quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Ouvindo esta semana

Esta semana o som do carro está léguas distante dos conceitos habituais de normalidade, no que diz respeito a "som que se ouve no carro".

Habib Koite é do Mali e segue a trilha aberta por outros conterrâneos, como o conhecido Jali Musa Jawara. Só que Habib tem uma pegada mais moderna. Embora não se entenda uma palavra do que ele canta, o som é de altísssimo nível, do tipo que você mostra para o seu sogro sem o menor problema. Para mim, a trilha sonora perfeita para a Copa de 2010.





Junipher Greene é uma banda de rock progressivo da Noruega e o disco, todo cantado em inglês, é de 1971. Flautas e guitarras, uma pitada de Jethro Tull, um pouco de Uriah Heep, enfim, um grande trabalho, considerado por muito o magnum opus do rock progressivo norueguês. Aqui, certamente seu sogro começará a se sentir um pouco incomodado, mas curtirá as passagens mais lentas.






Agora, neste ponto, é melhor tirar o seu sogro e todos os demais parentes da sala, sob pena de acharem que você não está batendo bem da cabeça.
Magma é um grupo francês para poucos. Os caras possuem um som tão hermético que o termo "zeuhl music" foi criado por eles, e somente para eles. Os demais grupos que seguem essa vertente são, geralmente, formados por ex-integrantes do combo francês.
Liderada pelo estupendo baterista Christian Vander, a banda engendra em seus álbuns um coquetel que mistura rock progressivo, ópera, free-jazz e psicodelia. Como se não bastasse, o grupo conta em vários discos a estória dos habitantes do planeta Kobaia e suas relações com o povo da terra. Só que o baterista Vander, juntamente com seus asseclas simplesmente criou um idioma Kobaia, no qual as músicas são cantadas, aumentando o clima de assombro que aflige os ouvintes de primeira hora.
Mekanïk Destruktïv Kommandöh, de 1973, para muitos é o ápice do grupo. 38 minutos de tensão máxima, instrumental denso, temas épicos enormes e vocais em soprano-berrado que deixariam muito fonoaudiólogo de cabelos em pé (cortesia da incrível Stela Vander, esposa do baterista). A trilha sonora perfeita para uma invasão extraterrestre. Ou será que eles já estão entre nós?

São muitas emoções


E segue a terceira divisão do Goianão 2007. A locomotiva sofreu sua primeira derrota, frente ao Caldas Novas, mas permanece invicta em casa e com gordura para queimar, devido à excelente apresentação no primeiro turno.

Os jogos deste último final de semana terminaram assim:

UNIÃO E. I. 2 x 3 MORRINHOS F.C

INHUMAS E.C 1 x 3 APARECIDA E.C

CALDAS NOVAS A.C 5 x 2 PIRES DO RIO F.C.

JARAGUÁ E.C 1 x 2 SANTA HELENA E.C.


E a classificação ficou assim:

Grupo 01
1º Santa Helena => 4 Jogos 10 Pontos 10 Saldo de Gols
2º Aparecida => 4 Jogos 7 Pontos -2 SG
3º Jaraguá => 4 Jogos 3 Pontos -5 SG
4º Inhumas => 4 Jogos 2 Pontos -3 SG


Grupo 02
1º Morrinhos => 4 Jogos 9 Pontos 2 Saldo de Gols
2º Pires do Rio => 4 Jogos 7 Pontos 3 Saldo de Gols
2º Caldas => 4 Jogos 7 Pontos 3 Saldo de Gols
4º União => 4 Jogos 0 Pontos -8 Saldo de Gols

Dia 04 de Novembro, mesmo jogando fora, a Locomotiva alvirrubra enfrenta o lanterna do campeonato. Assim, espera-se a conquista de mais três pontos no Estádio Zico Brandão. Além do mais, basta um empate entre Morrinhos e Caldas, que jogam no João Vilela, em Morrinhos, para que o Pirão reassuma a ponta do Grupo.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

The Cure - The Head on the Door

The Head on the Door (1985)

Em 1985 o The Cure já havia lançado 6 discos e mudado seu som pelo menos duas vezes, indo de pérolas pop como "Boys Don't Cry" a músicas soturnas, como "Charlotte Sometimes", que lhe valeram o rótulo de banda gótica (ou dark, como se dizia aqui) para voltar ao pop com "Let's Go To Bed" e outras.

