Nos últimos dias, as revistas semanais
(com raras exceções) pareciam estar vivendo num mundo de faz de conta.
Com efeito, o maior escândalo da República, quiçá mil vezes maior -
monetariamente falando - do que o famigerado mensalão, o caso Cachoeira,
vinha sendo relativamente olvidado. Isso se deu porque a mídia virou
parte no enredo. De fato, o jornalista Policarpo Junior, diretor da
sucursal da revista Veja em Brasília, foi flagrado nas escutas
telefônicas da operação da PF. No jargão jornalístico, Cachoeira seria
uma fonte de Policarpo. Mas como a coisa não se resumia a isso (é o que
nos parece), a imprensa tremeu, mesmo porque Policarpo talvez não fosse
o único. No pano de fundo, está a discussão quanto à ética do
jornalismo. Receber, de um qualquer (e esse Cachoeira outra coisa não é)
uma informação relevante deveria levar o jornalista a primeiro perguntar
o porquê de estar recebendo aquele material. Ao invés disso, o que se
fazia era engraxar as rotativas para a capa do hebdomadário. E, pelo
visto, várias capas do semanário dos últimos meses deveriam ser
creditadas a seu verdadeiro autor, o sr. Carlinhos queda d'água. E
estávamos nesse ponto, vivendo a expectativa de uma catarse ética no
jornalismo tupiniquim, quando o jornal O Globo, semana passada, saiu em
defesa da Editora Abril. Os tubarões da comunicação se uniram pelo bem
da espécie. E com base na defesa global, a revista Veja trouxe esta semana
o caso a seus leitores. Conquanto faça uma ginástica argumentativa,
pouco explica. O que fica no ar é a tentativa, baldada (?), de querer
absolver sumariamente o referido jornalista. Ora, para absolver é
preciso, pelo menos, investigar. E se não há nada de errado, a verdade
aparecerá. Ou será que Policarpo teme acabar como seu homônimo da
conhecida obra de Lima Barreto ?
CLIQUE AQUI
CLIQUE AQUI
Nenhum comentário:
Postar um comentário