Ontem, em artigo publicado na Folha, EDUARDO GRAEFF, secretário-geral da Presidência da República no governo FHC, demonstra com clareza a mistificação que o partido do governo tem feito sobre as privatizações. Especificamente em relação à Vale do Rio Doce, oferece os seguintes dados:
– Em seis anos, ela recebeu US$ 44,6 bilhões em investimentos: nos 54 anos de estatismo, foram US$ 24 bilhões;
– Em 1997, inteiramente estatal, empregava 11 mil pessoas; hoje, 56 mil;
– Como estatal, produzia 35 milhões de toneladas de ferro; hoje, são 300 milhões;
– Em 1997, exportou US$ 3 bilhões; em 2006, US$ 10 bilhões (mais de um quarto do saldo positivo da balança comercial);
– Se a empresa realmente vale hoje US$ 50 bilhões, TRATA-SE DA VALE INTEIRA; em 1997, venderam-se se por US$ 3 bilhões APENAS 42% das ações ordinárias;
– Quem continua a ser o verdadeiro “dono” da Vale? O fundo de pensão do Banco do Brasil e o BNDES: eles detêm dois terços do capital da empresa;
- O outro terço se distribui entre Bradesco, a japonesa Mitsui e mais de 500 mil brasileiros que aplicaram parte do FGTS em ações da companhia.
E continua: "A Vale não é exceção. Da Embraer à telefonia, passando pela siderurgia e petroquímica, o desempenho de quase todas as empresas privatizadas é uma história de sucesso em benefício de seus compradores e empregados e do país.
A isso o estatista contrapõe números que são, eles sim, fraude grosseira: a comparação dos US$ 3 bilhões pelos quais a União vendeu 42% de suas ações ordinárias da Vale em 1997 com os US$ 50 bilhões que a Vale inteira valeria hoje, depois de toda a expansão possibilitada pela privatização".
Ou seja, os ideólogos de esquerda não conseguiram se livrar do ranço nacionalistada da década de 50. Mentalidade cepalista. Não conseguem enxergar o público aonde não existe o Estado. A Vale, hoje, é uma empresa com valor de mercado de bilhões de dólares e cuja propriedade está pulverizada. Ah, mas quem manda são os capitalistas, dirão. Mentira! o Governo tem voto privilegiado no COnselho de Administração.
Como disse Graef, o padrão de gestão da Vale é privado, mas a propriedade, como se vê, nem tanto. Depois de privatizada, a empresa recolheu aos cofres da União, em impostos e dividendos, algumas vezes mais do que fez ao longo de toda a sua existência como estatal.
Esperem e verão! A campanha para 2010 será indigesta. Todo tipo de empulhação será enfiada guela abaixo. BOa sorte à todos.
2 comentários:
Bem, se falar em reestatização de uma companhia na situação da Vale soa mesmo como surrealismo, sem dúvida - mesmo que a decisão venha de uma das dezenas de ações judiciais ainda tramitando contra o leilão de 1997.
Mas acho que é sempre válido analisar algumas questões sobre a privatização, como o preço de venda, o uso do dinheiro arrecadado e a necessidade de vender o controle acionário da companhia.
É uma discussão que pode render sempre preciosas lições pois, quer se seja a favor ou contra a privatização, inegável a controvérsia e importância do assunto. Até porque a Petrobrás ainda está aí.
Só é uma pena o assunto acabar caindo na vala rasa de campanhas políticas.
Outra coisa que eu acho que nunca se pode esquecer, ao falar de como a Vale cresceu privatizada, é que o preço do minério de ferro subiu absurdamente na última década.
Numa pesquisa rápida não achei dados muito precisos, mas pude ver que o valor da tonelada triplicou de dez anos para cá, no mínimo.
Ou seja, assim como aconteceu com o lucro vindo do petróleo, o lucro da Vale cresceria sendo ela estatal ou privada.
A Vale estatal, hoje, seria menor que a Vale privada? Acho que sim, pois o tamanho da empresa atualmente vem também da compra de diversas outras mineradoras ao longo do tempo. Estatal ela não seria tao agressiva, na minha leiga opinião.
bem colocado
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