bollito misto
costeleta de cabrito
cordeiro assado com ervas
pernil de cordeiro assado com menta
toma
roccaverano
castelmagno
bonet
Este post é dedicado a uma amiga. Pelo menos penso que ela gostaria que eu me referisse dessa forma. Além disso, ela é mâe da pessoa mais importante em minha vida.
O fato é que ela está prestes a conhecer a Itália pela primeira vez. E se o digo assim é porque a cada vez que visitamos este país sempre nos deparamos com coisas novas. Não importa quantas vezes o tenhamos visitado.
Em nossas conversas, havia ressaltado que o que mais me impressiona na Itália não são nem a arquitetura, nem as obras de arte. Me impressiona como um povo que conheceu a miséria até bem pouco tempo conseguiu criar a arte culinária mais apaixonante que posso imaginar. Não se engane. Os relatos de viajantes e escritores mostram como o povo do campo, inclusive no norte do país, a parte mais rica, vivia na mais absoluta miséria. A ponto dos camponeses das montanhas do Piemonte serem obrigados a migrar para o Vale do Pó a fim de trabalhar nos arrozais em condições que, hoje, chamaríamos análogas à escravidão. Isto até os anos 50. Bem, com ingredientes muito básicos (as ervas da região, cortes baratos de ovelha e bovinos, arroz e farinha de trigo), os piemonteses desenvolveram uma dentre várias cozinhas regionais maravilhosas, todas regidas pelo princípio de uso de ingredientes simples, frescos e da época. Isto significa que o amor pelo prazer de comer e um talento inigualável fizeram com que criassem a mais variada gastronomia do mundo.
Bom, após esta declaração de amor, me senti na obrigação de lhe dar algumas dicas sobre o que esperar da comida neste maravilhoso país. Na Itália, eles não comem apenas um prato, como fazemos no Brasil. A regra é iniciar com os Antepastos, comidinhas para abrir o apetite. Muitas delas podem ser pratos independentes em fases posteriores da refeição. Após,o Primeiro Prato, que pode ser um risoto, uma massa ou uma sopa. O Segundo Prato, provavelmente, será uma carne de panela, pelo simples motivo de os camponeses, no passado, terem tido acesso somente a cortes mais duros e, por sorte, mais saborosos. Estas carnes podem ser de bovino, caprino ou ovino e são preparadas cozidas com caldos, vinho, hortaliças e ervas.
Minha amiga, conhecendo o seu gosto, como Segundo Prato, recomendaria um "bollito misto", o cozido dos italianos, feito com diversos pedaços de carne, lingüiça, caldo e hortaliças, acompanhados por diversos molhos à parte. Este prato era, tradicionalmente, a refeição dos camponeses e mercadores em dias frios nas feiras que viajavam de cidade a cidade.
Outro prato típico e penso ser do seu agrado é o "fritto misto": carnes de porco mergulhadas em massa, passadas em farinha de rosca e fritas no óleo de oliva. Não posso esquecer também da "finanzeira", um guisado de miúdos tradicional com hortaliças.
Pois bem, nesta viagem, minha amiga será acompanhada por dois anjos. Um deles, por sinal, minha amiga também, gosta muito de queijos. Como este anjo adora vida saudável e esportes, normalmente, come apenas queijos magros e sem sabor. Para além dos verdadeiros parmigianos, grana e gorgonzola, já suficientemente conhecidos entre nós, recomendo a descoberta de alguns:
- toma (ou robiola): queijo mole, com casca avermelhada, feito de leite de ovelha. Há uma variedade elaborada com queijo de cabra, o roccaverano. Na Europa, queijos de cabra são mais raros, pois a ordenha destes animais ainda é manual e menos rendosa. Na verdade, a ânsia de um mercado cada vez mais desenvolvido por novidades não deixaram este queijo sumir.
Não pense que faltei com o respeito quanto ao fato de já conhecermos o gorgonzola. Prove-o. Você terá uma idéia do que esperar, mas saiba que o que temos em nossos supermercados é uma pálida lembrança diante do original. Se puder, prove-o com um Moscato Passito. Como você sabe que EU NÂO BEBO!, devo dizer que é a combinação dos conhecedores locais. Por fim, não deixe de provar um Castelmagno, queijo semi-duro de leite de vaca. Aromático, é um dos mais populares da Itália. Fique tranqüila, a Itália tem 404 tipos diferentes de queijo. Você precisará de muitas viagens para conhecê-los. Nos mercados, não se esqueça de peir para provar antes de comprá-los.
Por fim, devo falar de doces. Os dois anjinhos adoram chocolate. infelizmente, não passarâo por Turim, capital italiana dos chocolates, cujos confeiteiros foram os primeiros no mundo a fabricá-los na forma sólida, com uma massa bem macia de cacau, açúcar, baunilha, leite e avelãs de Langhe torradas (as melhores). Todavia, se cruzarem com um Bonet (flan de chocolate), saibam que se trata de uma especialidade piemontesa relativamente disseminada pela Itália, portanto, a chance de ser bem feita é grande.