quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Controle (2.0)

"Do you realise we are giving away our master tapes here?"
Maurice Oberstein, diretor da Polygram UK, falando sobre o surgimento do CD

Desde 1988, quando superou o disco de vinil, o CD é o formato de mídia mais vendido para ouvir música. Mas sua importância vem caindo progressivamente nesta década. São números como 25% de queda na França, nas vendas no primeiro trimestre de 2007, e 35% no Canadá no mesmo período.

As pessoas não estão deixando de ouvir música, apenas estão fazendo isso de outra maneira. Depois dos diversos tipos de disco de vinil, da fita cassete, do próprio CD, do DAT e de outros, a mudança de formato não é novidade. O que é novo é que desta vez a troca não foi planejada e nem desejada pela indústria fonográfica.

Seja pela possibilidade de gravação caseira de um CD sem perder qualidade - com o CD gravável, CD-R – seja à reboque de duas siglas que já marcaram a história da indústria fonográfica - MP3 e P2P* – a verdade é que numa escala até então sem precedentes a música passou a circular livremente – e em boa parte ilegalmente – pelo mundo.

E dá-lhe folk de sueco, jazz de africano, heavy metal de romeno... no rádio e na TV continuam prevalecendo os jabazentos, mas hoje, querendo e procurando, praticamente é possível escutar o que se quiser. De graça ou pagando, já que finalmente a indústria acordou e os downloads "legais" crescem ano a ano, se tornando importante parte do faturamento dos detentores dos direitos sobre músicas.

Se houve mudança de hábito na ponta final da linha, com o consumidor, como não haveria do outro lado, na relação entre o artista e a gravadora?

Uma banda hoje pode gravar suas músicas em casa, colocá-las num site especializado e ter uma divulgação virtual eficiente, a ponto de se perguntar por qual motivo banda precisaria de uma gravadora. Ou, ao menos, de uma major.

Com isso, tem muita gente já vendendo seu próprio disco pela internet e, mais importante, se mostrando ao seu público, se tornando conhecido e com isso ganhando dinheiro fazendo shows.

Não deixa de ser irônico que a tecnologia tenha avançado para mostrar que a melhor fórmula para o artista ganhar dinheiro sempre foi se apresentando ao vivo – tal como tinha que fazer antes do fonógrafo e do rádio – pois disco sempre deu dinheiro mesmo para os intermediários da música.

*MP3 é um formato de compressão de um arquivo de áudio, tornado disponível em meados dos anos 90. É como se a música fosse “zipada”, com a diferença que ela passa a ocupar cerca de 10% do espaço que ocuparia antes, no formato normal. Ou seja, uma música de 4 minutos vai de 40 megabytes para 4 megabytes de tamanho.

Transformada em arquivos relativamente pequenos, a música pode não só ser guardada em grande quantidade nos discos dos computadores, mas também enviada e recebida pela internet, mesmo pelas antigas conexões discadas.

Esse intercâmbio via internet era incipiente até que alguém percebeu que a melhor maneira de achar e pegar músicas não seria colocando os arquivos mp3 em websites e sim se todos disponibilizassem seus acervos pessoais, livremente, e cada um pudesse pegar músicas de todos os outros.

Esse alguém foi Shawn Fanning, um universitário americano que criou um programa que permitia que o usuário buscasse e pegasse músicas diretamente do computador de outro usuário. O seu software só faria a ligação de um computador ao outro, de um ponto ao outro – peer to peer, ou P2P. O nome desse programa era Napster.



como funciona a rede p2p


Um comentário:

Cristian Fetter Mold disse...

Rapaz, li sobre uma banda chamada Dispatch que lotou três vezes o Madison Square Garden, em três dias seguidos, vendendo suas músicas e os ingressos para os shows via internet!!! Os caras nunca tiveram uma gravadora nesta vida !!!