É com base nessa mistura que sai The Head on the Door, onde a banda mostraria um pouco de tudo que tinha feito, e até apontando rumo do que faria posteriormente. Conseguem, assim, mais sucesso de vendas que qualquer coisa anterior que haviam lançado, chegando a novos públicos (como nessas plagas tupiniquins).

Para não haver dúvidas, o disco abre com uma rápida mas poderosa virada de bateria, iniciando "In Between Days". Com 30 segundos a música se mostra toda: teclados se alternando na melodia de estrofe e refrão, baixo e violão fazendo a base, sem deixar espaços vazios, até entrar o vocal de Robert Smith, cantando sobre rejeição e arrependimento (tema que se repetiria ao longo do disco). Ficava difícil não gostar da música, que foi o primeiro single do álbum. Foi difícil não escutá-la na época, de tanto que tocou.

A primeira metade do disco continua quase impecável. A banda brinca com os arranjos nas faixas seguintes, indo de teclados "caixinha de música japonesa" em "Kyoto Song", para violões flamencos (e castanholas) na pulsante "The Blood" (outra sobre arrependimento e perda). Ambas ótimas.

"Six Different Ways" é levada só nos teclados e, se não mantém o nível das anteriores, também não desagrada - pop song simpática. Fechando o que era o lado A do disco de vinil vem a quase instrumental "Push", com sua longa introdução, sempre com a dinâmica lá para cima - como na faixa de abertura - e com as melhores guitarras do disco. Outra faixa excelente

Na segunda parte do álbum as faixas são mais irregulares. "The Baby Screams" é outro eletropop, acelerada mas com uma melodia que não "pega" em hora alguma, tão fraca quanto "Screw", guiada pelo baixo e cheia de barulhinhos, propositalmente esquisita, como tantas outras músicas da banda, mas também sem empolgar. Mas é tão curta que não atrapalha.

Entre as duas, porém, estão "Close To Me" e "A Night Like This". Segundo single do disco e uma das músicas mais conhecidas da banda, "Close To Me" é, de certa forma, o lado oposto de "In Between Days": quase minimalista, vocal meio sussurrado, espaços vazios, bateria acompanhada de palmas. Tudo soando de forma suave, contrastando com a ansiedade da letra. A versão do disco não tem metais, presentes no single (que está na coletânea Standing on a Beach/Staring at the Sea), o que torna a música mais claustrofóbica. E sensacional.

Na sequência, "A Night Like This". A menos famosa do trio que mais se destaca no disco só que igualmente genial. Novamente falando em arrependimento e perda, Robert Smith passa toda dor do fim de um relacionamento, enquanto arranjo e melodia juntam teclado e guitarra de forma grudenta e envolvente, em um pop elegante, "classudo", com direito a solo de sax.

O disco fecha com "Sinking", música mais longa e mais melancólica de The Head on the Door. Soa como os discos "góticos" da banda do começo da década de 80, tem uma bela melodia, mas talvez encerre o álbum com um tom mais triste que deveria. Mas é inteiramente The Cure, sem dúvida.

Robert Smith compôs sozinho todas as dez músicas do álbum, fato que não se repetiu nenhuma outra vez. Em seguida o The Cure lançaria a coletânea que sacramentaria de vez seu sucesso comercial, Standing on a Beach/Staring at the Sea, de 1986. E antes do fim da década ainda lançariam um álbum duplo e aquele que, para muitos, é o melhor trabalho da banda - Disintegration, de 1989. Mas The Head on the Door tem o mérito de, como nenhum outro, reunir a essência do estilo do grupo.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Classificação após a 3ª Rodada

Com um injusto empate em casa, o Pires do Rio garantiu o primeiro lugar de seu grupo no primeiro turno da 3ª divisão do Goianão 2007. Seguem os resultados e a classificação.

