Em 1985 o The Cure já havia lançado 6 discos e mudado seu som pelo menos duas vezes, indo de pérolas pop como "Boys Don't Cry" a músicas soturnas, como "Charlotte Sometimes", que lhe valeram o rótulo de banda gótica (ou dark, como se dizia aqui) para voltar ao pop com "Let's Go To Bed" e outras.
É com base nessa mistura que sai The Head on the Door, onde a banda mostraria um pouco de tudo que tinha feito, e até apontando rumo do que faria posteriormente. Conseguem, assim, mais sucesso de vendas que qualquer coisa anterior que haviam lançado, chegando a novos públicos (como nessas plagas tupiniquins).
Para não haver dúvidas, o disco abre com uma rápida mas poderosa virada de bateria, iniciando "In Between Days". Com 30 segundos a música se mostra toda: teclados se alternando na melodia de estrofe e refrão, baixo e violão fazendo a base, sem deixar espaços vazios, até entrar o vocal de Robert Smith, cantando sobre rejeição e arrependimento (tema que se repetiria ao longo do disco). Ficava difícil não gostar da música, que foi o primeiro single do álbum. Foi difícil não escutá-la na época, de tanto que tocou.
A primeira metade do disco continua quase impecável. A banda brinca com os arranjos nas faixas seguintes, indo de teclados "caixinha de música japonesa" em "Kyoto Song", para violões flamencos (e castanholas) na pulsante "The Blood" (outra sobre arrependimento e perda). Ambas ótimas.
"Six Different Ways" é levada só nos teclados e, se não mantém o nível das anteriores, também não desagrada - pop song simpática. Fechando o que era o lado A do disco de vinil vem a quase instrumental "Push", com sua longa introdução, sempre com a dinâmica lá para cima - como na faixa de abertura - e com as melhores guitarras do disco. Outra faixa excelente
Na segunda parte do álbum as faixas são mais irregulares. "The Baby Screams" é outro eletropop, acelerada mas com uma melodia que não "pega" em hora alguma, tão fraca quanto "Screw", guiada pelo baixo e cheia de barulhinhos, propositalmente esquisita, como tantas outras músicas da banda, mas também sem empolgar. Mas é tão curta que não atrapalha.
Entre as duas, porém, estão "Close To Me" e "A Night Like This". Segundo single do disco e uma das músicas mais conhecidas da banda, "Close To Me" é, de certa forma, o lado oposto de "In Between Days": quase minimalista, vocal meio sussurrado, espaços vazios, bateria acompanhada de palmas. Tudo soando de forma suave, contrastando com a ansiedade da letra. A versão do disco não tem metais, presentes no single (que está na coletânea Standing on a Beach/Staring at the Sea), o que torna a música mais claustrofóbica. E sensacional.
Na sequência, "A Night Like This". A menos famosa do trio que mais se destaca no disco só que igualmente genial. Novamente falando em arrependimento e perda, Robert Smith passa toda dor do fim de um relacionamento, enquanto arranjo e melodia juntam teclado e guitarra de forma grudenta e envolvente, em um pop elegante, "classudo", com direito a solo de sax.
Robert Smith compôs sozinho todas as dez músicas do álbum, fato que não se repetiu nenhuma outra vez. Em seguida o The Cure lançaria a coletânea que sacramentaria de vez seu sucesso comercial, Standing on a Beach/Staring at the Sea, de 1986. E antes do fim da década ainda lançariam um álbum duplo e aquele que, para muitos, é o melhor trabalho da banda - Disintegration, de 1989. Mas The Head on the Door tem o mérito de, como nenhum outro, reunir a essência do estilo do grupo.
A primeira metade do disco continua quase impecável. A banda brinca com os arranjos nas faixas seguintes, indo de teclados "caixinha de música japonesa" em "Kyoto Song", para violões flamencos (e castanholas) na pulsante "The Blood" (outra sobre arrependimento e perda). Ambas ótimas.
"Six Different Ways" é levada só nos teclados e, se não mantém o nível das anteriores, também não desagrada - pop song simpática. Fechando o que era o lado A do disco de vinil vem a quase instrumental "Push", com sua longa introdução, sempre com a dinâmica lá para cima - como na faixa de abertura - e com as melhores guitarras do disco. Outra faixa excelente
Na segunda parte do álbum as faixas são mais irregulares. "The Baby Screams" é outro eletropop, acelerada mas com uma melodia que não "pega" em hora alguma, tão fraca quanto "Screw", guiada pelo baixo e cheia de barulhinhos, propositalmente esquisita, como tantas outras músicas da banda, mas também sem empolgar. Mas é tão curta que não atrapalha.
Entre as duas, porém, estão "Close To Me" e "A Night Like This". Segundo single do disco e uma das músicas mais conhecidas da banda, "Close To Me" é, de certa forma, o lado oposto de "In Between Days": quase minimalista, vocal meio sussurrado, espaços vazios, bateria acompanhada de palmas. Tudo soando de forma suave, contrastando com a ansiedade da letra. A versão do disco não tem metais, presentes no single (que está na coletânea Standing on a Beach/Staring at the Sea), o que torna a música mais claustrofóbica. E sensacional.
Na sequência, "A Night Like This". A menos famosa do trio que mais se destaca no disco só que igualmente genial. Novamente falando em arrependimento e perda, Robert Smith passa toda dor do fim de um relacionamento, enquanto arranjo e melodia juntam teclado e guitarra de forma grudenta e envolvente, em um pop elegante, "classudo", com direito a solo de sax.
O disco fecha com "Sinking", música mais longa e mais melancólica de The Head on the Door. Soa como os discos "góticos" da banda do começo da década de 80, tem uma bela melodia, mas talvez encerre o álbum com um tom mais triste que deveria. Mas é inteiramente The Cure, sem dúvida.
Robert Smith compôs sozinho todas as dez músicas do álbum, fato que não se repetiu nenhuma outra vez. Em seguida o The Cure lançaria a coletânea que sacramentaria de vez seu sucesso comercial, Standing on a Beach/Staring at the Sea, de 1986. E antes do fim da década ainda lançariam um álbum duplo e aquele que, para muitos, é o melhor trabalho da banda - Disintegration, de 1989. Mas The Head on the Door tem o mérito de, como nenhum outro, reunir a essência do estilo do grupo.
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