A obra máxima de Otto Maria Carpeaux, a monumental História da Literatura Ocidental, acaba de ser entregue ao público em 3ª edição, realizada pelas Edições do Senado Federal, agora em quatro alentados volumes totalizando 3.025 páginas. Embora seja este o 107º título do catálogo daquela editora, em geral centrado na historiografia brasílica - exceção feita apenas das crônicas que Machado de Assis escreveu precisamente sobre o antigo Senado - esta edição, de caráter eminentemente literário, se deveu a um encontro de circunstâncias que, ao mesmo tempo, pode resultar em maior amplitude para os horizontes culturais da coleção.
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Diferentemente das obras do gênero, a história literária de Carpeaux não se limita a arrolar os nomes significativos de um período literário ou da literatura de um determinado país ou língua, com resumos biobibliográficos de seus vultos notáveis, eventualmente acompanhados de pequena antologia. Trata-se aqui de uma visão de conjunto de todas as literaturas ocidentais, analisadas num continuum em que os desdobramentos cronológicos se mostram embrechados de componentes sociológicos, econômicos, políticos, religiosos, etc., daí resultando um panorama em que se busca antes compreender do que explicar os fenômenos humanos e sociais, não no intuito de identificar suas causas, mas antes os propósitos e alcances que as determinam. As análises propriamente literárias são precedidas, em cada capítulo, de um estudo sobre a época ou civilização em que ocorreu o fato, permitindo ao leitor apreciar desde seus indícios ao seu apogeu, bem como as ramificações e desmembramentos de uma eventual sobrevida em outros estágios históricos e/ou artísticos. As análises não contemplam apenas os aspectos triviais da vida dos autores, mas ajudam a compreender como e por que suas obras foram geradas e os reflexos que porventura tiveram sobre outras épocas e regiões. A bibliografia arrola as obras fundamentais publicadas sobre os autores até a época, competindo às futuras edições atualizá-la com dados posteriores que tenham acrescentado ou lançado novos enfoques sobre os temas. Estranha, porém, que haja alguns que ainda leiam esses estudos-críticos abrangentes como se fossem simples baedeker para conhecimentos apressados ou, fragmentariamente, como se tratasse apenas de um repositório de dados biográficos. Este é um livro que deve ser lido por inteiro, como uma sucessão de sagas em que intercedem milhares de personagens implicados nos fenômenos da criação literária. Muitos que luziram em sua época e são hoje inteiramente desconhecidos, e muitos outros que, analisados com o rigor crítico de um scholar como Carpeaux, nem sempre corresponderão às idéias feitas que sobre eles existiam.
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4 comentários:
Eu tinha só um dos volumes da História da Literatura do Carpeaux, numa das edições antigas. Finalmente parece que tiveram uma idéia boa e resolveram reeditar tudo, vamos ver o preço.
Discordo da interpretação do texto sobre a maneira como Karpfen foi recebido no Brasil. Tanto eles não tinham a menor idéia de quem ele era e do seu valor, que arrumaram para ele uma vaguinha como bibliotecário no interior do Paraná (sic). Isso numa época em que as pessoas falavam de Curitiba e explicavam que "ritiba" queria dizer "do mundo".
Bem, mais uma confirmação do que eu dizia que, exceção feita à política, a Áustria exporta muita coisa boa. Felicidade nossa que ele tenha vindo para cá.
Prezado Fetter,
eu tenho a 1º edição.
não sei se é bom, pois só li até a p. 17.
Considerando que tem 7 volumes, sendo um somente de índices (no plural, mesmo) como puderam condensá-la em 4?
Bem Feluc, como o próprio post diz, são quatro alentados volumes.
Quanto ao problema do Karpfen, não faço a menor idéia do que o Felix está falando... mas tudo bem, vivendo e aprendendo...
Fetter,
preste atenção!
É o nome de batismo do cara.
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