segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Venezuela e Brasil

Olha, Filipe, creio ser muito complicado discutir sobre o que está por detrás das ações, ainda mais de estadistas.
De todo modo, vou dar uma interpretação, tão legítima quanto a sua.
Creio que Chavez estava certo da vitória.
E, por isso, se preocupou mais com eventual reação da oposição. Por isso afirmou aceitar a derrota, quando a boca de urna dava como certa a sua vitória.
Quando o povo foi pro quartinho escuro votar, a história foi outra.
Aí já era tarde e ele ficou sem alternativa. Reconheceu a derrota e deixou claro que a aceita "por enquanto". Isto significa que ele não vai desistir.

Quero deixar claro que não acho que uma emenda de reeleição torne um sistema ditatorial. Isto vale pro Lula e pro Chavez.

A democracia é produto de uma série de mecanismos que viabilizam o governo conforme a vontade do povo, mediada pelas instâncias políticas.
Esta mediação, implementada pelos partidos e pelo parlamento, é feita de modo que valores perpétuos não sejam sacrificados ao sabor das circunstâncias. Daí a necessidade de proteção das minorias (CPI's, quóruns e votações qualificadas, cláusulas de eternidade, etc.), liberdade irrestrita de imprensa, Judiciário independente, etc. A democracia representativa (de massas) está em crise? Não creio. Ela tem problemas? Evidentemente. Problemas de crescimento. Precisamos melhorar o sistema de financiamento de campanhas, a distribuição de verbas públicas nos meios de comunicação, institucionalizar o sistema de concessões de empresas de comunicações e outras coisinhas... Mas o caminho é este.

A Venezuela não é uma democracia porque ela não tem musculatura institucional. Acho que o Chavez não é o único culpado. Assim como o Morales não é na Bolívia. A Venezuela, como a Bolívia, não tem Judiciário independente, a imprensa está acuada, a oposição sequer participa dos pleitos, não existe a cultura dos governantes darem satisfações sobre os atos do governo...E isso aconte por causa da esquerda e da direita. São um bando de protótipos de ditadorzinhos. Ninguém aceita perder. É como a CBF na época do Otávio pinto Guimarães...eheheh.

A verdade é que reclamamos do Brasil, e com razão, mas estamos anos-luz ddos outros países da América Latina, salvo o Chile.

Um comentário:

Filipe disse...

Fiz todas as ressalvas antes de dar crédito ao Chavez pela postura após a derrota, entre outras coisas, pelo que você disse agora neste post - falta de musculatura institucional.

E é por isso mesmo que deve ser louvada a derrota reconhecida. Pois perder por cerca de 1% em um país assim significa uma eleição, no mímimo, limpa. E isso é muito bom. Como tb é bom ele ter perdido por tão pouco, quando achava certa a vitória, e ter aceito ao invés de falar em recontagem de votos, por exemplo.

Tb acho que emenda de reeleição não é sinônimo de um sistema ditatorial, por si só. A democracia não se resume a tão proclamada alternância de poder, sendo talvez mais importante a interdependência dos poderes, liberdade de imprensa etc. O que critiquei foi a "mania" de introduzir reeleição para o mandatário no poder, como fizeram os presidentes que citei.

Abração!