terça-feira, 28 de julho de 2009

Para o Cristian e o Felix Catus: do blog do bonequinho

Filme 'Cadillac Records', com Beyoncé, sai direto em DVD no Brasil

Misteriosos são os caminhos que levam um filme a ser exibido ou não no Brasil. Há desde o fracasso de bilheteria na matriz (geralmente, os Estados Unidos), o tema inadequado para determinado país (quem determina isso?) ou até mesmo a qualidade ou fama de seu elenco. "Cadillac Records" se encaixa em alguns destes quesitos. Apesar de ter custado barato, cerca de US$ 12 milhões, não conseguiu arrecadar isso nos EUA (mal chegou a 9 milhões de dólares). No entanto, seu elenco tem o premiado com o Oscar Adrien Brody (por "O pianista"), a badalada cantora Beyoncé Knowles, e o tema que aborda até teria certa aceitação nas salas alternativas daqui.

Do que se trata? É a história da gravadora Chess Records, de Chicago, que ficou famosa nos anos 50 por ter lançado as carreiras de nomes do rhythm & blues como Etta James, Muddy Waters, Chuck Berry, Willie Dixon e Howlin' Wolf, entre outros, pouco antes de Elvis aparecer e botar a nova música negra no mapa mundi, já com o nome rock'n'roll. O título do filme no original refere-se ao modo como eram premiados os artistas que vendiam bastante discos: Leonard Chess (Brody), amantes dos cadillacs, presenteava seus best-sellers com um carrão destes novinho. Chuck Berry (o rapper Mos Def, perfeito) ganhou o seu assim.

Mas havia muito mais por trás. Chess, um judeu, sofreu preconceito duplo por gravar artistas negros e cortou um dobrado até ter lucro. No começo, um de seus maiores colaboradores foi Muddy Waters, (no filme, Jeffrey Wright) de cuja frase de uma de suas músicas, "I wanna rock'n'roll with you" (rock, aí, no sentido de fazer sexo) deu origem ao termo; e também foi por conta dele que uns branquelos ingleses batizaram a sua banda de Rolling Stones (pedra que não rola, não cria limo, outra frase de uma música do "Água Lamacenta"). E os próprios Stones (jovens) aparecem numa cena, indo visitar a gravadora, embora Mick Jagger de fato só apareça numa ponta rápida.

Mas um dos focos mais fortes do filme é em cima do atribulado affair que Chess teve com Etta James (Beyoncé, exuberante), já que ele era um homem casado, mas todos sabiam do caso. Várias músicas famosas de James foram inspiradas em seus arranca-rabos com Chess. Só isso valia um filme à parte.

Como trama, "Cadillac Records" é até mais interessante do que a de "Dreamgirls". Contudo, a direção preguiçosa de Daniel Martin (que foi assistente de Spike Lee) não deixa o filme decolar de fato. Mas as boas atuações e a sua trilha sonora (lançada aqui pela Sony em CD duplo) já são o bastante para segurar as pontas. Então, fica a dica de um filme para assistir em casa nestes dias frios. A música é quentíssima.

3 comentários:

Cristian Fetter Mold disse...

Sem dúvida nenhuma, um filme a ser conferido. Espero que a trilha sonora saia logo.

Apenas como curiosidade, o companheiro Felix que é versado em vários idiomas oriundos da Europa Oriental, podia nos explicar como é que Lejzor Czyz virou Leonard Chess.

Felix Cattus disse...

Caro companheiro Fetter, na realidade eu conheço só o portunhol, a "língua do pê" e um pouco de Swahili, por conta da descendência afro.

Feluc, que o mais viajado daqui deste blog que seria o mais indicado para responder a sua pergunta.

Anônimo disse...

Leonard Chess nasceu em uma pequena comunidade judaica chamada Motal, na Polonia e foi batizado com o nome de (Lejzor Czyz).

Sua família mudou-se para Chicago, Illinois, em 1928, e neste momento (Lejzor Czyz) mudou seu nome para Leonard Chess, e seu irmão (Fiszel) mudou seu nome para Philip.

Leonard e seu irmão Phil começaram os seus negócios com uma casa noturna no lado sul de Chicago em 1947, O Macomba Lounge, que não durou muito devido a um incêndio.

Logo depois se associaram a Aristocrat Records, e resolveram mudar o perfil da gravadora que era black pop para um perfil mais jazz e blues, mais perto da pura música afro-americana, com artistas como Muddy Waters e Sunnyland Slim.
Leonard Chess chegou até mesmo a tocar baixo e bateria em uma das primeiras sessões de Muddy Waters.

Em 1948, os irmãos Chess assumiram o controle da companhia e em 1950 mudaram o nome dela para Chess Records. "Tolo My Heart" (Gene Ammons), "Rollin 'Stone" (Muddy Waters) e "That's All Right" (Jimmy Rogers) foram os primeiros trabalhos sob a direção de Leo & Phil.

Leo Chess foi convidado por Sam Phillips (da Sun Records) para ajudar a descobrir novos artistas e gravar no sul do país. Foi nesta época que Leo fez as gravações de Howlin 'Wolf, Rufus Thomas e doutor Ross, entre outros. Destes, Howlin 'Wolf especialmente se tornou muito popular, e a Chess Records teve que lutar por ele com outras empresas que também havia trabalhado com Wolf nas gravações pela Phillips.

Logo depois, outros importantes artistas juntaram-se, incluindo Bo Diddley e Sonny Boy Williamson. Na década de 1950, Chess Records “era um grande sucesso comercial”, cresceu com artistas como Willie Dixon, Little Walter, The Moonglows, The Flamingos e Chuck Berry, e nos anos 60 com Etta James, Fontella Bass, Koko Taylor, Little Milton, Laura Lee e Tommy Tucker.

Como na década de 1960 a Chess Records progrediu, a empresa se ramificou em outros gêneros, incluindo gospel, jazz tradicional, Spoken Word, comédia, e muito mais.

No início dos anos 1960, Chess começou a trabalhar também na transmissão das empresas, WVON (rádio AM), e mais tarde adquiriu WSDM-FM, ambos em Chicago.

Em Outubro de 1969, poucos meses depois de vender o seu nome para a (General Recorded Tape), Leonard Chess morreu de um ataque cardíaco.


Leonard Chess entrou para o Hall of Fame in 1987.
O Famoso endereço 2120 South Michigan Avenue em Chicago, (endereço da Chess Records), hoje é um museu totalmente conservado, exatamente da forma que foi no passado.

Leonard Chess teve uma curta passagem por este mundo, mas conseguiu junto com seus artistas mudar a história da música.

“Foi sob a produção de Leo que o Blues se fez elétrico e nasceu o Rock ‘N’ Roll “