SANTA HELENA E.C.4 x 0 JARAGUÁ E.C

APARECIDA E.C 2 x 2 INHUMAS E.C

MORRINHOS F.C 2 x 1 UNIÃO E. I.

PIRES DO RIO F.C. 1 x 1 CALDAS NOVAS A.C


CLASSIFICAÇÃO APÓS 03 RODADAS:

Grupo 01

1º Santa Helena => 3 Jogos 7 Pontos 9 Saldo de Gols

2º Aparecida => 3 Jogos 4 Pontos -4 SG

3º Jaraguá => 3 Jogos 3 Pontos -4 SG

4º Inhumas => 3 Jogos 2 Pontos -1 SG

Grupo 02

1º Pires do Rio => 3 Jogos 7 Pontos 6 Saldo de Gols

2º Morrinhos => 3 Jogos 6 Pontos 1 Saldo de Gols

3º Caldas => 3 Jogos 4 Pontos 0 Saldo de Gols

4º União => 3 Jogos 0 Pontos -7 Saldo de Gols

Lembrando que somente os dois primeiros de cada grupo passam à segunda fase.

Dia 28 a equipe vai à Caldas Novas para o primeiro jogo do segundo turno, onde somente se enfrentam os times do mesmo grupo. Mantendo-se o retrospecto dos primeiros três jogos a classificação para a segunda fase estará garantida.

O próximo jogo em casa está previsto somente para o dia 11 de Novembro, no encerramento do segundo turno.

Curiosamente, no mesmo dia é provável que o Goiás esteja enterrando o Corinthians no Serra Dourada.

Haja pilha para tanto radinho !!!!




sexta-feira, 19 de outubro de 2007

2010 já depois da curva

A primeira Seleção Brasileira a disputar Eliminatórias para uma Copa do Mundo, a de 1954: em pé, Djalma Santos. Gerson. Brandãozinho. Nilton Santos. Veludo e Bauer. Agachados: Julinho. Humberto. Baltazar. Didi e Maurinho.

No tempo que Dondon jogava no Andaraí, Eliminatórias eram aqueles 5 ou 6 jogos que a Seleção fazia antes de se confirmar o ululante óbvio: mais uma participação em Copa do Mundo. E assim foi até a década de 90, quando passamos a ser chiques e modernos e o sistema de disputa mudou para pontos corridos, com turno e returno.

Agora participar das Eliminatórias significa disputar 18 jogos em longuíssimos dois anos: a edição para a Copa de 2010 começou agora e se encerra somente em outubro de 2009.

Não discordo que pontos corridos é a fórmula ideal para a equipe mais regular do torneio se sagrar campeã, já que em "mata-mata" o imponderável sempre entra em campo. Só que na América do Sul as Eliminatórias significam disputar 4,5 vagas (a "meia vaga" é a da repescagem) entre dez equipes. Tanto faz ser o primeirão - como fomos nas Eliminatórias passadas - ou terceiro - posição no Brasil na disputa para a Copa de 2002.

Jogar durante dois anos, com intervalos de meses entre algumas partidas, sem tempo para treinamento, não significa premiar os mais regulares.

Se a idéia é que os melhores cheguem na Copa, seria mais interessante um torneio mais curto: dois grupos de 5 times, jogos apenas dentro do próprio grupo, os dois primeiros colocados têm vaga direta e o melhor terceiro pega a repescagem. Seriam só oito jogos e, mantendo o sistema de rodadas duplas que temos hoje, daria para resolver tudo em um semestre, já em 2009.

Mesma tabela

Uma curiosidade sobre a atual disputa é que a Confederação Sul-Americana usa a mesma tabela nesta edição que foi usada nas duas anteriores. Ou seja, o Brasil vai jogar contra os outros times na mesma ordem das disputas para 2002 e 2006. Assim, fica fácil comparar o desempenho atual com os times do Parreira e Felipão/Leão/Luxemburgo.

