratos bonitos, lembrando a apresentação da comida japonesa, enfim, um típico restaurante hype da Zona Sul carioca. Não preciso dizer que a conta acompanhou a sofisticação do ambiente, das pessoas e dos pratos. Pois é, o meu amigo pagou R$ 240,00 para almoçar picadinho com água mineral. Esta historinha tem se repetido país afora.

Algo está errado. E não é apenas na Zona Sul carioca ou no Jardins, em São Paulo. Aqui, em Brasília, também temos os nossos restaurantes moderninhos. O esquema é o mesmo: ambiente bem decorado, cozinha fusion, ingredientes exóticos e preços ridiculamente caros.

Por detrás de tudo isso existe um comportamento esnobe de cozinheiros e restauranteurs (sim, este é o nome do empresário do ramo) querendo nos ensinar como comer, como harmonizar vinhos com determinado prato, quais são os ingredientes do momento (lembram-se do purê de mandioquinha, no início do anos 90?) e por aí vai...

Infelizmente, parece que parte dos consumidores, no afã de participar desta modernidade, não se deu conta de que são vítimas de um engodo.

Em primeiro lugar, se existe alguma experiência que seja compartilhada por todos os seres humanos certamente é a de comer. Todos nós temos alguma competência para avaliar a qualidade de uma comida. Não precisamos de cozinheiros nos ensinando o que e como comer.

Em segundo lugar, a não ser que você freqüente o Fasano, em São Paulo, ou alguns outros poucos restaurantes no Brasil, provavelmente o prato que lhe servem não tem ingredientes de primeiríssima qualidade. Se você parar para pensar quanto custa manter o restaurante, pagar funcionários e tributos, além da margem de lucro, concluirá que não sobra muito para bons ingredientes. Portanto, se a salada que te servem tem por ingrediente aceto balsâmico, pode ter certeza que o insumo utilizado é a versão barata de supermercado, já que um vidrinho do original (Aceto Balsamico Tradizionale di Modena) custa, pelo menos, 50 euros. Trata-se de um produto que, segundo a norma italiana, pode ser envelhecido por 12 anos ou 25 anos, nos termos do art.10 do Reg. CE 208 /92, do Ministero Politiche Agricole e Forestali.

Ou seja, você é enganado. O produto que te servem não é o que eles dizem ser. Eles, os sofisticados, os conhecedores, os iniciados, gastam uma grana preta em decoração, falam um linguajar empolado, cheio de mistificações, falando de cozinha pós-moderna, de como aliam técnicas francesas com ingredientes exóticos, e, no final, apresentam uma comidinha, no máximo, gostosinha.

Este pequeno texto é um desabafo e um alerta. Somente nós, consumidores, podemos educar os empresários que tem a desfaçatez de promover este estelionato. Ou, então, aceitar que fazemos parte deste embuste, que queremos parecer sofisticados, ter o nosso momento de glamour...

2 comentários:

Anônimo disse...

ih. acho que fui num desses...
ZUUzo bem!!!

Anônimo disse...

O crescimento baixo da economia foi, na visão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, benéfico, porque evitou o apagão elétrico. Já o apagão aéreo, na versão do ministro, é bom porque traduz a aceleração do crescimento da economia.
Deu para entender, não é? Pois é.
Dora Kramer OESP - 13/07/2007