Comprei tem uns dias o livro acima, um calhamaço de mais de 900 páginas, abrangendo as últimas 5 décadas da música ocidental em disco. O período escolhido não é por acaso, já que foi em meados da década de 50 que o álbum long-play, o popular LP de vinil, se torna o formato principal do mercado fonográfico - como comentado aqui no blog, inclusive.
A ordem escolhida é estritamente cronológica e o livro é dividido por décadas, cada uma antecedida de uma página com bela imagem de um aparelho de som típico do período - da vitrola ao iPod. Mesmo sem o livro definir quais seriam os melhores dentre os 1001 incluídos. vários discos têm mais destaque, com resenhas de uma página, com a capa, pequena ficha técnica e nome das músicas.
O livro tem viés assumidamente roqueiro, mas conta com o essencial de jazz, soul, world music e até MPB. Não só as coisas de sempre, como Mutantes e Bossa Nova, mas também Baden Powell, Clube da Esquina e Jorge Ben.
Não há brasileiros entre os 90 críticos que participam do trabalho, grande parte deles de língua inglesa - da Austrália ao Canadá, passando pela África do Sul. Algo meio despropositado, pois há um razoável número de discos brasileiros. A Islândia, por exemplo, tem dois artistas no livro (Sigur Ros e Bjork) e um crítico local resenhando.
Defeito mais grave foi a opção de incluir discos muito recentes (há dois discos de 2007 nessa edição brasileira). Sou da linha que acredita ser necessário um distanciamento histórico antes de chamar alguma obra de "essencial". Não só para o disco, no caso, se mostrar realmente valoroso com o correr dos anos. Muitas vezes um artista ou um álbum só se torna importante quando reavaliado tempos depois. Por exemplo, se lançado na década de 70 o livro dificilmente incluiria Nick Drake, como incluiu. Drake foi um cantor de pouco ou nenhum sucesso enquanto vivo e só reconhecido nos anos 90, bem depois de sua morte. Foi o sucesso post mortem que o garantiu no "1001 discos".
Nada disso, porém, atrapalha a diversão que é folhear e ler as resenhas, relembrar álbuns, conhecer alguns outros. É daqueles livros para ler na ordem, de Frank Sinatra em 1955 a Arcade Fire em 2007, ou então para abrir alatoriamente em qualquer página, de qualquer década.
Se você - como eu - concorda com a ordem de preferência dos estilos musicais, dificilmente vai reclamar de algum disco ausente do livro. Mas sem dúvida é fácil duvidar da sanidade de algumas inclusões. No fundo o livro nada mais é que uma grande lista de melhores e, como toda lista, tem que gerar alguma polêmica para ter graça.
Eu comprei o meu pela internet, por um bom preço para uma obra desse tamanho - cerca de 50 reais. Vale a pena.
Um comentário:
Pela qualidade do material apresentado, e sobretudo pela apresentação da obra, tamanho, papel couchê, etc. realmente está de graça.
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