Posição do Brasil após os dois primeiros jogos, contra Colômbia e Equador:

2002

2006

2010

Brasil com 4 pontos, 1 gol de saldo

Brasil com 6 pontos, 2 gols de saldo

Brasil com 4 pontos, 5 gols de saldo

3º lugar

1º lugar

2º lugar

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Uma assinatura

Uma assinatura é mais importante do que comumente se pensa. É o que procura demonstrar esta intrigante animação da Anistia Internacional. Assista.

http://www.youtube.com/watch?v=OjC_k1B0Xdg

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

A CONSOLIDAÇÃO


Com uma vitória esmagadora de cinco a zero sobre o União de Inhumas, o Pires do Rio FC sacramentou sua liderança na terceira divisão do Goianão 2007.

Após duas rodadas, a equipe possui o melhor ataque (empatada com o Santa Helena), seis gols. É a única que ainda não tomou gols e a única com duas vitórias.

Os gols foram marcados pelo meia Wesnalton (02), pelo atacante David (02) e pelo zagueiro Neuram.

A única preocupação é com o número de cartões amarelos com os quais a equipe vem sendo punida. Foram cinco na primeira partida e mais dois neste final de semana, há risco de desfalques por suspensão.

Semana que vem, a equipe joga novamente em casa. Os comandados do brasiliense Augusto César enfrentam o Caldas Novas, clube que mostrou na primeira rodada ser um visitante complicado, ao vencer o União de Inhumas.

Logicamente a idéia é aproveitar o mando de campo e manter a invencibilidade da locomotiva alvinegra.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

DE FATOS E NÃO FATOS...



Os integrantes deste blog possuem como amigo próximo um cara que não acredita muito nesta estória de blog.

Explico: ele é do tempo do email, um cara mais conservador, portanto.

Ele julga que a melhor forma de nos comunicarmos é através do correio eletrônico e envia-nos diariamente uma série de boas estórias, fatos pitorescos e curiosidades que juro, dariam excelentes postagens e certamente contribuiriam em muito para aumentar o nível deste blog.

Já disse isso a ele, mas ele “não crê que as pessoas acessem este blog todos os dias, ao contrário do email”, um comentário típico de um cético. Ora, eu acesso este blog todos os dias e o email também.

Depois dessa conversa, nosso amigo (vamos chamá-lo de “O Fornecedor”, fornecedor de boas estórias, frise-se) mandou alguns emails para a minha caixa, com títulos do tipo: “esse não dá para colocar no blog” e outros parecidos. Mas ele está enganado. Suas estórias despertam inúmeras variáveis de comentários, que por sua vez, gerariam ótimos posts. Vou-lhes dar um exemplo:

Esses dias, ele extraiu uma notícia da France Presse, de Edimburgo a respeito de um anão que em um espetáculo circense na Escócia, ficou com seus genitais presos em um aspirador de pó e teve de ser levado às pressas para um Hospital.

Ora, a notícia por si só já seria um excelente post, mas como somos “metidos” a comentar os fatos que nos chegam às mãos, eu penso que nosso querido amigo "Fornecedor" poderia, apenas para citar uns exemplos, partir dessa notícia para denunciar os maus-tratos a que são submetidos os anões que se apresentam em espetáculos circenses ou que apanham em programas cômicos de TV, aparentemente com o propósito de se fazer graça.

A exclusão social é outro problema grave, levando a um alto número de suicídios de anões no País, como informa o presidente da "Associação Gente Pequena do Brasil", no link http://www.ame-sp.org.br/noticias/jornal/novas/tejornal104.shtml.

Nosso amigo “Fornecedor” também poderia fazer algum comentário sobre o supostamente divertido desenho “Little People”, que passa no canal Discovery Kids, e que sua filhinha deve assistir e adorar.

