segunda-feira, 25 de maio de 2009

Música com M maiúsculo - Capítulo XII




No post anterior, falamos do Joelho de Porco e de Zé Rodrix. Infelizmente teremos de falar do velho Zé novamente, pois ele resolveu deixar-nos cedo demais.

Sexta-feira passada, estou almoçando com um primo que mora em Roraima e que estava de passagem pela capital federal, e a tv do restaurante começa a mostrar um monte de imagens de arquivo do Zé, ou seja, era óbvio que alguma coisa muito ruim havia acontecido. Os telejornais em tv aberta somente fazem homenagens quando o artista morre ou quando está em Coma Glasgow abaixo do nível 4.

Depois peguei algumas reportagens via internet e em jornais virtuais que poucos escaparam do óbvio de dizer coisas do tipo: "Zé Rodrix foi para a sua casa no campo" e quetais.

O fato é que morreu um dos grandes músicos e compositores brasileiros e que fez parte de três bandas que entram em qualquer enciclopédia da música brasileira que se preze: Som Imaginário, Sá, Rodrix e Guarabyra e Joelho de Porco, tendo, além disso, uma carreira solo curta, porém muito interessante.

Não podemos esquecer também que o velho Zé era compositor de jingles, sendo talvez o mais famoso o que fez para um comercial da Chevrolet e que pode ser visto AQUI

Qualquer pessoa que almeje ter uma cultura musical razoável (e vocês sabem, isto é um projeto de uma vida inteira...) deve, imediatamente, correr atrás de gravações dessas bandas. A música sempre foge do óbvio, e certamente você vai se pegar ouvindo mais de uma vez músicas como "Feira Moderna" e "Nepal" (Som Imaginário - disco homônimo - 1970); "Desenhos no Jornal" (Sá, Rodrix e Guarabyra - "Terra" - 1973) e "Casca de Caracol" (Zé Rodrix - "I Acto" - 1973), além, é claro das muito conhecidas "Soy Latino Americano" e "Casa no Campo".

Para este post, trago a lume "Mestre Jonas", sensacional música do trio Sá, Rodrix e Guarabyra, gravado no disco "Terra" e que também aparece na trilha sonora do filme "Durval Discos".

Zé Rodrix foi para sua casa de campo ? Qual ! Zé entrou numa baleia e foi-se embora deste mundinho medíocre que não reconhece os verdadeiros talentos da MPB.

Mestre Jonas

Zé Rodrix


Dentro da baleia mora mestre Jonas
Desde que completou a maioridade
a baleia é sua casa, sua cidade
dentro dela guarda suas gravatas, seus ternos de linho

e ele diz que se chama Jonas
e ele diz que é um santo homem
e ele diz que mora dentro da baleia por vontade própria
e ele diz que está comprometido
e ele diz que assinou papel
que vai mantê-lo preso na baleia até o fim da vida
até o fim da vida

dentro da baleia a vida é tão mais fácil
nada incomoda o silêncio e a paz de jonas
quando o tempo é mal, a tempestade fica de fora
a baleia é mais segura que um grande navio

e ele diz que se chama Jonas
e ele diz que é um santo homem
e ele diz que mora dentro da baleia por vontade própria
e ele diz que está comprometido
e ele diz que assinou papel
que vai mantê-lo preso na baleia até o fim da vida
até o fim da vida
até subir pro céu

Um comentário:

Felix Cattus disse...

Realmente o jingle está bem catito, companheiro Fetter.
Não esqueça que vários "malditos" da MPB conseguiam equilibrar
o orçamento compondo jingles, assim como o Meirelles faz filmes
mas diz que o que garante mesmo o sustento é a publicidade.

Além disso, o Rodrix conseguiu uma façanha: vendeu mais discos
no final do ano (com "Soy Latino-Americano") do que Roberto
Carlos. Um sujeito assim não pode ser considerado tão "maldito
da MPB", não é? Abraço