terça-feira, 23 de setembro de 2008

Olá

Prezados amigos,

Fui aos Estados Unidos.
E voltei.
Mas voltei diferente.
Diferente porque tinha certas dúvidas quanto às minhas certezas e não as tenho mais.
Eu achava Obama meio oco, fruto de uma gigantescas convergência de circunstâncias.
Eu considerava Palin a maior cartada dos Republicanos.
Eu achava que ninguém sabia muito do que estava falando ao diagnoticar as origens e os remédios para a crise econômica.
Pois bem.
Fiquei lá durante 10 dias. Fiz questão de assistir à Fox News e à CNN. Li o New York Times e o Washington Post em dias alternados. Debati com meus cicerones, professores universitários democratas.
Resultado: continuo com as minhas certezas.
Só dá Palin em todos os telejornais, a ponto de Hilary Clinton desmarcar evento nas Nações Unidas em que as duas apareceriam juntas. A mulher fala bem, é direta e o público entende o que ela diz, concordando ou não. Nõ creio que vá perder votos por isso.
Obama está sendo aclamado pela mídia. Foi no programa da Barbara Walters e a mulherada (era programa de sofá) o elogiava, chamando-o de sexy, de como era charmoso e por aí vai ...
McCain foi ao mesmo programa e foi chamado de mentiroso. Sofreu meia hora de ataques.
Não creio que isto seja somente porque Obama seja negro.
Ele é magro em um país em que gordura é sinal de pobreza. Ele é culto, formado em Harvard. Ele tem sucesso, afinal, em quatro anos de política já ganhou mais dinheiro que McCain em uma vida inteira. Fala muito bem e, sobretudo, representa os valores dos "moderninhos".
Sabe aquele pessoal descolado que anda com laptop pra cima e pra baixo, gosta de tomar café no Starbucks, quer o bem da Humanidade, luta contra o aquecimento global e quer salvar a Amazônia?
O Obama é o herói dessa gente. (não vai aqui nenhum sinal de desprezo)
Já o McCain é um pobre diabo.
É branco, foi militar (pô, herói !? quer coisa mais fora de moda?), fala com clareza que os EUA não podem esperar seus inimigos agirem e defende a exploração de petróleo em plataformas off shore para diminuira dependência dos EUA de seus... inimigos. Não tem fantasia, é claro e lógico demais.
Os moderninhos de espírito romântico não entram nessa.
Quanto à crise, trata-se de um salve-se quem puder.
Eles (o governo e o mercado) não sabem o que está acontecendo e não sabem o que vai acontecer.
Ah, ainda querem gastar quase 1 trilhão de dólares num negócio que ningém sabe se vai funcionar ou à favor de quem. Também não querem que as empresas que vão se beneficiar de dinheiro público prestem contas. E também não querem prestar contas de como vão torrar o dinheiro do contribuinte.
Os democratas estõ jogando pra platéia. Mas vão aprovar algo, só pra não serem acusados de se omitirem no momento chave.
Somente uma certeza nova: nós, brazucas, temos muita sorte, pelo menos por enquanto.
Embora aqui ninguém saiba o que está acontecendo também, a crise, por algum motivo ainda desconhecido, ainda não nos atingiu. Até quando ninguém sabe.

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