Ou ainda sobre o absurdo esporte de lançamento de anões, que tem páginas próprias como esta http://www.jollydwarf.com/html/hirebeet.htm .

Enfim, parafraseando o nome de antigo livro de crônicas, acho que “de fatos e não fatos” é possível se fazer um blog.

Outros emails do nosso amigo “O Fornecedor” merecerão comentários neste espaço, eles são um celeiro de boas idéias. A capacidade que ele tem de escolher boas notícias é notável, falta só comentá-las, na minha modesta opinião.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

COMEÇOU !!!


Desde já manifestando as mais sinceras escusas pela demora em postar estes resultados, começou no dia 07 de outubro a 3ª. Divisão do campeonato goiano de futebol, certame que desperta extremada atenção neste escriba, por razões que não cabe aqui declinar, conforme já exposto neste blog.

Os resultados foram os seguintes:


MORRINHOS 0 X 1 PIRES DO RIO

UNIÃO DE INHUMAS 1 X 2 CALDAS NOVAS

SANTA HELENA 5 X 0 APARECIDA

JARAGUÁ 2 X 1 INHUMAS E. C.


Mais uma vez, por uma questão de honestidade para com os poucos e fiéis leitores deste blog, frisamos que nossa torcida está voltada totalmente para o Pires do Rio Futebol Clube, o “Pirão”, time do coração da cidade homônima que conseguiu uma importante vitória fora de casa, mais precisamente em Morrinhos, contra o time local, no Estádio João Vilela, de gramado sofrível, segundo os presentes.

O gol da vitória foi marcado logo aos dez minutos do primeiro tempo, pelo meia tocantinense Gilvan Pereira, 33, ex-jogador do Vila Nova.

Na cidade, não se fala noutra coisa: É a “Volta da Locomotiva”.

Dia 13, às 16 horas, o clube faz sua estréia em casa, contra o União de Inhumas, o Estádio Edson Monteiro de Godoy promete ferver.

Tirando os intermediários

Recebi nesta madrugada um e-mail sobre In Rainbows, o novo disco do Radiohead. Havia me cadastrado na página da banda no último dia 04 para receber o disco, que está disponível a partir de hoje para download.

Tudo muito prático e simples: o e-mail vem com um mero aviso do tamanho do arquivo e que ele vem "zipado" (com o endereço para pegar o programa WinZip, caso não se tenha). Embaixo, o atalho para clicar e imediatamente já começar a baixar o disco, que está vindo para o meu HD enquanto escrevo aqui (deve terminar em 17 minutos).

O melhor dessa história não é o preço cobrado (falo disso em seguida) mas imaginar que a banda gravou um álbum e, imediatamente após finalizá-lo no estúdio, o colocou à disposição dos fãs, curiosos e ouvintes casuais. Sem gravadora, sem "prensar" os cd's, sem lojistas, sem campanha de marketing.

Certo, o Radiohead é uma banda consolidada, com público garantido para qualquer lançamento e que esteve vinculado à EMI por pelo menos 10 anos. Uma banda nova não conseguiria tanta publicidade por estar vendendo seu disco no site.

Mas é justamente por uma banda tão famosa ter remado contra a maré de forma tão radical que isso se torna algo inovador e, quem sabe, um marco do início do fim da indústria fonográfica como o século XX conheceu. As músicas do álbum podem até ser uma porcaria (não sei, ainda não escutei), mas de uma forma ou de outra In Rainbows vai entrar para história da música pop.

Eu não paguei nada para baixar In Rainbows legalmente, e fiz isso por duas razões: primeiro porque queria testar se realmente poderia "ganhar" o álbum da banda, ou seja, fazer o download sem qualquer custo. E também porque quero cometer a barbaridade de pagar 40 libras pela caixa especial, com dois vinis, dois CD's e um libreto. O problema vai ser ainda pagar o imposto de importação...

