Ontem, cinco de novembro, completaram-se trinta anos da morte do autor de estórias em quadrinhos parisiense René Goscinny.
O cavaleiro solitário Lucky Luke, desenhado por Morris e que gerou 38 álbuns, até o precoce falecimento de Goscinny, em 1977.
O impagável grão-vizir Iznogud, que queria sempre tomar o lugar do Califa, feito em parceria com o desenhista Tabary, também até o ano de sua morte.
Além do pele-vermelha Oumpah-Pah, desenhado por Uderzo. Esta série se passava no século dezoito, durante a colonização francesa na América. Apesar de ter gerado poucas estórias, é um item muito procurado.
Mas se há um trabalho pelo qual a dupla Goscinny e Uderzo será sempre lembrada, este é Astérix. Juntos criaram 24 estórias de incrível qualidade e que são editadas até hoje em mais de cem idiomas, passando por gerações e gerações de leitores. Após a morte de Goscinny, Albert Uderzo continua até hoje editando novas estórias de tempos em tempos, mas, na minha opinião, com exceção de “A Rosa e o Gládio”, de 1991, infelizmente, o nível caiu um pouco.
Eu, particularmente destaco dois pontos na série de 24 álbuns que a dupla produziu – ou seja, desde “Asterix, o Gaulês”, até “Asterix entre os Belgas” – pontos estes que talvez expliquem o sucesso dos volumes.
Primeiro a possibilidade de as estórias serem lidas por crianças, jovens, adultos e velhos, sem qualquer problema. Aos quinze anos, você se diverte com as pancadarias entre gauleses e romanos; aos 25 começa a prestar atenção nas lições de História e Geografia discretamente colocadas no bojo do texto; aos 35 se diverte com as expressões latinas, com os nomes dos acampamentos romanos que cercam a aldeia gaulesa e com a série de críticas políticas e econômicas que ocorrem por trás da estória principal; aos 45, imagino, tudo se amolda perfeitamente e a partir daí, com o avanço da idade, penso que a gente volte a se divertir com os romanos voando por cima da copa das árvores.
Outro ponto que é crucial é a dimensão dada ao divertidíssimo “elenco de apoio”. A série de personagens, teoricamente secundários, mas que muitas vezes assumem papéis importantes no contexto, é interminável e confere aos criadores de Astérix a possibilidade de contar uma série de estórias ao mesmo tempo.
A lista não cabe neste blog, mas como esquecer o bardo Chatotorix, o chefe Abracurcix, o ferreiro Automatix, o peixeiro Ordenalfabetix, o cãozinho ecológico avant la lettre Idéiafix (que chora toda vez que se derruba uma árvore), o Druida Paronamix, dentre tantos outros?
Goscinny foi-se muito cedo, tinha só 51 anos. Na verdade, quando ganhei o primeiro álbum de presente do meu pai, “Astérix e a Cizânia”, no começo dos anos 80, ele já havia falecido.
Mas suas séries, juntamente com tantas outras como “Mortadelo e Salaminho”, de Ibañez, e “Tintin" (de Hergé), viraram companhias para toda a vida.
Enquanto isso, na manhã do dia cinco de novembro de 2007, alguns pais colocam seus filhos para assistir a Xuxa, julgando que isto é bom para eles. Fazer o quê ????
4 comentários:
Finalmente encontrei um outro aloprado que leu as historinhas de Mortadelo e Salaminho. Rapaz, eu nem lembrava mais desses tipos.
Esse Iznogud parece ser um daqueles tipos impagáveis. Por quê ninguém traduziu o nome dele (Iznogud = não presta, não vale nada) para os outros idiomas? Deve ser alguma brincadeira com alguma palavra árabe.
Agora essem Oumpah-pah, com esses dois em cima do cavalo e um índio enorme fungando no cangote daquele sujeito com ar de nobre empoado, não sei não.
Quanto ao Asterix, é quase uma unanimidade, todo mundo gosta. Deixa eu te dar uma dica: ele é editado na Alemanha, também em latim (pesquise no prompt da amazon.de usando o termo "asterix gallus")
http://www.amazon.de/Asterix-Lateinisch-lateinische-Ausgabe-Britannos/dp/3770400593/ref=pd_sim_b_njs_title_3/028-1643380-8105322?ie=UTF8&qid=1194811775&sr=1-1
Vale a pena você comprar ao menos uma das edições só para ter na sua coleção e ler os diálogos daquela turma em latim é diversão pura.
Mas Mortadelo e Salaminho é um clásico absoluto!! Isso que eu deixei de mencionar outros álbuns que ainda devo ter escondidos em algum lugar da minha casa ou da casa da mãe, tais como os psicodélicos Philemon (de Fred), Spiroux et Fantasio (de Franquin)e é claro, os Schtroumpfs (de Peyo).
Philemon não mudou de nome no Brasil, Spiroux ficou conhecido como Xará e os Schtroumpfs, bem... você sabe, foram explorados por Hanna e Barbera e tiveram seu nome sensivelmente alterado para o público em geral.
Quanto ao Umpa-Pah, de fato os oficiais franceses são cheios de maneirismos e seus nomes são realmente engraçados. O que está na foto se chama Hubert de La Pâte Feuilletée ("massa folhada", não é ??) No Brasil, se bem me lembro ficou "Humberto Milfolhas".
Mortadelo e Salaminho eu nunca li. Iznogud sim, embora não goste muito. Dentre as criações de Goscinny, prefiro realmente Asterix. Perfeito! As histórias do grão-vizir têm citações demais, nas quais não vejo muita graça. Já Asterix apresenta um humor mais sutil.
Mas achei esse blogger exatamente por causa de Humpa-pah. Há muitos anos li algumas histórias dessa dupla insólita. Tenho muita curiosidade, gostaria de relembrá-las, mas é difícil encontrar os álbuns. Acho que são ainda mais raros do que os dos Túnicas Azuis (alguém aqui se lembra dessa publicação?)
Cara Isadora, desculpe a demora em fazer um comentário sobre o seu comentário. Mas ocorre que não estava ativado o envio de emails notificando a participação de alguém no blog. Olha, quanto aos livros do Oumpah-pah, lembro de ter comprado alguns na Livraria do Aeroporto de Brasília. Aliás essas livrarias de aeroporto (SP, RJ, RS) costumam ter esse tipo de livro. Acho que também se encontra nas livrarias como a FNAC e a Cultura. Vale a pena procurar.
Agora esses Túnicas Azuis que você mencionou me jogaram nas cordas. será que o Felix Cattus já ouviu falar ? Eu sinceramente não me lembro.
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