domingo, 28 de setembro de 2008

Rede Globo perde noção do ridículo

Esta semana, em meu blog pessoal (www.profcristianfetter.blogspot.com), repercuti notícia, veiculada em dezenas de meios de comunicação - jurídicos ou não - acerca da sentença proferida pelo Juiz da 03a. Vara Cível de Goiânia, a qual deu ganho de causa ao pedido de indenização por danos morais, formulado pela Sra. Fátima Cristina de Oliveira, em desfavor da amante de seu marido, identificada por M.F..

Destaquei que, antes que houvesse qualquer confusão a respeito do embasamento da sentença, o próprio Juiz Joseli Luiz Silva, esclareceu no dia 23/9, que a condenação não foi motivada pela relação extraconjugal, mas sim em razão do comportamento da amante.
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Ficou claro então para todos, menos para os redatores do programa Fantástico da Rede Globo, que a vendedora M.F. foi condenada por empreender uma perseguição contra a Sra. Fátima, expondo-a a humilhação e zombaria por parte de colegas, parentes e demais pessoas de seu convívio. A Sra. Fátima, informou o site Migalhas, chegou a ser obrigada a largar um emprego e mudar de endereço.
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Destacou o Magistrado de forma clara, salvo para a redação do "show da vida", que de fato "várias foram suas investidas" contra a Sra. Fátima "de modo a desestabilizar-lhe não somente no casamento mas também o equilíbrio emocional, além de fragilizar e periclitar até mesmo o relacionamento mãe e filhos."
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Ocorre que hoje à noite o programa dominical, o qual provavelmente é assistido por milhões de pessoas no Brasil e no Exterior, conforme alardeado pela própria emissora, fez uma reportagem sobre o assunto, como se a condenação tivesse ocorrido pelo simples fato de a Sra. M.F. ser amante, ocultando os reais fatos que embasaram a sentença.
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Como se não bastasse esta lamentável confusão, o programa ainda promoveu um arremedo de debate entre três supostas "esposas traídas" e três supostas "amantes", no qual uma das supostas amantes, identificada como "fulana, cantora de funk", defendeu com argumentos sofríveis, que seriam as amantes que deveriam mover ações judiciais contra as esposas, pois, por exemplo, os maridos ficavam com suas esposas no Natal e Ano-Novo, enquanto as amantes seriam abandonadas neste período.
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Por fim, antes de desligar a tv e voar para este computador do qual escrevo este post, ainda tive tempo de ouvir alguns versos do arremedo de videoclip exibido pelo programa, logo após o tal "debate", onde as duas (vá lá...) cantoras, identificadas como "Mc Nem" e "Mc Kátia", "entoavam" os seguintes versos: "Oh fiel, recalcada/O melhor é ser amante/Enquanto eu beijo o seu marido/Tu se acaba lá no tanque".
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Conclusão óbvia: Ao fazer uma matéria baseada em premissas falsas e buscando destacar o lado grotesco e baixo da notícia, a Rede Globo presta (mais) um desserviço aos seus telespectadores, justificando o título deste post.

3 comentários:

feluc disse...

Prezado Fetter,

Assisti, chocado, o mesmo programa.
Ressalto que o problema é de formação.
Os jornalistas que escreveram a matéria não sabem interpretar texto.
Devem ter estudado em algumas faculdades que conhecemos...
O que me amedronta é o fato de ser geral essa incompreensão dos jornalistas quanto à matérias jurídicas.
Folha, Estadão, o Globo, JB, Rede Globo de TV, Record, todos têm hábito de transmitir informações equivocadas sobre assuntos relacionados ao mundo jurídico.
Imagino se o mesmo não ocorre com assuntos como economia, por exemplo.

Cristian Fetter Mold disse...

Caro Feluc, mandei uma nota para o Alberto Dines e ele publicou em seu Observatório da Imprensa, como você pode ver no link:

http://www.observatoriodaimprensa
.com.br/artigos.asp?cod=505FDS011

Anônimo disse...

Antes de mais nada, sim, companheiro Feluc, eles distorcem as notícias de economia também, ou nunca contam a história toda.
Não vejo o Fantástico tem uns bons anos, pelo que vocês estão me contando eu não perdi nada.

Abraço


Felix