Um pequeno "PS": segundo li na internet, a maioria das pessoas tem comprado a caixa de 40 libras ao invés de só fazer o download. E os que apenas baixam o disco estão pagando em média 5 libras. Na Amazon britânica um CD custa em torno de 9 libras.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

A contradição do voto no Brasil

É difícil encontrar alguém que opte pelo voto na legenda de um partido nas eleições para deputado. Raramente, nas inevitáveis conversas em época de eleição, alguém vai responder "na legenda!" quando perguntado em quem irá votar.

Realmente esses eleitores de legenda são minoria. Analisando os números dos quatro maiores partidos no resultado da votação de 2006 para deputado federal, chega-se a cerca de 10% dos votos dados na legenda. Mas no antigo PFL esse número é menor que 5%:

PMDB - 800.594 na legenda de um total de 15.028.784 de votos
PT - 2.247.967 na legenda de um total de 14.660.547 de votos
PSDB - 1.803.231 na legenda de um total de 13.422.664 de votos
PFL - 577.121 na legenda, de um total de 10.874.135 de votos

Então, se o eleitor vota mesmo é no candidato e não no partido, o STF cometeu uma barbaridade em aceitar a tese de que o mandato é da agremiação e não do deputado eleito?

Bem, dos 513 deputados federais eleitos em 2006, apenas 31 atingiram, com seus votos, o coeficiente eleitoral. Todos os outros se elegeram através do coeficiente partidário. Então se poderia concluir que o STF acertou, afinal quem elege deputado é o partido, na realidade.

Mas aí há outra questão: os deputados são eleitos dessa forma em razão do nosso sistema, onde os votos primeiro são contados para a legenda e depois dividos entre os mais votados. Tanto que sempre há alguém que recebe uma expressiva votação mas acaba sem ser eleito por causa da legenda fraca. Olhando a votação para deputado federal no DF (já que o pequeno número de vagas e candidatos agiliza a consulta) se percebe que, em 2006, Rodrigo Rollemberg foi beneficiado por esse sistema, pois na verdade foi o nono mais votado. Izalci Ferreira, com a sexta votação nominal, acabou ficando de fora.

E aí está a contradição: o eleitor vota, sim, no candidato. Mas o voto vai para o partido, que é o legítimo dono do mandato. Com isso, a ilusão do voto nomimal se reflete em um grupo de eleitos distinto daquele que escolhido nas urnas.

Então, como diria Garrincha, faltou combinar com os russos. Faltou avisar o cidadão que aquele sujeito gritando "vote em mim" na verdade deveria dizer "vote no meu partido", "vote na legenda", "vote na coligação".

Ou, melhor ainda, a eleição deveria ser por lista fechada.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Quer pagar quanto?

A banda Radiohead anunciou esta semana que irá colocar as faixas de seu novo álbum, In Rainbows, na sua página oficial a partir do próximo dia 10.

O preço para baixar as músicas? Aí que está: it's up to you, como o próprio site da banda informa. O usuário/fã é quem decide o valor que irá pagar (em libras esterlinas) pelo download do álbum todo, podendo inclusive não dar um centavo.

a página do site do Radiohead onde se escolhe o preço a pagar pelo download

Praticamente todos os discos (pelo menos os de pop rock) têm vazado na internet antes do lançamento oficial. O Radiohead, então, ao mesmo tempo se rende e oficializa essa prática. Se há dez anos a banda dizia "OK, computador" (título do seu disco mais famoso), agora está dizendo "OK, internet", usando e aceitando o download de músicas, ao invés de brigar com ele ou mesmo achar que vai ganhar dinheiro da mesma forma com ele.

Com In Rainbows o Radiohead está mostrando que música por download pode e deve ser barata. Talvez seja um tiro no pé, mas talvez seja o tiro de misericórdia na indústria fonográfica.

O grupo, que está sem gravadora por opção, vai lançar In Rainbows também numa caixa especial, com versões em vinil e cd, além de faixas bônus. Aí a brincadeira sai por 40 libras (quase 150 reais) e se encontra disponível também na página do grupo.

Lançamento em CD normal, disponível em lojas? Ainda não há previsão.

Sigue, sigue Sputnik!

Há cinquenta anos, no dia quatro de outubro de 1957, a União Soviética lançava o primeiro satélite artificial, o Sputnik ("companheiro").

Apesar de ser do tamanho de uma bola de basquete e não ter outra função além de emitir "bips", o Sputnik causou espanto e surpresa em todo mundo, principalmente nos EUA, que ainda ficariam para trás por longo período naquela recém-iniciada corrida espacial.

Para comemorar a data, achei esse vídeo de animação no YouTube, uma bacana peça de propaganda soviética sobre o lançamento do satélite.

Os dois minutos de perfeição pop da semana

Uma grande música cabe em dois minutos ? A pergunta gera polêmica. Para os anárquicos integrantes do grupo The Residents...




...a música pop perfeita consiste em uma boa estrofe e um bom refrão. O "resto" - leia-se solos, repetição de células e outras coisas - é enrolação. Por isso, gravaram em 1980 o disco "Commercial Album", com 40 músicas de pouco mais de um minuto cada.


Outras bandas, especialmente as ligadas ao rock, dito, progressivo, precisavam de cerca de quinze, vinte minutos, às vezes até um álbum inteiro para tocar uma só música, com resultados por vezes surpreendentemente bons, como é o caso da suíte que cobre o lado "A" do disco preferido de um antigo colaborador deste blog, "Misplaced Childhood", do grupo Marillion...



...sendo ainda possível citar os quarenta e poucos minutos de "Thick as a Brick", do Jethro Tull.

Mas é muito gratificante quando um músico consegue condensar em dois, no máximo três minutos , uma quantidade de informação suficiente para que os ouvidos médios intepretem esta sucessão de silêncios e sons como música, ou melhor, como boa música.

Os exemplos são incontáveis, mas esta semana fico com "Little Billy" do The Who. Música do disco de sobras e raridades "Odds And Sods", lançado em 1974.





Dois minutos e pouco e uma irônica letra sobre o garoto mais gordo da sala de aula, o qual era sacaneado por seus colegas, pois iria morrer mais cedo do que todos.

Ocorre que todos os classmates viram fumantes inveterados e Billy, por não fumar, começa a assistir pouco a pouco às mortes de todos aqueles que dele zombavam. Quando o refrão é cantado pela terceira vez, com certeza, você já está cantando junto, e aí meu amigo, a música já acabou. É hora de ouvir de novo e de novo e de novo...

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Aqui Jazz

Três grandes discos de jazz que geralmente não são mencionados nas listas de grandes discos de jazz, mas que, indubitavelmente, merecem ser conhecidos.



Julian "Cannonball" Adderley e o disco em que recria as músicas de um famoso filme, lançado no Brasil, sob o nome "O Violinista no Telhado". Foi lançado em 1964. Na formação do sexteto as presenças de Joe Zawinul no piano e Charles Lloyd no sax e flauta. Grande trabalho, vale a pena ouvir.







O trompetista Donald Byrd e o melhor e o mais conciso disco de sua fase Cool-Funk-Jazz. "Stepping Into Tomorrow" veio ao mundo em 1974. Destaque para a faixa título e para a excelente "Think Twice", com os belos vocais de Margie Evans.








O fato de Jimi Hendrix ter morrido uma semana antes de fazer uma sessão de gravação com Miles Davis, mostra o quão próximos estavam o rock e o jazz no final dos sessenta.
Em 1974, o maestro e arranjador Gil Evans (que trabalhou várias vezes com Miles) juntou a sua turma e gravou esta bela homenagem ao mestre da guitarra. Um disco cheio de groove que às vezes é jazz puro, outras vezes é puro rock e de vez em quando vira uma maçaroca só. Mas vale muito a pena. Um dos melhores trabalhos do maestro. O velho Jimi com certeza ficaria orgulhos. Pense bem: Quantos "rockeiros" foram agraciados de forma semelhante ?